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A Outra Verdade Inconveniente | Jonathan Foley | TEDxTC

  • 0:08 - 0:10
    Esta noite quero conversar
  • 0:10 - 0:12
    sobre esta incrível questão global
  • 0:12 - 0:16
    que é a interligação do uso da terra,
    dos alimentos e do ambiente,
  • 0:16 - 0:18
    uma coisa que podemos relacionar
  • 0:18 - 0:21
    e a que eu chamo
    "a outra verdade inconveniente".
  • 0:21 - 0:23
    Mas primeiro, quero levar-vos
    numa pequena viagem.
  • 0:24 - 0:28
    Primeiro, vamos visitar o nosso planeta,
    à noite, vista do espaço.
  • 0:28 - 0:30
    Este é o aspeto que o nosso planeta tem,
  • 0:30 - 0:33
    visto do espaço à noite,
    se nos metermos num satélite
  • 0:33 - 0:35
    e viajarmos em volta do planeta.
  • 0:35 - 0:37
    Claro que a primeira coisa
    em que reparamos
  • 0:37 - 0:41
    é como a presença humana
    é dominante no nosso planeta.
  • 0:42 - 0:44
    Vemos cidades, vemos campos petrolíferos,
  • 0:44 - 0:47
    até podemos observar
    frotas pesqueiras no mar.
  • 0:47 - 0:50
    Dominamos a maior parte do nosso planeta,
  • 0:50 - 0:54
    sobretudo através do uso da energia
    que aqui vemos à noite.
  • 0:54 - 0:56
    Mas voltemos atrás,
    aproximemo-nos mais um pouco
  • 0:56 - 0:58
    e observemos durante o dia.
  • 0:58 - 1:01
    O que vemos durante o dia
    são as nossas paisagens.
  • 1:02 - 1:05
    Isto é parte da bacia do Amazonas,
    um local chamado Rondónia
  • 1:05 - 1:08
    na parte sul do centro
    da Amazónia brasileira.
  • 1:09 - 1:11
    Se observarmos com atenção,
    no canto superior direito,
  • 1:11 - 1:14
    vemos uma delgada linha branca,
  • 1:14 - 1:17
    que é uma estrada
    que foi construída nos anos 70.
  • 1:17 - 1:20
    Se voltarmos ao mesmo local, em 2001,
  • 1:21 - 1:23
    vamos descobrir que estas estradas
  • 1:23 - 1:27
    deram origem a muitas outras
    estradas depois disso,
  • 1:27 - 1:30
    no fim das quais há uma pequena clareira
    na floresta tropical,
  • 1:30 - 1:32
    onde aparecem algumas vacas.
  • 1:32 - 1:35
    Estas vacas destinam-se à alimentação,
    vamos comer estas vacas.
  • 1:36 - 1:37
    Estas vacas vão ser comidas
  • 1:37 - 1:39
    sobretudo na América do Sul,
    no Brasil e na Argentina.
  • 1:39 - 1:41
    Não vão ser enviadas para cá.
  • 1:41 - 1:44
    Mas este tipo de desflorestação,
    tipo espinha de peixe.
  • 1:44 - 1:47
    é uma coisa que observamos
    sobretudo em volta dos trópicos,
  • 1:47 - 1:48
    sobretudo nesta parte do mundo.
  • 1:48 - 1:50
    Se formos um pouco mais para o sul,
  • 1:50 - 1:52
    no nosso passeio pelo mundo,
  • 1:52 - 1:54
    chegamos à fronteira
    boliviana do Amazonas.
  • 1:54 - 1:56
    Aqui também no ano de 1975.
  • 1:57 - 1:58
    Se observarmos com atenção,
  • 1:58 - 2:02
    há uma delgada linha branca
    através desta espécie de costura,
  • 2:02 - 2:05
    e há ali um agricultor solitário
    no meio da selva primitiva.
  • 2:06 - 2:10
    Voltemos a uns anos depois, a 2003.
  • 2:11 - 2:13
    Vemos que esta paisagem
  • 2:13 - 2:16
    parece-se muito mais com o Iowa
    do que com uma floresta tropical.
  • 2:16 - 2:19
    Na verdade, o que vemos aqui
    são campos de soja.
  • 2:19 - 2:22
    Esta soja está a ser
    embarcada para a Europa
  • 2:22 - 2:24
    e para a China, como alimento para gado,
  • 2:24 - 2:26
    sobretudo depois do susto
    da doença das Vacas Loucas,
  • 2:26 - 2:28
    há cerca de dez anos.
  • 2:28 - 2:31
    Não continuamos a alimentar
    animais com proteínas animais,
  • 2:31 - 2:32
    porque podem transmitir a doença,
  • 2:32 - 2:35
    mas alimentamo-los
    com mais proteínas vegetais.
  • 2:35 - 2:36
    Por causa disso a soja disparou,
  • 2:36 - 2:39
    demonstrando que o comércio
    e a globalização
  • 2:39 - 2:44
    são responsáveis pelas relações
    com a floresta tropical e o Amazonas,
  • 2:44 - 2:47
    o mundo incrivelmente estranho,
    interligado que temos hoje.
  • 2:47 - 2:51
    Sempre que olhamos para o mundo,
    no nosso passeio,
  • 2:51 - 2:52
    o que estamos sempre a encontrar,
  • 2:52 - 2:56
    paisagem após paisagem, após paisagem,
  • 2:56 - 2:57
    é que têm sido limpas e alteradas
  • 2:58 - 3:01
    para o cultivo de alimentos
    e de outras culturas.
  • 3:01 - 3:03
    Uma das perguntas que andamos a fazer é:
  • 3:03 - 3:06
    Que porção do planeta é utilizada
    para produzir alimentos,
  • 3:06 - 3:07
    e onde exatamente?
  • 3:07 - 3:11
    Como é que podemos alterar isso no futuro
    e o que é que isso significa?
  • 3:11 - 3:13
    A nossa equipa tem vindo a observar isso
  • 3:13 - 3:15
    a uma escala global,
    usando dados de satélite
  • 3:15 - 3:16
    e dados baseados no terreno,
  • 3:16 - 3:19
    para detetar a exploração agrícola
    a uma escala global.
  • 3:19 - 3:22
    O que descobrimos foi isto.
    É estarrecedor!
  • 3:22 - 3:26
    Este mapa mostra a presença
    da agricultura no planeta Terra.
  • 3:27 - 3:29
    As áreas verdes são as áreas que usamos
  • 3:29 - 3:33
    para cultivos como o trigo, a soja,
    o milho, o arroz, ou outras coisas.
  • 3:33 - 3:38
    São 16 milhões de
    quilómetros quadrados de terras.
  • 3:38 - 3:40
    Se os juntássemos todos num só local,
  • 3:40 - 3:42
    teriam o tamanho da América do Sul.
  • 3:42 - 3:45
    A segunda área, a castanho,
    são as pastagens mundiais
  • 3:45 - 3:47
    e os locais onde vivem os nossos animais.
  • 3:47 - 3:50
    Esta área tem cerca de
    30 milhões de quilómetros quadrados,
  • 3:50 - 3:52
    ou o equivalente a África,
  • 3:52 - 3:54
    uma porção enorme de terras.
  • 3:54 - 3:56
    E são as melhores terras, como veem.
  • 3:56 - 3:59
    O que sobra é equivalente
    ao deserto do Saara
  • 3:59 - 4:01
    ou à Sibéria, ou a uma floresta tropical.
  • 4:02 - 4:05
    Estamos já a usar
    todas as terras aráveis do planeta.
  • 4:05 - 4:07
    Se observarmos com atenção,
  • 4:07 - 4:09
    vemos que cerca de
    40% da superfície sólida da Terra
  • 4:09 - 4:11
    está dedicada à agricultura
  • 4:11 - 4:14
    e é 60 vezes maior do que todas as áreas
  • 4:14 - 4:17
    que culpamos pela nossa invasão urbana,
  • 4:17 - 4:19
    pelas cidades em que vive a maioria.
  • 4:19 - 4:22
    Metade da humanidade
    vive atualmente em cidades,
  • 4:22 - 4:25
    mas a área para produzir
    alimentos é 60 vezes maior.
  • 4:25 - 4:27
    Isto é um resultado espantoso
  • 4:27 - 4:30
    e ficamos chocados
    quando olhamos para isto.
  • 4:30 - 4:33
    Estamos a usar uma porção enorme
    de terras para a agricultura,
  • 4:33 - 4:35
    mas também estamos a usar muita água.
  • 4:35 - 4:37
    Isto é uma fotografia aérea do Arizona.
  • 4:37 - 4:39
    Quando vemos isto, perguntamos:
  • 4:39 - 4:40
    "O que é que cultivam aqui?"
  • 4:40 - 4:45
    Cultivam alfaces no meio do deserto
    usando água para irrigação.
  • 4:45 - 4:48
    A ironia é que, provavelmente,
    são vendidas nas prateleiras
  • 4:48 - 4:50
    dos supermercados nas Twin Cities.
  • 4:50 - 4:53
    O interessante é que
    esta água tem que vir de algum lado.
  • 4:53 - 4:57
    Vem daqui, do rio Colorado
    na América do Norte.
  • 4:57 - 5:00
    O Colorado, num dia normal
    da década de 1950.
  • 5:00 - 5:02
    Não é uma cheia, não é uma seca,
  • 5:02 - 5:04
    é um dia normal, tem este aspeto.
  • 5:04 - 5:07
    Mas se, num dia normal, voltarmos lá,
  • 5:07 - 5:10
    exatamente ao mesmo local,
    é isto que resta.
  • 5:11 - 5:14
    A diferença é sobretudo
    a irrigação dos alimentos no deserto.
  • 5:14 - 5:16
    ou talvez campos de golfe em Scottsdale.
  • 5:16 - 5:17
    Podem escolher.
  • 5:17 - 5:19
    Isto é muita água!
  • 5:19 - 5:22
    Estamos a utilizar água e a usá-la
    para produzir alimentos.
  • 5:22 - 5:25
    E, hoje, se avançarmos mais
    pelo Colorado abaixo,
  • 5:25 - 5:28
    está completamente seco
    e já não desagua no oceano.
  • 5:28 - 5:31
    Estamos literalmente
    a consumir todo um rio
  • 5:31 - 5:33
    para irrigação, na América do Norte.
  • 5:34 - 5:36
    Mas nem sequer é o pior exemplo do mundo.
  • 5:36 - 5:38
    Provavelmente, será o Mar de Aral.
  • 5:38 - 5:41
    Muitos de vocês talvez se lembrem dele
    das aulas de geografia.
  • 5:42 - 5:44
    Fica na antiga União Soviética,
  • 5:44 - 5:46
    entre o Cazaquistão e o Uzbequistão,
  • 5:46 - 5:48
    um dos maiores mares interiores do mundo.
  • 5:48 - 5:50
    Mas aqui há um paradoxo,
  • 5:50 - 5:52
    porque parece que está
    rodeado por um deserto.
  • 5:52 - 5:54
    Porque é que este mar está aqui?
  • 5:54 - 5:56
    Está aqui porque,
    como podem ver do lado direito,
  • 5:57 - 5:59
    há dois pequenos rios
    a correr através da areia,
  • 5:59 - 6:02
    alimentando de água esta bacia.
  • 6:02 - 6:04
    Estes rios são de neve derretida
  • 6:04 - 6:07
    das montanhas longínquas do leste,
    onde a neve derrete.
  • 6:07 - 6:09
    Viajam rio abaixo, através do deserto,
  • 6:09 - 6:11
    e formam o grande Mar de Aral.
  • 6:11 - 6:16
    Nos anos 50, os soviéticos decidiram
    desviar a água para irrigar o deserto
  • 6:16 - 6:19
    para produzir algodão
    - acreditem ou não - no Cazaquistão,
  • 6:19 - 6:21
    para venderem o algodão
    nos mercados internacionais
  • 6:21 - 6:24
    e obterem divisas estrangeiras
    para a União Soviética.
  • 6:24 - 6:25
    Precisavam desse dinheiro.
  • 6:25 - 6:27
    Podem imaginar o que aconteceu:
  • 6:27 - 6:30
    Se fecharmos o abastecimento de água
    ao Mar de Aral, o que vai acontecer?
  • 6:30 - 6:32
    Isto é em 1973,
  • 6:33 - 6:34
    em 1986,
  • 6:35 - 6:37
    em 1999,
  • 6:38 - 6:40
    em 2004,
  • 6:41 - 6:43
    e há cerca de 11 meses.
  • 6:46 - 6:47
    É extraordinário!
  • 6:47 - 6:50
    Muitos de nós, aqui, vivem no Midwest.
  • 6:50 - 6:52
    Imaginem que era o Lago Superior.
  • 6:54 - 6:56
    Imaginem que era o Lago Huron.
  • 6:56 - 6:58
    É uma alteração extraordinária!
  • 6:58 - 7:01
    Não é apenas uma mudança na água
    e onde se situa a linha da costa,
  • 7:02 - 7:04
    é uma mudança nas bases
    do ambiente desta região.
  • 7:05 - 7:06
    Comecemos por aqui.
  • 7:06 - 7:09
    A União Soviética
    não tinha uma Sierra Club,
  • 7:09 - 7:10
    digamos assim.
  • 7:10 - 7:13
    O que encontramos no fundo
    do Mar de Aral não é bonito.
  • 7:13 - 7:15
    Há muito lixo tóxico.
  • 7:15 - 7:18
    Foram ali despejadas muitas coisas,
    que estão a poluir o ar.
  • 7:18 - 7:21
    Uma destas pequenas ilhas longínquas
    onde era impossível chegar
  • 7:21 - 7:24
    era um local de experiências
    de armas biológicas soviéticas.
  • 7:24 - 7:27
    Hoje podemos ir lá passear.
    Os padrões climáticos mudaram.
  • 7:27 - 7:31
    19 das 20 espécies únicas de peixes,
    que só se encontravam no Mar de Aral,
  • 7:31 - 7:33
    desapareceram agora da face da Terra.
  • 7:33 - 7:36
    Isto é um enorme desastre ambiental.
  • 7:36 - 7:38
    Mas sejamos realistas.
  • 7:38 - 7:40
    Isto é uma fotografia que
    Al Gore me deu há uns anos
  • 7:40 - 7:43
    que ele tirou quando esteve
    na União Soviética há muito tempo
  • 7:43 - 7:46
    e que mostra as frotas pesqueiras
    no Mar de Aral.
  • 7:47 - 7:48
    Veem o canal que eles escavaram?
  • 7:48 - 7:51
    Estavam desesperados
    a tentar navegar com os barcos
  • 7:51 - 7:53
    por entre as restantes bolsas de água.
  • 7:53 - 7:55
    Acabaram por desistir
    porque os cais e os ancoradouros
  • 7:55 - 7:58
    não conseguiam acompanhar
    a linha da costa em recuo.
  • 7:58 - 8:00
    Eu sinto-me aterrorizado
  • 8:00 - 8:02
    com a ideia de futuros
    arqueólogos a escavarem,
  • 8:02 - 8:05
    a escreverem histórias
    sobre a nossa época e dizerem:
  • 8:05 - 8:06
    "O que é que vocês julgavam?"
  • 8:06 - 8:08
    É este o futuro em que temos que pensar.
  • 8:08 - 8:09
    Já estamos a usar
  • 8:09 - 8:12
    cerca de 50% da água potável
    da Terra que é sustentável.
  • 8:12 - 8:15
    Só a agricultura usa 70% disso.
  • 8:15 - 8:17
    Portanto, usamos muita água,
  • 8:17 - 8:19
    muitas terras para a agricultura.
  • 8:19 - 8:22
    Também usamos muita atmosfera
    para a agricultura.
  • 8:22 - 8:24
    Normalmente, quando
    pensamos na atmosfera,
  • 8:24 - 8:27
    pensamos na alteração climática
    e nos gases de estufa,
  • 8:27 - 8:29
    relacionados sobretudo com a energia.
  • 8:29 - 8:31
    Mas acontece que a agricultura
  • 8:31 - 8:34
    também é um dos grandes
    emissores dos gases de estufa.
  • 8:34 - 8:38
    Se pensarmos no dióxido de carbono
    dos incêndios nas selvas tropicais,
  • 8:38 - 8:40
    ou no metano proveniente
    das vacas e do arroz,
  • 8:40 - 8:43
    ou no óxido nítrico
    de fertilizantes em excesso,
  • 8:43 - 8:47
    vemos que a agricultura corresponde
    a 30% dos gases de estufa
  • 8:47 - 8:49
    que vão para a atmosfera,
    por causa da atividade humana.
  • 8:49 - 8:51
    É mais do que todos os transportes,
  • 8:51 - 8:53
    é mais do que toda a eletricidade,
  • 8:53 - 8:55
    é mais do que todas as outras manufaturas.
  • 8:56 - 8:59
    É o maior emissor de gases de estufa
  • 8:59 - 9:01
    de qualquer atividade humana do mundo.
  • 9:01 - 9:03
    No entanto não se fala muito disso.
  • 9:04 - 9:07
    Temos assim hoje esta
    presença incrível da agricultura
  • 9:07 - 9:08
    a dominar o nosso planeta,
  • 9:08 - 9:11
    seja nos 40%
    da sua superfície territorial,
  • 9:11 - 9:13
    nos 70% da água que usamos,
  • 9:13 - 9:16
    ou nos 30% das emissões
    de gases de estufa.
  • 9:16 - 9:18
    Duplicámos os fluxos
    de azoto e de fósforo
  • 9:18 - 9:21
    em todo o mundo,
    apenas por usarmos fertilizantes
  • 9:21 - 9:23
    que causam enormes problemas
  • 9:23 - 9:26
    na qualidade da água dos rios,
    dos lagos e até dos oceanos.
  • 9:26 - 9:29
    E é também o maior causador
    da perda de biodiversidade.
  • 9:29 - 9:34
    Sem dúvida, a agricultura
    é a força mais poderosa
  • 9:34 - 9:36
    à solta neste planeta
  • 9:36 - 9:37
    desde o fim da Idade do Gelo.
  • 9:37 - 9:40
    E rivaliza em importância
    com a alteração climática.
  • 9:40 - 9:43
    Ambas estão a acontecer ao mesmo tempo.
  • 9:44 - 9:47
    Mas é importante lembrar
    é que nem tudo é mau.
  • 9:48 - 9:49
    A agricultura não é uma coisa má.
  • 9:49 - 9:52
    Na verdade, dependemos totalmente dela.
  • 9:52 - 9:54
    Não é uma opção, não é um luxo.
  • 9:54 - 9:56
    É uma necessidade absoluta.
  • 9:56 - 9:58
    Temos que fornecer comida e alimentos,
  • 9:58 - 10:00
    fibras e até biocombustíveis
  • 10:00 - 10:03
    a cerca de sete mil milhões de pessoas
    que existem hoje no mundo.
  • 10:03 - 10:08
    Aliás, no futuro vai haver
    um aumento de exigências à agricultura.
  • 10:08 - 10:11
    Não vão desaparecer,
    vão ser muito maiores,
  • 10:11 - 10:13
    principalmente por causa
    do aumento da população.
  • 10:13 - 10:15
    Hoje somos sete mil milhões de pessoas
  • 10:15 - 10:19
    a caminho, pelo menos, de nove,
    provavelmente nove e meio mil milhões.
  • 10:20 - 10:22
    Mais importante ainda,
    é a alteração das dietas.
  • 10:22 - 10:25
    À medida que o mundo se torna
    mais saudável e mais populoso,
  • 10:25 - 10:28
    vemos o aumento no consumo da carne,
  • 10:28 - 10:32
    que absorve muito mais recursos
    do que uma dieta vegetariana.
  • 10:32 - 10:35
    Vai haver mais pessoas a consumir
    mais alimentos e alimentos mais ricos.
  • 10:35 - 10:38
    Juntamente com a crise de energia
  • 10:38 - 10:42
    que vai obrigar a substituir o petróleo
    por outras fontes de energia
  • 10:42 - 10:44
    que vão acabar por ter que incluir
  • 10:44 - 10:47
    alguns tipos de biocombustíveis
    e de fontes de bioenergia.
  • 10:47 - 10:48
    Juntando todas estas coisas todas
  • 10:48 - 10:51
    é muito difícil ver
    como vamos chegar ao fim do século
  • 10:52 - 10:55
    sem, pelo menos,
    duplicar a produção agrícola global.
  • 10:55 - 10:57
    Como é que vamos fazer isso?
  • 10:57 - 11:01
    Como vamos duplicar a produção
    agrícola global em todo o mundo?
  • 11:01 - 11:03
    Podemos tentar cultivar mais terras.
  • 11:03 - 11:05
    É uma análise que já fizemos.
  • 11:05 - 11:07
    À esquerda é onde há hoje culturas.
  • 11:07 - 11:11
    À direita é onde elas poderão estar,
    com base nos solos e no clima,
  • 11:11 - 11:14
    pressupondo que a alteração climática
    não altere muito as condições,
  • 11:14 - 11:16
    o que não é uma boa suposição.
  • 11:16 - 11:18
    Podíamos cultivar mais terras,
    mas o problema
  • 11:18 - 11:21
    é que as terras que restam
    estão em áreas sensíveis.
  • 11:21 - 11:24
    Têm muita biodiversidade, muito carbono,
  • 11:24 - 11:26
    coisas que queremos proteger.
  • 11:26 - 11:29
    Podíamos cultivar mais alimentos,
    alargando as terras de cultivo
  • 11:29 - 11:30
    mas é melhor não
  • 11:30 - 11:33
    porque, ecologicamente,
    é uma coisa muito perigosa de fazer.
  • 11:34 - 11:37
    Em vez disso, talvez queiramos
    congelar a pegada ecológica da agricultura
  • 11:37 - 11:39
    e cultivar melhor as terras que temos.
  • 11:39 - 11:41
    É isso o que estamos a fazer:
  • 11:41 - 11:43
    tentar determinar quais os locais no mundo
  • 11:43 - 11:47
    em que podemos melhorar a produção
    sem prejudicar o ambiente.
  • 11:47 - 11:50
    As áreas verdes aqui mostram
    onde as culturas de milho
  • 11:50 - 11:53
    - mostramos o milho como exemplo -
    já são deveras intensas.
  • 11:53 - 11:54
    São provavelmente o máximo
  • 11:54 - 11:57
    que encontramos hoje na Terra,
    para aquele clima e solo.
  • 11:57 - 11:59
    As áreas a castanho
    e as áreas a amarelo
  • 11:59 - 12:01
    são locais em que só conseguimos
  • 12:01 - 12:03
    talvez 20 ou 30% da produção
    que poderíamos obter.
  • 12:03 - 12:06
    Muitas delas estão em África,
    ou na América Latina.
  • 12:06 - 12:08
    Mas, curiosamente, a Europa de leste,
  • 12:08 - 12:11
    - onde era a União Soviética
    e os países do Bloco de Leste -
  • 12:11 - 12:13
    ainda é pobre, agricolamente.
  • 12:13 - 12:16
    Isto exige nutrientes e água.
  • 12:16 - 12:18
    Vão ter que ser orgânicas
    ou convencionais,
  • 12:18 - 12:20
    ou uma mistura das duas,
    para conseguir isso.
  • 12:20 - 12:22
    As plantas precisam
    de água e de nutrientes.
  • 12:22 - 12:23
    Mas podemos fazê-lo
  • 12:23 - 12:26
    e há oportunidades
    para fazer esse trabalho.
  • 12:26 - 12:27
    Temos que fazê-lo de um modo sensível
  • 12:27 - 12:30
    para satisfazer as necessidades
    de segurança alimentar do futuro
  • 12:30 - 12:33
    e as necessidades de segurança
    ambiental do futuro.
  • 12:33 - 12:36
    Temos que imaginar
    como conseguir este equilíbrio
  • 12:36 - 12:40
    entre produzir alimentos e ter
    um ambiente saudável que funcione melhor.
  • 12:40 - 12:42
    Neste momento,
    é uma questão de tudo ou nada.
  • 12:42 - 12:44
    Podemos fazer mais cultivos noutras terras
  • 12:44 - 12:46
    - isto é um campo de soja -
  • 12:46 - 12:49
    Este diagrama floral mostra
    que cultivamos muitos alimentos
  • 12:49 - 12:51
    mas não temos muita água potável,
  • 12:51 - 12:53
    não estamos a armazenar muito carbono,
  • 12:53 - 12:54
    não temos muita biodiversidade.
  • 12:54 - 12:56
    Em primeiro plano, temos esta pradaria
  • 12:56 - 12:59
    que é estupenda
    do ponto de vista ambiental,
  • 12:59 - 13:00
    mas não podemos comer nada.
  • 13:00 - 13:02
    O que é que há ali que se coma?
  • 13:02 - 13:04
    Precisamos de descobrir
    como juntar estas duas coisas
  • 13:04 - 13:08
    num novo tipo de agricultura
    que junte tudo isto.
  • 13:08 - 13:10
    Quando falo disto, muitas vezes dizem-me:
  • 13:10 - 13:15
    "A resposta não será a comida orgânica,
    os alimentos locais, as ONG,
  • 13:15 - 13:18
    "os subsídios ao novo comércio,
    a novas "farmvilles?"
  • 13:18 - 13:21
    Sim, temos muitas ideias boa
    nessas áreas,
  • 13:21 - 13:24
    mas nenhuma delas é uma solução milagrosa.
  • 13:24 - 13:27
    Penso que é mais uma espécie
    de caçadeira de chumbos.
  • 13:27 - 13:29
    Gosto muito de caçadeiras de chumbos:
  • 13:29 - 13:31
    Montamos tudo e obtemos
    uma coisa muito poderosa.
  • 13:32 - 13:34
    Mas é preciso montar tudo.
  • 13:34 - 13:35
    Penso que o que temos que fazer
  • 13:35 - 13:38
    é inventar um novo tipo de agricultura
  • 13:38 - 13:40
    que misture as melhores ideias
  • 13:40 - 13:42
    da agricultura comercial
    da Revolução Verde
  • 13:42 - 13:45
    com as melhores ideias
    da agricultura orgânica
  • 13:45 - 13:46
    e da produção alimentar local
  • 13:46 - 13:49
    e as melhores ideias
    da conservação ambiental.
  • 13:49 - 13:51
    Não para que se guerreiem umas às outras
  • 13:51 - 13:53
    mas para que colaborem em conjunto
  • 13:53 - 13:55
    para formar um novo tipo de agricultura,
  • 13:55 - 13:57
    uma coisa a que eu chamo "terracultura",
  • 13:57 - 13:59
    ou exploração agrícola
    para todo o planeta.
  • 13:59 - 14:02
    Tem sido muito difícil
    ter este tipo de conversa.
  • 14:02 - 14:05
    Temos tentado arduamente
    transmitir estes pontos chave às pessoas
  • 14:05 - 14:08
    para reduzir a controvérsia
    e aumentar a colaboração.
  • 14:08 - 14:12
    Vou mostrar-vos um pequeno vídeo
    que mostra os nossos esforços atuais
  • 14:12 - 14:15
    para juntar estes pontos
    de vista num único diálogo.
  • 14:15 - 14:17
    Vou mostrar-vos.
  • 14:17 - 14:18
    (Vídeo)
  • 14:21 - 14:24
    [Instituto do Ambiente
    - Universidade do Minnesota]
  • 14:25 - 14:28
    [A população mundial está a aumentar]
  • 14:28 - 14:31
    [em 75 milhões de pessoas por ano]
  • 14:31 - 14:33
    [É quase o tamanho da Alemanha]
  • 14:33 - 14:36
    [Estamos a aproximar-nos
    dos 7 mil milhões de pessoas]
  • 14:36 - 14:38
    [Atingiremos os
    9 mil milhões de pessoas em 2040]
  • 14:38 - 14:41
    [E todos precisamos de COMIDA.
    Mas COMO?]
  • 14:41 - 14:44
    [Como alimentar um mundo em crescimento
    sem DESTRUIR o planeta?
  • 14:44 - 14:47
    [Já sabemos que a alteração climática
    é um grande problema]
  • 14:47 - 14:49
    [Mas não é o ÚNICO problema]
  • 14:49 - 14:52
    [Precisamos de enfrentar
    "a OUTRA verdade inconveniente"]
  • 14:52 - 14:54
    [uma CRISE global da agricultura]
  • 14:54 - 14:57
    [Crescimento da população
    + consumo de carne
  • 14:57 - 15:00
    [+ alimentação do gado +custos da energia
    + produção de bioenergia
  • 15:00 - 15:02
    [= PRESSÃO sobre os recursos naturais]
  • 15:02 - 15:05
    [Mais de 40% da terra do planeta
    limpas para a agricultura]
  • 15:05 - 15:07
    [As culturas cobrem 16 milhões de km2]
  • 15:07 - 15:09
    [É quase o tamanho da AMÉRICA DO SUL]
  • 15:09 - 15:11
    [Os pastos globais cobrem
    30 milhões de km2]
  • 15:11 - 15:13
    [É o tamanho da ÁFRICA]
  • 15:13 - 15:16
    [A agricultura usa 60 VEZES mais terras
  • 15:16 - 15:19
    [do que as áreas urbanas
    e suburbanas em conjunto.]
  • 15:19 - 15:22
    [A irrigação é a MAIOR utilização
    de água do PLANETA]
  • 15:22 - 15:26
    [Usamos 2800 quilómetros cúbicos
    de água por ano para as culturas.
  • 15:26 - 15:30
    [É o suficiente para encher
    7305 Empire State Buildings TODOS OS DIAS]
  • 15:30 - 15:33
    [Muitos grandes rios
    têm um fluxo REDUZIDO]
  • 15:33 - 15:34
    [Há alguns que já secaram]
  • 15:35 - 15:39
    [Vejam o Mar de Aral,
    transformado num DESERTO]
  • 15:39 - 15:42
    [Ou o rio Colorado,
    que já não desagua no oceano]
  • 15:43 - 15:46
    [Os FERTILIZANTES duplicaram
    o FÓSFORO e o AZOTO no ambiente]
  • 15:46 - 15:48
    [As CONSEQUÊNCIAS?
  • 15:48 - 15:50
    [POLUIÇÃO alargada da água]
  • 15:50 - 15:52
    [e degradação maciça de lagos e de rios]
  • 15:52 - 15:56
    [A agricultura é a MAIOR responsável
    pela alteração climática]
  • 15:56 - 15:58
    [Gera 30% das emissões de GASES DE ESTUFA
  • 15:58 - 16:01
    [É MAIS do que a emissão de
    TODA a eletricidade e indústria]
  • 16:01 - 16:04
    [ou de TODOS os aviões, comboios
    E automóveis mundiais]
  • 16:04 - 16:07
    [A maior parte dessas emissões
    provém da DESFLORESTAÇÃO,
  • 16:07 - 16:10
    [do METANO dos animais
    e do EXCESSO de fertilizantes
  • 16:10 - 16:13
    [Não há nada que TRANSFORME
    mais o mundo do que a agricultura.
  • 16:13 - 16:17
    [Não há nada que seja mais CRUCIA
    para a nossa sobrevivência.
  • 16:17 - 16:18
    [É este o DILEMA...]
  • 16:18 - 16:22
    [À medida que o mundo cresce
    em milhares de MILHÕES DE PESSOAS,
  • 16:22 - 16:27
    [precisamos de DUPLICAR, ou TRIPLICAR
    a produção alimentar global.
  • 16:27 - 16:28
    [Então, para onde vamos?
  • 16:28 - 16:31
    [Precisamos de um diálogo
    internacional MAIS ALARGADO]
  • 16:31 - 16:33
    [Precisamos de investir
    em soluções REAIS:]
  • 16:33 - 16:36
    [Incentivos a agricultores;
    Agricultura de precisão;
  • 16:36 - 16:37
    [Novos cultivos; irrigação]
  • 16:37 - 16:39
    [Reciclagem de águas residuais;
  • 16:39 - 16:41
    [Melhores práticas de cultivo;
    melhores dietas ]
  • 16:41 - 16:43
    [Precisamos de TODA a gente
    à volta da mesa]
  • 16:43 - 16:45
    [Defensores da agricultura COMERCIAL]
  • 16:45 - 16:47
    [da conservação AMBIENTAL]
  • 16:47 - 16:48
    [e da exploração ORGÂNICA,..]
  • 16:48 - 16:50
    [têm que trabalhar em CONJUNTO]
  • 16:50 - 16:52
    [Não há uma SOLUÇÃO única.]
  • 16:52 - 16:53
    [Precisamos de COLABORAÇÃO]
  • 16:53 - 16:54
    [de IMAGINAÇÃO]
  • 16:54 - 16:55
    [de DETERMINAÇÃO]
  • 16:55 - 16:58
    [Porque o FRACASSO não é uma OPÇÃO]
  • 17:00 - 17:02
    [Como alimentamos o mundo sem o destruir?]
  • 17:02 - 17:04
    Enfrentamos hoje
  • 17:04 - 17:07
    um dos maiores desafios
    de toda a história humana:
  • 17:08 - 17:10
    a necessidade de alimentar
    nove mil milhões de pessoas
  • 17:10 - 17:14
    e fazê-lo sustentadamente,
    equitativamente e com justiça.
  • 17:14 - 17:16
    Ao mesmo tempo, proteger o nosso planeta
  • 17:16 - 17:18
    para esta geração e para as futuras.
  • 17:18 - 17:20
    Vai ser uma das coisas mais difíceis
  • 17:20 - 17:22
    que já se fizeram na história do Homem
  • 17:22 - 17:25
    e temos que lá chegar sem falhar.
  • 17:25 - 17:30
    Temos que fazê-lo bem feito
    à primeira e única tentativa.
  • 17:30 - 17:32
    Muito obrigado.
  • 17:32 - 17:35
    (Aplausos)
Title:
A Outra Verdade Inconveniente | Jonathan Foley | TEDxTC
Description:

Normalmente pensamos na alteração climática como o maior problema ambiental que enfrentamos atualmente. Mas será mesmo assim? Nesta palestra, Jonathan Foley mostra como a agricultura e a utilização da terra podem ser os grandes responsáveis pelo ambiente global, e podem tornar-se ainda maiores quando encaramos alimentar mais de 9 mil milhões de pessoas futuramente.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:43
  • Por lapso. dei a tradução por completa, sem ter arranjado tradução para:

    Linha 12:42 - "background"

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