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Por que sofremos aprendendo idiomas | Gabriel Wyner | TEDxNewBedford

  • 0:10 - 0:13
    Existe um mito sobre os idiomas.
  • 0:14 - 0:18
    Tal mito diz respeito ao fato
    de que crianças são excepcionalmente boas
  • 0:18 - 0:20
    no aprendizado de idiomas
  • 0:21 - 0:24
    e que essa capacidade
    se perde ao crescermos.
  • 0:26 - 0:28
    Temos bons motivos para acreditar nisso.
  • 0:28 - 0:30
    Muitos de nós tiveram essa experiência.
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    Escolhemos um idioma
    na escola ou universidade,
  • 0:32 - 0:36
    estudamos muito, por três,
    quatro, cinco anos,
  • 0:36 - 0:38
    então viajamos para a França
  • 0:40 - 0:42
    e conhecemos uma criança
    francesa de cinco anos
  • 0:43 - 0:45
    que fala francês bem melhor do que nós.
  • 0:45 - 0:46
    (Risos)
  • 0:46 - 0:49
    Isso não é justo, digo,
    nos esforçamos tanto
  • 0:49 - 0:52
    e ela nunca trabalhou um dia na vida,
  • 0:52 - 0:54
    e ainda assim ela está
    corrigindo nossa gramática.
  • 0:58 - 1:00
    E você está certo.
  • 1:00 - 1:01
    Não é justo.
  • 1:02 - 1:05
    Não é justo porque você está se comparando
  • 1:05 - 1:09
    a uma criança que foi exposta
    a 15 mil horas de francês,
  • 1:09 - 1:12
    e você, a 100 horas,
  • 1:12 - 1:14
    talvez 200, talvez 50.
  • 1:14 - 1:18
    Depende de quanto tempo
    suas aulas eram realmente em francês,
  • 1:18 - 1:22
    em vez de falarem
    sobre francês em português.
  • 1:22 - 1:24
    Quando comparamos de forma justa:
  • 1:24 - 1:27
    uma criança de cinco anos
    vai para a Espanha
  • 1:27 - 1:29
    e recebe 500 horas de exposição
  • 1:29 - 1:32
    e um adulto é contratado na Espanha
    e recebe 500 horas de exposição,
  • 1:32 - 1:37
    verificamos que os adultos
    sempre superam as crianças.
  • 1:37 - 1:40
    Somos melhores aprendendo
    idiomas do que as crianças.
  • 1:41 - 1:42
    Somos mais espertos que elas.
  • 1:43 - 1:44
    Aprendemos como aprender.
  • 1:44 - 1:46
    É uma das vantagens de crescer.
  • 1:47 - 1:50
    Isso não significa que não há
    vantagens em ser criança.
  • 1:50 - 1:51
    Existem três.
  • 1:51 - 1:55
    No curto período entre o 6º e o 12º mês,
  • 1:55 - 1:59
    crianças escutam sons em novos idiomas
    de uma forma que logo se perde.
  • 2:00 - 2:01
    É uma vantagem significativa.
  • 2:02 - 2:05
    Segunda vantagem: crianças não têm medo.
  • 2:06 - 2:10
    Elas entram em qualquer conversa,
    sabendo as palavras ou não,
  • 2:10 - 2:13
    enquanto nós ficamos
    com receio e nos seguramos.
  • 2:14 - 2:15
    Uma vantagem imensa.
  • 2:16 - 2:22
    Mas essas vantagens não pesam mais que
    nossa capacidade superior de aprendizagem.
  • 2:23 - 2:27
    A terceira vantagem de ser uma criança
    é a vantagem do tempo.
  • 2:28 - 2:32
    Não podemos passar 15 mil horas
    aprendendo francês.
  • 2:33 - 2:39
    Para ter sucesso, precisamos de algo
    melhor do que o método das crianças.
  • 2:39 - 2:41
    Para falar sobre isso,
  • 2:41 - 2:43
    eu gostaria de trazer
    minhas próprias experiências.
  • 2:43 - 2:47
    Comecei minha jornada no aprendizado
    de idiomas com o hebraico,
  • 2:47 - 2:49
    na educação infantil e no fundamental I.
  • 2:49 - 2:51
    Estudei por sete anos
  • 2:51 - 2:53
    e, no fim desses sete anos de estudo,
  • 2:53 - 2:55
    eu podia ler em hebraico...
  • 2:55 - 2:56
    o alfabeto.
  • 2:56 - 2:58
    (Risos)
  • 2:59 - 3:00
    Tentei novamente.
  • 3:00 - 3:02
    No fundamental II
    e no ensino médio tive sorte.
  • 3:02 - 3:06
    Fui para uma escola que oferecia
    russo, com professores muito bons,
  • 3:06 - 3:09
    então tive russo por cinco anos e meio.
  • 3:09 - 3:12
    Estudei muito, fui bem nos testes,
    fiz todo o dever de casa.
  • 3:12 - 3:14
    E, no fim destes cinco anos e meio,
  • 3:14 - 3:18
    eu podia ler o alfabeto russo.
  • 3:20 - 3:22
    Talvez tenha aprendido 40 palavras.
  • 3:22 - 3:25
    Cheguei à conclusão que essa coisa
    de idiomas não era pra mim.
  • 3:26 - 3:29
    Então, tomei uma decisão ruim.
  • 3:30 - 3:31
    Sempre fui um cientista nerd.
  • 3:31 - 3:33
    Amava ciência e engenharia.
  • 3:33 - 3:37
    Eu queria ser engenheiro nuclear
    especializado em física dos plasmas,
  • 3:37 - 3:38
    para fazer reatores de fusão.
  • 3:38 - 3:39
    Meu sonho de criança.
  • 3:40 - 3:43
    Mas eu tinha um hobby, que era cantar.
  • 3:43 - 3:45
    Eu cantava musicais e ópera.
  • 3:46 - 3:48
    Como ia tentar engenharia na universidade,
  • 3:48 - 3:51
    tentei uma que tivesse
    conservatório musical e pensei:
  • 3:52 - 3:57
    "Seria estranho estudar
    ópera e engenharia mecânica?
  • 3:58 - 3:59
    Seria exótico?"
  • 4:00 - 4:01
    Então fiz isso.
  • 4:02 - 4:05
    Uma das consequências disso foi
    que precisei fazer cursos de idiomas.
  • 4:05 - 4:08
    No curso de ópera, precisei
    de alemão, francês e italiano.
  • 4:09 - 4:12
    Então um amigo francês me disse:
  • 4:12 - 4:16
    "Você pode fazer créditos
    de dois semestres em um verão
  • 4:16 - 4:17
    nessa escola em Vermont".
  • 4:18 - 4:19
    Eu pensei: "Boa ideia".
  • 4:19 - 4:22
    Me matriculei nesse programa.
  • 4:22 - 4:26
    Nesse programa, você assina
    um contrato no primeiro dia.
  • 4:26 - 4:30
    Nele diz que, se eu falasse uma palavra
    que não fosse em alemão,
  • 4:30 - 4:32
    se escrevesse ou lesse qualquer coisa,
  • 4:32 - 4:35
    escutasse mensagem de voz
    que não fosse em alemão,
  • 4:35 - 4:37
    eu seria expulso da escola sem reembolso.
  • 4:38 - 4:40
    Eu pensei: "Acho que vai ser divertido".
  • 4:40 - 4:41
    (Risos)
  • 4:42 - 4:44
    Eu assinei o contrato
  • 4:44 - 4:48
    e me dei conta que, na verdade,
    eu não falava nada de alemão,
  • 4:48 - 4:50
    então eu parei de falar.
  • 4:50 - 4:51
    (Risos)
  • 4:52 - 4:54
    Alguém veio e me disse:
  • 4:54 - 4:56
    (Alemão) "Hallo, ich heiße
    Joshua. Wie heißt du?"
  • 4:56 - 4:58
    Eu disse: "Hã?"
  • 4:58 - 4:59
    (Risos)
  • 5:00 - 5:03
    Ele disse: (Alemão)
    "Hallo, ich heiße Joshua.
  • 5:03 - 5:05
    Wie heißt du?"
  • 5:05 - 5:08
    Eu disse: (Alemão) "Ich heiße Gabriel?"
  • 5:09 - 5:11
    E eu aprendi alemão desse jeito.
  • 5:11 - 5:15
    Sete semanas depois eu podia manter
    uma conversa consistente no idioma,
  • 5:15 - 5:20
    e me tornei viciado na sensação
    de pensar de forma totalmente diferente.
  • 5:22 - 5:25
    Retornei no verão seguinte com o objetivo
    de alcançar a fluência no alemão.
  • 5:26 - 5:31
    Em 2007, me mudei para Viena, na Áustria,
    buscando um diploma em ópera e canto.
  • 5:31 - 5:35
    Em 2008, fui para Perugia, Itália,
    para estudar italiano.
  • 5:35 - 5:38
    E em 2010, colei em um teste de francês.
  • 5:38 - 5:40
    E aí veio todo o resto.
  • 5:41 - 5:44
    Vejam, eu quis voltar para aquela escola
    com o contrato em Vermont
  • 5:44 - 5:47
    porque, de uma forma
    meio tensa e masoquista,
  • 5:47 - 5:49
    na verdade foi meio divertido.
  • 5:50 - 5:53
    Eles tinham o nível 1 para quem não era
    familiarizado com o francês
  • 5:53 - 5:55
    que era adequado para o meu nível,
  • 5:55 - 5:58
    mas também tinham o nível 1,5
    que era um pouco mais rápido.
  • 5:58 - 6:00
    Eu pensei: "Esse é meu terceiro idioma,
  • 6:00 - 6:03
    o italiano é próximo ao francês...
  • 6:03 - 6:05
    Provavelmente eu consigo lidar com o 1,5".
  • 6:05 - 6:07
    Então me enviaram
    um teste de nivelamento online,
  • 6:08 - 6:10
    e eu colei tanto quanto pude.
  • 6:10 - 6:13
    Pensei que entraria no nível 1.5
    sem saber francês
  • 6:13 - 6:15
    e colando o máximo que podia.
  • 6:16 - 6:18
    Então usei a "Gramática Francesa"
    do About.com
  • 6:18 - 6:20
    para colar nas questões
    de múltipla escolha.
  • 6:20 - 6:24
    Escrevi uma redação no Google Tradutor
    e submeti aquela coisa.
  • 6:24 - 6:25
    (Risos)
  • 6:26 - 6:27
    Mandei de uma vez.
  • 6:27 - 6:29
    E não pensei mais no assunto.
  • 6:29 - 6:31
    Três meses depois, eu recebi um e-mail
  • 6:31 - 6:33
    que dizia: "Parabéns!
  • 6:33 - 6:35
    Você foi muito bem
    no seu teste de nivelamento.
  • 6:35 - 6:37
    Vamos colocar você
    no nível intermediário".
  • 6:37 - 6:38
    (Risos)
  • 6:38 - 6:40
    "Você tem três meses.
  • 6:40 - 6:43
    Em três meses, vamos colocar você
    em uma sala com um falante de francês.
  • 6:43 - 6:45
    Vamos conversar por volta de 15 minutos
  • 6:45 - 6:47
    para ter certeza
    que não fez nada estúpido,
  • 6:47 - 6:49
    como colar no teste de nivelamento".
  • 6:49 - 6:50
    (Risos)
  • 6:51 - 6:52
    Eu entrei em pânico.
  • 6:53 - 6:55
    Quando entro em pânico,
    vou para a internet
  • 6:55 - 6:58
    porque, obviamente, alguém por lá
    tem uma resposta para tudo,
  • 6:58 - 7:02
    e até que encontrei boas respostas.
  • 7:02 - 7:05
    Há um sistema chamado
    "sistema de repetições espaçadas".
  • 7:05 - 7:06
    São basicamente cartões de memorização.
  • 7:06 - 7:09
    Sabem as cartas de pergunta
    e resposta que usavam na escola?
  • 7:09 - 7:11
    Trata-se de uma versão digital delas,
  • 7:11 - 7:14
    mas testam você no momento mais oportuno,
  • 7:14 - 7:16
    antes de você esquecer
    qualquer informação,
  • 7:16 - 7:18
    logo são extremamente eficientes.
  • 7:19 - 7:24
    As pessoas usam esses programas
    de repetição espaçada com traduções.
  • 7:24 - 7:26
    Pela minha experiência
    com hebraico e russo,
  • 7:26 - 7:28
    eu sabia que não funcionariam comigo,
  • 7:28 - 7:31
    então fiz algo mais.
  • 7:31 - 7:34
    Para explicar isso,
    vamos falar de duas palavras.
  • 7:35 - 7:37
    A primeira aprendemos em uma aula.
  • 7:38 - 7:39
    Estamos aprendendo húngaro.
  • 7:40 - 7:41
    Nossa professora vem ao quadro.
  • 7:41 - 7:45
    Ela escreve "fényképezőgép",
    a palavra húngara para câmera.
  • 7:45 - 7:47
    Então escreve mais
    39 palavras no quadro e diz:
  • 7:47 - 7:49
    "Este será nosso vocabulário da semana.
  • 7:49 - 7:51
    Haverá um questionário no fim da semana".
  • 7:53 - 7:55
    A segunda palavra aprendemos
    de maneira diferente.
  • 7:56 - 7:59
    Você está em uma aventura
    com seu melhor amigo.
  • 7:59 - 8:00
    Vocês estão na Escandinávia.
  • 8:02 - 8:04
    Vocês estão em um velho bar.
  • 8:05 - 8:07
    Há seis clientes velhos e grisalhos.
  • 8:07 - 8:08
    Você senta junto ao balcão,
  • 8:08 - 8:12
    e o garçom é definitivamente um viking.
  • 8:12 - 8:14
    Ele tem uma grande barba vermelha,
  • 8:14 - 8:16
    e está sorrindo para você
    de um jeito bem perturbador
  • 8:16 - 8:20
    enquanto puxa três copinhos e uma garrafa,
  • 8:20 - 8:23
    e na garrafa você vê escrito: M-O-K-T-O-R,
  • 8:23 - 8:26
    enquanto o garçom diz: "Moktor"
  • 8:26 - 8:29
    e começa a servir algo nesses copinhos.
  • 8:29 - 8:32
    É um tipo de líquido verde,
    mas não um belo verde esmeralda.
  • 8:32 - 8:36
    É um líquido verde viscoso
    meio marrom amarelado.
  • 8:37 - 8:40
    Ele põe a garrafa de lado
    e puxa um pote branco.
  • 8:40 - 8:43
    Do pote branco, ele tira uma colherada
    de algo e coloca nos copinhos.
  • 8:43 - 8:47
    Pelo cheiro, percebem claramente
    que é peixe podre.
  • 8:47 - 8:49
    Enquanto ele repete: "Moktor",
  • 8:49 - 8:52
    todos os clientes agora
    olham para vocês e dão risada.
  • 8:54 - 8:56
    O garçom saca um fósforo.
  • 8:56 - 8:59
    Ele o acende, coloca fogo
    nos três copinhos,
  • 8:59 - 9:00
    e repete: "Moktor",
  • 9:00 - 9:04
    enquanto os clientes começam a gritar:
    "Moktor! Moktor! Moktor!"
  • 9:04 - 9:06
    Seu amigo estúpido
  • 9:06 - 9:09
    pega o copinho dele
    e grita "Moktor!",
  • 9:09 - 9:11
    sopra e bebe.
  • 9:12 - 9:15
    O garçom pega o dele,
    sopra, grita "Moktor!"
  • 9:15 - 9:17
    e bebe.
  • 9:17 - 9:19
    Agora todo mundo te encara,
  • 9:20 - 9:23
    gritando: "Moktor! Moktor!"
  • 9:24 - 9:26
    Você pega seu copo,
  • 9:26 - 9:28
    sopra,
  • 9:28 - 9:32
    grita: "Moktor!" e bebe.
  • 9:32 - 9:35
    É a pior coisa que já
    experimentou na vida.
  • 9:37 - 9:41
    Você vai se lembrar
    da palavra "moktor" para sempre...
  • 9:41 - 9:43
    (Risos)
  • 9:45 - 9:48
    enquanto já terá se esquecido
    da palavra húngara para câmera.
  • 9:48 - 9:49
    (Risos)
  • 9:50 - 9:51
    Por quê?
  • 9:54 - 9:56
    Memórias são coisas fascinantes.
  • 9:56 - 9:59
    Elas não estão gravadas
    em um lugar particular do cérebro.
  • 9:59 - 10:03
    Na verdade, estão gravadas
    nas conexões entre regiões do cérebro.
  • 10:03 - 10:05
    Quando você viu o copo,
  • 10:05 - 10:08
    viu a garrafa que dizia M-O-K-T-O-R,
  • 10:08 - 10:11
    e o garçom disse "Moktor",
  • 10:11 - 10:14
    esse som e essa grafia se interconectaram.
  • 10:14 - 10:16
    Eles formaram uma memória.
  • 10:17 - 10:19
    Essas conexões
    conectaram-se a outros sons:
  • 10:19 - 10:22
    o som do moktor sendo derramado
    naquele copinho,
  • 10:22 - 10:25
    o som de todo mundo no bar
    gritando "Moktor! Moktor!"
  • 10:25 - 10:27
    Todos aqueles sons e aquela grafia
  • 10:27 - 10:31
    conectaram-se entre si
    e também com imagens.
  • 10:32 - 10:34
    Conectaram-se à imagem
    dessa garrafa verde.
  • 10:34 - 10:35
    Conectaram-se ao copinho.
  • 10:35 - 10:38
    Conectaram-se ao peixe podre.
  • 10:38 - 10:40
    Conectaram-se ao rosto daquele garçom.
  • 10:40 - 10:44
    Aquela cara de viking
    é parte da palavra agora.
  • 10:45 - 10:48
    Essas, por sua vez, conectam-se
    a experiências sensoriais,
  • 10:48 - 10:53
    como aquele gosto horroroso na sua boca,
    o cheiro de queimado, o fedor do peixe,
  • 10:53 - 10:56
    o calor do fogo.
  • 10:57 - 10:59
    Essas conectem-se a conteúdos emocionais:
  • 10:59 - 11:00
    ao nojo,
  • 11:00 - 11:03
    à raiva do seu amigo, à expectativa.
  • 11:03 - 11:05
    Conectam-se à sua viagem.
  • 11:05 - 11:08
    Conectam-se ao que é o álcool,
    ao que é a Escandinávia,
  • 11:08 - 11:11
    ao que é a amizade, ao que é a aventura.
  • 11:11 - 11:14
    Todas essas coisas
    são parte dessa palavra agora,
  • 11:15 - 11:19
    e fazem com que você
    incorpore essa palavra,
  • 11:21 - 11:25
    enquanto a palavra húngara para câmera...
  • 11:26 - 11:30
    bem... vocês sequer lembram como ela soa.
  • 11:31 - 11:37
    Essa "não memória" não está associada
    às câmeras do iPhone, às câmeras SLR,
  • 11:37 - 11:38
    ao som do disparo
  • 11:38 - 11:42
    e ao sentimento que você tem
    ao ver as fotos do seu passado.
  • 11:42 - 11:46
    Essas associações existem
    conectadas a outra palavra.
  • 11:46 - 11:48
    À palavra "câmera".
  • 11:49 - 11:52
    Mas "fényképezőgép"
    não tem nada disso nesse momento.
  • 11:54 - 11:56
    Portanto, vocês não conseguem retê-la.
  • 11:58 - 12:00
    Então, o que podem fazer com isso?
  • 12:00 - 12:03
    Bem, vamos voltar
    para quando eu estava na França.
  • 12:04 - 12:06
    Minha situação era a seguinte:
  • 12:06 - 12:09
    eu estava fazendo dois mestrados,
    um em canto, outro em ópera,
  • 12:09 - 12:11
    e eu tinha seis dias de aulas por semana.
  • 12:11 - 12:14
    Meu único tempo livre
    era uma hora por dia no metrô,
  • 12:14 - 12:18
    domingos e feriados austríacos,
    que felizmente eram muitos.
  • 12:20 - 12:22
    Durante esse tempo eu fiz uma coisa:
  • 12:22 - 12:25
    montei e revisei cartões de memorização
  • 12:25 - 12:28
    em um desses sistemas digitais
    de repetição espaçada.
  • 12:28 - 12:31
    Mas, em vez de usar traduções
    nesses cartões,
  • 12:31 - 12:33
    eu comecei com imagens.
  • 12:33 - 12:36
    Se quisesse aprender
    "cachorro" em francês, "chien",
  • 12:36 - 12:39
    eu pesquisaria "chien" no Google imagens,
  • 12:39 - 12:44
    e descobriria que os blogs franceses
    não escolhiam cachorros como eu esperava.
  • 12:44 - 12:49
    Os cachorros deles eram menores,
    mais fofinhos e mais... franceses.
  • 12:49 - 12:50
    (Risos)
  • 12:50 - 12:53
    Então, usei esses cachorros
    para aprender "chien"
  • 12:53 - 12:54
    e construir um vocabulário
  • 12:54 - 12:57
    através daquelas imagens
    dos blogs franceses.
  • 12:57 - 13:01
    Quando gravei esse vocabulário,
    passei para as frases.
  • 13:01 - 13:04
    Fui aprendendo palavras abstratas
    e gramática desse jeito,
  • 13:04 - 13:05
    usando frases com lacunas.
  • 13:05 - 13:08
    Se quisesse aprender
    a forma pretérita do verbo "ir",
  • 13:08 - 13:09
    usava uma história.
  • 13:10 - 13:14
    "Ontem, - lacuna - para a escola",
    com uma imagem de uma escola.
  • 13:14 - 13:16
    Aprendi dessa forma
    minha gramática abstrata.
  • 13:18 - 13:20
    Três meses depois, tive aquela entrevista.
  • 13:22 - 13:25
    Me deparei com uma francesa naquela sala,
  • 13:26 - 13:28
    que começou a conversa com um "Bonjour".
  • 13:30 - 13:33
    Então, a primeira coisa
    que me veio à mente foi:
  • 13:34 - 13:35
    "Bonjour".
  • 13:37 - 13:39
    Ela começou a falar comigo em francês,
  • 13:39 - 13:42
    e percebi que eu entendia
    o que ela estava dizendo,
  • 13:43 - 13:45
    e mais, eu sabia o que responder.
  • 13:45 - 13:47
    Não foi fluente, foi meio truncado,
  • 13:47 - 13:51
    mas foi a primeira vez na vida
    que eu tive uma conversa em francês,
  • 13:51 - 13:54
    eu estava falando em francês
    e pensando em francês;
  • 13:54 - 13:56
    conversamos por 15 minutos,
  • 13:56 - 13:59
    e no final da conversa
    a professora me disse:
  • 13:59 - 14:02
    "Sabe, tem algo errado
    com seu teste de nivelamento.
  • 14:05 - 14:07
    Aqui diz que você
    deveria estar no intermediário,
  • 14:08 - 14:11
    mas vamos te colocar no nível avançado".
  • 14:13 - 14:15
    Então, nas sete semanas seguintes,
  • 14:15 - 14:18
    li 10 livros, escrevi
    70 páginas de textos,
  • 14:18 - 14:22
    e, no fim do verão, eu estava
    totalmente fluente em francês.
  • 14:23 - 14:26
    Percebi que tinha descoberto
    algo importante.
  • 14:27 - 14:31
    Então comecei a escrever sobre o assunto,
    criar ferramentas digitais com isso
  • 14:31 - 14:32
    e ajustá-las.
  • 14:34 - 14:36
    Em 2012, aprendi russo.
  • 14:36 - 14:38
    Tive minha revanche com esse idioma.
  • 14:38 - 14:41
    Entre 2013 e 2015, aprendi húngaro.
  • 14:41 - 14:44
    Em 2015, comecei japonês,
    parei, aprendi espanhol,
  • 14:44 - 14:47
    voltei e comecei japonês novamente,
    porque japonês é interminável.
  • 14:48 - 14:51
    Em cada uma dessas experiências,
    eu aprendi muito.
  • 14:51 - 14:56
    Aprendi formas de aperfeiçoar o sistema
    para encontrar alavancas eficientes,
  • 14:58 - 15:03
    mas a concepção geral
    permanece exatamente igual.
  • 15:04 - 15:08
    Se quiser aprender um idioma
    de maneira eficiente,
  • 15:09 - 15:14
    precisa dar vida a esse idioma.
  • 15:15 - 15:19
    Cada palavra precisa se conectar
    com sons, imagens,
  • 15:19 - 15:22
    aromas, sabores e emoções.
  • 15:23 - 15:28
    Cada parte da gramática não pode ser
    um tipo de código abstrato.
  • 15:28 - 15:32
    Precisa ser algo que ajude
    a contar sua história.
  • 15:35 - 15:37
    Se fizer isso,
  • 15:37 - 15:42
    vai perceber que as palavras começam
    a se incorporar à sua mente,
  • 15:43 - 15:48
    e a gramática vai se incorporar também.
  • 15:50 - 15:52
    Você vai começar a perceber
  • 15:52 - 15:56
    que não precisa de algum gene do idioma,
  • 15:56 - 15:59
    algum dom divino para aprendê-lo.
  • 16:00 - 16:03
    É algo que todo mundo possui:
  • 16:04 - 16:10
    tempo e habilidade para aprender.
  • 16:12 - 16:13
    Muito obrigado.
  • 16:13 - 16:14
    (Aplausos)
Title:
Por que sofremos aprendendo idiomas | Gabriel Wyner | TEDxNewBedford
Description:

A única barreira para aprender um idioma é a memória. O processo de aprendizagem de idiomas é o processo de criação de memórias. Nada mais, nada menos. Se entender isso e compreender como as memórias se formam, então poderá progredir de uma forma que nunca sonhou ser possível. Gabriel Wyner é um autor, cantor de ópera e poliglota residente em Chicago. Após alcançar a fluência no alemão em 14 semanas com ajuda do método de imersão da Middlebury Language Schools, ele se apaixonou pelo processo de aprender idiomas e passou dois meses em cursos intensivos de Italiano em Perugia, Itália. Buscando formas de trazer a experiência de imersão para dentro de casa, ele começou a desenvolver um sistema que rapidamente alcança a fluência em curtas sessões diárias. Em 2010, seus esforços foram recompensados. Ele aprendeu francês com fluência em cinco meses e russo em dez.

Nascido em Los Angeles, obteve "summa cum laude" em sua graduação em 2007, na Universidade da Carolina do Sul, com dupla titulação em Engenharia Mecânica e Artes de Apresentação Vocal, além de ganhar o prêmio Renaissance Scholar pela excelência em disciplinas independentes. Mudou-se para Viena para obter o triplo mestrado no Konservatorium Wien em Ópera, Canto e Voz, formando-se com honras em 2011.

Atualmente estudando japonês, aprendeu húngaro e espanhol ao longo dos últimos anos. Seu livro sobre aprendizagem de idiomas, "Fluent Forever: How to learn any language fast and never forget it", foi publicado em 5 de agosto de 2014 (Harmony/Random House). Em setembro de 2017, seu projeto mais recente, o desenvolvimento de uma nova ferramenta para aprendizado de idiomas, obteve o maior financiamento coletivo para um aplicativo na história do site Kickstarter.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:28

Portuguese, Brazilian subtitles

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