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A ruptura amorosa e os paradoxos | Basile BERNARD | TEDxIleDeNantes

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    Deve haver entre vocês
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    pessoas que passaram pela experiência,
    possivelmente dolorosa,
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    da ruptura amorosa.
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    Depois de uma separação
    por vezes nos questionamos.
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    Por vezes, tampouco mudamos algo
    em nossa vida, continuando como antes.
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    Em todos os casos,
    é um momento tão brutal e radical
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    que nos permite perceber
    alguns de nossos paradoxos.
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    Em termos de paradoxo, não me refiro
    a todas as pequenas coisas.
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    Por exemplo, ao encontrar um amigo
    que lhe convida para um aperitivo,
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    você pergunta: "O que devo levar?"
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    Ele vai lhe responder:
    "Você é quem sabe.
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    É bem casual, tenho tudo
    o que preciso em casa".
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    Entretanto, você acaba de dizer a ele
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    que os costumes sociais dão a entender
    que você deveria levar alguma coisa
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    e seu amigo espera que faça isso.
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    Se um ser de outro planeta
    fosse testemunha de tudo isso,
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    diria que os protocolos sociais
    dos humanos são realmente bizarros.
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    Vou falar dos paradoxos
    que não são muito mais complexos,
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    mas que têm um impacto
    mais importante sobre a existência,
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    pois isso ocorre no âmbito de uma ruptura.
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    Tenho que falar da Jéssica, uma amiga
    que foi dispensada algumas vezes
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    e que me contou que estava farta
    de encontrar sempre os mesmos cafajestes.
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    Acompanho, um pouco impotente,
    os reveses amorosos de Jéssica.
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    Primeiro cafajeste: falta de sorte.
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    Segundo cafajeste: muita falta de sorte.
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    No décimo cafajeste, é difícil não achar
    que um padrão se estabeleceu.
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    Se tivéssemos que representar
    o paradoxo em um mapa de estradas,
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    seria o cruzamento entre o caminho
    que conduz à negação
  • 2:06 - 2:08
    e o que conduz ao questionamento.
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    Em relação às perguntas,
    tenho uma para vocês:
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    sabem o que as cócegas e as cascas
    de nariz têm em comum?
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    Qual é a ligação entre elas?
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    É uma questão de ponto de vista.
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    Se tomássemos a pessoa
    mais sensível do mundo
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    e pedíssemos que fizesse
    cócegas em si mesma,
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    não obteríamos um bom resultado.
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    Alguns podem ainda comer
    as cascas de nariz,
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    mas, de qualquer modo,
    quando eram pequenos,
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    época em que mais as comiam,
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    se alguém lhes oferecesse
    as de outras pessoas,
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    vocês jamais teriam aceitado.
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    Porque, mais uma vez,
    é uma questão de ponto de vista.
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    Voltemos a Jéssica.
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    Se para vocês e para mim é fácil
    identificar o paradoxo,
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    é muito mais complicado para ela
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    e, sobretudo, não podemos
    fazer isso no lugar dela.
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    Talvez alguns entre vocês digam
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    que não estou agindo como psicólogo,
    nesta fase, que sou indiferente.
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    Devo me apresentar.
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    Tenho 42 anos e se me tivessem dito,
    quando era pequeno,
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    que um dia eu escreveria um livro
    sobre terapia de casais,
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    não teria acreditado
    e teria rido na cara de vocês.
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    Venho de um meio muito cartesiano,
    fiz as aulas preparatórias de matemática.
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    Acho que, quando era mais jovem,
    devo ter dito à minha então companheira:
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    "Nossa, não é pouco para se ocupar?"
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    Para mim, naquela época,
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    a psicologia era como a decoração
    de interiores: coisa de mulheres.
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    Entretanto, quando me divorciei,
    tive que mobiliar meu apartamento.
  • 3:40 - 3:46
    Foi tudo muito simples,
    mais rápido e funcional.
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    Fui a uma loja de móveis sueca,
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    comprei algumas coisas
    e surgiu a questão das cortinas.
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    Eu disse para mim que compraria
    cortinas brancas e baratas.
  • 3:57 - 4:01
    Mas há quatro modelos diferentes
    de cortinas brancas e baratas.
  • 4:02 - 4:06
    Não entendo nada
    de decoração de interiores,
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    a ponto de levar as primeiras
    que aparecerem, sem pensar,
  • 4:09 - 4:12
    ou vou tirar cinco minutos
  • 4:14 - 4:17
    para escolher as que mais me agradarem?
  • 4:17 - 4:21
    Senhoras e senhores, foi assim
    que me envolvi com uma droga pesada:
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    a decoração de interiores.
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    O paradoxo se instala nas pequenas coisas.
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    Como veem, pode se instalar em quatro
    cortinas pelo mesmo preço.
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    O paradoxo não é muito orgulhoso.
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    Além disso, é brincalhão.
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    Eu tinha dito que é o cruzamento
    que conduz à negação ou ao questionamento.
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    Tenho certeza de que algumas
    pessoas aqui estão em negação.
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    Se eu fizesse uma experiência:
    se acendessem a luz da sala,
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    e pedisse a essas pessoas
    que levantassem a mão,
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    presenciaríamos outro paradoxo.
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    Está bastante lúcido para dizer
    que está em negação,
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    mas certamente não está.
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    O paradoxo é decididamente brincalhão.
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    Entendam-me.
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    Não digo que sem o questionamento
    não pode haver salvação
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    e que a negação é para os perdedores.
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    A negação é essencialmente funcional.
  • 5:16 - 5:20
    É uma construção intelectual
    que permite que o cérebro se preserve
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    quando o princípio da realidade
    nos atinge em cheio,
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    levando tudo o que há pelo caminho.
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    Se pensarmos na Jéssica,
    o que é mais fácil para ela?
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    Dizer a si mesma:
    "Apesar do mal que me fazem,
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    continuo a me envolver com os cafajestes,
  • 5:34 - 5:37
    e isso diz muito sobre mim
    e do meu modo de agir?"
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    Ou seria mais fácil dizer:
  • 5:39 - 5:43
    "Os homens são todos cafajestes,
    isso não é culpa minha!"
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    Passemos à prática,
    vou fazer-lhes outra pergunta.
  • 5:48 - 5:51
    Na opinião de vocês,
    por que os homens urinam em pé?
  • 5:52 - 5:55
    É uma questão simples:
    por que eles fazem isso?
  • 5:55 - 5:58
    Vejo que estão perplexos,
    proponho duas respostas.
  • 5:58 - 6:05
    Primeira: os homens urinam em pé,
    pois é uma marca da virilidade,
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    uma herança da época em que era preciso
    estar alerta o tempo todo,
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    a postos para se defender.
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    Vocês não imaginam
    as discussões francamente viris
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    que ocorrem dentro dos banheiros
    masculinos, nos mictórios.
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    Esta é a segunda resposta:
    se os homens urinam em pé,
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    é porque não são eles que limpam.
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    (Risos)
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    Talvez em uma das duas respostas,
    que deixo para que decidam,
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    vocês perceberam
    uma parte da negação.
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    Dou-lhes uma dica:
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    reconhecemos a negação,
    porque as explicações são complexas,
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    ao passo que a verdade é bem mais simples.
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    Assim, a negação é brincalhona;
  • 6:42 - 6:44
    não é muito orgulhosa
    e se esconde nas pequenas coisas.
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    Mas, acima de tudo, a negação
    nunca lhes pedirá permissão.
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    Se querem convencer-se dela,
    pensem na pornografia,
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    que está programada
    para falar ao nosso inconsciente.
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    Ela é como a jornalista Élise Lucet:
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    não foi convidada, mas veio mesmo assim,
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    (Risos)
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    e faz um monte de perguntas que vocês
    não têm nenhuma vontade de ouvir.
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    Vocês podem pensar o que quiserem
    da homossexualidade,
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    do sexo a três, quatro ou cinco,
    e do fetichismo dos pés.
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    Se são expostos a uma forma de pornografia
    que o cérebro de vocês rejeita totalmente,
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    mas que o restante do corpo vibra
    com a ideia de dar uma volta no carrossel,
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    são obrigados a fazer a pergunta:
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    "Bom dia, Élise Lucet,
    do 'Cash Investigation'!
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    Então, diga-me,
    o que é esta pequena ereção?"
  • 7:40 - 7:41
    (Risos)
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    O paradoxo nunca lhes fará essa pergunta
    e nunca lhes pedirá permissão.
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    Além disso, ele é paciente e insistirá
    quantas vezes forem necessárias.
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    Ele é como o vilão de um filme de terror:
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    contanto que não cruzem o caminho dele
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    e que não lhe torçam o pescoço,
    ele voltará novamente.
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    Jéssica contra os cafajestes,
    parte 2: a vingança.
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    Jéssica contra os cafajestes, parte 3:
    o paradoxo volta e não está contente.
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    Não podemos fugir dos nossos paradoxos.
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    É por isso que, um dia, se alguém
    nos fizer o seguinte comentário:
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    "De qualquer forma, você não está
    a salvo de suas contradições",
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    podemos nos felicitar por isso.
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    Jean Cocteau dizia:
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    "O que o público reprova em ti,
    cultiva-o: é o que és".
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    Mesmo que os paradoxos não se apresentem
    sem uma dose de perplexidade,
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    abracem-nos e acariciem-nos.
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    Não é impossível que nesse caminho
    vocês se descubram a si mesmos.
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    (Aplausos)
Title:
A ruptura amorosa e os paradoxos | Basile BERNARD | TEDxIleDeNantes
Description:

Basile Bernard tem 42 anos e uma inclinação acentuada para o paradoxo e a contradição. Cartesiano inveterado, não estava predestinado a escrever, após seu divórcio, um livro sobre terapia de casais intitulado "Je me suis fait larguer" (Editions Eyrolles, 2014). Ele oscila entre a tentativa de curar suas próprias feridas narcisistas e o altruísmo para facilitar o gerenciamento da ruptura amorosa.

Em sua palestra, Basile usa o humor e se baseia em sua própria história e na de Jéssica, uma de suas amigas, para nos ajudar a aceitar e administrar os paradoxos que emergem de certas situações da vida e de nossos próprios comportamentos. Para ele, se representássemos o paradoxo em um roteiro, ele se encontraria no cruzamento que levaria à negação ou ao questionamento.
A negação é a construção intelectual que permite que nosso cérebro não se desorganize muito sempre que o princípio da realidade nos arrebatar, levando tudo o que está no caminho. O questionamento geralmente é mais doloroso, mas pode mudar o curso das coisas. Vindo de uma família cartesiana e de formação científica, Basile não foi predestinado a se tornar o autor de um best-seller sobre desenvolvimento pessoal, sobretudo de terapia de casais.
O divórcio o levou a rever os fundamentos de seu relacionamento e da vida amorosa. Essa agitação emocional permitiu que ele se abrisse para si mesmo e para os outros, propondo grades operacionais de leitura. Ouvindo atentamente os conselhos dos amigos, pelo programa que ele criou, e com a publicação em 2014 do livro "Je me suis fait larguer”, a jornada de Basile é em si um paradoxo.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
French
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:04

Portuguese, Brazilian subtitles

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