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Title:
Como os vistos para trabalhadores convidados poderiam transformar o sistema de imigração dos EUA
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Description:
Os Estados Unidos podem criar um sistema de imigração mais humano; na verdade, isso já foi feito antes, diz o analista de políticas David J. Bier. Apontando para o sucesso histórico do programa para trabalhadores convidados, o que permite que trabalhadores estrangeiros entrem legalmente e trabalhem no país, Bier mostra como a expansão do programa para centro-americanos poderia aliviar a crise na fronteira e fornecer novas oportunidades para imigrantes.
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Speaker:
David Bier
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Por volta de outubro de 2018,
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Juan Carlos Rivera não podia mais
se dar ao luxo de viver em sua casa
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em Copan, Honduras.
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Como o "Dallas Morning News" informou,
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uma gangue estava pegando
10% dos ganhos da barbearia dele.
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A esposa dele foi assaltada a caminho
do pré-jardim de infância, onde trabalha.
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E estavam preocupados com a segurança
da filha pequena deles.
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O que eles podiam fazer?
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Fugir?
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Procurar refúgio em outro país?
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Eles não queriam fazer isso.
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Só queriam viver no país
deles com segurança.
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Mas suas opções eram limitadas.
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Então, naquele mês,
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Juan Carlos levou sua família
para um lugar mais seguro
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enquanto entrava para um grupo
de imigrantes na jornada longa e arriscada
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da América Central para um emprego,
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que um membro da família disse
estar aberto para ele nos EUA.
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Mas agora estamos todos familiarizados
com o que os esperava
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na fronteira EUA-México.
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As penalidades cada vez mais severas
dada àqueles que cruzam as fronteiras.
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As acusações criminais
por entrar ilegalmente.
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A detenção desumana.
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E, pior ainda, a separação das famílias.
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Estou aqui para dizer
que isso não só é errado,
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como é desnecessário.
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Essa crença de que a única maneira
de manter a ordem
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é com a crueldade
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está incorreta.
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E, na verdade, é o contrário.
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Apenas um sistema humanitário
criará organização na fronteira.
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Quando viagens seguras, tranquilas
e lícitas para os EUA forem possíveis,
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poucas pessoas escolherão
viajar correndo risco,
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de forma irregular ou ilegal.
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Agora, entendo que a ideia
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de que a imigração legal
resolveria a crise na fronteira
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possa soar um pouco fantasiosa.
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Mas aqui está a boa notícia:
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fizemos isso antes.
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Trabalhei na imigração por anos,
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no Cato Institute,
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e em outros gabinetes estratégicos
em Washington, DC,
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e como assessor sênior de política
para um membro republicano do Congresso,
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negociando a reforma
bipartidária da imigração.
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E vi em primeira mão
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como os EUA implementaram um sistema
humanamente organizado na fronteira
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do México.
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É chamado de programa
de trabalhadores convidados.
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E aqui está uma notícia ainda melhor:
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podemos replicar esse sucesso
na América Central.
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É claro que algumas pessoas
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ainda precisarão procurar
refúgio na fronteira.
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Mas para entender como isso seria bom
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para imigrantes como Juan Carlos,
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entender que até recentemente,
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quase todos os imigrantes presos
pela patrulha da fronteira eram mexicanos.
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cada patrulheiro da fronteira
prendeu 510 mexicanos.
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Bem mais do que um por dia.
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Por volta de 2019, foram apenas 8.
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Isso é um a cada 43 dias.
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É uma redução de 98%.
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Então, para onde foram todos os mexicanos?
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A mudança mais significativa
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foi quando os EUA passaram a emitir
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centenas de milhares de vistos
de trabalho para mexicanos,
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para que eles possam entrar legalmente.
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José Vásquez Cabrera estava
entre os primeiros mexicanos
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para aproveitar a expansão do visto.
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Ele disse ao "The New York Times"
que antes de receber seu visto,
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ele tinha atravessado a fronteira
ilegalmente algumas vezes,
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enfrentando o calor quase mortal
e a paisagem traiçoeira.
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Uma vez, uma cobra matou
um membro do seu grupo.
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Milhares de outros mexicanos
não conseguiram cruzar a fronteira;
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morreram de desidratação nos desertos
ou se afogaram no Rio Grande.
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Outros milhares foram
perseguidos e presos.
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Os vistos de trabalhador convidado estão
quase acabando com o caos desumano.
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Como Vásquez Cabrera disse:
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"Não preciso mais arriscar minha vida
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para ajudar minha família.
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E quando estou aqui,
não preciso viver me escondendo".
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Os vistos de trabalhador convidado
reduziram o número de travessias ilegais
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mais do que o número de vistos emitidos.
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Jose Bacilio, outro trabalhador
mexicano explicou o porquê
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para o "Washington Post" em abril.
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Disse que, embora não tenha
recebido o visto neste ano,
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ele não arriscaria todas
as suas chances futuras
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atravessando a fronteira ilegalmente.
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Isso provavelmente ajuda a explicar
por que de 1996 a 2019
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para cada trabalhador mexicano
admitido legalmente,
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houve uma queda de duas detenções
por entrada ilegal.
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É verdade que esses trabalhadores
fazem trabalhos realmente difíceis:
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colhem frutas, limpam caranguejos,
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cuidam da paisagem em um calor de 37° C.
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E alguns críticos ainda dizem
que vistos de trabalhador convidado
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não são humanitários
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e que os trabalhadores
são apenas escravos abusados.
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Mas Vásquez Cabrera achou que o visto
de trabalhador convidado era libertador,
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e não escravizador.
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E ele, assim como quase todos
os outros trabalhadores convidados,
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preferiu o caminho legal
ao ilegal, repetidas vezes.
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A expansão do visto de trabalhador
convidado aos mexicanos
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tem estado entre as mudanças
humanitárias mais significativas
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da política de imigração dos EUA.
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E essa mudança humanitária
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impôs a ordem sobre o caos.
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Então, como ficam centro-americanos,
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como o Juan Carlos?
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Bem, os centro-americanos receberam
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apenas 3% dos vistos de trabalhador
convidado emitidos em 2019,
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mesmo com sua parcela de prisões
na fronteira tendo crescido para 74%.
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Os EUA emitiram apenas um visto
para centro-americanos
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a cada 78 pessoas que cruzaram
a fronteira ilegalmente em 2019.
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Então, se eles não conseguem
seus documentos no país deles,
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muitos tentam a chance
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vindo pelo México para buscar refúgio
na fronteira ou cruzando ilegalmente,
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apesar de, como Juan Carlos,
eles preferirem vir para trabalhar.
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Os EUA podem fazer melhor.
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Eles precisam criar novos vistos
de trabalhador convidado
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especificamente para centro-americanos.
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Isso criaria um incentivo
para os negócios nos EUA
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para procurar e contratar
centro-americanos,
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pagar o voo deles para os EUA
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e tirá-los da imigração ilegal
e perigosa para o norte.
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Centro-americanos poderiam ter
vidas prósperas no país deles,
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sem precisar procurar
refúgio na fronteira
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ou cruzá-la ilegalmente,
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liberando um sistema sobrecarregado.
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Algumas pessoas podem dizer
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que deixar os trabalhadores
irem e voltarem
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nunca funcionará na América Central,
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onde a violência é muito alta.
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Mas, novamente, isso funcionou no México,
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apesar de a taxa de homicídio por lá
ter mais que triplicado na última década,
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para um nível muito maior
do que em boa parte da América Central.
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E isso funcionaria para Juan Carlos,
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que disse que, apesar das ameaças,
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ele só quer viver nos EUA temporariamente,
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para conseguir dinheiro suficiente
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para sustentar sua família
em sua nova casa.
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Ele até sugeriu que um programa
para trabalhador convidado
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seria uma das melhores coisas
para ajudar hondurenhos como ele.
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Cintia, uma hondurenha de 29 anos,
que cria os três filhos sozinha,
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parece concordar.
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Ela disse ao "Wall Street Journal"
que veio para ter um emprego
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para cuidar dos filhos e da mãe dela.
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Pesquisas sobre os centro-americanos,
que viajam pelo território mexicano,
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feitas pelo College of the Northern
Border no México,
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confirmam que Juan e Cintia são a norma.
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Nem todos, mas a maioria,
vem em busca de empregos,
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apesar de, como o Riveras,
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eles poderem passar por algumas
ameaças reais em casa.
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Será que um emprego
com salário baixo ajudaria muito
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um hondurenho, como Juan ou Cintia?
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Hondurenhos como eles conseguem
ganhar em um mês nos Estados Unidos
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o mesmo que ganhariam em um ano
inteiro trabalhando em Honduras.
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Alguns anos de trabalho nos Estados Unidos
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podem mover um centro-americano
para a classe média alta,
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que pode oferecer maior segurança.
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Não falta aos centro-americanos
o desejo de trabalhar,
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nem o desejo de contribuir
para a economia dos EUA
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ou de contribuir para a vida
dos norte-americanos.
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O que falta a eles é
uma alternativa legal ao refúgio.
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Para poder fazer isso legalmente.
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É claro que um novo programa
de trabalhador convidado
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não resolverá 100%
desse fenômeno complexo.
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Muitos que buscam refúgio
ainda precisarão procurar proteção
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na fronteira dos EUA.
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Mas com os fluxos reduzidos,
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fica mais fácil encontrar meios de lidar
com eles de modo mais humano.
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Mas ultimamente,
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nenhuma política provou fazer mais
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para criar um sistema de imigração humano
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e organizado
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do que deixar os trabalhadores
entrarem legalmente.
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