O que é que causa alucinações? - Elizabeth Cox
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0:07 - 0:10Uma senhora idosa, chamada Rosalie,
estava num lar de idosos, -
0:10 - 0:14quando, de repente, o quarto dela
é inundado de tecidos de cores vivas. -
0:14 - 0:16Por entre os tecidos rebuscados
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0:16 - 0:18ela distinguia animais, crianças
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0:18 - 0:20e figuras fantasiadas.
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0:20 - 0:23Rosalie ficou alarmada,
não por causa daquela invasão, -
0:23 - 0:25mas porque sabia que aquela comitiva
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0:25 - 0:28era uma alucinação extremamente minuciosa.
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0:28 - 0:30A sua função cognitiva era excelente
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0:30 - 0:34e não tinha tomado nenhum medicamento
que pudesse causar alucinações. -
0:35 - 0:36O mais estranho de tudo é que,
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0:37 - 0:40se uma multidão real do circo
tivesse invadido o quarto dela, -
0:40 - 0:42ela não teria podido vê-la
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0:42 - 0:44porque estava totalmente cega.
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0:44 - 0:48Rosalie sofria de uma doença
conhecida por Síndroma de Charles Bonnet -
0:48 - 0:52em que os doentes com deficiência visual
ou totalmente cegos -
0:52 - 0:55de repente veem cenas inteiras
em cores vivas. -
0:56 - 0:58Estas alucinações aparecem
subitamente, -
0:58 - 1:02e podem durar alguns minutos
ou repetir-se durante anos. -
1:02 - 1:06Ainda não percebemos bem o que faz
com que elas apareçam e desapareçam -
1:06 - 1:09ou porque é que alguns doentes
as têm e outros não. -
1:09 - 1:13Só sabemos, pelos estudos de fMRI
que estas alucinações -
1:13 - 1:16ativam as mesmas áreas
do cérebro que a visão. -
1:16 - 1:19áreas que não são ativadas
pela imaginação. -
1:20 - 1:23Muitas outras alucinações,
incluindo os cheiros, -
1:23 - 1:25as visões e os sons,
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1:25 - 1:28também envolvem
as mesmas áreas do cérebro -
1:28 - 1:30que as experiências sensórias reais.
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1:30 - 1:35Por isso, pensa-se que o córtex cerebral
desempenha um papel nas alucinações. -
1:36 - 1:40Esta delgada camada de matéria cinzenta
envolve todo o cérebro -
1:40 - 1:44em que diferentes áreas processam
as informações de cada um dos sentidos. -
1:44 - 1:47Mas, mesmo em pessoas
com sentidos totalmente perfeitos -
1:47 - 1:50o cérebro constrói o mundo
que apreendemos -
1:50 - 1:52a partir de informações incompletas.
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1:52 - 1:54Por exemplo, os nossos olhos
têm locais cegos -
1:54 - 1:57em que o nervo ótico
bloqueia parte da retina. -
1:57 - 2:01Quando o córtex visual processa a luz
em imagens coerentes -
2:01 - 2:05preenche estes locais cegos
com informações da área envolvente. -
2:06 - 2:10Por vezes, podemos reparar numa falha,
mas quase sempre não damos por nada. -
2:11 - 2:14Quando o córtex visual é privado
de informações dos olhos, -
2:14 - 2:16mesmo temporariamente,
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2:16 - 2:19o cérebro continua a tentar
criar uma imagem coerente -
2:19 - 2:22mas os limites da sua capacidade
tornam-se muito mais evidentes. -
2:24 - 2:28As alucinações do Síndroma
de Charles Bonnet são exemplo disso. -
2:28 - 2:31Como o Síndroma de Charles Bonnet
só acontece em pessoas -
2:31 - 2:34que tiveram uma visão normal
e depois perderam a visão. -
2:34 - 2:36e nunca nas pessoas que nasceram cegas,
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2:36 - 2:39os cientistas pensam que o cérebro
usa recordações de imagens -
2:39 - 2:42para compensar a falta de
novas informações visuais. -
2:42 - 2:44O mesmo é verdade para outros sentidos.
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2:44 - 2:48As pessoas que perderam o ouvido
podem ter alucinações de música ou vozes, -
2:48 - 2:52por vezes tão elaboradas como
a cacofonia de uma banda militar. -
2:54 - 2:56Para além da privação sensorial,
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2:56 - 2:58as drogas recreativas e terapêuticas,
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2:58 - 3:01doenças como a epilepsia
e a narcolepsia -
3:01 - 3:04e as perturbações psiquiátricas
como a esquizofrenia, -
3:04 - 3:07são algumas das muitas causas
conhecidas de alucinações -
3:07 - 3:09e continuamos a descobrir outras.
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3:09 - 3:12Algumas das alucinações mais conhecidas
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3:12 - 3:16estão associadas a drogas
como o LSD e a psilocibina. -
3:16 - 3:18Os seus efeitos característicos
incluem a sensação -
3:18 - 3:21de que objetos secos estão húmidos
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3:21 - 3:23e de que as superfícies estão a respirar.
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3:23 - 3:27Em doses mais altas, o mundo visual
pode parecer estar a derreter-se, -
3:27 - 3:28a dissolver-se em redemoinhos,
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3:29 - 3:31ou a explodir em padrões tipo fractais.
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3:31 - 3:35Os indícios sugerem que estas drogas
também atuam no córtex cerebral, -
3:36 - 3:40Mas, enquanto uma deficiência visual
normalmente só causa alucinações visuais -
3:40 - 3:42e a perda de audição
alucinações auditivas, -
3:42 - 3:44substâncias como o LSD
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3:44 - 3:48causam perturbações percetivas
de todos os sentidos, -
3:49 - 3:53porque, segundo parece, ativam recetores
numa ampla série de áreas cerebrais, -
3:53 - 3:56incluindo as regiões corticais
de todos os sentidos. -
3:57 - 4:01O LSD e a psilocibina funcionam
como a serotonina no cérebro, -
4:01 - 4:05ligando diretamente um tipo
de recetor de serotonina em especial. -
4:05 - 4:09Embora o papel da serotonina no cérebro
seja complexo e ainda mal compreendido, -
4:09 - 4:13parece desempenhar um papel importante
na integração das informações -
4:13 - 4:15recebidas dos olhos, do nariz,
dos ouvidos -
4:15 - 4:17e de outros órgãos sensoriais.
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4:17 - 4:21Uma das teorias é que o LSD
e a psilocibina provocam alucinações -
4:21 - 4:25por perturbarem a sinalização
envolvida na integração sensorial. -
4:25 - 4:28As alucinações associadas
à esquizofrenia -
4:28 - 4:33podem ter um mecanismo semelhante
às causadas pelo LSD e pela psilocibina. -
4:34 - 4:35Doentes com esquizofrenia
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4:35 - 4:38têm frequentemente níveis elevados
de serotonina no cérebro. -
4:38 - 4:42E as drogas antipsicóticas atenuam
os sintomas da esquizofrenia -
4:42 - 4:45bloqueando os mesmos
recetores de serotonina -
4:45 - 4:47que o LSD e a psilocibina interligam.
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4:48 - 4:49Nalguns casos,
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4:49 - 4:52estas drogas também podem
atenuar as alucinações -
4:52 - 4:55de doentes com Síndroma de Charles Bonnet.
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4:55 - 4:58Estamos ainda muito longe de perceber
todas as diversas causas -
4:58 - 5:01e mecanismos interligados
das alucinações. -
5:01 - 5:04Mas é óbvio que
as experiências alucinatórias -
5:04 - 5:08estão muito mais ligadas à perceção
vulgar do que julgávamos. -
5:08 - 5:10Ao estudar as alucinações,
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5:10 - 5:12aprendemos muitas coisas
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5:12 - 5:14sobre como o cérebro constrói
o mundo que vemos, -
5:14 - 5:17que ouvimos, cheiramos e tocamos.
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5:17 - 5:19À medida que aprendemos mais,
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5:19 - 5:22vamos apreciando como
é subjetiva e individual -
5:22 - 5:26a ilha universo da perceção
de cada pessoa.
- Title:
- O que é que causa alucinações? - Elizabeth Cox
- Speaker:
- Elizabeth Cox
- Description:
-
Vejam a lição completa em: https://ed.ted.com/lessons/what-causes-hallucinations-elizabeth-cox
Uma situação chamada Síndroma de Charles Bonnet pode fazer com que pessoas cegas vejam alucinações em cores vivas. Estudos de imagem por ressonância magnética funcional (fMRI) mostram que essas alucinações ativam a mesma área cerebral que a visão - que é uma região totalmente diferente da imaginação. Outras alucinações também envolvem as mesmas áreas cerebrais que as experiências sensoriais reais. O que é que se passa? Elizabeth Cox pormenoriza a ciência das alucinações.
Lição de Elizabeth Cox, animada por Nerdo.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TED-Ed
- Duration:
- 05:43
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