A ruptura amorosa e os paradoxos | Basile BERNARD | TEDxIleDeNantes
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0:10 - 0:12Deve haver entre vocês
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0:12 - 0:15pessoas que passaram pela experiência,
possivelmente dolorosa, -
0:15 - 0:17da ruptura amorosa.
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0:17 - 0:21Depois de uma separação
por vezes nos questionamos. -
0:21 - 0:26Por vezes, tampouco mudamos algo
em nossa vida, continuando como antes. -
0:26 - 0:31Em todos os casos,
é um momento tão brutal e radical -
0:32 - 0:36que nos permite perceber
alguns de nossos paradoxos. -
0:36 - 0:40Em termos de paradoxo, não me refiro
a todas as pequenas coisas. -
0:40 - 0:43Por exemplo, ao encontrar um amigo
que lhe convida para um aperitivo, -
0:43 - 0:45você pergunta: "O que devo levar?"
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0:45 - 0:48Ele vai lhe responder:
"Você é quem sabe. -
0:48 - 0:51É bem casual, tenho tudo
o que preciso em casa". -
0:52 - 0:55Entretanto, você acaba de dizer a ele
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0:55 - 1:00que os costumes sociais dão a entender
que você deveria levar alguma coisa -
1:01 - 1:04e seu amigo espera que faça isso.
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1:04 - 1:08Se um ser de outro planeta
fosse testemunha de tudo isso, -
1:08 - 1:13diria que os protocolos sociais
dos humanos são realmente bizarros. -
1:15 - 1:18Vou falar dos paradoxos
que não são muito mais complexos, -
1:18 - 1:21mas que têm um impacto
mais importante sobre a existência, -
1:21 - 1:23pois isso ocorre no âmbito de uma ruptura.
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1:23 - 1:28Tenho que falar da Jéssica, uma amiga
que foi dispensada algumas vezes -
1:29 - 1:34e que me contou que estava farta
de encontrar sempre os mesmos cafajestes. -
1:35 - 1:39Acompanho, um pouco impotente,
os reveses amorosos de Jéssica. -
1:41 - 1:44Primeiro cafajeste: falta de sorte.
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1:44 - 1:47Segundo cafajeste: muita falta de sorte.
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1:47 - 1:53No décimo cafajeste, é difícil não achar
que um padrão se estabeleceu. -
1:58 - 2:02Se tivéssemos que representar
o paradoxo em um mapa de estradas, -
2:02 - 2:06seria o cruzamento entre o caminho
que conduz à negação -
2:06 - 2:08e o que conduz ao questionamento.
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2:08 - 2:11Em relação às perguntas,
tenho uma para vocês: -
2:11 - 2:16sabem o que as cócegas e as cascas
de nariz têm em comum? -
2:17 - 2:21Qual é a ligação entre elas?
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2:21 - 2:24É uma questão de ponto de vista.
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2:24 - 2:27Se tomássemos a pessoa
mais sensível do mundo -
2:27 - 2:29e pedíssemos que fizesse
cócegas em si mesma, -
2:29 - 2:31não obteríamos um bom resultado.
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2:31 - 2:35Alguns podem ainda comer
as cascas de nariz, -
2:35 - 2:37mas, de qualquer modo,
quando eram pequenos, -
2:38 - 2:40época em que mais as comiam,
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2:40 - 2:43se alguém lhes oferecesse
as de outras pessoas, -
2:43 - 2:45vocês jamais teriam aceitado.
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2:45 - 2:48Porque, mais uma vez,
é uma questão de ponto de vista. -
2:48 - 2:49Voltemos a Jéssica.
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2:49 - 2:53Se para vocês e para mim é fácil
identificar o paradoxo, -
2:53 - 2:55é muito mais complicado para ela
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2:55 - 2:58e, sobretudo, não podemos
fazer isso no lugar dela. -
2:59 - 3:03Talvez alguns entre vocês digam
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3:04 - 3:07que não estou agindo como psicólogo,
nesta fase, que sou indiferente. -
3:07 - 3:08Devo me apresentar.
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3:08 - 3:12Tenho 42 anos e se me tivessem dito,
quando era pequeno, -
3:12 - 3:14que um dia eu escreveria um livro
sobre terapia de casais, -
3:15 - 3:18não teria acreditado
e teria rido na cara de vocês. -
3:18 - 3:22Venho de um meio muito cartesiano,
fiz as aulas preparatórias de matemática. -
3:22 - 3:26Acho que, quando era mais jovem,
devo ter dito à minha então companheira: -
3:27 - 3:30"Nossa, não é pouco para se ocupar?"
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3:31 - 3:32Para mim, naquela época,
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3:32 - 3:37a psicologia era como a decoração
de interiores: coisa de mulheres. -
3:37 - 3:40Entretanto, quando me divorciei,
tive que mobiliar meu apartamento. -
3:40 - 3:46Foi tudo muito simples,
mais rápido e funcional. -
3:46 - 3:48Fui a uma loja de móveis sueca,
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3:49 - 3:52comprei algumas coisas
e surgiu a questão das cortinas. -
3:53 - 3:57Eu disse para mim que compraria
cortinas brancas e baratas. -
3:57 - 4:01Mas há quatro modelos diferentes
de cortinas brancas e baratas. -
4:02 - 4:06Não entendo nada
de decoração de interiores, -
4:06 - 4:09a ponto de levar as primeiras
que aparecerem, sem pensar, -
4:09 - 4:12ou vou tirar cinco minutos
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4:14 - 4:17para escolher as que mais me agradarem?
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4:17 - 4:21Senhoras e senhores, foi assim
que me envolvi com uma droga pesada: -
4:21 - 4:23a decoração de interiores.
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4:25 - 4:28O paradoxo se instala nas pequenas coisas.
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4:28 - 4:32Como veem, pode se instalar em quatro
cortinas pelo mesmo preço. -
4:33 - 4:34O paradoxo não é muito orgulhoso.
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4:34 - 4:36Além disso, é brincalhão.
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4:36 - 4:41Eu tinha dito que é o cruzamento
que conduz à negação ou ao questionamento. -
4:41 - 4:44Tenho certeza de que algumas
pessoas aqui estão em negação. -
4:45 - 4:48Se eu fizesse uma experiência:
se acendessem a luz da sala, -
4:48 - 4:50e pedisse a essas pessoas
que levantassem a mão, -
4:50 - 4:53presenciaríamos outro paradoxo.
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4:53 - 4:59Está bastante lúcido para dizer
que está em negação, -
4:59 - 5:02mas certamente não está.
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5:03 - 5:05O paradoxo é decididamente brincalhão.
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5:07 - 5:08Entendam-me.
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5:08 - 5:11Não digo que sem o questionamento
não pode haver salvação -
5:11 - 5:13e que a negação é para os perdedores.
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5:13 - 5:16A negação é essencialmente funcional.
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5:16 - 5:20É uma construção intelectual
que permite que o cérebro se preserve -
5:20 - 5:23quando o princípio da realidade
nos atinge em cheio, -
5:23 - 5:25levando tudo o que há pelo caminho.
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5:25 - 5:28Se pensarmos na Jéssica,
o que é mais fácil para ela? -
5:28 - 5:32Dizer a si mesma:
"Apesar do mal que me fazem, -
5:32 - 5:34continuo a me envolver com os cafajestes,
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5:34 - 5:37e isso diz muito sobre mim
e do meu modo de agir?" -
5:37 - 5:39Ou seria mais fácil dizer:
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5:39 - 5:43"Os homens são todos cafajestes,
isso não é culpa minha!" -
5:44 - 5:47Passemos à prática,
vou fazer-lhes outra pergunta. -
5:48 - 5:51Na opinião de vocês,
por que os homens urinam em pé? -
5:52 - 5:55É uma questão simples:
por que eles fazem isso? -
5:55 - 5:58Vejo que estão perplexos,
proponho duas respostas. -
5:58 - 6:05Primeira: os homens urinam em pé,
pois é uma marca da virilidade, -
6:05 - 6:08uma herança da época em que era preciso
estar alerta o tempo todo, -
6:08 - 6:10a postos para se defender.
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6:10 - 6:12Vocês não imaginam
as discussões francamente viris -
6:12 - 6:16que ocorrem dentro dos banheiros
masculinos, nos mictórios. -
6:16 - 6:19Esta é a segunda resposta:
se os homens urinam em pé, -
6:19 - 6:22é porque não são eles que limpam.
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6:22 - 6:23(Risos)
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6:23 - 6:27Talvez em uma das duas respostas,
que deixo para que decidam, -
6:27 - 6:30vocês perceberam
uma parte da negação. -
6:30 - 6:31Dou-lhes uma dica:
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6:31 - 6:36reconhecemos a negação,
porque as explicações são complexas, -
6:37 - 6:39ao passo que a verdade é bem mais simples.
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6:40 - 6:41Assim, a negação é brincalhona;
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6:42 - 6:44não é muito orgulhosa
e se esconde nas pequenas coisas. -
6:44 - 6:49Mas, acima de tudo, a negação
nunca lhes pedirá permissão. -
6:50 - 6:53Se querem convencer-se dela,
pensem na pornografia, -
6:53 - 6:57que está programada
para falar ao nosso inconsciente. -
6:58 - 7:00Ela é como a jornalista Élise Lucet:
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7:00 - 7:03não foi convidada, mas veio mesmo assim,
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7:03 - 7:04(Risos)
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7:04 - 7:09e faz um monte de perguntas que vocês
não têm nenhuma vontade de ouvir. -
7:10 - 7:13Vocês podem pensar o que quiserem
da homossexualidade, -
7:13 - 7:17do sexo a três, quatro ou cinco,
e do fetichismo dos pés. -
7:17 - 7:23Se são expostos a uma forma de pornografia
que o cérebro de vocês rejeita totalmente, -
7:24 - 7:30mas que o restante do corpo vibra
com a ideia de dar uma volta no carrossel, -
7:31 - 7:33são obrigados a fazer a pergunta:
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7:33 - 7:37"Bom dia, Élise Lucet,
do 'Cash Investigation'! -
7:38 - 7:40Então, diga-me,
o que é esta pequena ereção?" -
7:40 - 7:41(Risos)
-
7:41 - 7:46O paradoxo nunca lhes fará essa pergunta
e nunca lhes pedirá permissão. -
7:46 - 7:50Além disso, ele é paciente e insistirá
quantas vezes forem necessárias. -
7:50 - 7:53Ele é como o vilão de um filme de terror:
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7:53 - 7:57contanto que não cruzem o caminho dele
-
7:57 - 8:01e que não lhe torçam o pescoço,
ele voltará novamente. -
8:03 - 8:05Jéssica contra os cafajestes,
parte 2: a vingança. -
8:06 - 8:10Jéssica contra os cafajestes, parte 3:
o paradoxo volta e não está contente. -
8:10 - 8:12Não podemos fugir dos nossos paradoxos.
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8:12 - 8:16É por isso que, um dia, se alguém
nos fizer o seguinte comentário: -
8:16 - 8:19"De qualquer forma, você não está
a salvo de suas contradições", -
8:19 - 8:22podemos nos felicitar por isso.
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8:23 - 8:24Jean Cocteau dizia:
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8:24 - 8:28"O que o público reprova em ti,
cultiva-o: é o que és". -
8:29 - 8:34Mesmo que os paradoxos não se apresentem
sem uma dose de perplexidade, -
8:35 - 8:38abracem-nos e acariciem-nos.
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8:38 - 8:42Não é impossível que nesse caminho
vocês se descubram a si mesmos. -
8:43 - 8:46(Aplausos)
- Title:
- A ruptura amorosa e os paradoxos | Basile BERNARD | TEDxIleDeNantes
- Description:
-
Basile Bernard tem 42 anos e uma inclinação acentuada para o paradoxo e a contradição. Cartesiano inveterado, não estava predestinado a escrever, após seu divórcio, um livro sobre terapia de casais intitulado "Je me suis fait larguer" (Editions Eyrolles, 2014). Ele oscila entre a tentativa de curar suas próprias feridas narcisistas e o altruísmo para facilitar o gerenciamento da ruptura amorosa.
Em sua palestra, Basile usa o humor e se baseia em sua própria história e na de Jéssica, uma de suas amigas, para nos ajudar a aceitar e administrar os paradoxos que emergem de certas situações da vida e de nossos próprios comportamentos. Para ele, se representássemos o paradoxo em um roteiro, ele se encontraria no cruzamento que levaria à negação ou ao questionamento.
A negação é a construção intelectual que permite que nosso cérebro não se desorganize muito sempre que o princípio da realidade nos arrebatar, levando tudo o que está no caminho. O questionamento geralmente é mais doloroso, mas pode mudar o curso das coisas. Vindo de uma família cartesiana e de formação científica, Basile não foi predestinado a se tornar o autor de um best-seller sobre desenvolvimento pessoal, sobretudo de terapia de casais.
O divórcio o levou a rever os fundamentos de seu relacionamento e da vida amorosa. Essa agitação emocional permitiu que ele se abrisse para si mesmo e para os outros, propondo grades operacionais de leitura. Ouvindo atentamente os conselhos dos amigos, pelo programa que ele criou, e com a publicação em 2014 do livro "Je me suis fait larguer”, a jornada de Basile é em si um paradoxo.Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- French
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 09:04
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