O "bullying" pelos olhos e ouvidos de um observador | Craig Crawford | TEDxHelena
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0:08 - 0:10Sou diretor duma escola primária
aqui na cidade. -
0:10 - 0:13Trabalho no ensino há 17 anos.
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0:14 - 0:16Uma das coisas que adoro
no trabalho com miúdos -
0:16 - 0:19é que a honestidade deles,
por vezes, chega a assustar-nos. -
0:20 - 0:24Centenas de miúdos que me dizem
que preciso de emagrecer uns quilos, -
0:24 - 0:26que o meu cabelo está a ficar grisalho,
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0:26 - 0:28e outra coisas que tenho de melhorar.
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0:28 - 0:29(Risos)
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0:29 - 0:32Mas, às vezes, dizem coisas
que passam dos limites, -
0:32 - 0:34e até são agressivos.
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0:34 - 0:38Aquilo que ensinamos vai muito além
da parte meramente académica. -
0:38 - 0:42Algumas das lições mais importantes
ocorrem no recreio todos os dias. -
0:42 - 0:46Um conflito no baloiço
pode tornar-se uma lição de vida. -
0:46 - 0:49Quando vejo o noticiário
sobre coisas em Washington, -
0:49 - 0:50há ali algumas pessoas
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0:50 - 0:53que mereciam ser privadas de recreio.
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0:53 - 0:54(Risos)
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0:55 - 0:58Mas tentar que os miúdos percebam
que tudo tem a sua hora e o seu lugar, -
0:58 - 1:00pode ser muito complicado,
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1:00 - 1:02e fazê-los compreender essas lições.
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1:02 - 1:06Às vezes, as coisas que eles dizem
podem tornar-se agressivas, -
1:06 - 1:09mas devemos fazer a pergunta:
"Afinal, o que é o 'bullying'?" -
1:09 - 1:11Vamos analisar.
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1:11 - 1:15A definição de "bullying" diz respeito
a um desequilíbrio do poder, -
1:16 - 1:18e tem de ser repetitivo,
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1:18 - 1:23tem de ser contínuo
e ter uma vítima para isso. -
1:23 - 1:27Às vezes, um miúdo diz uma coisa
ou faz uma coisa cruel -
1:27 - 1:30ou antipática
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1:30 - 1:31mas, se só foi uma vez,
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1:31 - 1:34não se configura "bullying".
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1:34 - 1:38É apenas a ocasião
de lhe dar una lição de vida. -
1:38 - 1:40Mas é o comportamento
contínuo que os miúdos têm -
1:40 - 1:44que pode ser considerado
como "bullying". -
1:44 - 1:48Parte disso é aprendido
e não ocorre só com os miúdos. -
1:48 - 1:49podem ser adultos.
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1:49 - 1:51Se pensarem um pouco
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1:51 - 1:54e recordarem quem foi
o vosso professor favorito na escola, -
1:54 - 1:57provavelmente não me irão falar
da matéria que ele ensinava, -
1:57 - 2:01de quando usaram
aquela coisa da trigonometria, -
2:01 - 2:04ou qualquer coisa como ser possível
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2:04 - 2:07desenvolver e decompor um polinómio.
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2:08 - 2:10Vão falar da relação que tinham com ele,
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2:10 - 2:13da forma como ele sabia
que vocês se podiam esforçar mais, -
2:13 - 2:15e não vos largariam
até vocês melhorarem. -
2:15 - 2:17Aí também pode haver intimidação.
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2:17 - 2:20Sou uma pessoa
da matemática e da ciência, -
2:20 - 2:23em parte porque este lado
do meu cérebro é muito racional; -
2:23 - 2:27já este lado, bem, há algo errado aqui.
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2:27 - 2:31Mas também por causa de uma
professora de línguas que tive no 7.º ano. -
2:31 - 2:33Ela decidiu que não gostava de mim.
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2:34 - 2:36E eu decidi que era
um sentimento recíproco. -
2:36 - 2:41E foi assim que se passou o ano,
mas era ela quem tinha poder. -
2:41 - 2:44Ela era a pessoa que tinha
o controlo das coisas -
2:44 - 2:47e fazia questão de
me diminuir como escritor. -
2:47 - 2:50Em parte, isso foi por causa
deste lado do meu cérebro, -
2:50 - 2:52eu escrevi essa quantidade,
e não essa quantidade, -
2:52 - 2:55Mas ela fazia-me sentir
minúsculo como escritor, -
2:55 - 2:57e era ela quem mandava.
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2:57 - 2:59Os adultos também podem fazer isso.
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2:59 - 3:02Mas há estatísticas sobre
o que é o "bullying", -
3:02 - 3:04portanto, vamos dar uma olhadela.
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3:04 - 3:06Essencialmente, e para abreviar,
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3:06 - 3:09um em cada cinco miúdos
relata ter sido vítima de "bullying". -
3:09 - 3:12Portanto, se olharem para
as duas pessoas à vossa direita -
3:12 - 3:14e para as duas pessoas à vossa esquerda,
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3:14 - 3:17é provável que uma de vocês
também tenha sido vítima de "bullying". -
3:18 - 3:21Eu até arriscaria dizer
que talvez tenha sido mais de uma. -
3:21 - 3:25Mas os miúdos, às vezes, não se queixam
ou não percebem que é "bullying". -
3:25 - 3:28Pensam que são apenas
trocas de galhardetes. -
3:29 - 3:32Às vezes com a minha família
ou com amigos meus, -
3:32 - 3:36trocamos certas palavras que,
quem as ouvisse, certamente diria: -
3:36 - 3:38"Bolas, alguém acabou de ser agredido".
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3:39 - 3:42Mas pode ser só a maneira
como falamos uns com os outros. -
3:42 - 3:47No entanto, as estatísticas
levam-me a este outro diapositivo. -
3:47 - 3:50Temos aqui duas representações
de "bullying". -
3:50 - 3:52A que está do lado esquerdo
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3:52 - 3:54é a típica imagem de "bullying"
que imaginamos. -
3:55 - 3:59Há o grandalhão agressivo que vai
bater num miúdo mais pequena -
3:59 - 4:04que mostra um olhar de medo
porque sabe o que vai acontecer. -
4:04 - 4:07Todos nós já estivemos nessa situação
ou já vimos alguém estar. -
4:08 - 4:09Entendemos bem esta imagem.
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4:09 - 4:11Mas vou falar da outra imagem
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4:11 - 4:14e também me vou prolongar
mais um pouco sobre ela, -
4:14 - 4:16porque quero que pensem melhor
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4:16 - 4:19no que está a ocorrer
do que na vítima em si. -
4:19 - 4:23Temos o miúdo
que é considerado como o alvo, -
4:23 - 4:26e vemos que os agressores
olham para ela de forma intimidante. -
4:26 - 4:29O olhar do miúdo é real.
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4:29 - 4:31É medo,
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4:31 - 4:34é o medo de "Será que vou
apanhar agora? -
4:34 - 4:35"Como é que vai ser?
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4:35 - 4:38"O que é que vai acontecer depois?"
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4:38 - 4:40Nós conhecemos o aspeto
das vítimas de "bullying", -
4:40 - 4:42mas vou falar sobre
os outros miúdos, -
4:42 - 4:45e queria que refletissem neles
num contexto maior. -
4:46 - 4:48O "assistente" — falemos dele
por instantes. -
4:48 - 4:51Este miúdo provavelmente
fica ao canto e pensa: -
4:51 - 4:53"Sou amigo do agressor. Alinho.
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4:53 - 4:58"Tenho alguma proteção já que
agora faço parte do grupo." -
4:58 - 5:01A má notícia para este miúdo
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5:01 - 5:03é que ele talvez esteja enganado.
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5:03 - 5:05Será agredido por outro miúdo qualquer.
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5:06 - 5:08Falemos então do agressor.
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5:08 - 5:12Verifico que a maioria
dos miúdos que agridem -
5:12 - 5:15são agredidos de qualquer forma,
de qualquer modo. -
5:15 - 5:16Então, para o agressor,
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5:17 - 5:19é como passar a estar
no comando dessa situação, -
5:19 - 5:21ser capaz de controlar algo
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5:21 - 5:26e aquele miúdo, o seu alvo,
permite-lhe ter esse controlo -
5:26 - 5:29já que ele próprio não o tem
noutras áreas da sua vida. -
5:29 - 5:31Temos os miúdos que apoiam,
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5:31 - 5:33"Dá-lhe! Dá-lhe! Dá-lhe!"
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5:33 - 5:35Não que eu tenha ouvido isso.
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5:36 - 5:40Mas o que talvez eles estejam
a querer dizer com "dá-lhe!" -
5:40 - 5:43seja um sinónimo para
"Graças a Deus não sou eu." -
5:44 - 5:46Para alguns destes miúdos,
é isso que conta. -
5:47 - 5:50Eles podem ser vítimas de coisas
no mundo deles. -
5:50 - 5:52então, o facto de que
isso acontece noutro sítio -
5:52 - 5:54é do que realmente eles falam.
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5:54 - 5:57Os que ficam de fora
são uma mistura curiosa. -
5:57 - 5:59Quando eu falar deles,
vocês podem pensar: "OK..." -
6:00 - 6:01mas acompanhem-me.
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6:01 - 6:03As raparigas, se olharmos para elas,
-
6:03 - 6:05têm um olhar parecido com o da vítima.
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6:05 - 6:08Pode haver algumas
que só observam e dizem: -
6:08 - 6:10"Isto é mesmo horrível."
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6:11 - 6:14Isso pode acontecer por causa
do que acontece no mundo delas. -
6:14 - 6:16Se refletirmos sobre isso,
-
6:16 - 6:19as raparigas podem ser vítimas
de abuso físico, -
6:19 - 6:22de algo nada bom que ocorra
no mundo delas. -
6:22 - 6:26Assim, elas assistem a algo
que pode ser muito difícil para elas. -
6:26 - 6:29O miúdo perto do cacifo
exprime-se com um "Uhhh..." -
6:31 - 6:33Vejo miúdos assim.
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6:33 - 6:35Para aquele miúdo, é como:
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6:35 - 6:38"Espero que isso seja a pior coisa
que eu tenha de enfrentar hoje." -
6:39 - 6:41Assim, aquele bocejo soa como:
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6:41 - 6:44"Finjo não estar muito interessado nisto"
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6:44 - 6:45mas também pode ser:
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6:45 - 6:48"Gostava que isto fosse tudo por hoje
-
6:48 - 6:50"porque lá em casa
vai acontecer o mesmo" -
6:50 - 6:53ou "Mais tarde, isto vai acontecer."
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6:53 - 6:57Algumas pessoas dirão que os
miúdos precisam de endurecer. -
6:59 - 7:02Posso dizer-vos, há miúdos
a chegar à minha escola, todos os dias, -
7:02 - 7:05que são mais rijos que o Super-homem,
verdadeiros heróis, -
7:05 - 7:07com o que aguentam fora da escola
-
7:07 - 7:10e chegam interessados em aprender.
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7:10 - 7:12Uma frase que gosto de repetir é:
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7:12 - 7:15"Precisamos de cuidar das
necessidades básicas dos miúdos -
7:15 - 7:18"antes mesmo de aplicar
os objetivos educacionais", -
7:18 - 7:20ou seja, as necessidades deles
estão satisfeitas? -
7:20 - 7:22Se um miúdo vem ter comigo
logo pela manhã -
7:22 - 7:25e está com fome, não dormiu bem,
-
7:25 - 7:27foi violentado ou coisa assim,
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7:27 - 7:29e a primeira coisa que fazemos é dizer:
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7:29 - 7:32"Toma lá uns exercícios
de matemática, toca a trabalhar", -
7:32 - 7:33ele não vai prestar atenção.
-
7:33 - 7:35Isso não tem o menor valor para ele.
-
7:35 - 7:37O que ele quer é:
"Vou comer ou não?" -
7:38 - 7:40Mas voltemos ao amigo
que está a bocejar. -
7:41 - 7:44Repito, pode haver coisas
que ocorrem no mundo dele -
7:44 - 7:46que eu gostava que vocês considerassem
-
7:46 - 7:50porque, como estes miúdos
se envolvem nestas cenas -
7:51 - 7:53arrastam outros
para lugares sombrios. -
7:53 - 7:55Se há miúdos que começam
a brigar no recreio -
7:55 - 7:56e vêm ter comigo e dizem:,
-
7:57 - 7:59"A gente só estava a brigar,
qual é o problema?" -
7:59 - 8:02eu respondo:
"Vocês os dois estavam a brigar. -
8:02 - 8:04"Vamos conversar sobre isso.
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8:05 - 8:08"Esta pessoa aqui
é fisicamente agredida em casa. -
8:08 - 8:11"Por isso, sempre que ela
assiste a violência física, -
8:11 - 8:14"isso transporta-a a um lugar sombrio.
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8:14 - 8:16"Mas nós só estávamos
a chamar nomes um ao outro, -
8:16 - 8:18"é como falamos um com o outro."
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8:18 - 8:20"Esta pessoa é violentada
moralmente em casa. -
8:20 - 8:21"É humilhada em toda a parte.
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8:21 - 8:25"Por isso, quando ela ouve isso,
isso transporta-a a um lugar sombrio." -
8:25 - 8:26Muitos olham para mim e dizem:
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8:26 - 8:29"Esse miúdo nunca sofreu 'bullying'.
Vejam o tamanho dele!" -
8:29 - 8:30Errado.
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8:30 - 8:34Sofri muito "bullying" em miúdo,
às vezes, por causa do meu tamanho. -
8:34 - 8:36Eu era o grandalhão, o gigante, o girafa,
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8:36 - 8:38todas essas coisas.
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8:38 - 8:44Mas eu também era vítima de violência
moral e física em casa. -
8:44 - 8:47Não dos meus pais! Que fique claro!
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8:50 - 8:52Mas é algo muito pessoal e íntimo.
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8:52 - 8:54Então, sempre que vejo "bullying",
-
8:54 - 8:58tenho uma reação muito concreta,
visceral, sempre que isso acontece. -
9:00 - 9:04Então, qual é a melhor maneira
de combater o "bullying"? -
9:04 - 9:06Vejamos.
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9:06 - 9:08Vou tentar ler isto:
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9:08 - 9:11"A ação de perceber, de ter consciência,
de estar sensível, -
9:11 - 9:14"de experimentar indiretamente..."
e todas essas palavras enormes. -
9:14 - 9:18Vamos, portanto, simplificar:
meter-se na pele de alguém, -
9:18 - 9:22— em sentido figurado, é claro —
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9:23 - 9:26O que eu quero dizer é que se coloquem
no lugar da outra pessoa. -
9:26 - 9:30Faço painéis de impacto sobre vítimas
para o Departamento de Correção. -
9:30 - 9:33Uma escola em que eu trabalhava
foi roubada há uns anos -
9:33 - 9:36e puseram-me a conversar
com os detidos -
9:36 - 9:38sobre o impacto em cadeia
dos crimes deles, -
9:38 - 9:42porque eles pensam: "Roubamos coisas
que vendemos. Qual é o problema?" -
9:42 - 9:44Tentamos fazê-los entender
o contexto maior -
9:44 - 9:46do facto de que, ao roubar as coisas,
-
9:46 - 9:48precisamos de repor essas coisas.
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9:48 - 9:52e por isso, não podemos comprar
coisas novas para os miúdos -
9:52 - 9:56e isso tem impacto nos pais e na perceção
deles sobre a segurança da escola. -
9:56 - 9:57Posso dizer-vos
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9:57 - 9:59que passei muito tempo, nos últimos dias
-
9:59 - 10:02a lidar com a insegurança
dos pais em relação à escola. -
10:03 - 10:06Não tínhamos tido nenhum problema,
mas agora já temos alguns. -
10:06 - 10:09Então, tentamos conseguir
que os detidos pensem no contexto social -
10:09 - 10:12de que não é somente
a vítima do roubo que perde, -
10:12 - 10:15mas que as coisas que fazemos
têm impacto nas pessoas à nossa volta. -
10:15 - 10:17Os meus dois filhos desobedientes,
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10:17 - 10:20que estão agora com 20 e 21 anos,
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10:20 - 10:22dir-vos-ão que ouviram o pai dizer:
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10:22 - 10:25"Ninguém tem o direito
de estragar o dia a alguém." -
10:26 - 10:29Isso é pensar nos outros e tentar
que os miúdos compreendam. -
10:29 - 10:32Estou sempre na escola a trabalhar
com os meus alunos -
10:32 - 10:33para que percebam isto melhor.
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10:33 - 10:36Todas as manhãs,
durante os avisos, eu digo: -
10:36 - 10:38"Hoje, vocês têm duas tarefas:
-
10:38 - 10:41"Usem as mãos, os pés
e os vossos objetos só para vocês. -
10:41 - 10:44"Também quero que digam,
três coisas agradáveis -
10:44 - 10:46"a qualquer pessoa da escola.
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10:46 - 10:48"Encontrem três pessoas,
e digam-lhes qualquer coisa amável, -
10:48 - 10:50"esqueçam as grosserias."
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10:51 - 10:53Mas é mais fácil dizer do que fazer.
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10:53 - 10:55O que tentamos trabalhar com os miúdos
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10:55 - 10:58é que a regra de ouro
também é uma regra boa. -
10:58 - 11:01"Quando falamos da nossa escola,
se todos fizerem isso, -
11:01 - 11:04"então milhares de coisas boas
serão ditas nesse dia. -
11:04 - 11:07"Isso não fará a diferença
na vida das pessoas?" -
11:07 - 11:10Além de ser um ótimo desafio
andar por aí, como se fôssemos adultos, -
11:10 - 11:13a dizer: "Certo, hoje vou encontrar
três pessoas e dizer: -
11:13 - 11:16"Olá, gostei da forma como estacionou
o seu carro — super." -
11:16 - 11:18em vez de dizer: "Não posso acreditar..."
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11:18 - 11:20(Risos)
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11:20 - 11:22Mas não quero que se riam
quando se lembrarem -
11:22 - 11:25do que lhe disseram sobre a forma
como ele estacionou o carro. -
11:25 - 11:27(Risos)
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11:27 - 11:30Se todos disséssemos três coisas amáveis,
-
11:30 - 11:32que tipo de mudança isso causaria?
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11:32 - 11:34Portanto, esse seria o desafio
que coloco hoje, -
11:34 - 11:36Num esforço contra o "bullying",
-
11:36 - 11:39tentem fazer as pessoas
pensar para além do óbvio. -
11:39 - 11:41Quem está a ouvir a mensagem
que vocês estão a dizer? -
11:41 - 11:45Quem está a ver a mensagem
que vocês estão a transmitir? -
11:45 - 11:47Pensem nisso
-
11:47 - 11:50para além da pessoa
com quem estão a falar. -
11:50 - 11:53Garanto, é um grande desafio
para miúdos da escola primária, -
11:53 - 11:56um grande desafio para mim que sou
"velho, grisalho e com peso a mais", -
11:57 - 11:58como os miúdos me dizem.
-
11:59 - 12:01É isto que gostava
que levassem hoje para casa. -
12:02 - 12:03Obrigado.
-
12:03 - 12:05(Aplausos)
- Title:
- O "bullying" pelos olhos e ouvidos de um observador | Craig Crawford | TEDxHelena
- Description:
-
O que é "bullying" e qual a frequência com que isso ocorre nas nossas escolas? Qual a sua raiz e o que podemos fazer para combatê-lo efetivamente?
Craig Crawford trabalha como educador há 17 anos, é diretor escolar há oito anos, é assistente de diretoria há quatro anos, e professor há cinco anos. Craig tem experiência de trabalhar com crianças desde o pré-escolar a alunos adultos. Foi vítima de "bullying" e trabalha com pessoas que praticam "bullying" no seu atual cargo.
Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 12:11
Marcos Henrique Ferreira
Obrigado, Margarida.