A matemática do amor
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0:00 - 0:05Hoje quero falar-vos
da matemática do amor. -
0:05 - 0:08Penso que todos concordamos
que os matemáticos -
0:08 - 0:12são famosos por serem excelentes
a encontrar o amor. -
0:12 - 0:15Mas não é apenas por causa
das nossas fascinantes personalidades, -
0:15 - 0:20capacidades superiores de conversação
e excelentes estojos de lápis. -
0:20 - 0:24Na verdade, é também por nos termos
dedicado intensamente à matemática -
0:24 - 0:26de como encontrar o parceiro perfeito.
-
0:26 - 0:30No meu ensaio preferido sobre
este tema, intitulado -
0:30 - 0:33"Porque é que eu não tenho namorada"
(Risos) -
0:33 - 0:37Peter Backus tenta avaliar
as suas oportunidades de encontrar o amor. -
0:37 - 0:39Ora, o Peter não é muito ganancioso.
-
0:39 - 0:42De todas as mulheres disponíveis
do Reino Unido, -
0:42 - 0:45o Peter está à procura de alguém
que viva perto dele, -
0:45 - 0:47alguém na faixa etária certa,
-
0:47 - 0:50alguém com uma licenciatura,
-
0:50 - 0:52alguém com quem se possa dar bem,
-
0:52 - 0:54alguém que seja atraente,
-
0:54 - 0:56alguém que o ache atraente.
-
0:56 - 0:59(Risos)
-
0:59 - 1:05E obtém uma estimativa de 26 mulheres
em todo o Reino Unido. -
1:05 - 1:07Não parece grande coisa, pois não, Peter?
-
1:07 - 1:09Agora, para situar as coisas,
-
1:09 - 1:13isto é cerca de 400 vezes menos
do que as melhores estimativas -
1:13 - 1:16de quantas formas
de vida extraterrestre existem. -
1:16 - 1:21E também dá ao Peter
uma oportunidade em 285 000 -
1:21 - 1:24de dar com uma destas senhoras especiais
-
1:24 - 1:26numa determinada saída à noite.
-
1:26 - 1:29Gostaria de pensar que é por isso
que os matemáticos -
1:29 - 1:31já não se dão realmente ao trabalho
de saírem à noite. -
1:31 - 1:33O que se passa é que, pessoalmente,
-
1:33 - 1:35não subscrevo uma visão tão pessimista.
-
1:35 - 1:38Porque eu sei,
tal como todos vocês sabem, -
1:38 - 1:40que o amor não funciona
verdadeiramente assim. -
1:40 - 1:45A emoção humana não é ordenada e racional
e facilmente previsível. -
1:45 - 1:48Mas também sei que isso não significa
-
1:48 - 1:51que a matemática não tenha alguma coisa
para nos oferecer, -
1:51 - 1:55porque o amor, como quase tudo na vida,
está cheio de padrões -
1:55 - 1:59e a matemática, em último caso,
tem tudo a ver com o estudo de padrões. -
1:59 - 2:03Padrões desde a previsão do tempo
às flutuações do mercado da bolsa, -
2:03 - 2:07ao movimento dos planetas
ou ao crescimento das cidades. -
2:07 - 2:09E, para sermos sinceros,
também nenhuma destas coisas -
2:09 - 2:13é exatamente ordenada
e facilmente previsível. -
2:13 - 2:18Porque eu acredito que a matemática
é tão poderosa que tem o potencial -
2:18 - 2:22de nos oferecer uma nova maneira de olhar
para quase tudo. -
2:22 - 2:25Até algo tão misterioso como o amor.
-
2:25 - 2:27E, portanto, para vos tentar persuadir
-
2:27 - 2:31de quão absolutamente espantosa,
excelente e relevante é a matemática, -
2:31 - 2:35quero dar-vos
as minhas três principais dicas -
2:35 - 2:38matematicamente comprováveis sobre o amor.
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2:40 - 2:42Ok, então, Super Dica n.º 1:
-
2:42 - 2:45Como ter sucesso nos encontros "online".
-
2:46 - 2:50O meu "website" de encontros amorosos
"online" preferido é o OkCupid, -
2:50 - 2:54não apenas por ter sido fundado
por um grupo de matemáticos. -
2:54 - 2:55Como eles são matemáticos,
-
2:55 - 2:58têm recolhido dados
durante quase uma década -
2:58 - 3:00sobre todos os que decidem usar
o seu "website". -
3:00 - 3:02E têm tentado procurar padrões
-
3:02 - 3:04na forma como falamos de nós próprios
-
3:04 - 3:06e na forma como interagimos
uns com os outros -
3:06 - 3:08num "website" de encontros "online".
-
3:08 - 3:11E fizeram algumas descobertas
extremamente interessantes. -
3:11 - 3:12Mas a minha preferida
-
3:12 - 3:16é que parece que num "website"
de encontros "online", -
3:16 - 3:22a vossa popularidade não é ditada
pela vossa aparência física -
3:22 - 3:25e, na verdade, haver pessoas que pensem
que vocês não são atraentes -
3:25 - 3:28pode resultar a vosso favor.
-
3:28 - 3:30Deixem-me mostrar-vos
como é que funciona. -
3:30 - 3:35Numa secção felizmente voluntária
do OkCupid, -
3:35 - 3:38é-vos permitido avaliar quão atraentes
vocês pensam que as pessoas são -
3:38 - 3:40numa escala entre 1 e 5.
-
3:40 - 3:43Se compararmos esta pontuação,
a pontuação média, -
3:43 - 3:46com quantas mensagens um grupo
de pessoas recebe, -
3:46 - 3:48podemos começar a ter uma ideia
-
3:48 - 3:52de quanto a beleza é popular
num "website" de encontros "online". -
3:52 - 3:55Este é o gráfico
que os responsáveis do OkCupid criaram. -
3:55 - 3:58E o que é importante reparar
é que não é totalmente verdade -
3:58 - 4:01que quanto mais atraentes formos,
mais mensagens recebemos. -
4:01 - 4:05Mas a questão que se levanta é
o que têm de especial as pessoas ali -
4:05 - 4:10que são muito mais populares
do que as pessoas aqui em baixo, -
4:10 - 4:12mesmo tendo a mesma pontuação de
atração? -
4:12 - 4:17A razão para isso é que não é apenas
a beleza física que é importante. -
4:17 - 4:20Portanto, deixem-me ilustrar
as descobertas deles com um exemplo. -
4:20 - 4:24Por exemplo, a Portia de Rossi.
-
4:24 - 4:28Toda a gente concorda que a
Portia de Rossi é uma mulher muito bonita. -
4:28 - 4:32Ninguém pensa que é feia,
embora ela também não seja um supermodelo. -
4:32 - 4:37Se compararem a Portia de Rossi
com alguém como a Sarah Jessica Parker, -
4:37 - 4:40muitas pessoas, incluindo eu,
devo dizer, -
4:40 - 4:44pensam que a Sarah Jessica Parker
é verdadeiramente fabulosa -
4:44 - 4:47e possivelmente uma das criaturas
mais belas -
4:47 - 4:50que alguma vez caminharam à face da Terra.
-
4:50 - 4:56Mas algumas outras pessoas,
isto é, a maioria na Internet, -
4:56 - 4:59parecem pensar que ela se parece
um pouco com um cavalo. -
4:59 - 5:02(Risos)
-
5:03 - 5:06Ora, eu penso que se perguntarem
às pessoas quão atraentes -
5:06 - 5:09achavam que a Sarah Jessica Parker
ou a Portia de Rossi eram, -
5:09 - 5:11e se lhes pedirem para lhes darem
uma pontuação de 1 a 5, -
5:11 - 5:14calculo que ambas, em média,
terão a mesma pontuação. -
5:14 - 5:16Mas a forma das pessoas votarem
seria muito diferente. -
5:16 - 5:19A pontuação da Portia seria
maioritariamente cerca de 4 -
5:19 - 5:22porque toda a gente concorda
que ela é muito bonita, -
5:22 - 5:25enquanto que a Sarah Jessica Parker
divide totalmente as opiniões. -
5:25 - 5:27Haveria grandes diferenças
na sua pontuação. -
5:27 - 5:29E, na verdade, são estas diferenças
que contam. -
5:29 - 5:31São estas diferenças
que nos fazem mais populares -
5:31 - 5:34num "website" de encontros
"online" na Internet. -
5:34 - 5:35Portanto, o que isso significa
-
5:35 - 5:38é que se algumas pessoas
pensam que vocês são atraentes, -
5:38 - 5:40na verdade, é melhor para vocês
-
5:40 - 5:44terem algumas outras pessoas
que vos achem umas matrafonas. -
5:44 - 5:46Isso é muito melhor
do que toda a gente pensar -
5:46 - 5:48que vocês são a vizinha gira.
-
5:48 - 5:50Eu penso que isto começa a fazer
mais sentido -
5:50 - 5:53se pensarem nas pessoas
que estão a enviar estas mensagens. -
5:53 - 5:56Digamos que acham que alguém é atraente,
-
5:56 - 6:00mas que suspeitam que outras pessoas
não estarão necessariamente interessadas. -
6:00 - 6:03Isso significa que há menos competição
à vista -
6:03 - 6:05e é um incentivo extra para vocês
entrarem em contacto. -
6:05 - 6:08Agora comparem isso a pensarem
que alguém é atraente -
6:08 - 6:11mas suspeitarem que toda a gente
vai achar o mesmo. -
6:11 - 6:12Bem, sejamos francos,
-
6:12 - 6:15para que é que vocês se dariam
ao trabalho de se humilharem? -
6:15 - 6:17Começa aqui a parte
realmente interessante. -
6:17 - 6:19Porque quando as pessoas escolhem
as imagens -
6:19 - 6:22que usam no "website"
de encontros "online", -
6:22 - 6:24elas tentam, frequentemente,
minimizar as coisas -
6:24 - 6:27que pensam que algumas pessoas
possam achar pouco atraentes. -
6:27 - 6:31O exemplo clássico é que as pessoas
que são talvez um pouco gordinhas -
6:31 - 6:35escolhem deliberadamente
uma foto muito recortada, -
6:35 - 6:37ou os carecas, por exemplo,
-
6:37 - 6:40que deliberadamente escolhem
imagens em que usam chapéus. -
6:40 - 6:42Mas, na verdade, isto é o oposto
do que deveriam fazer -
6:42 - 6:44se quiserem ser bem-sucedidos.
-
6:44 - 6:46Em vez disso, deveriam tirar partido
-
6:46 - 6:49do que quer que seja
que vos torne diferentes, -
6:49 - 6:53mesmo pensando que algumas pessoas
vos vão achar pouco atraentes. -
6:53 - 6:56Porque as pessoas que gostam de vocês
vão gostar de vocês de qualquer maneira, -
6:56 - 7:01e os falhados insignificantes que
não gostarem, só vos darão vantagem. -
7:01 - 7:03Super Dica n.º 2:
Como escolher o parceiro perfeito. -
7:03 - 7:07Vamos imaginar que vocês são
um sucesso estrondoso nos encontros. -
7:07 - 7:11Mas surge a pergunta de como é que
vão converter esse sucesso -
7:11 - 7:15em felicidade a longo prazo
e, em particular, -
7:15 - 7:19como é que decidem
quando é a altura certa para assentarem? -
7:19 - 7:22Geralmente,
não é aconselhável -
7:22 - 7:24casar com a primeira pessoa
que vos apareça -
7:24 - 7:27e que mostre algum interesse por vocês.
-
7:27 - 7:30Mas, de igual modo,
também não quererão alongar o tempo -
7:30 - 7:33se quiserem maximizar a vossa hipótese
de felicidade a longo prazo. -
7:33 - 7:36A minha autora preferida,
Jane Austen, diz assim: -
7:36 - 7:38"Uma mulher solteira de 27 anos
-
7:38 - 7:42"nunca pode esperar sentir
ou inspirar de novo afeição." -
7:42 - 7:44(Risos)
-
7:44 - 7:47Obrigadinha, Jane.
O que sabes tu do amor? -
7:48 - 7:49A questão é, então,
-
7:49 - 7:52como é que sabem quando
é a altura certa para assentar -
7:52 - 7:55considerando todas as pessoas
com que poderão namorar na vossa vida? -
7:55 - 7:59Felizmente, há um bocadinho delicioso
de matemática, que podemos usar -
7:59 - 8:01para nos ajudar com isto, chamado
"teoria da paragem ótima". -
8:01 - 8:03Vamos imaginar, então,
-
8:03 - 8:05que vão começar a namorar aos 15 anos
-
8:05 - 8:09e, idealmente, gostariam de se casar
aos 35 anos. -
8:09 - 8:11Há um número de pessoas
-
8:11 - 8:13com quem vocês poderiam
namorar ao longo da vossa vida, -
8:13 - 8:15e elas terão vários níveis de qualidade.
-
8:15 - 8:18As regras são estas: uma vez
que consigam acertar e casar -
8:18 - 8:22não podem olhar para o futuro
para perceberem o que poderiam ter tido -
8:22 - 8:24e, igualmente, não podem voltar atrás
e mudar de opinião. -
8:24 - 8:26Na minha experiência, pelo menos,
-
8:26 - 8:29normalmente as pessoas não gostam
de voltar a ser chamadas -
8:29 - 8:33anos depois de terem sido preteridas
por outra pessoa, ou talvez seja só eu. -
8:33 - 8:37A matemática diz então
que o que devem fazer -
8:37 - 8:40nos primeiros 37%
da vossa janela de encontros, -
8:40 - 8:44é rejeitar toda a gente como
sérios candidatos a casamento. -
8:44 - 8:46(Risos)
-
8:46 - 8:49E, depois, devem escolher
a pessoa seguinte que aparecer -
8:49 - 8:52que é melhor do que qualquer outra
que já viram antes. -
8:52 - 8:53Eis um exemplo.
-
8:53 - 8:56Pode ser matematicamente provado
que, ao fazerem isto, -
8:56 - 8:59estão, na verdade, a escolher
a melhor maneira possível -
8:59 - 9:03de maximizar as vossas hipóteses
de encontrar o parceiro perfeito. -
9:03 - 9:08Infelizmente, tenho de vos dizer que
este método traz alguns riscos. -
9:08 - 9:13Por exemplo, imaginem que
o vosso parceiro ideal apareceu -
9:13 - 9:16durante os vossos primeiros 37%.
-
9:16 - 9:19Infelizmente, teriam de o rejeitar.
-
9:19 - 9:22(Risos)
-
9:22 - 9:24E, se fizerem as contas,
-
9:24 - 9:26lamento que nenhuma outra
pessoa que apareça -
9:26 - 9:29venha a ser melhor que
qualquer um que já tenham conhecido, -
9:29 - 9:32por isso, terão de continuar a
rejeitar todos e morrer sozinhos. -
9:32 - 9:34(Risos)
-
9:35 - 9:40Provavelmente rodeados de gatos
a roer os vossos restos. -
9:40 - 9:43Outro risco é que — imaginem
-
9:43 - 9:47que as primeiras pessoas que
encontraram nos primeiros 37% -
9:47 - 9:51são incrivelmente monótonas,
chatas, terríveis. -
9:51 - 9:53Primeiro, como estão na fase de rejeição,
não há problema, -
9:53 - 9:55e podem rejeitá-los.
-
9:55 - 9:59Mas agora imaginem que a próxima
pessoa que aparece -
9:59 - 10:03é apenas um bocadinho menos
monótona, chata e terrível -
10:03 - 10:05do que todas as outras
que conheceram antes. -
10:05 - 10:09Se estiverem a seguir o raciocínio,
lamento mas terão de casar com ela -
10:09 - 10:12e acabar numa relação que,
honestamente, é subótima. -
10:12 - 10:13Desculpem lá...
-
10:13 - 10:16Mas acho mesmo que há aqui
uma oportunidade -
10:16 - 10:19para a Hallmark se introduzir
e aproveitar este mercado. -
10:19 - 10:21Um cartão de S. Valentim como este.
(Risos) -
10:21 - 10:25"Meu querido marido,
és marginalmente menos terrível -
10:25 - 10:28"do que os primeiros 37% de
pessoas com que saí." -
10:28 - 10:33Até fica mais romântico do que
o que costumo fazer. -
10:33 - 10:38Portanto, este método não
tem uma taxa de sucesso de 100% -
10:38 - 10:41mas não há outra estratégia possível
que faça melhor. -
10:41 - 10:44E na verdade, na Natureza,
há determinados tipos de peixe -
10:44 - 10:48que empregam e seguem
exatamente esta estratégia. -
10:48 - 10:50Rejeitam qualquer possível
pretendente que apareça -
10:50 - 10:53nos primeiros 37%
da época de acasalamento, -
10:53 - 10:57e depois desse período,
escolhem o primeiro peixe que aparece, -
10:57 - 10:59que, sei lá, é maior e mais corpulento
-
10:59 - 11:02do que todos os peixes que viram antes.
-
11:02 - 11:04De qualquer maneira, também acho que,
subconscientemente, -
11:04 - 11:07nós, humanos, fazemos a mesma coisa.
-
11:07 - 11:10Quando somos novos,
damo-nos algum tempo para -
11:10 - 11:13jogar no terreno e avaliar o mercado.
-
11:13 - 11:18E só começamos a olhar seriamente
para potenciais candidatos para casar -
11:18 - 11:20quando chegamos a meio
ou ao final dos 20. -
11:20 - 11:24Eu acho que isto é uma prova conclusiva,
se é que alguma vez foi necessária, -
11:24 - 11:26de que os cérebros de toda a gente
estão programados -
11:26 - 11:28para serem um bocadinho matemáticos.
-
11:28 - 11:30E foi esta a Super Dica n.º 2.
-
11:30 - 11:33Agora, a Super Dica n.º 3:
Como evitar o divórcio. -
11:33 - 11:36Vamos então imaginar que
escolheram o parceiro ideal -
11:36 - 11:41e que estão a assentar numa
relação duradoura e para a vida com ele. -
11:41 - 11:45Gosto de pensar que, idealmente,
toda a gente gostaria de evitar o divórcio, -
11:45 - 11:49com exceção de, sei lá,
talvez a mulher do Piers Morgan? -
11:50 - 11:52Mas é um facto triste da vida moderna
-
11:52 - 11:56que um em cada dois casamentos
nos EUA acabam em divórcio, -
11:56 - 12:00e o resto do mundo não está muito atrás.
-
12:00 - 12:02Eu desculpo-vos por talvez pensarem
-
12:02 - 12:05que os argumentos que precedem
o fim de um casamento -
12:05 - 12:09não são candidatos ideais
para investigação matemática. -
12:09 - 12:11Por um lado, é muito difícil saber
-
12:11 - 12:14o que deveríamos estar
a medir ou a quantificar. -
12:14 - 12:20Mas isto não impediu um psicólogo,
John Gottman, de fazer exatamente isso. -
12:20 - 12:26Gottman observou centenas de casais
a ter uma conversa -
12:26 - 12:28e registou... bem, tudo aquilo
em que conseguirem pensar. -
12:28 - 12:31Registou o que foi dito na conversa,
-
12:31 - 12:33registou a condutividade da pele,
-
12:33 - 12:35as suas expressões faciais,
-
12:35 - 12:37o ritmo cardíaco, a tensão arterial,
-
12:37 - 12:43basicamente tudo, exceto
se a mulher estava ou não sempre certa, -
12:43 - 12:46o que, incidentalmente, é a verdade.
-
12:46 - 12:49Mas o que Gottman
e a sua equipa descobriram -
12:49 - 12:52foi que um dos mais importantes preditores
-
12:52 - 12:54de se um casal se vai ou não divorciar,
-
12:54 - 12:59foi o quão positivo ou negativo era
cada um, durante a conversa. -
12:59 - 13:02Os casais que tinham muito baixo risco
-
13:02 - 13:06classificavam-se com mais pontos positivos
na escala de Gottman do que negativos. -
13:06 - 13:08Já as más relações,
-
13:08 - 13:11ou seja, que provavelmente
vão acabar em divórcio, -
13:11 - 13:15entravam numa espiral de negatividade.
-
13:15 - 13:18Apenas usando estas ideias muito simples,
-
13:18 - 13:20Gottman e o seu grupo
eram capazes de prever -
13:20 - 13:23se um determinado casal se iria divorciar
-
13:23 - 13:26com 90% de confiança.
-
13:26 - 13:29Mas só quando se juntou com
um matemático, James Murray, -
13:29 - 13:31é que começaram a perceber
-
13:31 - 13:36o que causa estas espirais de negatividade
e como é que ocorrem. -
13:36 - 13:37E os resultados que encontraram...
-
13:37 - 13:42Acho-os impressionantes,
incrivelmente simples e interessantes. -
13:42 - 13:46Estas equações preveem como é que
o marido ou a esposa vai responder -
13:46 - 13:48no seu turno seguinte de conversação,
-
13:48 - 13:50quão positivos ou negativos serão.
-
13:50 - 13:52E estas equações dependem
-
13:52 - 13:54do humor da pessoa quando está sozinha,
-
13:54 - 13:57do humor da pessoa quando está
com o seu parceiro, -
13:57 - 13:59mas, mais importante, dependem
-
13:59 - 14:02do quanto o marido ou a esposa
se influenciam um ao outro. -
14:02 - 14:05Ora, acho que é importante
sublinhar nesta altura -
14:05 - 14:08que se demonstrou que
estas mesmas equações -
14:08 - 14:10são perfeitamente capazes de descrever
-
14:10 - 14:14o que acontecerá entre dois países
numa corrida ao armamento. -
14:14 - 14:16(Risos)
-
14:18 - 14:22Ou seja, um casal em discussão
e em espiral de negatividade, -
14:22 - 14:24e à beira do divórcio,
-
14:24 - 14:28é matematicamente equivalente
ao início de uma guerra nuclear. -
14:28 - 14:31(Risos)
-
14:31 - 14:33Mas o termo realmente
importante nesta equação -
14:33 - 14:36é a influência que as pessoas
têm umas nas outras -
14:36 - 14:39e, em particular, algo chamado
de "limiar da negatividade". -
14:39 - 14:41Podem pensar neste limiar
da negatividade -
14:41 - 14:45como quão chato consegue ser o marido
-
14:45 - 14:50antes que a esposa comece a ficar
mesmo chateada, e vice-versa. -
14:50 - 14:54Eu sempre pensei que os bons casamentos
significassem compromisso e compreensão, -
14:54 - 14:57e permitir ao outro ter espaço
para ser ele próprio. -
14:57 - 15:01Por isso pensaria que as relações
com mais sucesso talvez -
15:01 - 15:04fossem aquelas em que houvesse
um limite de negatividade mesmo alto. -
15:04 - 15:06Em que os casais deixassem
passar algumas coisas -
15:06 - 15:09e apenas trouxessem alguma coisa à baila
quando fosse mesmo séria. -
15:09 - 15:12Mas, na verdade, a matemática
e as descobertas seguintes do grupo -
15:12 - 15:15mostraram que o oposto é que é verdade.
-
15:15 - 15:18Os melhores casais,
ou aqueles com mais sucesso, -
15:18 - 15:22são aqueles que têm um limite
de negatividade mesmo baixo. -
15:22 - 15:25Estes casais são aqueles
que não deixam passar nada -
15:25 - 15:28e que dão um ao outro
o espaço para reclamar. -
15:28 - 15:30Estes são os casais
-
15:30 - 15:34que estão continuamente
a tentar reparar a sua própria relação, -
15:34 - 15:37que têm uma perspetiva muito mais
positiva do seu casamento. -
15:37 - 15:39Casais que não deixam passar nada
-
15:39 - 15:44e que não deixam que coisas triviais
se tornem coisas grandes e sérias. -
15:44 - 15:50Claro que é preciso um pouco mais do
que apenas um baixo limite de negatividade -
15:50 - 15:54e não fazer cedências
para se ter uma relação de sucesso. -
15:54 - 15:57Mas acho que é bastante interessante
-
15:57 - 15:59saber que há realmente
evidência matemática -
15:59 - 16:03a dizer que devemos acalmar
a nossa fúria antes de terminar o dia. -
16:03 - 16:05Pronto, são estas
as minhas três super dicas -
16:05 - 16:08de como a matemática vos pode ajudar
com o amor e os relacionamentos. -
16:08 - 16:10Mas espero que, além do seu uso
como dicas, -
16:10 - 16:14que também vos deem uma noção um bocadinho
maior do poder da matemática. -
16:14 - 16:18Porque, para mim, as equações e
os símbolos não são só uma coisa. -
16:18 - 16:23São uma voz que fala sobre
a incrível riqueza da Natureza -
16:23 - 16:25e a simplicidade estonteante
-
16:25 - 16:29dos padrões que nos envolvem,
que giram e evoluem à nossa volta, -
16:29 - 16:32desde como o mundo funciona
a como nós nos comportamos. -
16:32 - 16:35Por isso espero que,
pelo menos para alguns de vocês, -
16:35 - 16:37esta pequena perspetiva
sobre a matemática do amor -
16:37 - 16:40possa persuadir-vos a ter um
bocadinho mais de amor à matemática. -
16:40 - 16:42Obrigada.
-
16:42 - 16:44(Aplausos)
- Title:
- A matemática do amor
- Speaker:
- Hannah Fry
- Description:
-
Encontrar o parceiro perfeito não é fácil — mas será sequer matematicamente provável? Numa palestra encantadora, a matemática Hannah Fry mostra-nos os padrões da nossa busca pelo amor e dá-nos as suas três super dicas (comprovadas pela matemática!) para encontrarmos aquela pessoa especial.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:56
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for The mathematics of love | ||
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Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The mathematics of love | ||
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Isabel Vaz Belchior edited Portuguese subtitles for The mathematics of love | ||
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