A reinvenção do ensino para uma cultura hipervisual | Ravé Mehta | TEDxMiami

As crianças do século 21 estão crescendo em uma cultura hipervisual. E se também adotássemos uma abordagem visual para a educação delas? Nesta palestra, Ravé Mehta mostra como podemos usar romances gráficos como uma ferramenta educacional para se conectar com os alunos de hoje e inspirá-los a ter um interesse genuíno em aprender.

Ravé Mehta é o autor de THE INVENTOR (www.theinventorseries.com), um romance gráfico best-seller de não-ficção baseado na história real de Nikola Tesla enquanto lutava contra seu mentor e rival, Thomas Edison, durante a Guerra das Correntes para inventar o século 20 e criar a Era Elétrica.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

Estou aqui para mostrar

como um romance gráfico
sobre o Nikola Tesla

pode mudar a abordagem na educação.

Atualmente, existem 42 milhões de adultos
que chegaram à quinta série sem saber ler,

um milhão de crianças que largam
a escola todos os anos,

e uma em cada quatro crianças

vai crescer sem saber ler.

E, acima de tudo, o aprendizado
em STEM é extremamente deficiente.

Somos o 25º colocado
em matemática e 17º em ciências,

vamos produzir 1,2 milhão
de empregos em carreiras STEM,

mas somente um terço será
preenchido nos próximos dez anos.

O que está acontecendo
no nosso sistema educacional

que permite essa situação?

Acredito que o principal problema
é não estarmos engajando nossas crianças.

Estamos usando uma abordagem
de ensino do século 20

em uma sala de aula do século 21.

E não está funcionando, não dá certo.

Vou explicar.

No século 21,

estamos evoluindo rapidamente
em uma cultura hipervisual.

Estamos compartilhando
mais de 500 milhões de imagens por dia,

e esse número vai dobrar a cada ano.

A maioria de vocês tem Facebook,

mas as crianças, hoje em dia,
têm contas no Snapchat e no Instagram,

onde tudo que veem são imagens
com uma breve descrição.

Mas essas imagens dizem
mil palavras para elas.

Contam uma história.

Elas verão dez fotos
em menos de um minuto

e terão digerido 10 mil palavras
dignas de informações

nesse curto período de tempo.

Porém, quando elas vão para a escola,
recebem livros didáticos

onde encontram várias palavras,
mas quase nenhuma imagem,

e perdemos a atenção delas.

Ler é muito devagar para elas,
muito ineficiente.

As crianças, hoje,
aprendem de forma hipervisual.

E se abordássemos
a aprendizagem dessa forma?

Como seria?

Como funcionaria?

Vou mostrar para vocês.

Quando criança, eu amava ler quadrinhos.

Existe algo que me atrai na junção
da arte visual com a narrativa.

Parecia que eu estava lendo um filme.

Ler sobre nossos super-heróis,
como o Super-Homem,

me fazia acreditar que tudo era possível;
despertava minha imaginação.

Mas, aos oito anos de idade,
me mudei para a Índia,

e os quadrinhos lá
são um pouco diferentes.

Eles tinham dois tipos de quadrinhos.

Um era sobre a mitologia indiana;

histórias sobre deuses e deusas hindus
e o que eles faziam.

Então, em vez do Super-Homem,
eu lia sobre Shiva.

O outro tipo de quadrinhos
era sobre história

e os reis e rainhas que governaram
a Índia por milhares de anos,

e até mesmo líderes modernos,
como Mahatma Gandhi

e como ele inspirou
uma revolução sem violência,

algo que até hoje me surpreende.

Eu amava ler essas histórias!

Eram tão imersivas, tão interessantes,

que li mais de 100 quadrinhos em um verão.

Aprendi muito sobre história e cultura
em um período de tempo muito curto.

Reconheço que a mitologia ocidental
é retratada em nossos super-heróis,

mas e a nossa história?

E os nossos heróis do mundo real,

as pessoas que realmente
mudaram nossas vidas?

Sendo um engenheiro e tecnólogo, pensei:

"Por que não começo uma linha
de romances gráficos de não-ficção

sobre engenheiros, cientistas e inventores

que usam o poder da mente e da imaginação

para criar coisas que ajudam
a mudar nosso mundo?

Vou chamar de 'The Inventor Series',

e vou começar com o Nikola Tesla".

Enfrentei três grandes obstáculos.

Primeiro, eu nunca tinha escrito
um romance gráfico,

nem era da indústria de quadrinhos.

Então, não sabia por onde começar.

Segundo, não há ação na história
como vemos nos quadrinhos.

Não tem violência, sangue,
crueldade, sexo, palavrões,

então o que vai prender
a atenção das pessoas?

Terceiro,

não tem nenhum zumbi.

(Risos)

A pergunta real era,

Como tornar uma história
sobre engenheiros interessante...

sem nenhum zumbi?

Começamos pelo design do personagem.

Trabalhei com Eric Williams
para reimaginar os personagens

tornando-os mais inquietos, interessantes
e relevantes para os dias atuais.

Demos ao Tesla um visual mais
banda de rock steampunk e cientista louco

para torná-lo mais inquieto,
como suas ideias.

Para o Edison, demos um estilo
de anime Japonês

uma expressão facial rude.

Também usamos um ambiente

para refletir as emoções
dos personagens na história.

Aqui você pode perceber que Tesla
está completamente derrotado,

mas aqui ele está completamente
impressionado com o que acabou de criar.

Então pensei:

"Talvez com o meu estilo de escrita
e nossa abordagem cinematográfica da arte,

possamos prender a atenção de alguém".

Em 2012, decidimos lançar
nosso romance gráfico

na San Diego Comic-Con,

e, para nossa surpresa,
foi um dos romances gráficos mais vendidos

da nossa editora, Arcana.

Desde então, vendemos
mais de 30 mil exemplares,

somos o número um no mercado
de romances gráficos de não-ficção,

e nossa editora parceira, Scholastic,

está distribuindo o romance gráfico
em todas suas feiras,

alcançando mais de 35 milhões de crianças.

E...

(Aplausos)

Obrigado.

Também foi destaque

na primeira página de iBooks da Apple,

junto com Star Wars,
Watchmen e Super-Homem,

três das maiores propriedades
ficcionais do planeta.

Um álbum de música eletrônica que produzi
a partir da história também foi destaque

e, acabamos de saber,

foi indicado ao Grammys
em quatro categorias.

(Aplausos)

Obrigado.

Mas o que mais me animou

foi quando professores compraram
o livro para usar em sala de aula,

porque esse era meu objetivo inicial;

conectar-me com as crianças
para que elas pudessem aprender,

porque foi assim que eu aprendi.

Visitei escolas e professores para ver
como estavam usando o livro,

e foi interessante.

Cada professor usou de maneira diferente.

O professor de história usou para ensinar
sobre a Segunda Revolução Industrial,

a professora de artes usou
para ensinar narrativa visual,

e, na outra sala, a professora de inglês
usou como referência literária

para as crianças refletirem
sobre a extrema dicotomia

entre as personalidades de Tesla e Edison

e como elas refletem
em nossa cultura hoje.

Mas o mais consistente em todas as salas

foi que as crianças estavam engajadas.

Estavam interessadas.

Queriam aprender mais.

Na verdade, estavam se divertindo.

[FUNCIONA!]

(Risos)

Acho que estou no caminho certo.

Agora, minha missão
é pegar o que já comecei,

esse romance gráfico sobre o Nikola Tesla,

e expandir para uma série de romances
gráficos sobre outros inventores

para que possamos engajar
nossas crianças a ler e aprender

mas também para inspirar
o aprendizado de STEM.

Também podemos introduzir
pessoas do mundo real

para que sirvam de modelo
e até inspiração para as crianças

porque, quando essas crianças
estiverem inspiradas,

vão pesquisar tudo que puderem
sobre um assunto.

Elas não precisam mais de nós.

Elas aprendem de forma mais rápida
sozinhas e entre si,

do que se nós nos metermos.

Você só precisa "acendê-los".

Você só tem que acender suas chamas.

E, se conseguirmos acender esse fogo,

não só vamos empoderar uma geração
inteira de pensadores independentes,

mas também vamos inspirar uma nova cultura
de criadores independentes.

porque, no final, são eles
que mudam o mundo.

Obrigado.

(Aplausos)