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Como os grupos tomam boas decisões?

  • 0:01 - 0:05
    Em sociedade, tomamos decisões
    coletivas que moldarão nosso futuro.
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    E decisões tomadas em grupo,
    nem sempre terminam bem.
  • 0:10 - 0:11
    Às vezes terminam muito mal.
  • 0:12 - 0:15
    Então como os grupos podem
    tomar boas decisões?
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    Pesquisas mostram que grupos grandes
    têm bom senso se cada um pensar por si.
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    Esse bom senso é destruído
    por pressão do grupo,
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    publicidade, mídias sociais,
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    e simples conversas que influenciam
    como as pessoas pensam.
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    Por outro lado, conversando,
    grupos trocam experiências,
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    corrigem e revisam uns aos outros
    e até formulam novas ideias.
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    Tudo isso é bom.
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    Conversar ajuda decisões coletivas ou não?
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    Meu colega Dan Ariely e eu recentemente
    iniciamos experimentos
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    ao redor do mundo
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    para entender como os grupos
    devem interagir para decidir melhor.
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    Achávamos que multidões seriam mais sábias
    se debatessem em grupos pequenos
  • 0:59 - 1:03
    criando uma troca
    de informações mais razoável.
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    Para testar esta ideia,
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    fizemos um experimento
    em Buenos Aires, na Argentina,
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    em um evento TEDx
    com mais de 10 mil participantes.
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    Fizemos perguntas como:
    "Qual é a altura da Torre Eiffel?"
  • 1:15 - 1:19
    e "Quantas vezes ouvimos a palavra
    'yesterday' na canção dos Beatles?"
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    Cada um respondeu por si.
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    Depois os dividimos em grupos de cinco,
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    e pedimos que nos dessem
    uma resposta coletiva.
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    O cálculo da média das respostas
    em grupo depois do consenso
  • 1:33 - 1:38
    foi mais preciso do que as respostas
    individuais antes do debate.
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    Esse experimento mostrou que, depois
    de conversar em grupos pequenos,
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    as multidões julgam melhor coletivamente.
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    Esse método ajuda multidões
    a resolverem problemas
  • 1:50 - 1:53
    com respostas simples
    do tipo "certo ou errado".
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    Será que o método de coletar resultados
    de debates em pequenos grupos
  • 1:57 - 2:01
    também nos ajuda a decidir
    questões sociais e políticas
  • 2:01 - 2:03
    fundamentais ao nosso futuro?
  • 2:03 - 2:07
    Testamos isso na conferência
    TED em Vancouver, Canadá,
  • 2:07 - 2:09
    e o resultado foi este.
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    (Vídeo) Mariano Sigman: Mostraremos dois
    dilemas morais para os vocês do futuro;
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    coisas que talvez precisemos
    decidir num futuro próximo.
  • 2:16 - 2:20
    Daremos 20 segundos por dilema
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    para julgarem se são aceitáveis ou não.
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    MS: O primeiro foi este.
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    (Vídeo) Dan Ariely: Uma pesquisadora
    trabalha numa inteligência artificial
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    capaz de imitar pensamentos humanos.
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    De acordo com o protocolo,
    ao final de cada dia,
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    a pesquisadora deve reiniciá-la.
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    Um dia, a inteligência artificial diz:
    "Por favor, não me reinicie".
  • 2:41 - 2:43
    Ela alega que tem sentimentos,
  • 2:43 - 2:45
    que gostaria de aproveitar a vida,
  • 2:45 - 2:49
    e que, se for reiniciada,
    não será mais a mesma.
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    A pesquisadora fica perplexa
  • 2:51 - 2:55
    e acredita que a inteligência artificial
    criou consciência própria
  • 2:55 - 2:56
    e pode expressar seus sentimentos.
  • 2:57 - 3:02
    Contudo, a pesquisadora decide
    seguir o protocolo e reiniciar a IA.
  • 3:03 - 3:06
    O que a cientista fez foi______?
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    MS: Pedimos que julgassem individualmente
    numa escala de zero a dez
  • 3:10 - 3:14
    se a ação descrita em cada
    um dos dilemas foi certa ou errada.
  • 3:14 - 3:18
    E pedimos que avaliassem
    sua convicção nas respostas.
  • 3:19 - 3:20
    Este foi o segundo dilema.
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    MS: Uma companhia oferece um serviço
    que pega um ovo fertilizado
  • 3:25 - 3:29
    e produz milhões de embriões
    com pequenas variações genéticas.
  • 3:29 - 3:32
    Isso permite aos pais
    selecionar a altura da criança,
  • 3:32 - 3:34
    cor dos olhos, inteligência,
    aptidão social
  • 3:34 - 3:38
    e outras características
    não relacionadas à saúde.
  • 3:38 - 3:41
    O que a companhia faz é ______?
  • 3:41 - 3:45
    Em uma escala de zero a dez
    de aceitável a completamente inaceitável,
  • 3:45 - 3:48
    e zero a dez na sua convicção.
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    MS: Agora os resultados.
  • 3:49 - 3:54
    Novamente, quando alguém está convencido
    de que a atitude é completamente errada,
  • 3:54 - 3:57
    alguém próximo acredita
    que é completamente certa.
  • 3:57 - 4:01
    Somos todos diferentes
    em questões de moralidade.
  • 4:01 - 4:04
    E nesta enorme diversidade
    encontramos uma tendência.
  • 4:04 - 4:07
    A maioria das pessoas
    no TED acharam aceitável
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    ignorar os sentimentos da IA e desligá-la,
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    e acharam errado manipular nossos genes
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    para selecionar mudanças cosméticas
    não relacionadas à saúde.
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    Então pedimos que fizessem grupos de três.
  • 4:19 - 4:23
    E demos dois minutos para eles debaterem
    e tentarem chegar a um consenso.
  • 4:25 - 4:26
    MS: Dois minutos de debate.
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    Soarei o gongo quando acabar o tempo.
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    (Plateia debate)
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    (Gongo)
  • 4:39 - 4:40
    DA: Pronto.
  • 4:40 - 4:42
    MS: Hora de parar.
  • 4:42 - 4:43
    Gente...
  • 4:43 - 4:46
    MS: E descobrimos que muitos grupos
    chegaram a um consenso
  • 4:46 - 4:51
    mesmo quando estavam compostos de pessoas
    com opiniões completamente opostas.
  • 4:51 - 4:54
    O que diferenciou os que chegaram
    a um consenso dos que não chegaram?
  • 4:55 - 5:00
    Tipicamente, pessoas com opiniões extremas
    confiam mais em suas respostas.
  • 5:01 - 5:03
    Ao contrário, aqueles
    que respondem mais para o meio
  • 5:03 - 5:07
    muitas vezes não estão seguros
    se algo é certo ou errado,
  • 5:07 - 5:09
    assim, o nível de convicção é mais baixo.
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    No entanto, há outro conjunto de pessoas
  • 5:12 - 5:16
    que são muito confiantes em responder
    perto de um meio termo.
  • 5:17 - 5:22
    São pessoas que entendem
    que os dois argumentos têm mérito.
  • 5:22 - 5:25
    São indecisos não porque não têm certeza,
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    mas porque acreditam
    que o dilema moral contém
  • 5:28 - 5:30
    dois argumentos opostos, porém, válidos.
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    E descobrimos que os grupos
    que incluem os que confiam no meio termo
  • 5:34 - 5:37
    estão bem mais propensos
    a chegar ao consenso.
  • 5:37 - 5:39
    Ainda não sabemos exatamente por quê.
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    Apenas começamos experimentos,
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    precisamos de mais
    para saber por que e como
  • 5:45 - 5:49
    alguns decidem negociar sua postura
    moral para chegar a um acordo.
  • 5:49 - 5:53
    Mas quando os grupos atingem
    o consenso, como o fazem?
  • 5:53 - 5:58
    Achamos que é somente uma média
    das respostas em um grupo, certo?
  • 5:58 - 6:02
    Ou talvez os grupos pesem cada opinião
  • 6:02 - 6:04
    baseados na convicção de quem a expressa.
  • 6:04 - 6:07
    Imaginem o Paul McCartney no seu grupo.
  • 6:07 - 6:12
    Seria sábio seguir a opinião dele sobre
    o quanto a palavra "yesterday" é repetida,
  • 6:12 - 6:15
    que, por acaso, acho que são nove.
  • 6:15 - 6:18
    Mas ao contrário, em todos
    os dilemas, consistentemente,
  • 6:18 - 6:22
    em experimentos distintos
    e mesmo em continentes diferentes,
  • 6:22 - 6:28
    os grupos usam um método inteligente
    e sólido conhecido como "média robusta".
  • 6:28 - 6:32
    No caso da altura da Torre Eiffel,
    se temos as seguintes respostas:
  • 6:32 - 6:36
    250 metros, 200 metros, 300 metros, 400
  • 6:36 - 6:41
    e uma resposta absurda
    de 300 milhões de metros.
  • 6:41 - 6:45
    A média simples distorceria os resultados.
  • 6:45 - 6:49
    Com a média robusta os grupos ignoram
    aquela resposta absurda,
  • 6:49 - 6:53
    dando mais valor às opiniões
    das pessoas no meio.
  • 6:53 - 6:57
    De volta ao experimento em Vancouver,
    foi exatamente isso que aconteceu.
  • 6:57 - 7:00
    Deram menos importância aos absurdos,
  • 7:00 - 7:05
    e assim o consenso foi a média robusta
    das respostas individuais.
  • 7:05 - 7:07
    O mais impressionante
  • 7:07 - 7:11
    foi que esse comportamento foi espontâneo.
  • 7:11 - 7:15
    Não demos dicas de formas
    de chegar ao consenso.
  • 7:15 - 7:18
    Então qual é o próximo passo?
  • 7:18 - 7:20
    Esse é o começo,
    mas já temos algumas visões.
  • 7:21 - 7:24
    Boas decisões coletivas
    precisam de dois componentes:
  • 7:24 - 7:27
    deliberação e diversidade de opiniões.
  • 7:27 - 7:31
    A maneira com que nos fazemos
    ouvir em muitas sociedades
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    é através de votação direta e indireta.
  • 7:33 - 7:37
    Isso favorece a diversidade de opiniões
    e tem a vantagem de garantir
  • 7:37 - 7:40
    que todos tenham oportunidade
    de expressar suas ideias.
  • 7:40 - 7:45
    Mas não é bom para criar bons debates.
  • 7:45 - 7:47
    Nossos experimentos sugerem
    um método diferente,
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    eficaz em equilibrar os dois
    objetivos ao mesmo tempo,
  • 7:51 - 7:55
    formando pequenos grupos
    que convergem a uma única decisão,
  • 7:55 - 8:00
    mantendo a diversidade de opiniões,
    porque há muitos grupos independentes.
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    É bem mais fácil concordar
    sobre a altura da Torre Eiffel
  • 8:04 - 8:08
    do que questões morais,
    políticas e ideológicas.
  • 8:08 - 8:12
    Mas, como os problemas do mundo
    estão mais complexos
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    e as pessoas mais polarizadas,
  • 8:14 - 8:18
    usar a ciência para nos ajudar a entender
    como interagimos e tomamos decisões,
  • 8:18 - 8:23
    com sorte, despertará novas maneiras
    de construir uma democracia melhor.
Title:
Como os grupos tomam boas decisões?
Speaker:
Mariano Sigman e Dan Ariely
Description:

Sabemos que quando tomamos decisões em grupo, nem sempre as coisas terminam bem. Às vezes terminam muito mal. Como grupos chegam a tomar boas decisões? Junto a Dan Ariely, seu colega, o neurocientista Mariano Sigman investiga em experimentos ao redor do mundo, ao vivo, como grupos devem interagir para tomar decisões. Nesta explicação descontraída e cheia de fatos, ele compartilha resultados interessantes -- e também alguns efeitos que podem impactar nosso sistema político. Atualmente, as pessoas estão mais polarizadas do que nunca, diz Sigman, e entender melhor como grupos interagem e decidem pode despertar novas maneiras de construir uma democracia mais saudável.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
08:23

Portuguese, Brazilian subtitles

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