A bela realidade do autismo | Guy Shahar | TEDxWandsworth
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0:07 - 0:11O autismo é uma deficiência
de desenvolvimento pra vida toda, -
0:11 - 0:15na qual a pessoa afetada
não possui a habilidade natural -
0:15 - 0:18de como interagir com outras pessoas,
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0:18 - 0:23sofre de várias questões sensoriais
que envolvem luzes, sons, etc., -
0:23 - 0:27e às vezes é totalmente incapaz
de controlar suas emoções, -
0:27 - 0:29entre outras coisas.
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0:29 - 0:31Pelo menos, foi isso que nos disseram.
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0:31 - 0:34Como a maioria dos pais de autistas,
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0:34 - 0:36era nisso que acreditávamos,
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0:36 - 0:39até que nossa experiência
nos deu uma perspectiva diferente. -
0:40 - 0:41Pouco depois de completar um ano,
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0:41 - 0:46meu filho, Daniel, passou a mostrar
alguns comportamentos incomuns. -
0:46 - 0:49Ele começou a se esquecer das palavras
que já tinha aprendido -
0:49 - 0:52e a passar mais tempo olhando pro nada.
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0:53 - 0:56No início, achávamos
que ele estava apenas pensando, -
0:56 - 0:59mas aquilo foi se tornando
um distanciamento cada vez maior, -
0:59 - 1:03até que ele chegou ao ponto de passar
a maior parte do tempo deitado no chão, -
1:03 - 1:07rolando um carrinho de brinquedo
pra frente e pra trás em frente ao rosto. -
1:08 - 1:11Não havia qualquer comunicação
nem contato visual àquela altura -
1:11 - 1:16e, se tentássemos interagir com ele,
principalmente chamando-o pelo nome, -
1:16 - 1:20ele simplesmente resmungava
e voltava ao que estava fazendo. -
1:20 - 1:22Ele inclusive havia perdido a capacidade
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1:22 - 1:25de pronunciar consoantes
e de comer alimentos sólidos. -
1:25 - 1:29Tivemos de voltar a dar a ele
comida pastosa, de colher, -
1:29 - 1:31enquanto ele assistia a desenhos animados.
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1:31 - 1:35Ele se tornou propenso aos mais intensos
e prolongados colapsos nervosos -
1:35 - 1:39e, uma vez que começavam,
não podíamos fazer nada para consolá-lo. -
1:39 - 1:41Era absolutamente angustiante,
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1:41 - 1:45principalmente quando ele recorria
ao autoflagelo por se sentir frustrado. -
1:47 - 1:50Era um caso claro de autismo regressivo,
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1:50 - 1:52mas os médicos disseram
para não nos preocuparmos. -
1:52 - 1:55Disseram que cada criança
tem sua curva de desenvolvimento, -
1:55 - 1:56que bastava ficarmos de olho nele
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1:56 - 1:59e, se ainda preocupados
após uns dois anos, -
1:59 - 2:01poderíamos voltar e conversar com eles.
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2:02 - 2:06Não conseguíamos imaginar
mais dois anos de tamanha incerteza -
2:06 - 2:10e, após um longo e exaustivo
processo de insistência -
2:10 - 2:13e diversos meses mais
numa lista de espera, -
2:13 - 2:16conseguimos finalmente
uma consulta com um pediatra, -
2:16 - 2:20que deu início ao processo
de avaliação e diagnóstico de autismo, -
2:20 - 2:23mas sem nada que realmente
nos ajudasse nesse meio-tempo. -
2:25 - 2:26Não fazíamos ideia
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2:26 - 2:30de como gerenciar essa mudança inesperada
no desenvolvimento do nosso filho, -
2:30 - 2:32mas parecia que os profissionais
de saúde também não. -
2:33 - 2:36Então, uma das decisões
mais importantes que tomamos -
2:36 - 2:39foi deixar os procedimentos
médicos tradicionais -
2:39 - 2:41e encontrar nossa própria forma
de tratar nosso filho. -
2:43 - 2:45Mas isso não pareceu
muito inteligente na época. -
2:45 - 2:47Tudo que tínhamos era a internet,
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2:47 - 2:50cheia de suas promessas loucas
de milagres e curas, -
2:50 - 2:54todas com relatos chamativos,
vídeos comoventes -
2:55 - 2:56e um alto custo.
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2:57 - 2:58Por onde começar?
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2:58 - 3:03Como encontrar algo verdadeiramente útil
em meio a toda essa onda de marketing? -
3:05 - 3:11Em tempos difíceis, eu e minha esposa
tendemos a confiar muito na intuição -
3:11 - 3:14e, felizmente, tendemos a pensar
de forma semelhante. -
3:14 - 3:19Quando encontramos o site
nada chamativo do Mifne Centre, -
3:19 - 3:23uma pequena clínica
num povoado no norte de Israel, -
3:23 - 3:28especializada no tratamento de famílias
com crianças autistas, e até bebês, -
3:28 - 3:30ambos ficamos esperançosos.
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3:30 - 3:33Não havia nenhuma razão para tanto,
não sabíamos nada sobre eles, -
3:33 - 3:35mas ambos tivemos a forte sensação
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3:35 - 3:39de que aquele era um lugar que poderia
realmente mudar a vida da nossa família. -
3:39 - 3:41Então, pesquisamos, conversamos com eles,
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3:41 - 3:45encontramos outras pessoas
que estiveram lá e conversamos com elas -
3:45 - 3:49e, por fim, decidimos tentar
e ir lá pessoalmente. -
3:49 - 3:51Eu me lembro que no caminho
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3:51 - 3:55de Tel Aviv até o povoado de Rosh Pina,
aonde precisávamos chegar, -
3:55 - 3:57de repente me vi cheio de dúvidas.
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3:57 - 3:58De repente, comecei a pensar:
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3:58 - 4:02"Bem, e se chegarmos lá
e não houver nenhuma clínica? -
4:02 - 4:05E se for um grande jogo de marketing
para pegarem todo nosso dinheiro -
4:05 - 4:07e ficarmos sem nada
para tentar outra coisa?" -
4:08 - 4:09Felizmente, não foi assim.
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4:09 - 4:12Felizmente, a clínica existia,
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4:12 - 4:15e eles passaram as três semanas seguintes
cuidando da nossa família. -
4:16 - 4:20Aparentemente, não havia nada
de incrível no que eles faziam. -
4:20 - 4:24Basicamente só brincavam com ele,
individualmente, numa sala, -
4:24 - 4:26seis horas por dia, ele e um terapeuta,
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4:26 - 4:29e os terapeutas revezam-se
mais ou menos de hora em hora. -
4:29 - 4:35Mas eles faziam isso de forma a criar
um ambiente naquela sala -
4:35 - 4:41livre da sobrecarga
de estímulos sensoriais -
4:41 - 4:43que estariam sendo lançados
sobre ele no dia a dia comum -
4:43 - 4:47e que não seriam nada de mais para nós,
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4:47 - 4:50mas que ele processava de forma diferente.
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4:50 - 4:52Mas talvez o mais importante
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4:52 - 4:57é que era um ambiente livre dos gatilhos
emocionais supersutis do estresse, -
4:57 - 5:01que também seriam lançados sobre ele,
os quais nem sequer perceberíamos. -
5:01 - 5:05Seriam coisas tipo
nossas expectativas não expressas, -
5:05 - 5:09decepções, dúvidas, medos sobre o futuro,
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5:09 - 5:12preocupações e todo esse tipo de coisa.
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5:12 - 5:16Não tínhamos vocalizado essas coisas,
mas ele as teria percebido intuitivamente, -
5:16 - 5:19e se desestabilizaria
constantemente com isso. -
5:20 - 5:23Ao não mais ser desestabilizado
por essas coisas, -
5:24 - 5:29a terapeuta teve a oportunidade de evocar
seu senso interior de confiança -
5:29 - 5:34e seu senso interior de querer formar
uma relação com outra pessoa -
5:34 - 5:38e obter alguma satisfação dessa relação.
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5:38 - 5:41Isso foi fundamental fazê-lo se abrir
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5:41 - 5:42e, com isso,
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5:42 - 5:47ela pôde trabalhar a tolerância dele
às diversas fontes de estresse -
5:47 - 5:52para que, ao fim, ele pudesse passar
cada vez mais tempo fora da sala, -
5:52 - 5:55desenvolvendo a força interior
que ele estava criando ali dentro. -
5:56 - 5:58Mas isso era para o futuro.
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5:58 - 6:01Os resultados imediatos
também foram impressionantes. -
6:01 - 6:03Algumas horas depois de chegarmos,
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6:03 - 6:07eles conseguiram colocá-lo sentado à mesa,
com uma colher na mão, -
6:07 - 6:10comendo sozinho alimentos sólidos,
com um grande sorriso no rosto. -
6:11 - 6:13Isso era inimaginável.
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6:13 - 6:16Houve contratempos e desafios
no caminho, é claro, -
6:16 - 6:20como é de se esperar quando a qualidade
de vida de alguém é transformada, -
6:20 - 6:24mas, a partir daquele dia,
a trajetória foi uma constante ascendente. -
6:24 - 6:27Enquanto estivemos lá,
também fomos capacitados, -
6:27 - 6:30intensamente, para implementarmos
esse método em casa, -
6:30 - 6:34o que fizemos com o auxílio
de outro terapeuta particular, -
6:34 - 6:36que também conhecia o método.
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6:36 - 6:41Pouco depois, as crises retrocederam,
ele ficou mais estável e equilibrado -
6:41 - 6:44e, pela primeira vez,
pelo que podíamos lembrar, -
6:44 - 6:48conseguimos criar uma relação realmente
significativa com nosso filho. -
6:50 - 6:54Eles nos disseram que, após seis meses,
ele começaria a voltar a falar -
6:54 - 6:56e, após uns quatro meses,
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6:56 - 6:59ele começou a entender
o que falávamos com ele -
6:59 - 7:02e a usar palavras soltas.
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7:02 - 7:06Esse vídeo é um exemplo
de o quanto ele se desenvolveu -
7:06 - 7:10apenas cinco meses depois de voltar
de Israel, com dois anos e meio. -
7:12 - 7:14(Vídeo) Guy Shahar: É um macaco?
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7:14 - 7:15Daniel: Não.
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7:15 - 7:17GS: É um elefante?
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7:18 - 7:20Elefante?
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7:22 - 7:25GS: Não. É um passarinho?
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7:25 - 7:26Daniel: Não.
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7:26 - 7:28GS: É um macaco?
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7:30 - 7:31(Daniel rindo)
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7:31 - 7:34GS: É um cachorrinho! Au-au!
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7:35 - 7:38(No palco) GS: Alguns anos atrás,
ele entrou numa escola regular, -
7:38 - 7:40onde ele é bem cuidado,
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7:40 - 7:45e basicamente ele é um menino
de sete anos alegre e equilibrado. -
7:46 - 7:48Temos alguns desafios e dificuldades,
-
7:48 - 7:50mas nada que se compare
-
7:50 - 7:53ao que fomos levados a acreditar
que teríamos de enfrentar. -
7:54 - 7:58Mas esta palestra não é
sobre meu filho nem minha família. -
7:58 - 8:01Não é para exibir
nossas supostas conquistas -
8:01 - 8:03ou algum tipo de vitória
contra adversidades, -
8:03 - 8:05porque não é isso.
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8:06 - 8:10Nossa história traz questões
muito mais profundas que isso. -
8:10 - 8:15Porque se, como fomos levados a acreditar,
o autismo é uma condição pra vida inteira -
8:15 - 8:18e se ele é caracterizado
por problemas sensoriais -
8:18 - 8:21e problemas na regulação
das emoções, etc., -
8:21 - 8:25então como é possível que esse menino,
num período tão curto de tempo, -
8:25 - 8:30tenha passado de totalmente resistente
a qualquer forma de comunicação, -
8:30 - 8:34totalmente dependente dos outros
para suas necessidades mais básicas, -
8:34 - 8:39ao indivíduo agradável, calmo
e completamente engajado que vocês viram? -
8:41 - 8:45Não acredito que o Daniel
tenha sido curado do autismo. -
8:45 - 8:48Acho que o autismo é pra vida toda,
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8:48 - 8:51mas era a natureza dessa condição
que antes não compreendíamos. -
8:52 - 8:56Vemos pessoas com autismo
geralmente com problemas sensoriais, etc., -
8:56 - 9:01e presumimos que essas coisas
sejam parte do autismo ou um sintoma dele, -
9:01 - 9:03ou que o cérebro dos autistas
seja de alguma forma programado -
9:04 - 9:06para ser suscetível a esses problemas.
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9:06 - 9:10Mas e se essas coisas
não fizerem parte do autismo? -
9:10 - 9:12E se a condição de autista,
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9:12 - 9:14por natureza,
-
9:14 - 9:17não for uma incapacidade ou deficiência,
-
9:17 - 9:22mas apenas uma profunda sensibilidade,
no sentido mais positivo possível, -
9:22 - 9:24que, no ambiente adequado,
-
9:24 - 9:27pudesse levar a uma vida
produtiva e impressionante, -
9:27 - 9:30com grande valor a oferecer
ao restante de nós? -
9:32 - 9:33Em minha experiência,
-
9:33 - 9:35vejo a condição autista
-
9:35 - 9:39como uma de benevolência
e idealismo genuínos e altruístas. -
9:40 - 9:44Não vejo a criança autista
como separada de seu ambiente. -
9:44 - 9:45É exatamente o oposto.
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9:45 - 9:48Vejo-a tão profundamente
conectada com seu ambiente -
9:48 - 9:52que é quase impossível para ela
não ficar sobrecarregada por ele. -
9:53 - 9:55Daí a necessidade
de algum tipo de proteção. -
9:56 - 9:58Conforme a força interior
do meu filho foi crescendo, -
9:59 - 10:01como resultado da terapia
que estávamos proporcionando a ele, -
10:01 - 10:04e a necessidade de proteção
foi diminuindo, -
10:04 - 10:08passamos a ver essa interconectividade
com o que acontecia ao redor dele -
10:08 - 10:09realmente se destacar.
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10:10 - 10:15Qualquer sinal de dor
ou agitação em outra pessoa -
10:15 - 10:17tornava-se uma fonte de dor
e de agitação para ele. -
10:19 - 10:22Até uma história, até uma imagem
num livro de histórias, -
10:22 - 10:25de alguém parecendo triste ou aborrecido
-
10:25 - 10:27era quase insuportável para ele.
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10:27 - 10:32Tínhamos um livro lindo sobre um gato
e um cão que viviam juntos. -
10:32 - 10:37Um dia, o gato saiu, e o cão ficou
com fome, comeu a comida do gato. -
10:38 - 10:40Não conseguimos prosseguir com a história
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10:41 - 10:45porque, àquela altura, o Daniel gritava:
"Não!", e fechou o livro com força, -
10:45 - 10:47e não conseguimos lê-lo
para ele novamente por semanas. -
10:47 - 10:52Ele ficou preocupado com como o gato
se sentiria ao ver sua tigela vazia. -
10:53 - 10:56Se ele visse outra criança
com cara de triste na rua, -
10:56 - 11:00seu instinto o fazia ir até a criança,
dar-lhe um abraço e até um beijo, -
11:01 - 11:03e dizer que tudo ficaria bem.
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11:03 - 11:04Até hoje,
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11:04 - 11:08quando ele vê um coleguinha na escola
parecendo triste ou chorando, -
11:08 - 11:12ele vai chegar em casa, deitar na cama
e se preocupar com o coleguinha. -
11:13 - 11:15Como devemos interpretar isso?
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11:15 - 11:21Será que ele só é
sensível demais ou afável demais? -
11:21 - 11:24Será que ele só não entende
como ver as coisas em perspectiva -
11:24 - 11:27ou como se comportar da forma correta
em determinadas situações? -
11:28 - 11:30Novamente, eu diria o oposto.
-
11:30 - 11:34Vejo esse comportamento como sendo
motivado pelos instintos do coração dele, -
11:34 - 11:37que não lhe permitem
machucar nada nem ninguém, -
11:37 - 11:40mesmo se o tiverem machucado.
-
11:40 - 11:42Quando não é recíproco
-
11:42 - 11:45e ele pode se tonar alvo
de chacota ou zombaria -
11:45 - 11:48simplesmente por ser
um pouquinho diferente, -
11:48 - 11:52é totalmente desorientador,
confuso e doloroso pra ele. -
11:53 - 11:56Ainda assim, ele insiste que pessoas
que fazem isso não são más; -
11:56 - 12:01são pessoas boas que ainda não aprenderam
a serem a melhor versão de si mesmas. -
12:01 - 12:06Por outro lado, sempre que ele se vê numa
dessas situações sociais muito raras -
12:06 - 12:12em que as pessoas estão presentes
nessa condição incomum de abertura, -
12:12 - 12:17aceitação incondicional,
apoio e positividade, -
12:17 - 12:19vemos uma criança diferente.
-
12:19 - 12:24Dois anos atrás, nós o levamos
a um centro de meditação na Índia, -
12:24 - 12:28e ele se integrou
tão naturalmente no local -
12:28 - 12:30que ninguém que olhasse pra ele pensaria
-
12:30 - 12:34que havia qualquer problema,
muito menos uma deficiência. -
12:35 - 12:38Era o tipo de ambiente
em que ele podia se desenvolver, -
12:38 - 12:41e provavelmente todos poderíamos
-
12:41 - 12:44se estivéssemos prontos pra deixar
de lado nossos medos e inibições. -
12:46 - 12:48Então, quem é que tem problemas aqui?
-
12:48 - 12:52Será a pessoa autista,
que está pronta, ansiando inclusive, -
12:52 - 12:57para viver num mundo aberto, colaborativo,
inclusivo, de respeito mútuo e afetuoso? -
12:58 - 12:59Ou será que somos nós,
-
12:59 - 13:04que criamos um ambiente de medo
e de competição por toda parte? -
13:04 - 13:06Será que é a pessoa autista,
-
13:06 - 13:10cujos sentidos aguçados e refinados
funcionam melhor num ambiente calmo, -
13:10 - 13:14onde podem ser estimulados e utilizados
em benefício de todos? -
13:14 - 13:15Ou será que somos nós,
-
13:15 - 13:18que nos bombardeamos
com luzes brilhantes e sons altos, -
13:18 - 13:22tentando obter uma sensação
artificial de empolgação, -
13:22 - 13:25para nos distrairmos
ou compensarmos a falta de sentido -
13:25 - 13:27que percebemos em nossas vidas?
-
13:27 - 13:29Será que é a pessoa autista,
-
13:29 - 13:33que só quer levar positividade
e apoio às outras pessoas? -
13:33 - 13:35Ou será que somos nós,
-
13:35 - 13:38que enchemos os espaços
com exemplos de tensão e crueldade -
13:38 - 13:41com os quais habitualmente nos deleitamos?
-
13:41 - 13:43Adicionamos a isso
nossa própria crueldade, -
13:43 - 13:45que direcionamos uns aos outros e a eles,
-
13:45 - 13:48sem perceber que isso
é intensamente doloroso pra eles. -
13:50 - 13:52Numa situação como essa,
-
13:52 - 13:57será que é supresa que as pessoas autistas
às vezes pareçam caladas ou isoladas? -
13:58 - 14:00Geralmente penso em como nos sentiríamos
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14:00 - 14:02se tivéssemos que passar
por uma zona de guerra -
14:02 - 14:04quando precisássemos ir a algum lugar,
-
14:04 - 14:07com pessoas sendo cruéis
e implacáveis umas com as outras, -
14:07 - 14:11com sangue, morte, destruição
e mutilação em toda parte, -
14:11 - 14:15e o medo constante de estarmos sujeitos
a isso tudo a qualquer instante. -
14:16 - 14:19Quanto tempo levaríamos
até nos sacudirmos e balançarmos -
14:19 - 14:21e desenvolvermos aversão
a alimentos ou outras coisas -
14:21 - 14:24tentando manter algum grau
de controle sobre este mundo -
14:24 - 14:27que se tornou intolerável pra nós?
-
14:27 - 14:30Quanto tempo levaríamos até que nossas
conexões neurais se realinhassem -
14:31 - 14:34para se ajustarem ao que se esperara
de alguém com uma deficiência? -
14:35 - 14:38A Sociedade Nacional Autista Britânica
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14:38 - 14:41recentemente publicou
um filme curto, mas poderoso, -
14:41 - 14:43que tenta mostrar exatamente isso,
-
14:43 - 14:45exatamente como deve ser
para uma pessoa autista -
14:45 - 14:48levar a vida no dia a dia
e realizar atividades cotidianas. -
14:48 - 14:51Ele se chama "Too Much Information"
e faz a seguinte pergunta: -
14:51 - 14:55"Você conseguiria aguentar mais
de um minuto dentro de um shopping?" -
14:56 - 14:58(Barulho de bolsas plásticas)
-
14:58 - 15:00(Moedas caindo no chão)
-
15:01 - 15:03(Mulher sugando sua bebida num canudo)
-
15:03 - 15:04(Balões de gás sendo alisados)
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15:04 - 15:06(Perfume sendo borrifado)
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15:06 - 15:09(Um alarme sendo disparado)
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15:09 - 15:11(Rodas rolando no chão)
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15:11 - 15:13(Alarme)
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15:13 - 15:16(Um menino soluçando e chorando)
Mulher: Está tudo bem, né? -
15:16 - 15:18Menino: Não sou malcriado.
-
15:18 - 15:19Sou autista.
-
15:20 - 15:22E recebo informações demais.
-
15:25 - 15:30GS: Dependendo do ambiente que criamos
ao redor de uma criança autista, -
15:30 - 15:33ela tem a capacidade,
por um lado, de se desenvolver, -
15:33 - 15:36de se tornar uma fonte de alegria
e inspiração para nós, -
15:36 - 15:40e até de nos ajudar a sermos mais
parecidos com o que gostaríamos de ser. -
15:41 - 15:44Por outro lado, ela pode se sobrecarregar,
-
15:44 - 15:46chegar ao limite do que pode suportar,
-
15:46 - 15:49se fechar quase que completamente
-
15:49 - 15:53e precisar de alguns cuidados práticos
que seriam totalmente desnecessários -
15:53 - 15:57se fôssemos só um pouco mais conscientes
sobre a forma como ela vivencia o mundo. -
16:00 - 16:03Não vejo o autismo
como um conjunto de sintomas. -
16:03 - 16:06Vejo-o como a bela condição
que está por trás desses sintomas -
16:06 - 16:08e os torna necessários
-
16:08 - 16:11somente se o ambiente adequado
não estiver disponível. -
16:12 - 16:16É um condição de inocência,
idealismo, benevolência, -
16:16 - 16:19e uma facilidade de pôr as necessidades
dos outros acima das deles. -
16:20 - 16:22Poderíamos chamar isso de amor.
-
16:22 - 16:25Foi por isso que criei
o projeto Transforming Autism, -
16:25 - 16:28para empoderar pais e cuidadores
de crianças autistas -
16:28 - 16:32para identificarem esses valores
e trazê-los para a vida de seus filhos -
16:32 - 16:33de forma real e prática,
-
16:33 - 16:36para que tenham a chance
de desenvolver seu pleno potencial. -
16:37 - 16:40Se conseguíssemos criar
um mundo em volta deles -
16:40 - 16:43no qual fôssemos todos
motivados por tais valores, -
16:43 - 16:48posso imaginar muitos dos que hoje
se balançam e não conseguem se comunicar -
16:48 - 16:50sendo integrados totalmente
num mundo assim. -
16:51 - 16:54Alguns deles podem inclusive
se tornar líderes naturais e pioneiros -
16:54 - 16:56de absoluta integridade,
-
16:56 - 16:59com o claro objetivo de salvaguardar
o bem-estar dos outros -
16:59 - 17:03enquanto o melhor deles consegue aflorar.
-
17:04 - 17:08Pode parecer uma fantasia
ingênua e clichê, -
17:08 - 17:12mas será que na verdade não é
só um ideal esquecido e ignorado -
17:12 - 17:15que cada um de nós carrega
silenciosamente dentro de si? -
17:16 - 17:20Que possamos trazer o máximo possível
desses valores para as nossas vidas, -
17:20 - 17:23pelo menos para o benefício
de nossos filhos autistas. -
17:24 - 17:25Obrigado.
-
17:25 - 17:26(Aplausos)
- Title:
- A bela realidade do autismo | Guy Shahar | TEDxWandsworth
- Description:
-
Nesta palestra, Guy usa as experiências e ideias que acumulou como pai de um menino autista, para propor uma perspectiva radicalmente diferente sobre o autismo. Longe de ser uma deficiência caracterizada por um conjunto de dificuldades aceitáveis, ele sugere que a condição subjacente que se manifesta, a qual chamamos de autismo, deve na verdade ser validada.
Guy Shahar é escritor e consultor sobre autismo. Seu projeto, Transforming Autism, traz conscientização sobre os aspectos positivos do transtorno, e capacita outros pais a entenderem e valorizarem seus filhos autistas e a melhorar drasticamente a qualidade de vida deles, criando um ambiente de confiança e amor ao seu redor.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:33
Leonardo Silva approved Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes accepted Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth | ||
Raissa Mendes edited Portuguese, Brazilian subtitles for The beautiful reality of autism | Guy Shahar | TEDxWandsworth |