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Larry Brilliant quer parar pandemias

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    Eu sou o cara mais sortudo do mundo.
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    Eu pude ver o último caso de morte por varíola no mundo.
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    Eu estava na Índia no ano passado,
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    e pude ver os últimos casos de poliomelite no mundo.
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    Não há nada que faça você se sentir mais -- a bênção e a honra
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    de trabalhar em um programa como esse do que saber
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    que algo horrível que não existe mais.
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    Eu vou falar -- (Aplauso) --
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    Eu vou mostrar algumas imagens nojentas.
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    Elas são duras de ver, mas vocês deveriam olhar para elas com otimismo
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    porque o horror dessas imagens será combinado
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    com o alívio de saber que elas não existem mais.
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    Mas primeiro vou falar um pouco sobre a minha própria jornada.
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    Minha formação não é exatamente a educação convencional em medicina
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    que vocês podem imaginar.
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    Quando eu era um estagiário em São Francisco,
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    fiquei sabendo de um grupo de Americanos Nativos
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    que ocupara a Ilha de Alcatraz
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    e um Americana Nativa que queria dar à luz naquela ilha
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    e não havia médico que quisesse ir para ajudá-la no parto.
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    Eu fui para Alcatraz, e eu vivi na ilha por várias semanas.
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    Ela teve o parto, peguei o bebê, consegui sair da ilha,
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    cheguei em São Francisco e toda a imprensa queria falar comigo
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    porque minhas três semanas na ilha me tornaram um especialista em assuntos Indígenas.
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    Eu fui em cada programa de televisão.
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    Alguém me assistiu na televisão, eles me ligaram e me perguntaram
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    se eu gostaria de participar de um filme no papel de um jovem médico
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    de um grupo de estrelas de rock and roll que estavam viajando em um ônibus
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    de São Francisco para a Inglaterra. E eu disse, sim, eu faria isso,
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    e me tornei o médico de um filme absolutamente ridículo
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    chamado "Medicine Ball Caravan".
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    Vocês sabem sobre os anos 60,
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    ou você está dentro do ônibus ou você está fora do ônibus.
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    Eu estava no ônibus. Minha esposa e eu, de 37 anos, juntos no ônibus.
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    Nosso ônibus nos levou de São Francisco para Londres.
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    Nós mudamos de ônibus na grande lagoa. Nós então pegamos mais dois ônibus
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    e atravessamos a Turquia e o Irã, Afeganistão,
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    sobre a Passagem de Khyber, no Paquistão, como qualquer outro jovem médico.
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    Somos nós na Passagem de Khyber e este é o nosso ônibus.
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    Nós tivemos algumas dificuldades para atravessar a Passagem de Khyber,
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    mas chegamos na Índia.
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    E então, como todo mundo da nossa geração,
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    fomos morar em um mosteiro no Himalaia.
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    (Risos)
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    É como se fosse um programa de residência,
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    para aqueles de vocês que estão na faculdade de medicina.
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    E estudamos com um homem sábio, um guru chamado Karoli Baba,
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    que me falou para me livrar do vestido,
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    vestir um terno de três peças,
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    ir para as Nações Unidas como diplomata
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    e trabalhar na Organização Mundial da Saúde.
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    E ele fez uma previsão ultrajante que a varíola seria erradicada,
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    e que isso era um presente de Deus para a humanidade
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    em função do trabalho duro de cientistas dedicados.
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    E essa predição se tornou realidade, e essa pequena menina é Rahima Banu,
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    ela foi o último caso de morte por varíola no mundo.
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    E esse documento é o certificado que a comissão global assinou
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    certificando ao mundo que haviam erradicado a primeira doença na história.
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    A chave para erradicar a varíola foi detecção precoce, resposta precoce.
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    Eu peço que vocês repitam isso, detecção precoce, resposta precoce.
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    Vocês podem dizer isso?
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    Público: Detecção precoce, resposta precoce.
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    Larry Brilliant: A varíola foi a pior doença da história.
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    Matou mais pessoas que todas as guerras da história.
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    No último século, matou 500 milhões de pessoas.
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    Mais que dois -- vocês já estão lendo sobre Larry Page,
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    alguém lê muito depressa. (Risos)
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    No ano em que Larry Page e Sergey Brin --
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    com quem eu tive certa afeição e uma nova afiliação --
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    no ano em que eles nasceram,
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    dois milhões de pessoas morreram de varíola.
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    Nós declaramos a varíola erradicada em 1980.
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    Este é o slide mais importante que já vi em saúde pública
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    porque mostra que você pode ser o mais rico e o mais forte,
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    e ser reis ou rainhas do mundo,
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    que você não está protegido de morrer de varíola.
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    Você nunca pode duvidar de que estamos todos juntos nisso.
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    Mas ver a varíola da perspectiva de um soberano
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    é a perspectiva errada.
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    Você deveria vê-la da perspectiva de uma mãe
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    vendo seu filho desenvolver essa doença e permanecer impotente.
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    Dia um, dia dois, dia três, dia quatro, dia cinco, dia seis.
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    Você é uma mãe e você está vendo seu filho
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    e no dia seis, você vê pústulas que se tornam piores.
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    Dia sete, elas mostram os sinais clássicos da umbilicação da varíola.
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    Dia oito.
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    E o Al Gore disse anteriormente que a imagem mais fotografada no mundo,
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    a imagem mais impressa no mundo,
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    foi a da Terra. Mas isso foi em 1974,
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    e a partir do momento em que essa fotografia foi tirada
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    essa foi a mais impressa
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    porque nós imprimimos dois milhões de cópias dessa fotografia,
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    e distribuímos de mão em mão, de porta em porta
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    para mostrar às pessoas e perguntar se havia varíola em suas casas
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    porque esse foi nosso sistema de vigilância. Nós não tínhamos Google,
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    não tínhamos indexadores web, não tínhamos computadores.
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    No dia nove, você olha para essa foto e você fica horrorizado.
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    Eu vejo essa foto e digo, "Obrigado, Deus"
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    porque é claro que isso é apenas um caso ordinário de varíola,
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    e sei que essa criança sobreviverá.
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    E pelo dia 13, as lesões estão cicatrizando, suas pálpebras estão inchadas,
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    mas você sabe que essa criança não tem outra infecção secundária.
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    E no dia 20, quando ele será marcado por toda a vida, ele vai viver.
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    Há outros tipos de varíola que não são como essa.
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    Essa é a varíola confluente,
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    na qual não há um único lugar no corpo em que você poderia colocar um dedo
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    sem estar coberto de lesões.
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    Varíola maligna, que matou 100 por cento das pessoas que foram infectadas.
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    E a varíola hemorrágica, a mais cruel de todas,
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    que tinha uma predileção por mulheres grávidas.
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    Eu atendi provavelmente 50 mulheres que morreram. Todas elas tinham varíola hemorrágica.
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    Eu nunca vi ninguém morrer disso que não fosse uma mulher grávida.
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    Em 1967, a OMS embarcou no que foi um ultrajante programa
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    para erradicar uma doença.
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    Naquele ano, havia 34 países afetados com varíola.
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    Em 1970, eram 18 países.
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    1974, eram cinco países.
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    Mas naquele ano, a varíola explodiu na Índia.
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    E a Índia foi o lugar onde a varíola fez sua última morada.
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    Em 1974, a Índia tinha uma população de 600 milhões.
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    Havia 21 estados linguísticos na Índia,
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    o que é como dizer 21 países diferentes.
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    Há 20 milhões de pessoas na estrada em qualquer momento, em ônibus
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    e trens, caminhando, 500.000 aldeias e 120 milhões de casas,
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    e nenhuma delas queria relatar se tinham um caso de varíola em suas casas
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    porque elas pensavam que a varíola era a visita de uma divindade,
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    Shitala Mata, a mãe arrefecida,
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    e que era errado trazer estrangeiros para dentro de suas casas
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    quando a divindade estava na casa. Não havia incentivo para relatar a varíola.
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    Não foi apenas na Índia que teve divindades da varíola,
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    divindades da varíola foram predominantes em todo o mundo.
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    Então, como nós erradicamos a varíola foi -- vacinação em massa não adiantaria.
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    Você poderia vacinar todo mundo na Índia,
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    mas um ano depois eles teriam 21 milhões de novos bebês,
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    que era então a população do Canadá.
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    Não daria apenas pra vacinar todo mundo.
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    Você tinha que encontrar cada caso de varíola no mundo
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    ao mesmo tempo e desenhar um círculo de imunidade em torno dele.
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    E foi isso o que fizemos.
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    Na Índia apenas, meus 150.000 melhores amigos e eu
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    fomos de porta em porta com a mesma foto
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    a cada casa na Índia, Nós fizemos mais de um bilhão de visitas.
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    E no processo, eu aprendi algumas coisas muito importantes.
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    Cada vez que nós fazíamos uma busca de casa em casa,
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    nós tínhamos um aumento no número de relatos de varíola.
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    Quando nós não fazíamos a busca, nós tínhamos a ilusão de que não havia a doença.
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    Quando fazíamos a busca, nós tínhamos a ilusão de que havia mais doença.
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    Um sistema de vigilância era necessário
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    porque o que precisávamos era de detecção precoce, resposta precoce.
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    Então, procuramos e procuramos e encontramos
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    cada caso de varíola na Índia. Nós tínhamos uma recompensa.
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    Nós aumentamos a recompensa. Continuamos a aumentar a recompensa.
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    Tínhamos um cartão que preenchíamos em cada casa.
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    E como fizemos isso, o número de casos relatados no mundo caiu para zero,
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    e em 1980, nós declaramos o mundo livre da varíola.
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    Foi a maior campanha da história das Nações Unidas até a guerra do Iraque.
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    150.000 pessoas de todo o mundo,
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    médicos de todas as raças, religião, cultura e nação,
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    nós combatemos lado a lado, irmãos e irmãs, um com o outro,
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    não contra o outro, por uma causa comum que é tornar o mundo melhor.
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    Mas a varíola foi a quarta doença que tentamos erradicar.
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    Nós falhamos outras três vezes.
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    Falhamos contra a malária, febre amarela e bouba.
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    Mas em breve poderemos ver a poliomelite erradicada.
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    Mas a chave para erradicar a poliomelite é detecção precoce, resposta precoce.
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    Este pode ser o ano em que erradicaremos a poliomelite --
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    que fará disto a segunda doença na história.
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    E David Heymannn, que está nos assistindo pela webcast --
  • 10:20 - 10:25
    David, continue. Nós estamos perto. Já reduzimos para quatro países.
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    (Aplauso)
  • 10:31 - 10:35
    Eu me sinto como Hank Aaron. Barry Bonds pode me substituir a qualquer momento.
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    Vamos para outra doença da lista de coisas horríveis sobre as quais nos preocupamos.
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    Eu estava na Índia trabalhando no programa da poliomelite.
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    O programa de vigilância da poliomelite é de quatro milhões de pessoas indo de porta em porta.
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    Esse é o sistema de vigilância.
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    Mas precisamos de detecção precoce, resposta precoce.
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    Cegueira, a mesma coisa. A chave para descobrir a cegueira
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    é fazer levantamentos epidemiológicos e encontrar as causas da cegueira
  • 11:04 - 11:06
    então você pode montar a resposta correta.
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    A Fundação Seva começou com um grupo de alunos
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    no programa de erradicação da varíola que
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    escalaram a montanha mais alta,
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    provaram o elixir do sucesso de erradicar uma doença,
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    e quiseram fazer isso de novo.
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    E nos últimos 27 anos, o programa Seva, em 15 países
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    tem devolvido a visão há mais de dois milhões de pessoas cegas.
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    Seva começou porque nós queríamos aplicar essas lições
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    de vigilância e epidemiologia
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    para algo que ninguém está vendo
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    como um assunto de saúde pública: cegueira,
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    que até então tinha sido considerada apenas uma doença clínica.
  • 11:47 - 11:53
    Em 1980, Steve Jobs me deu esse computador, que é o Apple número 12,
  • 11:53 - 11:56
    e ele está ainda em Kathmandu, e ainda está funcionando,
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    e devemos buscá-lo e leiloá-lo e conseguir mais dinheiro para Seva.
  • 12:01 - 12:05
    E nós fizemos o primeiro levantamento de saúde já feito no Nepal,
  • 12:05 - 12:08
    e o primeiro levantamento nacional de cegueira já feito,
  • 12:08 - 12:10
    e nós tivemos resultados espantosos.
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    Ao invés de encontrar o que pensávamos que era o caso --
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    que a cegueira era causada principalmente por glaucoma e tracoma --
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    ficamos espantados ao descobrir ao invés disso que a cegueira era causada por catarata.
  • 12:23 - 12:28
    Você não pode curar ou prevenir o que você não sabe que está lá.
  • 12:30 - 12:34
    Em seu pacote TED há um DVD, "Visão infinita",
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    sobre o Dr V. e o Hospital Eye Aravind.
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    Eu espero que vocês dêem uma olhada nele.
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    Aravind, que começou como um projeto Seva,
  • 12:41 - 12:44
    é agora o maior e o melhor hospital de olhos do mundo.
  • 12:44 - 12:47
    Nesse ano, este hospital que vai devolver a visão
  • 12:47 - 12:51
    a mais de 300.000 pessoas em Tamil Nadu, Índia.
  • 12:51 - 12:55
    (Aplauso)
  • 12:55 - 12:59
    Gripe aviária. Estou aqui como um representante de todas as coisas terríveis --
  • 12:59 - 13:01
    essa pode ser a pior.
  • 13:02 - 13:06
    A chave para prevenir ou atenuar a pandemia da gripe aviária
  • 13:06 - 13:09
    é detecção precoce e resposta rápida.
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    Nós não teremos uma vacina ou fornecimento adequado de um antiviral
  • 13:14 - 13:18
    para combater a gripe aviária se ela ocorrer nos próximos três anos.
  • 13:18 - 13:22
    A OMS definiu estágios para o progresso de uma pandemia.
  • 13:22 - 13:26
    Nós estamos agora no estágio de alerta pandêmico,
  • 13:26 - 13:30
    apenas com um pouco de transmissão de humano para humano,
  • 13:30 - 13:34
    mas não há transmissão sustentada de humano para humano para humano.
  • 13:34 - 13:38
    No momento em que a OMS disser que nos movemos para a categoria quatro,
  • 13:38 - 13:43
    isso não será como Katrina. O mundo como nós conhecemos vai parar.
  • 13:43 - 13:45
    Não haverá aviões voando.
  • 13:45 - 13:48
    Você pegaria um avião com 250 pessoas que você não conhece,
  • 13:48 - 13:51
    tossindo e espirrando, se você soubesse que algumas delas
  • 13:51 - 13:53
    podem portar uma doença que poderia te matar,
  • 13:53 - 13:55
    para a qual não tivesse antiviral ou vacina?
  • 13:56 - 14:01
    Fiz um estudo com os epidemiologistas top do mundo em outubro.
  • 14:01 - 14:05
    Perguntei a eles -- todos são especialistas em influenza e gripe --
  • 14:05 - 14:08
    e fiz questões que vocês gostariam de fazer a eles.
  • 14:08 - 14:11
    Qual é a probabilidade de que haverá uma pandemia?
  • 14:11 - 14:14
    Se acontecer, o quão ruim você acha que será?
  • 14:14 - 14:19
    15 por cento acham que haveria uma pandemia em três anos.
  • 14:19 - 14:21
    Mas muito pior que isso,
  • 14:21 - 14:24
    90 por cento acham que haveria uma pandemia
  • 14:24 - 14:27
    durante a vida dos seus filhos ou dos seus netos.
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    E eles acham que se houvesse uma pandemia,
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    um bilhão de pessoas adoeceriam.
  • 14:35 - 14:38
    E 165 milhões de pessoas morreriam.
  • 14:38 - 14:41
    Haveria uma recessão e uma depressão global
  • 14:41 - 14:43
    quando nosso sistema de produção just-in-time
  • 14:43 - 14:46
    e o elástico apertado da globalização quebrassem
  • 14:47 - 14:51
    e o custo para nossa economia de um a três trilhões de dólares
  • 14:51 - 14:56
    seria muito pior para todos do que meramente 100 milhões de pessoas morrendo
  • 14:56 - 14:59
    porque muito mais pessoas perderiam seus empregos
  • 14:59 - 15:01
    e seus benefícios de saúde
  • 15:01 - 15:03
    que as conseqüências são quase impensáveis.
  • 15:05 - 15:09
    E está ficando pior, porque está ficando mais fácil viajar.
  • 15:12 - 15:16
    Deixa me mostrar uma simulação do que uma pandemia parece
  • 15:17 - 15:19
    então nós saberemos sobre o que estamos falando.
  • 15:20 - 15:24
    Vamos considerar, por exemplo, que o primeiro caso ocorra no Sul da Ásia.
  • 15:25 - 15:27
    Inicialmente vai muito devagar.
  • 15:27 - 15:30
    Você atinge duas ou três localidades discretas.
  • 15:32 - 15:37
    Então haverá surtos secundários e a doença se espalhará
  • 15:37 - 15:41
    de país a país, tão rápido que você não vai saber o que te atingiu.
  • 15:41 - 15:45
    Dentro de três semanas estará em todos os lugares do mundo.
  • 15:45 - 15:51
    Agora, se nós tivéssemos um botão de desfazer e pudéssemos voltar e isolar
  • 15:51 - 15:54
    e conter isso quando começou. Se pudéssemos encontrar isso antes,
  • 15:54 - 15:57
    e tivéssemos uma detecção e resposta precoce,
  • 15:57 - 16:00
    e pudéssemos pegar cada um daqueles vírus e colocar em uma prisão --
  • 16:00 - 16:05
    essa é a única forma de lidar com algo como uma pandemia.
  • 16:07 - 16:09
    E deixe-me mostrar porque é assim.
  • 16:10 - 16:14
    Nós temos uma piada. Isso é uma curva epidêmica, e todo mundo em medicina,
  • 16:14 - 16:16
    eu acho, um dia chega a saber o que é isso.
  • 16:16 - 16:20
    Mas a piada é, um epidemiologista gosta de chegar a uma epidemia
  • 16:20 - 16:23
    bem aqui e cavalgar para a glória descendo o morro.
  • 16:24 - 16:26
    Mas, geralmente, você não consegue fazer isso.
  • 16:26 - 16:29
    Geralmente, você chega próximo daqui.
  • 16:29 - 16:34
    O que nós realmente queremos é chegar aqui, assim nós podemos parar a epidemia.
  • 16:34 - 16:37
    Mas nem sempre você pode fazer isso. Mas há uma organização
  • 16:37 - 16:42
    que foi capaz de encontrar uma forma de saber quando os primeiros casos ocorrem,
  • 16:42 - 16:44
    e ela se chama GPHIN.
  • 16:44 - 16:47
    É a Rede de Informação Global sobre Saúde Pública.
  • 16:47 - 16:51
    E a simulação que mostrei e que vocês pensaram que era da gripe aviária,
  • 16:51 - 16:55
    era da SARS. E a SARS é a pandemia que não ocorreu.
  • 16:55 - 17:02
    E não ocorreu porque o GPHIN descobriu que a SARS poderia se tornar uma pandemia
  • 17:02 - 17:08
    três meses antes que a OMS a anunciasse,
  • 17:08 - 17:12
    e por causa disso nós fomos capazes de conter a pandemia da SARS.
  • 17:12 - 17:17
    E acho que nós temos um grande débito de gratidão com o GPHIN e Ron St. John,
  • 17:17 - 17:20
    que eu espero que esteja na platéia em algum lugar -- lá --
  • 17:20 - 17:22
    que é o fundador do GPHIN.
  • 17:22 - 17:23
    (Aplauso)
  • 17:23 - 17:25
    Oi, Ron.
  • 17:25 - 17:33
    (Aplauso)
  • 17:33 - 17:37
    E TED trouxe Ron de Ottawa, onde GPHIN está localizado
  • 17:38 - 17:43
    porque não apenas o GPHIN encontrou SARS precocemente, mas
  • 17:43 - 17:49
    vocês devem ter visto na última semana que o Irã anunciou que tinha gripe aviária no Irã,
  • 17:49 - 17:55
    mas o GPHIN encontrou a gripe aviária no Irã não em 14 de fevereiro, mas em setembro passado.
  • 17:55 - 17:57
    Nós precisamos de um sistema de alarme precoce
  • 17:57 - 18:02
    para nos proteger contra as coisas que são o pior pesadelo da humanidade.
  • 18:02 - 18:08
    E assim o meu desejo TED está baseado no denominador comum dessas experiências.
  • 18:08 - 18:10
    Varíola -- detecção precoce, resposta precoce.
  • 18:10 - 18:14
    Cegueira, poliomelite -- detecção precoce, resposta precoce.
  • 18:14 - 18:19
    Pandemia da gripe aviária -- detecção precoce, resposta precoce. É uma ladainha.
  • 18:19 - 18:24
    É tão óbvio que nossa única maneira de lidar com essas novas doenças
  • 18:24 - 18:29
    é encontrá-las cedo e derrotá-las antes que elas se espalhem.
  • 18:29 - 18:33
    Então, meu desejo TED é que vocês ajudem a construir um sistema global,
  • 18:33 - 18:35
    um sistema de alarme precoce,
  • 18:35 - 18:39
    para nos proteger contra o pior pesadelo da humanidade.
  • 18:39 - 18:44
    E pensei em chamar como Detecção Precoce,
  • 18:46 - 18:51
    mas realmente deveria ser chamado de Detecção Precoce Total.
  • 18:51 - 18:53
    (Risos)
  • 18:53 - 19:01
    (Aplauso)
  • 19:06 - 19:08
    Mas com toda seriedade --
  • 19:08 - 19:11
    porque essa idéia nasceu no TED,
  • 19:11 - 19:17
    Eu gostaria que isso fosse um legado do TED, e eu gostaria de chamar isso de
  • 19:17 - 19:22
    Sistema Internacional para Detecção Precoce Total de Doenças.
  • 19:26 - 19:30
    E INSTEDD então se torna o nosso mantra.
  • 19:33 - 19:36
    Então ao invés de ser uma pandemia de gripe aviária escondida,
  • 19:36 - 19:38
    vamos encontrá-la e imediatamente a contê-la.
  • 19:39 - 19:43
    Ao invés de um novo vírus causado pelo bio-terror ou bio-erro,
  • 19:43 - 19:48
    ou mudança ou deriva, vamos encontrá-lo e contê-lo.
  • 19:48 - 19:53
    Ao invés de acidentes industriais como derramamentos de óleo ou a catástrofe em Bhopal,
  • 19:53 - 19:57
    vamos encontrá-los, e responder a eles.
  • 19:57 - 20:03
    Ao invés de fome, escondida até que seja tarde demais, vamos detectá-la e responder a ela.
  • 20:04 - 20:06
    Ao invés de um sistema,
  • 20:06 - 20:10
    que é propriedade de um governo e escondido nas entranhas do governo,
  • 20:10 - 20:12
    vamos construir um sistema de detecção precoce
  • 20:12 - 20:16
    que seja livre e acessível a qualquer um no mundo em seu próprio idioma.
  • 20:17 - 20:21
    Vamos fazê-lo transparente, não governamental,
  • 20:22 - 20:25
    não pertencente a um único país ou empresa,
  • 20:25 - 20:28
    situado em um país neutro, com backup redundante
  • 20:28 - 20:32
    em um fuso horário diferente e um continente diferente,
  • 20:32 - 20:36
    e vamos construir isso em GPHIN. Vamos começar com o GPHIN.
  • 20:36 - 20:41
    Vamos aumentar os websites que eles rastreiam de 20.000 para 20 milhões.
  • 20:41 - 20:47
    Vamos aumentar os idiomas que eles rastreiam de sete para 70, ou mais.
  • 20:47 - 20:50
    Vamos construir mensagens de confirmação
  • 20:50 - 20:54
    usando mensagens de texto ou SMS ou mensagens instantâneas
  • 20:54 - 20:58
    para descobrir pessoas que estão a 100 metros do rumor que você ouve
  • 20:58 - 21:00
    se é de fato válido.
  • 21:00 - 21:02
    E vamos adicionar a confirmação por satélite.
  • 21:02 - 21:06
    E adicionaremos gráficos Gapminder surpreendentes na interface do usuário.
  • 21:06 - 21:10
    E faremos isso crescer como uma força moral no mundo,
  • 21:10 - 21:15
    e descobrir essas coisas terríveis antes que alguém saiba sobre elas,
  • 21:15 - 21:19
    e enviar a nossa resposta a elas. Então no próximo ano,
  • 21:19 - 21:21
    ao invés de nos encontrarmos aqui,
  • 21:21 - 21:24
    lamentando como existem muitas coisas terríveis no mundo,
  • 21:24 - 21:27
    nós teremos nos unido, usado as habilidades únicas
  • 21:27 - 21:31
    e a mágica dessa comunidade,
  • 21:31 - 21:34
    e teremos orgulho de ter feito tudo o que podemos para conter pandemias,
  • 21:34 - 21:39
    outras catástrofes e mudar o mundo começando agora.
  • 21:39 - 21:57
    (Aplauso)
  • 21:58 - 22:02
    Chris Anderson: Um apresentação surpreendente. Primeiramente,
  • 22:02 - 22:06
    apenas para entendermos, você está dizendo que ao construir --
  • 22:06 - 22:11
    ao criar, indexadores web, procurando na internet por padrões,
  • 22:11 - 22:17
    eles podem detectar alguma coisa suspeita antes da OMS,
  • 22:17 - 22:19
    antes que alguém possa vê-la?
  • 22:19 - 22:22
    Apenas explique. Dê um exemplo de como isso poderia ser possível.
  • 22:22 - 22:25
    Larry Brilliant: Primeiramente, você não está louco sobre a violação dos direitos autorais?
  • 22:25 - 22:27
    CA: Não. Eu amo isto.
  • 22:28 - 22:31
    LB: Bem, você sabe, como Ron St John -- eu espero que você encontre com ele
  • 22:31 - 22:34
    no jantar mais tarde e fale com ele --
  • 22:34 - 22:40
    Quando ele iniciou o GPHIN em 1997, houve um surto de gripe aviária.
  • 22:40 - 22:44
    H5N1. Foi em Hong Kong. E um renomado médico em Hong Kong
  • 22:44 - 22:50
    respondeu imediatamente através do abate de 1.5 milhões de frangos e pássaros,
  • 22:50 - 22:53
    e eles pararam o surto em seus trilhos.
  • 22:53 - 22:56
    Detecção imediata, resposta imediata.
  • 22:56 - 22:58
    Então, um número de anos passou,
  • 22:58 - 23:00
    e houve um monte de rumores sobre a gripe aviária.
  • 23:00 - 23:04
    Ron e sua equipe em Ottawa rastrearam a web,
  • 23:04 - 23:09
    apenas rastrearam 20.000 websites diferentes, principalmente de periódicos,
  • 23:09 - 23:14
    e eles leram e ouviram a respeito de uma preocupação com um monte de crianças
  • 23:14 - 23:17
    que tinham febre alta e sintomas de gripe aviária.
  • 23:17 - 23:22
    Eles relataram isso à OMS. A OMS demorou um pouco para agir
  • 23:22 - 23:27
    porque a OMS recebeu apenas um relato de um governo,
  • 23:27 - 23:29
    porque é das Nações Unidas.
  • 23:29 - 23:33
    Mas eles foram capazes de apontar para a OMS e fazer com que eles soubessem
  • 23:33 - 23:37
    que havia esse conjunto surpreendente e inexplicável de doenças
  • 23:37 - 23:39
    que pareciam com gripe aviária.
  • 23:39 - 23:41
    Que acabou por ser a SARS.
  • 23:41 - 23:43
    E foi assim que o mundo descobriu a SARS.
  • 23:43 - 23:47
    E por causa disso nós fomos capazes de conter a SARS.
  • 23:47 - 23:50
    Agora, o que realmente importa é que antes que houvesse o GPHIN,
  • 23:50 - 23:54
    100 por cento de todos os relatos mundiais de coisas ruins --
  • 23:54 - 23:57
    se você está falando sobre fome ou sobre gripe aviária
  • 23:57 - 23:59
    ou está falando sobre Ebola --
  • 23:59 - 24:02
    100 por cento de todos esses relatos vinham de nações.
  • 24:02 - 24:07
    No momento em que esses rapazes em Ottawa, com um orçamento de 800.000 dólares por ano,
  • 24:07 - 24:13
    começaram a trabalhar, 75 por cento de todos os relatos no mundo vieram do GPHIN,
  • 24:13 - 24:15
    e 25 por cento de todos os relatos no mundo
  • 24:15 - 24:17
    vieram de todas as outras 180 nações.
  • 24:18 - 24:20
    Aqui está o que é realmente interessante,
  • 24:20 - 24:23
    depois de estarem trabalhado por alguns anos,
  • 24:23 - 24:26
    o que você acha que aconteceu com essas nações?
  • 24:26 - 24:29
    Eles se sentiram muito estúpidas e começaram a enviar os seus relatos mais cedo.
  • 24:29 - 24:32
    Agora seu percentual de relatos reduziu para 50 por cento
  • 24:32 - 24:35
    porque as outras nações passaram a relatar.
  • 24:35 - 24:39
    Então, você pode encontrar doenças precocemente rastreando a web?
  • 24:39 - 24:44
    É claro que pode. Você pode encontrá-las mais cedo do que GPHIN encontra agora?
  • 24:44 - 24:47
    É claro que pode. Você viu que eles descobriram a SARS
  • 24:47 - 24:51
    usando o rastreador da web chinês por seis semanas inteiras
  • 24:51 - 24:55
    antes que descobrissem usando o rastreador de web Inglês.
  • 24:55 - 24:57
    Bem, eles estão rastreando em apenas sete línguas.
  • 24:57 - 25:00
    Esses vírus ruins realmente não têm qualquer intenção de aparecer
  • 25:00 - 25:02
    primeiro em Inglês, Espanhol ou Francês.
  • 25:02 - 25:03
    (Risos)
  • 25:03 - 25:09
    Então, sim, eu quero pegar o GPHIN, eu quero construir sobre ele,
  • 25:09 - 25:13
    quero adicionar todos os idiomas do mundo que sejam possíveis,
  • 25:13 - 25:15
    quero fazer isso aberto a todos
  • 25:15 - 25:18
    para que o gestor de saúde em Nairobi ou em Patna, Bihar
  • 25:18 - 25:23
    tenha muito mais acesso a isso do que as pessoas em Ottawa ou no CDC,
  • 25:23 - 25:27
    e quero que isso faça parte de nossa cultura, que haja uma comunidade
  • 25:27 - 25:31
    de pessoas que cuidem dos piores pesadelos da humanidade,
  • 25:31 - 25:33
    e que isso seja acessível a todos.
Title:
Larry Brilliant quer parar pandemias
Speaker:
Larry Brilliant
Description:

Ao receber o Prêmio TED 2006, o Dr. Larry Brilliant fala sobre como a varíola foi erradicada do planeta e apela por um novo sistema global que possa identificar e conter pandemias antes que elas se espalhem.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
25:33
Ivani Brys added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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