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Mostra-me teus jogos, e te direi quem és | Niels Weber | TEDxEcublens

  • 0:20 - 0:23
    Como vocês sabem, sou psicoterapeuta.
  • 0:23 - 0:29
    Trabalho com crianças, adolescentes
    e adultos que têm problemas
  • 0:29 - 0:35
    com gerenciamento de uso de telas,
    redes sociais, videogames e televisão.
  • 0:37 - 0:39
    Na maioria das vezes, consulto famílias
  • 0:39 - 0:44
    que sofrem com problemas
    de falta de comunicação,
  • 0:44 - 0:47
    desagregação emocional ou tensões.
  • 0:48 - 0:51
    Os membros dessa família
    estão tentando se reconectar,
  • 0:51 - 0:54
    têm esperança de reestabelecerem
    a ligação uns com os outros.
  • 0:54 - 0:56
    Esta noite, gostaria de explicar
  • 0:56 - 1:00
    como é importante falar sobre videogames,
  • 1:00 - 1:04
    e como podemos ajudar os mais novos
    a lidar com videogames.
  • 1:06 - 1:08
    Muitas vezes os pais ficam irritados
  • 1:08 - 1:13
    porque não conseguem mais
    se comunicar com suas crianças.
  • 1:13 - 1:17
    Depois de uma conversa,
    esses adolescentes geralmente admitem
  • 1:17 - 1:21
    que querem passar
    algum tempo com seus pais.
  • 1:21 - 1:24
    Porém não muito, vocês sabem,
    eles ainda são adolescentes;
  • 1:24 - 1:28
    mas pelo menos o suficiente para terem
    momentos agradáveis juntos.
  • 1:29 - 1:31
    O problema é o seguinte:
  • 1:31 - 1:36
    tentar explicar um videogame
    a alguém que não sabe jogar
  • 1:36 - 1:38
    pode ser muito... confuso.
  • 1:51 - 1:55
    Na minha experiência clínica
    e de intervenções escolares,
  • 1:55 - 2:00
    observei que jogar videogames
    definitivamente tornou-se a norma.
  • 2:00 - 2:03
    Entretanto, os jovens
    têm pouca oportunidade
  • 2:03 - 2:09
    de conversar sobre o que realmente
    fazem nas telas, nesse "outro mundo".
  • 2:11 - 2:15
    E tornou-se um desafio
    educacional para os pais
  • 2:15 - 2:19
    juntarem-se a suas crianças enquanto
    elas mergulham nesse mundo digital.
  • 2:20 - 2:25
    Ainda assim, a orientação
    dos pais é crucial
  • 2:25 - 2:29
    porque nossos jovens precisam
    aprender a gerenciar seus hábitos
  • 2:29 - 2:31
    para se prepararem para a vida adulta.
  • 2:33 - 2:36
    Mas por que gastar tanto tempo em um jogo?
  • 2:36 - 2:39
    Não estou falando sobre vício.
  • 2:39 - 2:44
    Essa necessidade compulsiva
    por videogames é, na minha opinião,
  • 2:44 - 2:47
    mais um sintoma do que uma patologia.
  • 2:48 - 2:52
    O investimento excessivo
    em videogames significa algo.
  • 2:52 - 2:59
    É como uma busca para entender
    e descobrir qual é a raiz do problema.
  • 3:01 - 3:03
    Geralmente esses casos estão ligados
  • 3:03 - 3:08
    a baixa autoestima, falta de atenção
  • 3:08 - 3:12
    e, às vezes, aos primeiros sinais
    de uma depressão.
  • 3:14 - 3:18
    Esse é o Aidan, um garoto de 15 anos.
  • 3:19 - 3:23
    Mas este também é o Aidan.
  • 3:24 - 3:28
    Ele se consulta comigo
    acompanhado pelos pais
  • 3:28 - 3:30
    porque eles reclamam
  • 3:30 - 3:34
    que o garoto passa muito tempo
    jogando "Fortnite".
  • 3:35 - 3:37
    Em sua maneira de ver
  • 3:37 - 3:40
    Aidan não acredita que "Fortinite"
    seja um obstáculo.
  • 3:40 - 3:44
    Ele apenas quer que os pais o deixem,
  • 3:45 - 3:48
    ele também acha
  • 3:48 - 3:53
    que conversar com seus pais a respeito
    do jogo é impossível e até mesmo perigoso.
  • 3:55 - 3:58
    A verdade é que, na mente de Aidan,
  • 3:58 - 4:03
    cada vez que se toca no assunto
    "Fortnite" à mesa do jantar
  • 4:03 - 4:06
    é o começo de uma discussão:
  • 4:06 - 4:09
    "Você precisa estudar!"
    "É hora de ir para a cama!"
  • 4:09 - 4:12
    "Eu já te disse quatro vezes!"
  • 4:12 - 4:15
    e, além disso, "Seu jogo é estúpido".
  • 4:15 - 4:16
    (Risos)
  • 4:16 - 4:19
    Infelizmente,
  • 4:19 - 4:24
    Aidan sofre com problemas
    de insegurança na escola.
  • 4:25 - 4:29
    Mas, no "Fortnite", ele é muito bom.
  • 4:29 - 4:31
    E adora passar tempo no jogo,
  • 4:31 - 4:36
    onde encontra amigos que o admiram
    por suas habilidades de jogador.
  • 4:37 - 4:39
    Como resultado,
  • 4:39 - 4:43
    Aidan desenvolve uma tendência
    de jogar mais do que deveria.
  • 4:43 - 4:47
    O maior problema de Aidan
    é sentir-se incompreendido.
  • 4:49 - 4:51
    Bem, aqui estou.
  • 4:51 - 4:52
    Como psicoterapeuta,
  • 4:53 - 4:55
    tenho que ouvir o que os pais têm a dizer,
  • 4:55 - 5:00
    mas também tenho que ouvir
    o que Aidan está tentando nos dizer.
  • 5:02 - 5:05
    Claro que os pais estão certos
    em se preocuparem com a escola e limites.
  • 5:06 - 5:07
    Isso é normal.
  • 5:07 - 5:11
    Mas o que aconteceria
    se Aidan pudesse expressar
  • 5:11 - 5:14
    como ele se sente ao jogar "Fortnite",
  • 5:14 - 5:17
    e a respeito de suas conquistas?
  • 5:17 - 5:20
    E se ele não se sentir ansioso
  • 5:20 - 5:24
    ao falar por que adora jogar?
  • 5:26 - 5:28
    Aidan começa um jogo.
  • 5:29 - 5:31
    Ele encontra três de seus amigos
  • 5:31 - 5:36
    e, juntos, eles tentarão derrotar
    os outros 96 jogadores
  • 5:36 - 5:39
    criando estratégias,
  • 5:39 - 5:41
    comunicando-se uns com os outros,
  • 5:41 - 5:43
    trabalhando em conjunto,
  • 5:43 - 5:47
    e, sim, ocasionalmente atirando
    em qualquer coisa que se move.
  • 5:47 - 5:49
    (Risos)
  • 5:50 - 5:54
    Aidan, que tem dificuldades
    em sentir-se valorizado,
  • 5:54 - 5:59
    investiu seu tempo e esforço
    em uma área em que é competente,
  • 5:59 - 6:04
    mas na qual recebe críticas de seus pais.
  • 6:09 - 6:11
    Nesse sentido,
  • 6:11 - 6:14
    o videogame não é
    o inimigo a ser combatido.
  • 6:15 - 6:17
    É antes um recurso para nós, adultos,
  • 6:17 - 6:21
    realmente entendermos
    o que Aidan está procurando.
  • 6:23 - 6:25
    Se Aidan quebrasse uma perna,
  • 6:25 - 6:27
    colocaríamos gesso
  • 6:27 - 6:31
    e o ensinaríamos a andar de muletas.
  • 6:31 - 6:36
    A reabilitação o ajudaria a largar
    progressivamente das muletas.
  • 6:36 - 6:42
    Às vezes, um videogame pode
    ter a função de uma muleta.
  • 6:42 - 6:46
    Então é essencial sabermos
    como isso funciona,
  • 6:46 - 6:50
    para ajudarmos o jogador
    a reduzir progressivamente.
  • 6:51 - 6:54
    De fato, um jogador,
    não importa qual idade,
  • 6:55 - 7:00
    experimenta diversas emoções
    na frente de uma tela.
  • 7:01 - 7:04
    Mas, tomado pela euforia do jogo,
  • 7:04 - 7:09
    nem sempre está consciente dessas emoções.
  • 7:10 - 7:13
    Por outro lado, os pais se preocupam
  • 7:13 - 7:17
    se veem suas crianças
    agirem com agressividade.
  • 7:18 - 7:20
    Então é um engano pensar
  • 7:20 - 7:26
    que crianças e adolescentes sabem
    instintivamente se gerenciar.
  • 7:26 - 7:31
    Essa é uma lição que nós, adultos,
    devemos ajudá-los a aprenderem.
  • 7:36 - 7:41
    Eu gostaria de saber quantos de vocês
  • 7:41 - 7:45
    jogam videogames em consoles,
    PCs, celulares ou o que for.
  • 7:47 - 7:49
    Ótimo, muito bem!
  • 7:49 - 7:50
    Obrigado.
  • 7:50 - 7:53
    Então, praticamente todos jogam.
  • 7:53 - 7:58
    Quanto mais abertos estivermos
    à possibilidade de discutir videogames,
  • 7:58 - 8:03
    mais o jogador em questão
    pode livrar-se de seus hábitos
  • 8:03 - 8:07
    e colocar em palavras
    o que ele vive e sente.
  • 8:07 - 8:12
    Essa é uma abordagem conhecida
    em tratamentos de choque traumático.
  • 8:12 - 8:15
    Quanto mais você narrar sua experiência,
  • 8:15 - 8:18
    menos focado estará em repeti-la.
  • 8:18 - 8:21
    Poderá então dar um passo pra trás.
  • 8:24 - 8:28
    Sabiam que os espectadores
  • 8:28 - 8:32
    e o jogador que segura o comando
  • 8:32 - 8:34
    não têm a mesma experiência?
  • 8:35 - 8:41
    Os jogadores focam sua atenção
    na informação que precisam no momento,
  • 8:42 - 8:47
    enquanto os espectadores, inundados
    com informações confusas,
  • 8:48 - 8:51
    focam sua atenção em algo que já conhecem,
  • 8:51 - 8:55
    e isso geralmente corresponde
    à parte violenta do jogo.
  • 8:57 - 9:01
    Por isso, jogadores e espectadores
  • 9:01 - 9:04
    não estão no mesmo nível de comunicação.
  • 9:06 - 9:09
    Os dois estão certos,
  • 9:09 - 9:13
    mas não estão falando a mesma coisa.
  • 9:13 - 9:18
    Ao criarmos narrativas
    podemos criar pontes,
  • 9:18 - 9:23
    e espectadores e jogadores podem enfim
    encontrar maneiras de se comunicarem.
  • 9:25 - 9:30
    É claro que também existem
    armadilhas envolvidas em videogames.
  • 9:32 - 9:37
    Afinal, videogames fazem parte
    de uma indústria bastante lucrativa.
  • 9:38 - 9:43
    Mas podemos preparar nossos jovens
    para esse tipo de armadilhas
  • 9:43 - 9:47
    e prepará-los para tornarem-se
    usuários adultos e responsáveis.
  • 9:49 - 9:54
    Falamos muito a respeito da nova geração,
    porque estamos preocupados com ela.
  • 9:55 - 10:00
    Mas, se a infância e a adolescência
  • 10:01 - 10:04
    são momentos decisivos na vida,
  • 10:04 - 10:07
    eles podem ser assustadores ou confusos.
  • 10:07 - 10:11
    Se videogames oferecem um lugar seguro,
    ou algum tipo de tábua de salvação
  • 10:11 - 10:15
    onde os jovens sentem
    que estão dominando algo,
  • 10:15 - 10:19
    nós temos que entender
    o que eles estão tentando dominar
  • 10:19 - 10:23
    e como podemos propor
    atividades complementares
  • 10:23 - 10:26
    que levem ao mesmo
    sentimento de realização.
  • 10:27 - 10:30
    Bem, se falamos muito
    sobre essa nova geração,
  • 10:30 - 10:32
    não podemos perder de vista
  • 10:32 - 10:38
    que essas mesmas questões, as mesmas
    dificuldades a respeito de videogames
  • 10:38 - 10:40
    também podem afetar adultos.
  • 10:40 - 10:45
    Consequentemente, é de suma importância
    que trabalhemos com nossos jovens
  • 10:45 - 10:49
    para prepará-los para desafios futuros.
  • 10:50 - 10:54
    Essa preparação, esse treinamento
  • 10:54 - 10:57
    precisa da implementação
    de regras, estruturas
  • 10:57 - 11:00
    e, acima de tudo, respeito.
  • 11:00 - 11:05
    Mas não esqueçamos do campo emocional.
  • 11:05 - 11:08
    Deixem os pais explicarem a Aidan
  • 11:08 - 11:13
    por que ele deve dormir à noite
    e não durante o dia.
  • 11:14 - 11:19
    Mas, durante o dia, que eles permitam
    que Aidam expresse seus sentimentos
  • 11:20 - 11:24
    a fim de ajudá-lo a ser reconhecido
    por quem ele realmente é.
  • 11:26 - 11:27
    Aqui está Aidan.
  • 11:27 - 11:30
    Ele tem 17 anos agora.
  • 11:30 - 11:33
    E, aprendendo a conversar
    a respeito de seus jogos,
  • 11:33 - 11:38
    ele pôde expressar que gostaria
    de fazer parte de uma equipe.
  • 11:38 - 11:42
    Seu pai tirou algum tempo
    para assisti-lo jogando
  • 11:42 - 11:46
    e para entender como funciona o jogo.
  • 11:47 - 11:52
    Ele observou que Aidan não joga
    muito bem quando está estressado.
  • 11:53 - 11:57
    E contou a Aidan como as artes marciais
  • 11:57 - 12:02
    o ajudaram a manter o foco
    quando ele tinha a mesma idade de Aidan.
  • 12:02 - 12:05
    Então agora, na porta da geladeira,
  • 12:05 - 12:12
    estão coladas todas as pontuações
    de Aidan ao lado das notas escolares.
  • 12:14 - 12:16
    Concluindo,
  • 12:17 - 12:23
    restaurar a fé e a conexão emocional
    começa por momentos emotivos.
  • 12:23 - 12:27
    Isso trará um maior respeito próprio.
  • 12:28 - 12:32
    Quanto mais espaço dermos
    para nossos jovens expressarem
  • 12:32 - 12:35
    como se sentem e vivem
    na frente das telas,
  • 12:35 - 12:40
    mais os ajudaremos, não apenas
    a aprender a se gerenciar,
  • 12:40 - 12:44
    mas também a conhecer
    a si próprios e às suas emoções.
  • 12:45 - 12:49
    Quanto mais mostramos interesse
    pelo que eles se interessam,
  • 12:49 - 12:54
    mais os faremos sentir que são
    interessantes e valorizados.
  • 12:55 - 12:57
    Ao dar a eles reconhecimento,
  • 12:57 - 13:01
    minimizamos os riscos de jogo excessivo.
  • 13:01 - 13:05
    Esta noite, usei o exemplo de videogames,
  • 13:05 - 13:09
    mas poderia ter sido qualquer coisa,
    como as redes sociais, por exemplo.
  • 13:10 - 13:15
    Diga-me quais são seus jogos,
    diga-me quem é você.
  • 13:15 - 13:16
    Obrigado.
  • 13:16 - 13:19
    (Aplausos)
Title:
Mostra-me teus jogos, e te direi quem és | Niels Weber | TEDxEcublens
Description:

A maioria dos pais conhecem a dificuldade em conseguir afastar seus filhos do uso abusivo de celulares, laptops e consoles de jogo. A maioria dos adolescentes já ouviram a frase clichê de seus pais: "Por que você está jogando, em vez de estudar?" Nessa palestra reflexiva e provocadora, o psicoterapeuta e jogador Niels Weber redefine a função das telas na vida dos jovens, e explica como uma comunicação inteligente pode fazer com que videogames e famílias coexistam para além dos conflitos.

Esta palestra for dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
13:32

Portuguese, Brazilian subtitles

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