Alice Dreger: é a anatomia o destino?
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0:00 - 0:03Eu quero que vocês imaginem 2 casais
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0:03 - 0:05no meio do ano de 1979
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0:05 - 0:08exactamente no mesmo dia, exactamente no mesmo momento,
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0:08 - 0:10cada um concebendo um bebé - ok.
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0:10 - 0:12Dois casais a conceberem um bebé.
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0:12 - 0:15Não quero que percam muito tempo a imaginar a concepção,
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0:15 - 0:17porque se estiverem o tempo todo a imaginar a concepção,
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0:17 - 0:19vocês não me vão ouvir.
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0:19 - 0:21Por isso pensem nisso apenas por um momento.
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0:21 - 0:23Neste cenário,
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0:23 - 0:25Eu quero que vocês imaginem, num dos casos,
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0:25 - 0:27o esperma leva um cromossoma Y,
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0:27 - 0:29ao encontro do cromossoma X do óvulo.
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0:29 - 0:31E no outro caso,
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0:31 - 0:33o esperma leva um cromossoma X,
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0:33 - 0:35ao encontro do cromossoma X do óvulo.
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0:35 - 0:37Ambos são viáveis; ambos se desenvolveram.
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0:37 - 0:39Voltaremos a estas pessoas mais tarde.
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0:39 - 0:41Eu uso dois chapéus
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0:41 - 0:43em quase tudo o que faço.
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0:43 - 0:45Com um chapéu,
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0:45 - 0:47trabalho em História da Anatomia.
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0:47 - 0:49Eu sou historiadora por formação,
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0:49 - 0:51e neste caso, o que eu estudo
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0:51 - 0:54é o modo como as pessoas têm lidado com a anatomia -
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0:54 - 0:56isto é, corpos humanos, corpos de animais -
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0:56 - 0:59como lidavam com fluídos corporais, conceitos de corpos;
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0:59 - 1:01como eles pensavam sobre corpos.
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1:01 - 1:03O outro chapéu que tenho usado
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1:03 - 1:05é como activista,
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1:05 - 1:07como advogada dos pacientes -
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1:07 - 1:10ou, como às vezes digo, uma advogada impaciente -
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1:10 - 1:12de pessoas que são pacientes de médicos.
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1:12 - 1:14Neste caso, tenho trabalhado com
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1:14 - 1:16pessoas que têm tipos de corpo
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1:16 - 1:18que desafiam as normas sociais.
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1:18 - 1:20Algo com que tenho trabalhado, por exemplo,
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1:20 - 1:22é com gémeos siameses,
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1:22 - 1:24duas pessoas no mesmo corpo.
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1:24 - 1:26Também tenho trabalho com pessoas com nanismo -
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1:26 - 1:29ou seja, pessoas que são mais pequenas que o normal.
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1:29 - 1:31E tenho trabalhado muito com
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1:31 - 1:33pessoas que têm um sexo atipico -
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1:33 - 1:35pessoas que não têm o padrão corporal masculino
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1:35 - 1:37ou o padrão corporal feminino típico.
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1:37 - 1:41E como termo geral, podemos usar o termo 'intersexo' para isto.
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1:41 - 1:43A intersexualidade existe em muitas formas diferentes.
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1:43 - 1:45Vou dar-vos apenas alguns exemplos
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1:45 - 1:47dos diferentes tipos em que podem ter o sexo
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1:47 - 1:49que não é o típico homem ou mulher.
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1:49 - 1:51Assim, como exemplo,
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1:51 - 1:54podemos ter alguém com base cromossómica XY
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1:54 - 1:57e o gene SRY do cromossoma Y
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1:57 - 1:59diz às 'proto-gónadas', que todos temos no desenvolvimento fetal,
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1:59 - 2:01para se desenvolverem como testículos.
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2:01 - 2:04E assim na vida fetal os testículos libertam testosterona.
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2:04 - 2:07Mas devido a esta falta de receptores individuais
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2:07 - 2:09para ouvir essa testosterona.
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2:09 - 2:11o corpo não reage à testosterona.
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2:11 - 2:15E esta é uma síndrome chamada Síndrome de Insensibilidade ao Androgénio
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2:15 - 2:18Ou seja, elevados níveis de testosterona, mas nenhuma reacção a ela.
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2:18 - 2:20Como consequência, o corpo desenvolve-se
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2:20 - 2:22mais de acordo com a trajectória feminina usual.
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2:22 - 2:24Quando a criança nasce, parece-se com uma rapariga.
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2:24 - 2:27Ela é uma rapariga. É educada como uma rapariga.
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2:27 - 2:29E não raras vezes até atingir a puberdade
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2:29 - 2:31ela cresce e desenvolvem-se os seios,
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2:31 - 2:33mas ela não está a menstruar
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2:33 - 2:35e é quando alguém descobre algo aqui.
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2:35 - 2:37Fazem alguns testes e descobrem que,
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2:37 - 2:39em vez de existirem ovários e um útero interiormente,
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2:39 - 2:42existem testículos internos, e que ela tem o cromossoma Y.
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2:42 - 2:44O que é importante entender
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2:44 - 2:46é que vocês podem pensar nesta pessoa como sendo um homem,
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2:46 - 2:48mas ela não o é na verdade.
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2:48 - 2:50As mulheres, tal como os homens,
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2:50 - 2:52têm no seu corpo algo chamado glândulas supra-renais.
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2:52 - 2:54Elas existem na parte detrás do nosso corpo.
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2:54 - 2:56E as glândulas supra-renais produzem androgénios
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2:56 - 2:58que é uma hormona masculinizante.
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2:58 - 3:00A maioria das mulheres como eu - acredito que sou uma mulher típica -
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3:00 - 3:02Na verdade eu não sei como são os meus cromossomas
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3:02 - 3:04mas eu acho que sou provavelmente típica -
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3:04 - 3:07a maioria das mulheres como eu são sensíveis aos androgénios.
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3:07 - 3:10Nós produzimos androgénio, e respondemos ao androgénio.
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3:10 - 3:12A consequência é a de que alguém como eu
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3:12 - 3:15foi cerebralmente exposta a mais androgénios
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3:15 - 3:17do que as mulheres que nasceram com testículos
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3:17 - 3:19que tem o Síndrome de Insensibilidade ao Androgénio.
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3:19 - 3:21O sexo é na verdade complicado; a intersexualidade
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3:21 - 3:23não existe apenas no meio do espectro sexual -
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3:23 - 3:25em alguns casos, ela pode estar em todo o lado.
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3:25 - 3:27Outro exemplo:
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3:27 - 3:30há uns anos atrás eu recebi uma chamada de um homem de 19 anos,
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3:30 - 3:32que nasceu rapaz, foi educado como rapaz,
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3:32 - 3:35tinha uma namorada, tinha relações sexuais com a namorada,
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3:35 - 3:37vivia a vida como um rapaz
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3:37 - 3:40e que descobriu que tinha ovários e um útero internamente.
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3:40 - 3:42O que tínhamos aqui era uma forma extrema
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3:42 - 3:44de uma condição chamada Hiperplasia Adrenal Congénita.
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3:44 - 3:46Ele tinha os cromossomas XX,
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3:46 - 3:48e no útero,
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3:48 - 3:50as glândulas supra-renais num funcionamento tão elevado
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3:50 - 3:54que ele desenvolveu, essencialmente, um ambiente hormonal masculino.
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3:54 - 3:56E como consequência, os seus genitais masculinizaram-se,
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3:56 - 3:58o cérebro foi sujeito
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3:58 - 4:00aos componentes hormonais tipicamente masculinos.
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4:00 - 4:03E ele nasceu parecendo um rapaz - ninguém suspeitou de nada.
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4:03 - 4:06E foi apenas quando atingiu os 19 anos
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4:06 - 4:08que ele começou a ter problemas médicos consideráveis
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4:08 - 4:10na verdade, porque menstruava internamente,
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4:10 - 4:13que os médicos descobriram, que de facto, ele era feminino internamente.
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4:13 - 4:15Ok, só mais um exemplo rápido
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4:15 - 4:17de como pode existir intersexo.
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4:17 - 4:19Algumas pessoas que têm os cromossomas XX
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4:19 - 4:21desenvolvem o que se chama ovotéstis
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4:21 - 4:23que é quando existe tecido ovariano
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4:23 - 4:25envolvido por tecido testicular.
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4:25 - 4:27Não temos a certeza de porque acontece.
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4:27 - 4:30Assim, o sexo existe em muitas formas diferentes.
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4:30 - 4:32A razão
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4:32 - 4:34porque as crianças com estes tipos de corpos -
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4:34 - 4:37quer seja nanismo, gémeos siameses,
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4:37 - 4:39ou um tipo intersexual -
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4:39 - 4:41são normalmente normalizadas pelos cirurgiões
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4:41 - 4:43não é na verdade porque os deixa melhor
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4:43 - 4:45em termos de saúde física.
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4:45 - 4:48Em muitos casos, as pessoas são perfeitamente saudáveis.
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4:48 - 4:51A razão pela qual se submetem a vários tipos de cirurgias
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4:51 - 4:54é porque elas ameaçam as nossas categorias sociais.
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4:54 - 4:57O nosso sistema tem-se baseado na ideia
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4:57 - 5:00de que a uma anatomia em particular corresponde uma identidade particular.
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5:00 - 5:02E assim temos o conceito de que o que significa ser mulher
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5:02 - 5:04é ter uma identidade feminina;
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5:04 - 5:06o que significa que ser negro é, alegadamente,
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5:06 - 5:09ter uma anatomia africana
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5:09 - 5:11em termos históricos.
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5:11 - 5:14E assim temos esta ideia terrivelmente simplista.
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5:14 - 5:16E quando nos confrontamos com um corpo
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5:16 - 5:19que nos mostra algo muito diferente,
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5:19 - 5:22isso choca-nos em termos dessas categorizações.
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5:22 - 5:24Temos diversas ideias românticas na nossa cultura
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5:24 - 5:26sobre o individualismo.
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5:26 - 5:29E a nossa nação está verdadeiramente fundada num conceito romântico de individualismo.
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5:29 - 5:32Vocês podem imaginar o quanto assustador é
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5:32 - 5:34quando vocês têm filhos
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5:34 - 5:36que têm duas pessoas dentro de um corpo.
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5:36 - 5:40Onde estive envolvida nisto, mais recentemente
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5:40 - 5:43foi no ano passado, com a atleta sul-africana, Caster Semenya,
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5:43 - 5:46quando o seu sexo esteve em debate, nos jogos Internacionais de Berlim.
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5:46 - 5:49Ligaram-me muitos jornalistas, a perguntar,
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5:49 - 5:51"Qual é o exame que vão fazer
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5:51 - 5:53que nos vai dizer se
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5:53 - 5:55Caster Semenya é homem ou mulher?"
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5:55 - 5:58E eu tive de explicar aos jornalistas que não existe esse tipo de teste.
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5:58 - 6:00Na verdade, sabemos agora
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6:00 - 6:02que o sexo é tão complicado
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6:02 - 6:04que temos de admitir
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6:04 - 6:07que a natureza não nos traçou a linha entre masculino e feminino,
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6:07 - 6:10ou entre masculino e intersexual e feminino e intersexual;
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6:10 - 6:13nós na verdade traçamos essa linha pela natureza.
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6:13 - 6:15Então o que temos é um tipo de situação
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6:15 - 6:17em que quanto mais avança a ciência,
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6:17 - 6:19mais temos que admitir para nós mesmos
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6:19 - 6:21que estas categorias
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6:21 - 6:23em que pensávamos como categorias anatómicas estáveis
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6:23 - 6:25que correspondiam simplificadamente
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6:25 - 6:27a categorias de identidade estáveis
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6:27 - 6:29são muito mais vagas do que pensávamos.
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6:29 - 6:31E não é apenas em relação ao sexo.
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6:31 - 6:33É também em relação à raça,
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6:33 - 6:35que parece ser ainda mais complicada
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6:35 - 6:37do que a nossa terminologia tem permitido.
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6:37 - 6:40À medida que olhamos, entramos em várias zonas inconfortáveis.
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6:40 - 6:42Vejamos, por exemplo, o facto de que
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6:42 - 6:44partilhamos pelo menos 95% do nosso DNA
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6:44 - 6:46com os chimpanzés.
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6:46 - 6:48O que fazemos nós do facto
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6:48 - 6:51de que diferimos deles por uns poucos nucleótidos?
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6:51 - 6:54À medida que vamos longe e mais longe com a nossa ciência,
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6:54 - 6:56nós entramos cada vez mais numa zona desconfortável
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6:56 - 6:58onde temos que reconhecer
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6:58 - 7:00de que as categorias simplistas que existem
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7:00 - 7:02são provavelmente demasiado simplistas.
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7:02 - 7:04E nós encontramos isto
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7:04 - 7:06em todo o tipo de contextos na vida humana.
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7:06 - 7:08Um dos contextos onde estamos a ver isso, por exemplo,
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7:08 - 7:10na nossa cultura actual, nos Estados Unidos de hoje,
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7:10 - 7:13são batalhas sobre o inicio e o fim da vida.
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7:13 - 7:15Nós temos conversas difíceis
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7:15 - 7:18sobre em que ponto decidimos que um corpo se torna humano,
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7:18 - 7:21de tal modo que tem direitos diferentes de um feto.
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7:21 - 7:23Nós temos conversas muito difíceis actualmente -
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7:23 - 7:26provavelmente não tão a céu aberto como dentro da medicina -
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7:26 - 7:28relativamente à questão de quando alguém está morto.
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7:28 - 7:30No passado, os nossos ancestrais nunca tiveram de se debater tanto
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7:30 - 7:32com esta questão de quando alguém morreu.
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7:32 - 7:34No máximo, eles colocariam uma pena sob o nariz da pessoa,
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7:34 - 7:36e se ela se movesse, eles não a enterrariam.
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7:36 - 7:39Se ela parasse de se mover, eles enterrariam.
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7:39 - 7:41Mas hoje, temos a situação
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7:41 - 7:43em que queremos tirar os órgãos vitais de pessoas
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7:43 - 7:45e dá-los a outras pessoas.
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7:45 - 7:47E como consequência,
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7:47 - 7:49estamos bloqueados em termos de lidar com esta questão realmente difícil
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7:49 - 7:51sobre quem está morto.
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7:51 - 7:53E isto leva-nos a uma situação realmente difícil
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7:53 - 7:56onde não temos categorias tão simples como tivemos antes.
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7:56 - 7:59Vocês podem pensar que toda estas quebras das categorias
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7:59 - 8:01iriam fazer pessoas como eu realmente felizes.
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8:01 - 8:04Eu sou uma política progressiva, eu defendo pessoas com corpos atípicos,
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8:04 - 8:06mas eu tenho de admitir-vos que isto me deixa nervosa.
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8:06 - 8:08Compreender que estas categorias
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8:08 - 8:11são muito mais instáveis do que pensávamos deixa-me tensa.
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8:11 - 8:13E faz-me tensa
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8:13 - 8:15do ponto de vista do conceito de democracia.
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8:15 - 8:17Assim na intenção de vos falar desta tensão
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8:17 - 8:20eu tenho primeiro de admitir que eu sou uma grande fã dos Pais Fundadores.
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8:20 - 8:22Eu sei que eles eram racistas, sei que eram sexistas,
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8:22 - 8:24mas eles eram excelentes.
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8:24 - 8:27Quero dizer, eles eram tão corajosos e tão audazes
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8:27 - 8:30e tão radicais no que faziam
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8:30 - 8:33que eu dou por mim a rever o musical "1776" de tempos a tempos,
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8:33 - 8:36e não é por causa da música, que é para esquecer.
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8:36 - 8:38É por causa do que aconteceu em 1776
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8:38 - 8:40com os Pais Fundadores.
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8:40 - 8:42Os Pais Fundadores foram, do meu ponto de vista,
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8:42 - 8:44os primeiros activistas anatómicos,
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8:44 - 8:46e esta é a razão.
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8:46 - 8:49O que eles rejeitaram foi um conceito anatómico
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8:49 - 8:51e substituíram-no com outro conceito
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8:51 - 8:54que era radical e muito bonito e que se manteve por 200 anos.
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8:54 - 8:56Como todos recordam,
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8:56 - 8:59o que os nossos Pais Fundadores rejeitavam era o conceito de monarquia.
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8:59 - 9:01E a monarquia baseava-se sobretudo
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9:01 - 9:03num conceito muito simplista de anatomia.
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9:03 - 9:05Os monarcas do velho mundo
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9:05 - 9:07não conheciam o conceito de DNA,
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9:07 - 9:09mas eles tinham um conceito de direito de nascimento.
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9:09 - 9:11Tinham o conceito de sangue azul.
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9:11 - 9:14Tinham a ideia de que as pessoas que estariam no poder político
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9:14 - 9:16deviam estar nessa posição
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9:16 - 9:18devido ao sangue, que se transmitia
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9:18 - 9:21do avô para o pai, para o filho, e assim por diante.
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9:21 - 9:23Os Pais Fundadores rejeitaram esta ideia,
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9:23 - 9:26e substituíram-na por um conceito anatómico novo,
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9:26 - 9:28e esse conceito
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9:28 - 9:30era o de que todos os homens são tratados igualmente.
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9:30 - 9:32Eles nivelaram aquele campo de batalha
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9:32 - 9:34e decidiram que o que interessava na anatomia
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9:34 - 9:36era a anatomia em comum
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9:36 - 9:38não as diferenças na anatomia.
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9:38 - 9:41E isso foi realmente radical.
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9:41 - 9:43Eles fizeram-no em parte
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9:43 - 9:45porque eram parte de um sistema iluminado
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9:45 - 9:47onde duas coisas estavam a crescer juntas.
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9:47 - 9:49Era a democracia a crescer,
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9:49 - 9:52mas era também a ciência a creser ao mesmo tempo.
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9:52 - 9:54E isto é muito claro, se olharem para a história dos Pais Fundadores,
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9:54 - 9:56muitos deles estavam muito interessados na ciência,
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9:56 - 9:58e estavam interessados no conceito
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9:58 - 10:00de um mundo naturalista.
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10:00 - 10:03Eles estavam a distanciar-se de explicações sobrenaturais,
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10:03 - 10:06e rejeitavam coisas como o conceito de poder sobrenatural,
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10:06 - 10:08que era transmitido
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10:08 - 10:11com este conceito muito vago de direito de nascimento.
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10:11 - 10:13Eles estavam a mover-se em direcção a um conceito naturalista.
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10:13 - 10:16E se vocês olharem, por exemplo, para a Declaração de Independência,
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10:16 - 10:19eles falam em natureza e Deus da natureza.
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10:19 - 10:21Eles não falam em Deus e na natureza de Deus.
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10:21 - 10:23Eles falavam sobre o poder da natureza
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10:23 - 10:25para nos dizer quem somos nós.
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10:25 - 10:27Como parte disso,
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10:27 - 10:29eles estavam a trazer-nos o conceito
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10:29 - 10:31de "comunalidade" da anatomia.
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10:31 - 10:34E ao fazê-lo, eles estavam realmente a criar, de um modo muito bonito
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10:34 - 10:36as mudanças do Direitos Civis do futuro.
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10:36 - 10:39Eles não pensaram nisso desta maneira, mas eles fizeram-nos por nós, e isso foi maravilhoso.
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10:39 - 10:41E o que aconteceu anos depois?
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10:41 - 10:43O que aconteceu foi que, por exemplo,
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10:43 - 10:45as mulheres que queriam ter o direito de voto,
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10:45 - 10:47usaram o conceito dos Pais Fundadores
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10:47 - 10:49da semelhança anatómica ser mais importante
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10:49 - 10:51do que as diferenças anatómicas
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10:51 - 10:53e disseram, "O facto de termos útero e ovários
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10:53 - 10:56não é significante o suficiente em termos de diferença
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10:56 - 10:58para justificar que não devemos ter o direito de votar,
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10:58 - 11:00o direito à plena cidadania,
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11:00 - 11:02o direito a ter propriedades, etc., etc."
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11:02 - 11:04E as mulheres argumentaram-no eficazmente.
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11:04 - 11:07Depois veio o movimento dos Direitos Civis,
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11:07 - 11:09onde encontramos pessoas como Sojourner Truth
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11:09 - 11:11que dizia, "Não sou uma mulher?"
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11:11 - 11:13Nós encontramos homens,
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11:13 - 11:15nas marchas do movimento dos Direitos Civis
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11:15 - 11:17dizendo, "Eu sou um homem."
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11:17 - 11:19Mais uma vez, pessoas de cor
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11:19 - 11:21apelando para o que é comum anatomicamente ao invés das diferenças anatómicas,
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11:21 - 11:23de novo, eficazmente.
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11:23 - 11:26Nós vemos a mesma coisa com o movimento dos direitos das pessoas incapacitadas.
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11:27 - 11:29O problema é que, claro,
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11:29 - 11:31à medida que começamos a olhar para toda as semelhanças,
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11:31 - 11:33temos que nos começar a perguntar
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11:33 - 11:35porque mantemos certas divisões.
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11:35 - 11:37Lembrem-se, eu quero manter algumas divisões,
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11:37 - 11:39anatomicamente, na nossa cultura.
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11:39 - 11:41Por exemplo, eu não quero
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11:41 - 11:43dar a um peixe os mesmos direitos que a um humano.
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11:43 - 11:45Eu não quero dizer que vamos desistir completamente da anatomia.
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11:45 - 11:47Eu não quero dizer que os meninos com 5 anos de idade
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11:47 - 11:50devem ter permissão para ter relações sexuais ou casarem-se.
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11:50 - 11:52Há algumas divisões anatómicas
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11:52 - 11:55que fazem sentido para mim, e que eu acho que devemos manter.
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11:55 - 11:58Mas o desafio é tentar discernir quais são
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11:58 - 12:01e porque as devemos manter e se têm sentido.
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12:01 - 12:03Vamos voltar aqueles dois seres humanos
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12:03 - 12:05concebidos no inicio desta conversa.
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12:05 - 12:07Nós temos dois seres, ambos concebidos
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12:07 - 12:10durante o ano de 1979 exacatamente no mesmo dia.
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12:10 - 12:12Vamos imaginar uma delas, Mary,
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12:12 - 12:14nasceu três meses prematuramente,
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12:14 - 12:16nasceu no primeiro dia de Junho de 1980.
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12:16 - 12:18Henry, contrariamente, nasceu no tempo certo,
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12:18 - 12:21e nasceu no dia 1 de Março de 1980.
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12:21 - 12:23Simplesmente em virtude do facto
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12:23 - 12:25de que a Mary nasceu 3 meses prematuramente,
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12:25 - 12:27ela naseu com todos os direitos
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12:27 - 12:30três meses antes do que o Henry -
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12:30 - 12:32o direito de consentir o sexo,
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12:32 - 12:34o direito de votar, o direito de beber.
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12:34 - 12:36Henry teve de esperar por tudo isso,
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12:36 - 12:39não porque ele é diferente na idade, biologicamente,
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12:39 - 12:41excepto devido a quando ele nasceu.
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12:41 - 12:44Nós encontramos outro tipo de bizarrias em relação a quais são os seus direitos.
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12:44 - 12:47Henry, em virtude de ser assumido como sendo homem -
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12:47 - 12:49apesar de eu não vos ter dito de que ele é um XY -
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12:49 - 12:52na virtude de ser assumido como homem
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12:52 - 12:54está disponível para ser recrutado,
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12:54 - 12:56algo com que Marry não precisa de se preocupar.
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12:56 - 12:58Por sua vez, Marry, não pode ter em alguns estados
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12:58 - 13:00os mesmos direitos que Henry tem em todos os estados,
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13:00 - 13:02nomedamente, o direito ao casamento.
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13:02 - 13:05Henry pode casar-se com uma mulher em qualquer estado,
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13:05 - 13:09mas Mary, actualmente, apenas se casar pode com uma mulher em alguns estados.
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13:09 - 13:12Assim nós temos estas categorias anatómicas que persistem
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13:12 - 13:15que são em muitas maneiras problemáticas e questionáveis.
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13:15 - 13:17E a pergunta para mim é:
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13:17 - 13:19O que é que nós fazemos,
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13:19 - 13:21à medida que a nossa ciência se torna tão boa
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13:21 - 13:23no campo da anatomia,
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13:23 - 13:26que atingimos o ponto em que temos de admitir
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13:26 - 13:29que uma democracia que tem sido baseada na anatomia
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13:29 - 13:31pode começar a desintegrar-se?
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13:31 - 13:33Eu não quero desistir da ciência,
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13:33 - 13:35mas ao mesmo tempo às vezes é como se sentisse
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13:35 - 13:37que a ciência nos está a escapar.
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13:37 - 13:39Então onde estamos a ir?
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13:39 - 13:41Parece que o que tem acontecido na nossa cultura
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13:41 - 13:43é uma espécie de atitude pragmática:
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13:43 - 13:45"Bem, nós temos de traçar a linha algures,
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13:45 - 13:47por isso vamos desenhá-la em algum lugar."
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13:47 - 13:49Mas muita gente fica numa posição muito estranha.
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13:49 - 13:51Por exemplo,
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13:51 - 13:53O Texas decidiu em um dado momento
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13:53 - 13:55que o que significa casar com um homem
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13:55 - 13:57é não ter o cromossoma Y,
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13:57 - 13:59e o que significa casar com uma mulher é ter o cromossoma Y.
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13:59 - 14:02Na verdade eles não testam os cromossomas das pessoas.
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14:02 - 14:04Mas isto é na mesma muito bizarro,
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14:04 - 14:06por causa da história que vos contei no inicio
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14:06 - 14:08sobre o Síndrome de Insensibilidade ao Androgénio.
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14:08 - 14:11Se olharmos para um dos pais fundadores da democracia moderna,
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14:11 - 14:13Dr. Martin Luther King,
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14:13 - 14:16ele oferece-nos uma solução no seu discurso de "eu tenho um sonho".
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14:16 - 14:19Ele diz que devemos julgar as pessoas "baseadas não na cor da sua pele,
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14:19 - 14:21mas no conteúdo do seu carácter",
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14:21 - 14:23indo para além da anatomia.
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14:23 - 14:26E eu quero dizer, "Yeah, isso soa como uma grande ideia."
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14:26 - 14:28Mas na prática, como você faz isso?
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14:28 - 14:31Como julga pessoas baseado no conteúdo do carácter?
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14:31 - 14:33Eu também quero apontar
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14:33 - 14:36de que não estou certa de que essa é a maneira como devemos distribuir os direitos humanos,
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14:36 - 14:39porque, eu tenho de admitir, de que há alguns golden retrievers que eu connheço
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14:39 - 14:41que provavelmente merecem mais serviços sociais
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14:41 - 14:43do que alguns humanos que eu conheço.
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14:43 - 14:46Também quero dizer que há provavelmente alguns Labradores amarelos que eu conheço
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14:46 - 14:49que são mais capazes de decisões informadas, inteligentes e maduras
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14:49 - 14:52sobre relações sexuais do que algumas pessoas com 40 anos que conheço.
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14:52 - 14:55Assim, como colocamos em prática
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14:55 - 14:57a questão de conteúdo de carácter?
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14:57 - 14:59Parece ser muito difícil na verdade.
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14:59 - 15:01E parte de mim também se pergunta,
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15:01 - 15:03e se o conteúdo de carácter
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15:03 - 15:06se revela algo possível de ser examinado no futuro -
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15:06 - 15:08possível de ser visto com uma fRMI?
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15:08 - 15:10Queremos realmente ir por aí?
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15:10 - 15:12Eu não tenho a certeza de onde estamos a ir.
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15:12 - 15:14O que sei é que parece ser muito importante
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15:14 - 15:17que os Estados Unidos sigam na direcção
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15:17 - 15:19de pensarem nesta questão da democracia.
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15:19 - 15:22Nós fizemos um bom trabalho desafiando a democracia,
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15:22 - 15:24e eu penso que faremos um bom trabalho no futuro.
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15:24 - 15:27Não vivemos situações como no Irão tem, por exemplo,
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15:27 - 15:29onde um homem que se sente atraído sexualmente por outro homem
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15:29 - 15:31é susceptível de ser assassinado,
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15:31 - 15:33a menos que ele esteja disposto a submeter-se a uma mudança de sexo,
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15:33 - 15:35caso em que lhe é permitido viver.
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15:35 - 15:37Nós não temos este tipo de situações.
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15:37 - 15:40Agrada-me dizer que não temos o tipo de situação -
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15:40 - 15:42um cirurgião com quem falei há uns anos atrás
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15:42 - 15:45que trouxe ao mundo vários gémeos siameses
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15:45 - 15:47com o objectivo de os separar, em parte para ter a sua fama.
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15:47 - 15:49Mas quando eu estava ao telefone com ele,
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15:49 - 15:51perguntando porque ele ia fazer essa cirurgia
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15:51 - 15:53- esta era uma cirurgia de alto-risco -
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15:53 - 15:55a sua resposta foi que, nesta outra nação,
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15:55 - 15:58estas crianças iam ser mal-tratadas, e por isso tinha de o fazer.
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15:58 - 16:01A minha resposta foi, "Bem, já considerou asilo político
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16:01 - 16:04em vez de uma cirurgia de separação?"
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16:04 - 16:06Os Estados Unidos têm oferecido imensas possibilidades
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16:06 - 16:09para permitir às pessoas serem da maneira que são,
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16:09 - 16:12sem terem de se transformar para o bem do estado.
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16:12 - 16:14Por isso eu penso que temos de estar na frente.
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16:14 - 16:17Bem, só para terminar, eu quero sugerir-vos
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16:17 - 16:19de que eu tenho falado muito sobre os pais.
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16:19 - 16:22E eu quero pensar nas possibilidades
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16:22 - 16:24de como a democracia pode parecer, ou como pode ter parecido,
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16:24 - 16:27se nós tivéssemos envolvido mais as mães.
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16:27 - 16:30Eu quero dizer algo um pouco radical para uma feminista,
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16:30 - 16:32eu penso que talvez
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16:32 - 16:34diferentes tipos de insights
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16:34 - 16:36podem vir de diferentes tipos de anatomias,
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16:36 - 16:39particularmente quando temos pessoas a pensar em grupo.
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16:39 - 16:41Durante anos, por estar interessada na intersexualidade,
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16:41 - 16:43também me tenho interessado em investigações sobre o sexo.
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16:43 - 16:45E uma das coisas em que tenho estado realmente interessada
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16:45 - 16:48é em olhar para as diferenças entre homens e mulheres
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16:48 - 16:51em termos de como pensam e operam no mundo.
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16:51 - 16:54E o que sabemos através de estudos transculturais
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16:54 - 16:56é que as mulheres, em média -
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16:56 - 16:58não todas, mas em média -
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16:58 - 17:00estão mais inclinadas para estarem muito atentas
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17:00 - 17:02a relações sociais complexas
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17:02 - 17:04e para cuidarem das pessoas
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17:04 - 17:07que são especialmente vulneráveis dentro do grupo.
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17:07 - 17:09E se pensarmos sobre isso,
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17:09 - 17:11nós temos uma situação interessante nas nossas mãos.
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17:11 - 17:13Anos atrás, quando eu estava na universidade,
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17:13 - 17:15um dos meus conselheiros universitários que sabia que eu estava interessada no feminismo -
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17:15 - 17:18eu considerava-me uma feminista, como ainda me considero -
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17:18 - 17:20colocou-me uma questão muito estranha.
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17:20 - 17:23Ele disse, "Diz-me o que há de feminino em ser feminista."
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17:23 - 17:25E eu pensei, "Esta é a questão mais idiota que alguma vez ouvi.
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17:25 - 17:28Feminismo é tudo sobre desfazer estereótipos de género.
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17:28 - 17:31por isso não há nada de feminino no feminismo."
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17:31 - 17:33Mas quanto mais pensava nesta questão,
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17:33 - 17:36mais pensava que podia haver algo de feminino no feminismo.
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17:36 - 17:39Isto é, pode haver algo, em média,
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17:39 - 17:42diferente entre os cérebros de mulher e os cérebros de homem
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17:42 - 17:44que nos fazem mais atentas
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17:44 - 17:47a relações sociais profundas e complexas
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17:47 - 17:50e mais atentas para tomar conta dos vulneráveis.
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17:50 - 17:53Assim, enquanto os pais foram extremamente atentos
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17:53 - 17:56a descobrir como proteger os indivíduos do estado,
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17:56 - 17:58é possível que se nós introduzirmos mais mães
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17:58 - 18:00neste conceito,
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18:00 - 18:02o que teríamos era mais um conceito de,
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18:02 - 18:04não apenas de como proteger,
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18:04 - 18:06mas como tomar conta uns dos outros.
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18:06 - 18:09E talvez seja por aí que devemos ir no futuro,
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18:09 - 18:11quando levarmos a democracia para lá da anatomia -
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18:11 - 18:13é pensar menos no corpo individual,
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18:13 - 18:15em termos de identidade,
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18:15 - 18:17e pensar mais nas relações.
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18:17 - 18:20De modo a que quando tentarmos criar uma união mais perfeita,
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18:20 - 18:23nós estejamos a pensar no que fazer uns pelos outros.
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18:23 - 18:25Obrigada.
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18:25 - 18:28(Aplausos)
- Title:
- Alice Dreger: é a anatomia o destino?
- Speaker:
- Alice Dreger
- Description:
-
Alice Dreger trabalha com pessoas no limite da anatomia, como gémeos siameses e intersexuais. Do seu ponto de vista, muitas vezes existe uma linha difusa entre ser homem e mulher, entre outras distinções anatómicas. O que levanta uma grande questão: porque deixamos a nossa anatomia determinar o nosso destino?
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:28