Medicina para os 99%
-
0:01 - 0:03Espero que todos estejam bem de saúde
-
0:03 - 0:07e espero que assim se mantenham no futuro.
-
0:08 - 0:11Mas essa esperança é pouco realista
-
0:11 - 0:13e por isso tenho uma esperança de reserva.
-
0:13 - 0:17Essa esperança é que, na medida
em que todos temos problemas de saúde, -
0:17 - 0:20teremos bons medicamentos
para tratá-los como deve ser. -
0:20 - 0:24Os medicamentos são muito baratos
de produzir e são muito eficazes -
0:24 - 0:28— muito mais agradáveis até
do que as alternativas: -
0:28 - 0:32hospitalização, operações,
salas de urgências, a morgue... -
0:32 - 0:34Nada disso são coisas boas.
-
0:34 - 0:37Por isso, devíamos estar agradecidos
por termos farmacólogos, -
0:37 - 0:41pessoas que pesquisam essas coisas
e desenvolvem novos medicamentos. -
0:42 - 0:45E devíamos estar agradecidos
por termos uma indústria farmacêutica -
0:45 - 0:47que apoia as atividades delas.
-
0:48 - 0:50Mas há um problema
que podemos deduzir -
0:50 - 0:53do facto de a indústria farmacêutica
não ser muito apreciada. -
0:53 - 0:58Com efeito, em termos de popularidade,
ela quase se compara à indústria do tabaco -
0:58 - 1:00e aos fabricantes de armas.
-
1:00 - 1:04É desse problema
que vou falar com vocês hoje. -
1:06 - 1:08Como é que vocês organizariam
a indústria farmacêutica? -
1:08 - 1:11Se fizéssemos tudo de novo,
como é que vocês fariam isso? -
1:11 - 1:14Acho que pensaríamos
em três princípios fundamentais. -
1:14 - 1:16O primeiro é:
-
1:16 - 1:20queremos que os pacientes tenham acesso
a todos os medicamentos importantes. -
1:20 - 1:23Lembrem-se, o seu custo de produção
é muito barato. -
1:23 - 1:25Então, todas as pessoas do mundo
deviam ter acesso -
1:25 - 1:28a todos os medicamentos importantes.
-
1:28 - 1:31Em segundo lugar,
queremos que as atividades inovadoras -
1:31 - 1:35— a investigação e o desenvolvimento
que as empresas farmacêuticas fazem — -
1:35 - 1:39observem as doenças que são
mais importantes, mais prejudiciais. -
1:39 - 1:42Queremos que elas se concentrem
nas que têm maior impacto para a saúde. -
1:42 - 1:46Em terceiro lugar, queremos
que todo o sistema seja eficiente. -
1:46 - 1:49Queremos minimizar que
o dinheiro injetado neste sistema -
1:49 - 1:53seja gasto em despesas gerais,
na burocracia, etc. -
1:54 - 1:57Três pontos muito simples.
-
1:58 - 2:00E quanto ao sistema atual?
-
2:00 - 2:03Acho que funciona muito mal
nestes três princípios. -
2:03 - 2:06Primeiro, acesso universal? Esqueçam.
-
2:06 - 2:11A grande maioria das pessoas
não tem acesso aos medicamentos, -
2:11 - 2:14pelo menos, enquanto ainda
estão protegidos por patentes. -
2:15 - 2:18Há margens de lucro extremamente altas,
e o problema é esse. -
2:18 - 2:22O problema é que, apesar de a produção
destes medicamentos ser barata, -
2:22 - 2:26eles são vendidos extremamente caros
enquanto estão sob patente. -
2:26 - 2:31A razão para isso é que os ricos
podem pagar muito dinheiro. -
2:31 - 2:34As empresas farmacêuticas
têm um monopólio temporário; -
2:34 - 2:37marcam o preço para os ricos
e esquecem-se dos pobres. -
2:37 - 2:40O segundo problema é a inovação.
-
2:40 - 2:45Mais uma vez, não nos concentramos
nas doenças mais prejudiciais. -
2:45 - 2:49Isso resume-se na expressão
de "o fosso dos 10/90". -
2:49 - 2:53Só 10% de todo o dinheiro gasto
na investigação farmacêutica -
2:53 - 2:55está concentrado nas doenças
-
2:55 - 2:58que representam 90%
do total das doenças. -
2:58 - 3:02E vice-versa — 90% do dinheiro
é gasto nas doenças -
3:02 - 3:06que representam apenas 10%
do total mundial das doenças. -
3:06 - 3:10Há uma enorme disparidade entre
onde gastamos as verbas da investigação -
3:10 - 3:13e onde estão os maiores problemas.
-
3:14 - 3:15Estes dois problemas
-
3:15 - 3:18— o problema com a inovação
e o problema com o acesso — -
3:18 - 3:20têm a ver com isto:
-
3:20 - 3:24a distribuição do dinheiro no mundo
é extremamente desigual. -
3:24 - 3:28A área azul aqui representa o quarto
mais rico da população humana, -
3:28 - 3:32que possui mais de 90%
das receitas familiares mundiais. -
3:32 - 3:35A metade de baixo da humanidade,
por outro lado, -
3:35 - 3:38nem sequer tem 3%
das receitas familiares mundiais. -
3:38 - 3:43Por isso, uma empresa farmacêutica
que procura fazer lucro -
3:43 - 3:46olha para este gráfico e pensa:
"Onde está o dinheiro?" -
3:46 - 3:48"O que é que vou investigar?
-
3:48 - 3:50"Para quem vou oferecer medicamentos?"
-
3:51 - 3:55De novo, isto insere-se no contexto
de só haver uma forma -
3:55 - 3:58de as empresas farmacêuticas
ganharem dinheiro no atual sistema, -
3:58 - 4:01ou seja, através das margens
nas vendas protegidas por patentes. -
4:01 - 4:04É assim que elas fazem dinheiro,
pelas margens de lucro. -
4:04 - 4:06Se ganharmos dinheiro
através das margens de venda, -
4:06 - 4:10obviamente vamos ter com as pessoas
que têm maiores receitas. -
4:11 - 4:13Em termos de eficácia geral,
-
4:13 - 4:16o sistema também funciona muito mal.
-
4:17 - 4:20Muito do dinheiro vai para políticos
de grupos de pressão. -
4:20 - 4:23para prorrogar os períodos das patentes
— para se manterem indefinidamente. -
4:23 - 4:25Exclusividade de dados, etc.
-
4:25 - 4:28Uma grande parte do dinheiro
vai para manobras comerciais -
4:28 - 4:30em que grandes marcas
pagam a empresas de genéricos -
4:30 - 4:32para atrasarem o seu lançamento,
por exemplo. -
4:32 - 4:36Muito dinheiro vai para manter
as patentes em todas as jurisdições. -
4:36 - 4:39O dinheiro — até em grande quantidade —
vai para os litígios. -
4:39 - 4:41Os litígios não têm fim
-
4:41 - 4:43— grandes marcas contra grandes marcas,
-
4:43 - 4:45grandes marcas contra marcas de genéricos.
-
4:45 - 4:47Gastam-se quantidades
astronómicas nisso. -
4:47 - 4:50Diz-se que as empresas
farmacêuticas têm muitos lucros. -
4:50 - 4:54Sim e não; ganham, mas uma grande parte
vai para estas atividades ruinosas. -
4:54 - 4:56Perdas por inércia
— nem vos vou dizer o que são, -
4:57 - 4:58porque é demasiado complicado.
-
4:58 - 5:01Mas também há o "marketing" ruinoso.
-
5:01 - 5:04Muito do dinheiro
que as empresas farmacêuticas fazem -
5:04 - 5:06vai para campanhas de publicidade,
-
5:06 - 5:08tentando cair nas graças dos médicos,
-
5:08 - 5:11tentando convencer os doentes
a experimentar aquele medicamento. -
5:11 - 5:14Estas batalhas de "marketing"
claro, são um puro desperdício, -
5:14 - 5:17porque o que uma companhia gasta
para ganhar doentes para um produto, -
5:17 - 5:19outra companhia gasta para os recuperar.
-
5:19 - 5:22Depois, há a falsificação
nos países em desenvolvimento. -
5:22 - 5:25Aí, muitas vezes, mais de 50%
dos medicamentos que se vendem. -
5:25 - 5:28são medicamentos falsificados,
em que as pessoas dizem: -
5:28 - 5:31"Os medicamentos são muito caros
mas eu tenho uma versão mais barata." -
5:31 - 5:33Claro que não é a mesma coisa.
-
5:33 - 5:36Ou está diluído ou é totalmente inerte.
-
5:36 - 5:39Portanto, todo o dinheiro
que as farmacêuticas gastam -
5:39 - 5:43— e é cerca de um bilião de dólares
por ano, atualmente — -
5:43 - 5:46muito desse dinheiro
é pura e simplesmente desperdiçado, -
5:46 - 5:48não vai para onde devia ir,
-
5:48 - 5:50ou seja, para o desenvolvimento
de novos medicamentos -
5:50 - 5:54e para o fabrico daqueles que já temos.
-
5:54 - 5:57Muita gente pensa que a solução
para este problema -
5:57 - 6:00é a pressão moral
sobre as empresas farmacêuticas. -
6:01 - 6:04Claro, as empresas farmacêuticas
têm obrigações morais, -
6:04 - 6:05tal como nós temos.
-
6:05 - 6:07Quando temos de fazer uma escolha,
-
6:07 - 6:11entre poupar algum dinheiro
e salvar uma vida humana, -
6:11 - 6:14sentimos que temos o dever
de gastar esse dinheiro -
6:14 - 6:16para salvar essa vida.
-
6:16 - 6:19Porque é que as empresas
farmacêuticas devem ser diferentes? -
6:20 - 6:24Mas não é realista esperar
que as empresas farmacêuticas -
6:24 - 6:28atuem tão bem como vocês
ou como eu posso atuar. -
6:28 - 6:31Há três razões para isso.
-
6:31 - 6:35Uma é que as empresas farmacêuticas
têm obrigações para com os acionistas. -
6:35 - 6:39O executivo duma empresa dessas
não durará muito -
6:39 - 6:42se atribuir muito dinheiro a boas causas
-
6:42 - 6:47à custa dos dividendos para os acionistas.
-
6:47 - 6:49Será substituído.
-
6:49 - 6:53Além disso, há uma feroz competição
entre as empresas farmacêuticas -
6:53 - 6:56e, se formos mais simpáticos
do que outra empresa, -
6:56 - 6:59mais tarde ou mais cedo seremos
postos fora do mercado. -
6:59 - 7:00Não sobreviveremos.
-
7:00 - 7:03A outra empresa conquistará
a quota de mercado. -
7:03 - 7:05Por fim, lembrem-se,
-
7:05 - 7:08toda a indústria depende,
para as suas receitas, -
7:08 - 7:11de uma coisa e apenas uma coisa;
as margens de venda. -
7:12 - 7:15Por fim, temos de ser sustentáveis.
-
7:15 - 7:17Se gastarmos muito dinheiro
a ajudar as pessoas pobres, -
7:17 - 7:21e não recebermos qualquer pagamento,
e perdermos esse dinheiro, -
7:21 - 7:24não podemos continuar
com as atividades inovadoras. -
7:24 - 7:27Portanto, por todas estas razões,
não é realista esperar -
7:27 - 7:30que as empresas farmacêuticas
resolvam o problema -
7:30 - 7:32segundo uma ótica moral.
-
7:32 - 7:34Então, quem deve resolver o problema?
-
7:34 - 7:36Eu sugiro que temos de ser nós.
-
7:36 - 7:39Nós, cidadãos e políticos,
temos de fazer melhor -
7:39 - 7:43em termos de regulamentar
a indústria farmacêutica, -
7:43 - 7:45incentivando-a devidamente,
-
7:45 - 7:49levando-a a concentrar-se
nos problemas que são importantes. -
7:49 - 7:52Os ganhos potenciais aqui são enormes.
-
7:53 - 7:57Cerca de um terço de todas as mortes,
cada dia, cada ano, -
7:57 - 8:00devem-se às doenças da pobreza
no mundo em desenvolvimento. -
8:01 - 8:06Morrem 50 000 pessoas todos os dias
prematuramente com estas doenças. -
8:07 - 8:10E isto sem contar com todas as doenças
-
8:10 - 8:12que conhecemos muito bem
nos países ricos; -
8:12 - 8:14o cancro, as doenças cardíacas, etc.
-
8:14 - 8:17Mais uma vez, os pobres
morrem muito mais cedo, -
8:17 - 8:21porque não têm boa assistência médica,
incluindo bons medicamentos. -
8:22 - 8:23Mesmo nos países ricos,
-
8:23 - 8:26muitos doentes não estão a obter
os melhores medicamentos. -
8:26 - 8:30Isso deve-se, por vezes, ao facto de que
as companhias de seguros não os pagam -
8:30 - 8:32porque o preço é totalmente ridículo.
-
8:32 - 8:34E também se deve, por vezes,
-
8:34 - 8:38ao facto de que os médicos
e doentes são influenciados falsamente -
8:38 - 8:41por campanhas de publicidade
das empresas farmacêuticas. -
8:42 - 8:44O que é que podemos fazer?
-
8:44 - 8:45Como é que podemos mudar o sistema?
-
8:45 - 8:49Quero mostrar-vos uma forma
de poder incentivar melhor -
8:49 - 8:52a inovação farmacêutica
e o fornecimento de medicamentos -
8:52 - 8:54tanto a pobres como a ricos.
-
8:55 - 8:57É o Fundo de Impacto na Saúde.
-
8:57 - 9:01O Fundo de Impacto na Saúde
permite abrir uma segunda via -
9:01 - 9:05em que os inovadores farmacêuticos
são recompensados pela sua atividade. -
9:05 - 9:07Têm uma escolha.
-
9:07 - 9:11Podem trabalhar com o antigo sistema
de preços protegidos por patentes -
9:11 - 9:13ou podem trabalhar com o novo sistema,
-
9:13 - 9:16sendo recompensados com base
no impacto para a saúde -
9:16 - 9:19dos medicamentos que criarem.
-
9:19 - 9:22Têm esta escolha com cada medicamento,
-
9:22 - 9:25Podem estar num dos lados
e também no outro, -
9:25 - 9:27com produtos diferentes.
-
9:27 - 9:29Como é que funciona
o Fundo de Impacto na Saúde? -
9:30 - 9:33Hverá um fundo fixo
de recompensas por ano. -
9:33 - 9:35Começamos com uns
6000 milhões de dólares, -
9:35 - 9:36mas podemos vir a rever esse valor.
-
9:36 - 9:40Lembrem-se que o dinheiro total
que o mundo gasta com as farmacêuticas -
9:40 - 9:42é um bilião, ou seja,
um milhão de milhões. -
9:42 - 9:45Assim, 6000 mil milhões
é uma gota no oceano., -
9:45 - 9:47É relativamente pouco,
mas 6000 mil milhões chegariam -
9:47 - 9:49e seriam muito mais proveitosos
-
9:49 - 9:51se iniciássemos
o Fundo de Impacto na Saúde -
9:51 - 9:53com 6000 milhões de dólares.
-
9:53 - 9:56Se tiverem um produto
e quiserem registá-lo -
9:56 - 9:58no Fundo de Impacto na Saúde,
-
9:58 - 10:02serão recompensados
durante um período de 10 anos. -
10:02 - 10:03Durante esses 10 anos,
-
10:03 - 10:08recebem uma parte dessa bolsa
de recompensa anual. -
10:08 - 10:13Essa parte será proporcional à vossa quota
do impacto conseguido na saúde -
10:13 - 10:15por todos esses produtos registados.
-
10:15 - 10:20Assim, se o vosso produto
for responsável por 8% do impacto na saúde -
10:20 - 10:22de todos os produtos registados,
-
10:22 - 10:26receberão 8% do dinheiro
da recompensa nesse ano. -
10:26 - 10:28Isso repete-se durante 10 anos
-
10:28 - 10:31e, no fim desses 10 anos,
o produto passa a ser genérico, -
10:31 - 10:34e perdem qualquer lucro com dele.
-
10:36 - 10:40Todos os anos, será avaliado
o impacto na saúde do vosso produto -
10:40 - 10:43e o pagamento será feito nessa base.
-
10:43 - 10:47Mas, se receberem essa recompensa
do Fundo de Impacto na Saúde, -
10:47 - 10:50não poderão reclamar a outra recompensa,
não podem aumentar os preços. -
10:50 - 10:52Terão de vender ao preço de custo.
-
10:52 - 10:54O que é que isso significa?
-
10:54 - 10:57Não significa que a empresa
farmacêutica nos tenha de revelar -
10:57 - 10:58qual é o custo.
-
10:58 - 11:02A nossa forma preferida
de determinar qual é o custo real -
11:02 - 11:05de fazer um medicamento, de o fabricar.
-
11:05 - 11:08é pedir ao fabricante que ponha
a concurso a produção do medicamento -
11:08 - 11:14pedir às empresas genéricas
propostas para a sua produção -
11:14 - 11:18e depois, comprar o produto
ao fornecedor mais barato -
11:18 - 11:23e vendê-lo a esse preço,
o mais baixo possível aos doentes. -
11:25 - 11:29O inovador não ganha dinheiro nenhum
com a venda do produto -
11:29 - 11:33mas recebe todo o dinheiro
da recompensa do impacto na saúde. -
11:34 - 11:39Como avaliamos o impacto
da introdução de um medicamento? -
11:39 - 11:43Avaliamos em comparação
com a situação precedente. -
11:43 - 11:46Algumas pessoas,
antes de o medicamento aparecer, -
11:46 - 11:47não tinham nenhum tratamento.
-
11:47 - 11:50Agora, pela primeira vez,
têm tratamento, porque é barato, -
11:50 - 11:52as pessoas podem comprá-lo.
-
11:52 - 11:55Aqui, o impacto é a diferença
entre ser tratado -
11:55 - 11:57e não ser tratado.
-
11:57 - 12:00Noutros casos, o novo produto
é melhor do que produtos anteriores, -
12:00 - 12:04e portanto as pessoas
mudam para um produto melhor -
12:04 - 12:08e pagamos pelo impacto,
pela diferença que o novo produto faz. -
12:09 - 12:11Se temos um produto
no Fundo de Impacto na Saúde -
12:11 - 12:14e vocês mudam alguém
de um produto existente -
12:14 - 12:16para o vosso produto,
mas este não é melhor, -
12:16 - 12:18não recebem nenhum dinheiro.
-
12:18 - 12:21Isto é um profundo contraste
com o sistema existente, -
12:21 - 12:24em que recebem muito dinheiro
por mudarem alguém de um produto -
12:24 - 12:27para outro produto igual
que é o vosso produto. -
12:27 - 12:30O Fundo de Impacto na Saúde
não paga para isso. -
12:31 - 12:35Quantificamos o impacto na saúde
segundo a melhoria na qualidade de vida.. -
12:35 - 12:38Este método já existe há uns 20 anos
-
12:38 - 12:39e é muito fácil de explicar.
-
12:39 - 12:42Pensem numa vida humana
como uma espécie de tábua, -
12:42 - 12:44com dois metros de comprimento
e 2,5 cm de grossura. -
12:44 - 12:47Se morrermos prematuramente
antes de chegar aos 80 anos, -
12:47 - 12:49a tábua ficará um pouco mais curta.
-
12:49 - 12:52Se estiverem doentes
durante o tempo de vida, -
12:52 - 12:54a tábua ficará um pouco mais delgada.
-
12:55 - 12:58O que as doenças podem prejudicar
os medicamentos podem repor, -
12:58 - 13:03ou seja, os medicamentos podem evitar
o desaparecimento dessas partes. -
13:03 - 13:06E são pagos para isso.
-
13:06 - 13:08É esse o método, basicamente.
-
13:09 - 13:12Claro que temos de avaliar
todos os anos. -
13:12 - 13:15Temos de gastar uma considerável
soma de dinheiro -
13:15 - 13:16a observar como esses medicamentos
-
13:16 - 13:19que estão registados
no Fundo de Impacto na Saúde -
13:19 - 13:20se comportam nos diversos países.
-
13:20 - 13:22As estatísticas são extremamente úteis.
-
13:22 - 13:24Todos conhecem as sondagens
à boca das urnas. -
13:24 - 13:26É um método semelhante.
-
13:26 - 13:30Procuramos uma amostra
estatisticamente significativa, -
13:30 - 13:33e tentamos descobrir qual é
o impacto na saúde do medicamento -
13:34 - 13:37em diferentes locais,
em diferentes grupos demográficos. -
13:37 - 13:40Claro que procuramos
cuidadosamente no mundo real, -
13:40 - 13:41em contraste com a forma
-
13:41 - 13:44como os medicamentos
são hoje recompensados. -
13:44 - 13:47Por vezes, há uma recompensa
com base no desempenho, -
13:47 - 13:51mas é o desempenho
em testes clínicos ou no laboratório -
13:51 - 13:54e não o desempenho no mundo real.
-
13:55 - 13:59O Fundo de Impacto na Saúde
procurará um impacto no mundo real. -
13:59 - 14:02Observará não só a qualidade
dum medicamento, -
14:02 - 14:05mas também se está distribuído amplamente,
-
14:05 - 14:09se o inovador consegue
alcançar os doentes -
14:09 - 14:11que mais podem beneficiar com ele,
-
14:11 - 14:15e também como é que a droga
é usada no terreno. -
14:15 - 14:18Os inovadores terão incentivos
muito mais fortes do que têm agora -
14:18 - 14:21para garantir que todos os doentes
que tomam o medicamento -
14:21 - 14:24sabem exatamente como devem
tomá-lo para o melhor efeito. -
14:24 - 14:29Hoje, muitas bulas nas embalagens
não são traduzidas nas línguas locais -
14:29 - 14:34e não admira que os doentes
não tirem o melhor partido do produto. -
14:36 - 14:38Ora bem, como funcionará o financiamento?
-
14:38 - 14:41O Fundo de Impacto na Saúde
pode começar -
14:41 - 14:43com qualquer coisa como
6000 milhões de dólares. -
14:43 - 14:46Não é pouca coisa, mas também
não é muito dinheiro, -
14:46 - 14:49comparando com o que o mundo
já gasta em produtos farmacêuticos. -
14:49 - 14:52A melhor forma de pensar nisso
é uma nova forma de pagamento -
14:52 - 14:55por aquilo que já estamos a pagar,
ou seja, novos medicamentos. -
14:55 - 14:58Com uma mão, pagamos
através do sistema fiscal, -
14:58 - 15:00mas com a outra mão
recebemos qualquer coisa, -
15:00 - 15:03porque também obtemos
os medicamentos baratos. -
15:03 - 15:04Isto não é só para pessoas pobres
-
15:05 - 15:09— toda a gente terá os medicamentos
registados no Fundo de Impacto na Saúde -
15:09 - 15:12ao preço de custo, a um preço baixo.
-
15:13 - 15:18Um obstáculo muito importante aqui
é que temos de garantir, politicamente, -
15:18 - 15:21que temos visibilidade a longo prazo
para os inovadores, -
15:21 - 15:24que os inovadores saibam
que o dinheiro está ali -
15:24 - 15:28e por isso é preciso que os governos
financiem o Fundo de Impacto na Saúde, -
15:28 - 15:31porque só os governos podem
fazer compromissos previsíveis -
15:31 - 15:33por um longo período de tempo.
-
15:34 - 15:38Como o registo no Fundo de Impacto
na Saúde é voluntário, -
15:39 - 15:42temos uma taxa de recompensa
que se auto-ajusta. -
15:42 - 15:46Se as taxas aumentarem muito,
-
15:46 - 15:49os inovadores virão ter connosco
e farão baixar as taxas. -
15:49 - 15:51Em contrapartida,
se as taxas baixarem muito, -
15:52 - 15:55os inovadores terão relutância
em registar-se, e as taxas recuperarão. -
15:55 - 15:59Portanto, as taxas manter-se-ão
sempre a um nível razoável. -
16:00 - 16:03O Fundo de Impacto na Saúde,
é benéfico para todas as partes. -
16:03 - 16:07Beneficia os inovadores
dando-lhes um novo mercado -
16:07 - 16:11e, mais importante, ultrapassando
os problemas de relações públicas -
16:11 - 16:12com que começámos.
-
16:13 - 16:15Beneficia os doentes
-
16:15 - 16:18porque os doentes terão mais probabilidade
de obter o medicamento adequado, -
16:18 - 16:21e também para os medicamentos
em desenvolvimento, -
16:21 - 16:23os medicamentos de que mais necessitamos.
-
16:24 - 16:27Também beneficia os governos
ou os contribuintes, se preferirem, -
16:27 - 16:31porque cria uma fonte permanente
de inovação farmacêutica -
16:31 - 16:33que se manterá aqui para todo o futuro.
-
16:33 - 16:37É uma espécie de máquina que guia
sempre a inovação farmacêutica -
16:37 - 16:39para onde temos os maiores problemas,
-
16:39 - 16:41talvez para doenças
que ainda não existem. -
16:41 - 16:45O Fundo de Impacto na Saúde
será sempre um canal de inovação -
16:45 - 16:47na direção para onde é mais precisa.
-
16:47 - 16:50Já temos alguma ajuda.
-
16:50 - 16:53Podem ver aqui o número de pessoas
que concordaram em ajudar-nos, -
16:53 - 16:56mas também queremos a vossa ajuda.
-
16:56 - 17:00Queremos que se juntem a nós,
talvez para falarem com o vosso governo -
17:00 - 17:02para nos ajudarem com a publicidade,
-
17:02 - 17:04para nos ajudarem com as vossas ideias
-
17:04 - 17:07no aperfeiçoamento do esquema
do Fundo de Impacto na Saúde. -
17:07 - 17:10E para aquilo que precisamos
urgentemente para já, -
17:10 - 17:12para iniciarmos um projeto piloto.
-
17:12 - 17:16O projeto piloto apresentará
um medicamento numa jurisdição -
17:16 - 17:19no modelo do Fundo de Impacto na Saúde.
-
17:19 - 17:21O inovador receberá um pagamento
-
17:21 - 17:24segundo o custo
do medicamento para venda -
17:24 - 17:28e depois receberá dinheiro adicional
com base no impacto para a saúde. -
17:29 - 17:31Aqui, precisamos de financiamento
-
17:31 - 17:34para as recompensas,
financiamento para a avaliação, -
17:35 - 17:37e, em especial,
precisamos de apoio político -
17:37 - 17:43para levar os políticos a apoiar
um projeto piloto deste tipo. -
17:44 - 17:48Se tiverem mais perguntas,
não hesitem em escrever-nos -
17:48 - 17:50e em contactar-nos para este endereço.
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17:50 - 17:51Muito obrigado.
-
17:51 - 17:52(Aplausos)
- Title:
- Medicina para os 99%
- Speaker:
- Thomas Pogge
- Description:
-
É triste mas é verdade: Muitas das curas e das vacinas de que o nosso mundo precisa desesperadamente — para doenças que milhões de pessoas têm — não estão a ser produzidos ou desenvolvidos, porque não há incentivo financeiro. Thomas Pogge propõe um plano de 6000 milhões de dólares, para revolucionar a forma como os medicamentos são desenvolvidos e vendidos.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:05
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Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Medicine for the 99 percent | ||
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Daniele D Amico edited Portuguese subtitles for Medicine for the 99 percent | ||
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