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Você fala o que eu disser pra você falar.
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Certo?
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Já entendi. Não sou idiota.
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- Alô! (Alô! Posso falar com a Julie, por favor?)
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Sim, sou eu.
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Então... você não me conhece, eu tô ligando pra avisar que tem um garoto gostando de você.
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Ele quer te conhecer, se você quiser sair com alguém da sua escola.
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Você só pode estar brincando.
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Não, é sério. Preciso saber se você tá gostando de alguém.
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Mas quem é o garoto?
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Não posso contar. Você está gostando de alguém?
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Não! Eu não te conheço.
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Não importa, deixa pra lá. Então, você tá gostando de quem?
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Quer que eu leia meu diário pra você?
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Quem é o garoto?
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É o Antoine?
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Não, não posso te contar. Não é o Antoine.
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Então é o Hugo?
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Não.
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É o... Jonathan? Jonathan Velasquese?
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Colega de sala do meu irmão?
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O que eu digo pra ela?
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Você tá louca? Fala que tem alguém tocando a campainha e desliga.
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Não, é estranho.
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Fala!
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Ah, desculpa, tem alguém tocando a campainha, tenho que desligar.
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Ok
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Tá me machucando!
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Você é uma piranha!
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Você ficou louco!
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Ah, vá se ferrar, sua piranha!
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Muitas pessoas passam suas vidas tentando achar a pessoa certa.
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Eu, aos 13 anos, já havia achado. Seu nome era Julie. O meu único amor.
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Ela era a garota mais popular do colégio.
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Eu, e todos os garotos da escola, a achávamos a mais difícil.
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Todos se perguntavam se tinham uma chance e eu sabia como conseguir a resposta.
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Eu não tinha coragen de falar com ela. Mas ainda sentia uma ponta de esperança.
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Em 3 dias, Julie daria sua festa de aniversário.
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Eu não fui convidado, mas Julie tinha um irmão chamado Charles, mais conhecido como 'Ginger'.
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Ele poderia convidar quem ele quisesse, e nós nos dávamos muito bem.
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Pelo menos nas 3 primeiras semanas de aula.
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Em Outubro eu o acusei de ter roubado minha calculadora.
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Não é como na sua casa, que todos têm ficha criminal.
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Nós estamos indo embora.
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Vá se ferrar, seu velho!
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Jonathan, apresse-se!
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Não enche!
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Por sorte, eu fingi tê-lo perdoado, mas será que ele havia esquecido o que aconteceu?
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Eu não tinha chances de estar na lista de convidados. Foi então que tive uma idéia.
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Charles era solitário e praticamente não tinha amigos, eu era o único.
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Pega.
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Não, obrigado.
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Eu não uso.
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Entendo, mas obrigado.
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Pega!
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Ok, valeu!
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Ontem vi sua mãe no supermercado.
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Olha, arranjou um novo namorado?
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Não enche, pirralha!
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Ginger!
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Não fala assim da minha mãe.
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Ela é uma baranga, é feia de doer.
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Desculpa, eu estava com a minha mãe.
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Deixa pra lá, eu tô indo.
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Não, agora não!
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Não tenho escolha.
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Mas você acabou de chegar.
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Minha mãe tá me esperando.
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Eu te convidei, você pode ficar.
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Mas a gente vai se ver no colégio.
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Oi.
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Tudo bem?
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Sim.
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O Charles não tá em casa.
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Sério?
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Sim.
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Posso esperar ele chegar?
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Sabe se ele vai demorar?
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Acho que ele já deve estar chegando.
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Tá, pode entrar.
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Vai, joga!
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Espera, espera!
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Tá tudo bem?
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Ok
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Deixa eu explicar...
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Promete que não conta pra ninguém se eu te falar uma coisa?
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Claro, pode falar.
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Sua irmã falou algo sobre ter perdido o diário dela?
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Não.
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Tem certeza?
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Sei lá. Por quê? Você pegou?
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Sim, eu peguei.
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Ah, é?
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Esse é seu quarto?
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É sim.
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É o seu diário, não é?
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Não!
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Sabe, eu não abri. Não li nada.
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Tanto faz. Não é meu. Faça o que quiser.
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Eu sei, disse isso pela sua irmã. Eu não abri. Não vi nada do que estava escrito.
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Merda, não funciona!