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A nossa conversa sobre imigração é defeituosa — aqui está como ter uma melhor

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    Hoje em dia, ouvimos frequentemente
    que o sistema de imigração é defeituoso.
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    Eu gostaria de defender hoje
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    que a nossa conversa sobre imigração
    também é defeituosa
  • 0:10 - 0:14
    e sugerir alguns meios para que, juntos,
    possamos construir uma melhor.
  • 0:15 - 0:18
    Para tal fim, vou propor
    algumas novas perguntas
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    sobre imigração,
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    sobre os Estados Unidos
  • 0:20 - 0:22
    e sobre o mundo,
  • 0:22 - 0:27
    perguntas que podem mover as fronteiras
    do debate sobre a imigração.
  • 0:27 - 0:32
    Não vou começar com a discussão acesa
    que temos hoje em dia,
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    enquanto as vidas e o bem-estar
    dos imigrantes estão em risco
  • 0:36 - 0:39
    nas fronteiras dos EUA
    e muito para além delas.
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    Em vez disso, vou começar
    por mim mesmo, na pós-graduação
  • 0:42 - 0:46
    em Nova Jersey, em meados dos anos 90,
    estudante apaixonado da história dos EUA
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    que é o que ensino atualmente,
    como professor
  • 0:48 - 0:51
    na Universidade de Vanderbilt,
    em Nashville, no Tennessee.
  • 0:52 - 0:53
    Quando eu não estava a estudar,
  • 0:53 - 0:56
    às vezes, para evitar escrever
    a minha dissertação,
  • 0:56 - 0:58
    os meus amigos e eu íamos à cidade
  • 0:58 - 1:03
    para distribuir panfletos em neon,
    protestando contra a legislação
  • 1:03 - 1:07
    que estava a ameaçar
    retirar os direitos dos imigrantes.
  • 1:07 - 1:10
    Os nossos panfletos eram sinceros,
    eram bem intencionados,
  • 1:10 - 1:13
    estavam factualmente corretos...
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    Mas agora eu percebo que eles
    também eram um problema.
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    O que eles diziam era:
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    "Não retirem os direitos dos imigrantes
    ao ensino público,
  • 1:21 - 1:24
    "aos serviços médicos,
    à rede de segurança social.
  • 1:24 - 1:26
    "Eles trabalham arduamente.
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    "Pagam impostos.
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    "São cumpridores da lei.
  • 1:30 - 1:33
    "Usam menos os serviços sociais
    do que os americanos.
  • 1:33 - 1:35
    "Estão dispostos a aprenderem inglês,
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    "e os filhos deles prestam serviço militar
    aos EUA em todo o mundo."
  • 1:40 - 1:44
    Esses são os argumentos
    que ouvimos todos os dias.
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    Os imigrantes e os seus defensores
  • 1:46 - 1:51
    usam-nos quando enfrentam
    os que negam os direitos dos imigrantes
  • 1:51 - 1:54
    ou que os excluiriam da sociedade.
  • 1:55 - 1:57
    Até certo ponto, faz todo o sentido
  • 1:57 - 2:00
    que essas seriam o tipo de reivindicações
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    a que recorreriam
    os defensores dos imigrantes.
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    Mas, a longo prazo,
    e talvez até a curto prazo,
  • 2:06 - 2:10
    eu acho que esses argumentos
    podem ser contraproducentes.
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    Porquê?
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    Porque é sempre uma batalha muito difícil
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    defendermo-nos no terreno
    do nosso adversário.
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    Involuntariamente, os panfletos que
    os meus amigos e eu estávamos a distribuir
  • 2:22 - 2:25
    e as versões desses argumentos
    que ouvimos hoje em dia
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    estavam a jogar o jogo anti-imigrante.
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    Estávamos a jogar o jogo,
    em parte por considerar
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    que os imigrantes
    eram pessoas do exterior,
  • 2:34 - 2:37
    ao contrário de — como espero
    sugerir dentro de minutos —
  • 2:37 - 2:41
    serem pessoas que já estão,
    de forma importante, no interior.
  • 2:42 - 2:46
    São aqueles que são hostis
    aos imigrantes — os nativistas —
  • 2:46 - 2:49
    que conseguiram enquadrar
    o debate da imigração
  • 2:49 - 2:51
    em três questões principais.
  • 2:52 - 2:57
    Primeiro, há a questão de os imigrantes
    poderem ser ferramentas úteis.
  • 2:57 - 3:01
    Como é que nós podemos usar os imigrantes?
  • 3:01 - 3:05
    Vão tornar-nos mais ricos
    e mais poderosos?
  • 3:06 - 3:09
    A resposta nativista
    a esta pergunta é: não,
  • 3:09 - 3:12
    Os imigrantes não têm nada
    ou quase nada a oferecer.
  • 3:13 - 3:17
    A segunda pergunta é
    se imigrantes são "outros".
  • 3:18 - 3:22
    Os imigrantes podem tornar-se
    mais como nós?
  • 3:23 - 3:25
    Conseguem vir a ser como nós somos?
  • 3:25 - 3:27
    Conseguem integrar-se?
  • 3:27 - 3:29
    Estão dispostos a integrar-se?
  • 3:29 - 3:32
    Aqui, de novo,
    a resposta nativista é: não.
  • 3:32 - 3:36
    Os imigrantes serão sempre
    diferentes de nós e inferiores a nós.
  • 3:37 - 3:42
    E a terceira pergunta é
    se os imigrantes são parasitas.
  • 3:43 - 3:44
    São perigosos para nós?
  • 3:44 - 3:47
    Será que eles esgotarão
    os nossos recursos?
  • 3:47 - 3:49
    Aqui, a resposta nativista é:
  • 3:49 - 3:54
    "Sim e sim, os imigrantes representam
    uma ameaça e sugam as nossas riquezas".
  • 3:56 - 4:00
    Estas três perguntas e a animosidade
    dos nativistas por detrás delas,
  • 4:00 - 4:04
    conseguiram enquadrar os contornos
    gerais do debate sobre a imigração.
  • 4:04 - 4:09
    Estas perguntas são anti-imigrantes
    e nativistas no seu cerne,
  • 4:09 - 4:14
    construídas em volta duma divisão
    hierárquica dos de dentro e os de fora,
  • 4:15 - 4:16
    nós e eles,
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    na qual só nós temos importância
  • 4:19 - 4:21
    e eles não.
  • 4:21 - 4:24
    O que dá a essas perguntas
    força e poder,
  • 4:25 - 4:27
    para além do círculo de nativistas
    empenhados,
  • 4:27 - 4:31
    é a forma como eles exploram
    uma noção quotidiana,
  • 4:31 - 4:33
    aparentemente inofensiva,
    de pertença nacional,
  • 4:33 - 4:36
    a ativam, a elevam
  • 4:36 - 4:38
    e a inflamam.
  • 4:39 - 4:43
    Os nativistas empenham-se
    em fazer distinções absolutas
  • 4:43 - 4:46
    entre os de dentro e os do exterior.
  • 4:46 - 4:50
    Mas a própria distinção está no centro
    da forma como as nações se definem.
  • 4:51 - 4:54
    As fissuras entre dentro e fora,
  • 4:54 - 4:59
    que frequentemente se enraízam
    nas questões de etnia e de religião,
  • 4:59 - 5:03
    estão sempre ali para serem
    aprofundadas e exploradas.
  • 5:03 - 5:07
    Isso potencialmente dá à abordagem
    nativista uma repercussão
  • 5:08 - 5:11
    muito para além daqueles
    que se consideram anti-imigrantes,
  • 5:11 - 5:16
    e, até mesmo, entre aqueles
    que se consideram pró-imigrantes.
  • 5:16 - 5:21
    Por exemplo, quando os aliados
    da Lei dos Imigrantes
  • 5:21 - 5:24
    respondem a essas perguntas
    que os nativistas fazem,
  • 5:24 - 5:26
    levam-nas a sério.
  • 5:26 - 5:28
    Legitimam essas perguntas
    e, em certa medida,
  • 5:29 - 5:32
    as suposições anti-imigrantes
    que estão por detrás delas.
  • 5:32 - 5:36
    Quando levamos essas perguntas a sério,
    sem darmos por isso,
  • 5:36 - 5:40
    estamos a reforçar as cerradas,
    fronteiras de exclusão
  • 5:40 - 5:42
    da conversa sobre a imigração.
  • 5:43 - 5:45
    Então como chegámos até aqui?
  • 5:45 - 5:49
    Como é que essas se tornaram as principais
    formas para falarmos sobre a imigração?
  • 5:49 - 5:51
    Vamos recapitular um pouco.
  • 5:51 - 5:53
    É aqui que entra em cena
    a minha formação em história.
  • 5:53 - 5:59
    Durante o primeiro século dos EUA
    na sua situação de nação independente,
  • 6:00 - 6:03
    pouco se fez para restringir
    a imigração a nível nacional.
  • 6:03 - 6:06
    Aliás, vários políticos e funcionários
    trabalharam arduamente
  • 6:06 - 6:08
    para recrutar imigrantes
  • 6:08 - 6:10
    para desenvolver a indústria
  • 6:10 - 6:14
    e para servirem de colonos,
    para se apoderarem do continente.
  • 6:15 - 6:18
    Mas, depois da Guerra Civil,
  • 6:18 - 6:23
    as vozes nativistas aumentaram
    em volume e em poder.
  • 6:23 - 6:28
    Os asiáticos, os latino-americanos,
    os caribenhos e os imigrantes europeus
  • 6:28 - 6:31
    que escavaram os canais dos americanos,
  • 6:31 - 6:33
    que cozinharam os seus jantares,
  • 6:33 - 6:35
    que lutaram nas suas guerras
  • 6:35 - 6:37
    e que puseram na cama
    as crianças, à noite,
  • 6:37 - 6:40
    encontraram uma xenofobia intensa
  • 6:40 - 6:44
    que apelidou os imigrantes
    de estranhos permanentes
  • 6:44 - 6:47
    que nunca deviam ser autorizados
    a tornarem-se "de dentro".
  • 6:48 - 6:51
    Até meados de 1920,
    os nativistas ganharam,
  • 6:51 - 6:53
    aprovando leis racistas
  • 6:53 - 6:58
    que excluíram números inauditos
    de imigrantes e refugiados vulneráveis.
  • 6:59 - 7:02
    Os imigrantes e os seus aliados
    deram seu melhor para reagir,
  • 7:02 - 7:05
    mas encontraram-se na defensiva,
  • 7:05 - 7:09
    presos, de certa forma,
    nas molduras nativistas.
  • 7:09 - 7:13
    Quando os nativistas diziam
    que os imigrantes não eram úteis,
  • 7:14 - 7:17
    os aliados dos imigrantes
    diziam: "Sim, são".
  • 7:17 - 7:22
    Quando os nativistas acusaram
    os imigrantes de serem os outros,
  • 7:22 - 7:25
    os aliados dos imigrantes prometeram
    que eles se iam integrar.
  • 7:26 - 7:29
    Quando os ativistas
    acusavam os imigrantes
  • 7:29 - 7:32
    de serem parasitas perigosos,
  • 7:32 - 7:35
    os aliados dos imigrantes realçavam
    a sua lealdade, a sua obediência,
  • 7:35 - 7:38
    o seu trabalho duro
    e a sua economia de gastos.
  • 7:38 - 7:42
    Mesmo quando os defensores
    davam as boas-vindas aos imigrantes,
  • 7:42 - 7:45
    muitos deles ainda consideravam
    os imigrantes como estranhos,
  • 7:45 - 7:50
    dignos de dó, de serem resgatados,
    de serem estimulados,
  • 7:50 - 7:52
    e de serem tolerados,
  • 7:52 - 7:58
    mas nunca totalmente incluídos
    como iguais em respeito e em direitos.
  • 7:59 - 8:01
    Depois da II Guerra Mundial
  • 8:01 - 8:05
    e, especialmente, a partir de meados
    dos anos 60 até recentemente,
  • 8:06 - 8:09
    os imigrantes e os seus aliados
    inverteram a maré,
  • 8:09 - 8:12
    derrubando as restrições
    dos meados do século XX
  • 8:12 - 8:16
    e ganhando um novo sistema que dava
    prioridade à reunificação da família,
  • 8:16 - 8:18
    à admissão de refugiados
  • 8:18 - 8:21
    e à admissão dos que tinham
    capacidades especiais.
  • 8:22 - 8:23
    Mas, mesmo nessa altura,
  • 8:23 - 8:27
    não conseguiram mudar
    fundamentalmente, os termos do debate
  • 8:27 - 8:30
    e assim, aquele enquadramento perdurou,
  • 8:30 - 8:35
    pronto para ser assumido de novo
    no nosso momento convulsivo.
  • 8:36 - 8:38
    Esta conversa é defeituosa.
  • 8:39 - 8:43
    As antigas perguntas
    são prejudiciais e fraturantes.
  • 8:43 - 8:46
    Então, como passamos desta conversa
  • 8:46 - 8:51
    para uma que, mais provavelmente,
    nos trará para um mundo mais honesto,
  • 8:51 - 8:52
    que seja mais justo,
  • 8:52 - 8:54
    que seja mais seguro?
  • 8:55 - 8:57
    Eu quero sugerir que o que devemos fazer
  • 8:57 - 9:01
    é uma das coisas mais difíceis
    que uma sociedade pode fazer:
  • 9:01 - 9:05
    é voltar a traçar as fronteiras
    de quem é importante,
  • 9:05 - 9:08
    cuja vida, cujos direitos
  • 9:08 - 9:11
    cuja prosperidade é importante.
  • 9:11 - 9:14
    Precisamos de voltar
    a traçar as fronteiras.
  • 9:14 - 9:18
    Precisamos de voltar a traçar
    as nossas fronteiras pessoais.
  • 9:19 - 9:23
    Para isso, precisamos, primeiro,
    de agarrar na visão do mundo
  • 9:23 - 9:27
    que é amplamente aceite
    mas também seriamente defeituosa.
  • 9:27 - 9:29
    De acordo com essa visão do mundo,
  • 9:29 - 9:33
    há o lado de dentro das fronteiras
    nacionais, o interior da nação,
  • 9:33 - 9:38
    que é onde moramos, trabalhamos
    e cuidamos dos nossos interesses.
  • 9:38 - 9:41
    E depois há o lado de fora;
    há tudo o resto.
  • 9:42 - 9:45
    De acordo com essa visão do mundo,
    quando os imigrantes entram na nação,
  • 9:45 - 9:48
    estão a passar
    do lado de fora para dentro,
  • 9:48 - 9:51
    mas continuam a ser de fora.
  • 9:51 - 9:55
    Qualquer poder ou recursos
    que eles recebam
  • 9:55 - 9:59
    são mais presentes nossos do que direitos.
  • 9:59 - 10:04
    Não é difícil perceber porque é
    que essa é uma visão do mundo tão comum.
  • 10:04 - 10:06
    Ela é reforçada na forma quotidiana
  • 10:06 - 10:08
    com que falamos, agimos
    e nos comportamos,
  • 10:08 - 10:12
    até aos mapas com fronteiras
    que penduramos nas salas de aula.
  • 10:12 - 10:15
    O problema com essa visão do mundo
    é que ela não corresponde minimamente
  • 10:15 - 10:18
    à forma como o mundo funciona
  • 10:18 - 10:20
    e à forma como funcionava no passado.
  • 10:21 - 10:26
    Claro, os trabalhadores americanos
    criaram riqueza na sociedade.
  • 10:26 - 10:28
    Mas os imigrantes também,
  • 10:28 - 10:31
    particularmente, em partes da economia
    americana que são indispensáveis
  • 10:31 - 10:34
    e onde poucos americanos trabalham,
    como a agricultura.
  • 10:35 - 10:37
    Desde a fundação da nação,
  • 10:37 - 10:41
    os americanos estiveram dentro
    da força de trabalho americana.
  • 10:42 - 10:46
    Claro, os americanos criaram
    instituições na sociedade
  • 10:47 - 10:49
    que garantem direitos.
  • 10:49 - 10:51
    Mas os imigrantes também.
  • 10:51 - 10:54
    Eles estiveram presentes durante
    cada um dos grandes movimentos sociais,
  • 10:54 - 10:57
    como o de direitos civis
    ou o do trabalho organizado,
  • 10:57 - 11:00
    em que lutaram para alargar
    os direitos da sociedade para todos.
  • 11:00 - 11:04
    Assim, os imigrantes
    já estão dentro da luta
  • 11:04 - 11:07
    pelos direitos, pela democracia
    e pela liberdade.
  • 11:08 - 11:12
    E, finalmente, os americanos
    e outros cidadãos do hemisfério norte
  • 11:12 - 11:14
    não se preocuparam só
    com os seus problemas
  • 11:14 - 11:16
    e não ficaram dentro
    das suas fronteiras.
  • 11:16 - 11:19
    Não respeitaram as fronteiras
    dos outros países
  • 11:19 - 11:21
    Foram mundo fora com os seus exércitos.
  • 11:21 - 11:24
    Apoderaram-se dos
    territórios e recursos
  • 11:24 - 11:27
    e extraíram lucros enormes
    de muitos dos outros países
  • 11:27 - 11:30
    de onde os imigrantes vêm.
  • 11:30 - 11:36
    Nesse sentido, muitos imigrantes
    já estão inseridos no poder americano.
  • 11:37 - 11:42
    Tendo em mente este mapa diferente,
    de mentalidade de dentro e de fora,
  • 11:42 - 11:45
    a questão não é se os países recetores
  • 11:45 - 11:48
    vão deixar os imigrantes entrar.
  • 11:48 - 11:50
    Eles já estão lá dentro.
  • 11:50 - 11:53
    A questão é se os EUA e os outros países
  • 11:53 - 11:57
    vão conceder aos imigrantes
    o acesso aos direitos e aos recursos
  • 11:57 - 12:01
    que, num papel fundamental,
    com o seu trabalho e ativismo,
  • 12:01 - 12:05
    eles e os seus países de origem
    ajudaram a criar
  • 12:06 - 12:09
    Com esse novo mapa em mente,
  • 12:09 - 12:14
    podemos tratar de várias perguntas novas,
    difíceis e urgentemente necessárias,
  • 12:14 - 12:17
    radicalmente diferente daquelas
    que perguntávamos antes,
  • 12:17 - 12:22
    perguntas que podem mudar
    as fronteiras do debate sobre a imigração.
  • 12:23 - 12:27
    As nossas três perguntas
    são sobre os direitos dos trabalhadores,
  • 12:27 - 12:28
    sobre a sua responsabilidade
  • 12:28 - 12:30
    e sobre a igualdade.
  • 12:33 - 12:36
    Primeiro, precisamos de fazer perguntas
    sobre os direitos dos trabalhadores.
  • 12:36 - 12:41
    Como é que as políticas existentes
    dificultam os imigrantes de se defenderem
  • 12:41 - 12:43
    e facilitam a sua exploração,
  • 12:43 - 12:46
    fazendo baixar os salários, os direitos
    e a proteção para toda a gente?
  • 12:47 - 12:50
    Quando os imigrantes são ameaçados
    por vistorias, detenções e deportações,
  • 12:50 - 12:53
    os seus patrões sabem
    que eles podem ser violentados
  • 12:53 - 12:55
    que lhes podem dizer
    que, se eles reagirem,
  • 12:55 - 12:57
    serão entregues aos serviços da Imigração.
  • 12:57 - 13:00
    Quando os patrões sabem
  • 13:00 - 13:03
    que podem aterrorizar um imigrante
    por falta de documentação,
  • 13:04 - 13:06
    isso torna o trabalhador hiper-explorável,
  • 13:06 - 13:09
    e isso gera impactos,
    não só para os trabalhadores imigrantes
  • 13:09 - 13:11
    mas para todos os trabalhadores.
  • 13:12 - 13:16
    Em segundo lugar, precisamos de fazer
    perguntas sobre a responsabilidade.
  • 13:16 - 13:20
    Qual é o papel que têm os países
    ricos e poderosos como os EUA,
  • 13:20 - 13:22
    fazendo com que seja difícil ou impossível
  • 13:22 - 13:26
    que os imigrantes se mantenham
    nos seus países de origem?
  • 13:26 - 13:30
    Fazer as malas e sair do nosso país
    é difícil e perigoso,
  • 13:30 - 13:33
    mas muitos imigrantes não têm
    possibilidade de ficar no seu país,
  • 13:33 - 13:35
    se quiserem sobreviver.
  • 13:36 - 13:37
    Guerras, tratados comerciais
  • 13:37 - 13:40
    e hábitos de consumo enraizados
    no hemisfério norte
  • 13:40 - 13:45
    exercem um papel
    preponderante e devastador.
  • 13:45 - 13:48
    Quais são as responsabilidades que os EUA,
  • 13:48 - 13:51
    a União Europeia e a China
  • 13:51 - 13:53
    — os maiores emissores
    de carbono do mundo —
  • 13:53 - 13:58
    têm perante os milhões de pessoas
    já desalojadas pelo aquecimento global?
  • 14:00 - 14:03
    E em terceiro lugar, precisamos
    de fazer perguntas sobre a igualdade.
  • 14:04 - 14:08
    A desigualdade mundial é um problema
    doloroso que está a intensificar-se.
  • 14:08 - 14:12
    As receitas e a sua disparidade
    estão a agravar-se em todo o mundo.
  • 14:12 - 14:15
    Progressivamente, o que determina
    se somos pobres ou ricos,
  • 14:15 - 14:16
    mais do que qualquer outra coisa,
  • 14:16 - 14:18
    é o país onde nascemos,
  • 14:18 - 14:21
    o que pode parecer ótimo
    se somos de um país próspero.
  • 14:21 - 14:26
    Mas o que, na verdade, significa
    é uma profunda e injusta distribuição
  • 14:26 - 14:31
    das hipóteses de ter
    uma vida longa, saudável e plena.
  • 14:31 - 14:34
    Quando os imigrantes mandam
    dinheiro ou bens para as famílias,
  • 14:34 - 14:37
    isso exerce um papel significativo
    em diminuir essas disparidades,
  • 14:37 - 14:40
    apesar de ser um papel incompleto.
  • 14:40 - 14:43
    Isso faz mais do que todos os programas
    de auxílio ao estrangeiro, juntos,
  • 14:44 - 14:45
    no mundo inteiro.
  • 14:47 - 14:49
    Começámos com as perguntas nativistas
  • 14:49 - 14:52
    sobre imigrantes como ferramentas,
  • 14:52 - 14:54
    como os "outros"
  • 14:54 - 14:55
    e como parasitas.
  • 14:56 - 14:59
    Onde é que estas novas perguntas
    sobre direitos dos trabalhadores
  • 14:59 - 15:01
    sobre responsabilidades
  • 15:01 - 15:02
    e sobre igualdade
  • 15:02 - 15:04
    podem levar-nos?
  • 15:04 - 15:09
    Estas perguntas rejeitam a pena
    e abraçam a justiça.
  • 15:10 - 15:14
    Essas questões rejeitam
    a divisão nativista e nacionalista
  • 15:14 - 15:15
    de nós contra eles.
  • 15:15 - 15:19
    Vão ajudar-nos a prepararmo-nos
    para os problemas que estão a chegar
  • 15:19 - 15:21
    e para problemas
    como o aquecimento global
  • 15:21 - 15:23
    que já estão entre nós.
  • 15:23 - 15:27
    Não vai ser fácil virar as costas
    às perguntas que estivemos a fazer,
  • 15:27 - 15:30
    a esta nova série de perguntas.
  • 15:30 - 15:32
    Não é um desafio pequeno
  • 15:32 - 15:36
    assumir e ampliar
    as nossas fronteiras pessoais.
  • 15:37 - 15:41
    Vai ser preciso sagacidade,
    criatividade e coragem.
  • 15:41 - 15:44
    As velhas perguntas
    têm estado connosco há muito tempo,
  • 15:44 - 15:47
    e não vão ceder o caminho
    por si mesmas,
  • 15:47 - 15:49
    não vão ceder o caminho
    do dia para a noite.
  • 15:50 - 15:52
    E mesmo que consigamos
    mudar essas perguntas,
  • 15:52 - 15:54
    as respostas vão ser complicadas,
  • 15:54 - 15:58
    e vão requerer sacrifícios e compromissos.
  • 15:58 - 16:01
    Num mundo desigual, teremos
    sempre de prestar atenção
  • 16:01 - 16:05
    à pergunta de quem tem o poder
    para se juntar à conversa
  • 16:05 - 16:07
    e quem não tem.
  • 16:07 - 16:09
    Mas as fronteiras
    do debate sobre a imigração
  • 16:10 - 16:11
    podem ser alteradas.
  • 16:11 - 16:14
    Cabe a todos nós alterá-las.
  • 16:15 - 16:16
    Obrigado.
  • 16:16 - 16:19
    (Aplausos)
Title:
A nossa conversa sobre imigração é defeituosa — aqui está como ter uma melhor
Speaker:
Paul A. Kramer
Description:

Como é que o debate de imigração para os EUA se tornou tão fraturante? Nesta palestra informativa, o historiador e escritor Paul A. Kramer mostra como um enquadramento "de dentro vs. de fora" veio a dominar a forma como a população dos EUA fala sobre a imigração — e sugere uma série de novas perguntas que podem remodelar a conversa em torno daqueles cuja vida, direitos e prosperidade são importantes.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:31

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