O corpo humano versus os implantes - Kaitlyn Sadtler

Veja a lição completa: https://ed.ted.com/lessons/your-body-vs-implants-kaitlyn-sadtler

As bombas de insulina melhoram a vida de milhões de pessoas com diabetes em todo o mundo monitorando o açúcar no sangue, administrando insulina e evitando a necessidade de punções do dedo constantes. Mas há um problema: elas são temporárias. E não são apenas as bombas de insulina que têm esse problema, mas todos os implantes corporais. Por quê? Kaitlyn Sadtler detalha como nosso sistema imunológico reage a corpos estranhos.

Lição de Kaitlyn Sadtler, direção de Andrew Foerster.

As bombas de insulina melhoram a vida

de muitos dos 415 milhões de pessoas
com diabetes em todo o mundo,

monitorando o açúcar no sangue,
administrando insulina

e evitando a necessidade de punção do dedo
e exame de sangue constantes.

Essas maquininhas incluem
uma bomba e uma agulha,

que podem detectar os níveis de glicose,

devolver à bomba

e depois calcular a quantidade
de insulina a ser liberada pela agulha.

Mas elas têm um problema: são temporárias.

Em poucos dias, os sensores de glicose
precisam ser movidos e substituídos.

E não são apenas os monitores de glicose
e as bombas de insulina

que apresentam esse problema,

mas todos os implantes corporais,
em diferentes prazos.

Os joelhos protéticos de plástico devem
ser substituídos após cerca de 20 anos.

Outros implantes, como aqueles
usados por razões cosméticas,

podem ter o mesmo destino
em cerca de dez anos.

Isso não é apenas um incômodo:
pode ser caro e arriscado.

Essa inconveniência acontece por causa
do sistema imunológico de nosso corpo.

Aprimorada por várias centenas
de milhões de anos de evolução,

essa frente defensiva

tornou-se excepcionalmente boa
na identificação de objetos estranhos.

Nosso sistema imunológico tem
um impressionante arsenal de ferramentas

para enfrentar, interceptar e destruir

qualquer coisa que acredita
que não deveria estar lá.

Mas a consequência
dessa vigilância constante

é que nosso corpo trata implantes úteis,
como bombas de insulina,

com a mesma suspeita
de um vírus ou bactéria nocivos.

Assim que a bomba de insulina
é implantada na pele,

sua presença desencadeia o que é conhecido
como uma "resposta a um corpo estranho".

Isso começa com proteínas flutuantes

que se aderem à superfície do implante.

Essas proteínas incluem anticorpos,

que tentam neutralizar o objeto novo

e enviar um sinal que chama outras células
do sistema imunológico ao local

para fortalecer o ataque.

Células inflamatórias de resposta precoce,

como neutrófilos e macrófagos,

respondem à chamada de emergência.

Os neutrófilos liberam
pequenos grânulos cheios de enzimas

que tentam quebrar a superfície
da agulha da bomba de insulina.

Os macrófagos também secretam enzimas,

junto com radicais de óxido nítrico,

que criam uma reação química
que degrada o objeto ao longo do tempo.

Se os macrófagos forem incapazes
de liquidar o corpo estranho rapidamente,

eles se fundem, formando uma massa
de células chamada “célula gigante”.

Ao mesmo tempo,
células chamadas fibroblastos

viajam para o local e começam a depositar
camadas de tecido conjuntivo denso.

Essas células envolvem a agulha
que a bomba usa para administrar insulina

e testar os níveis de glicose.

Com o tempo, essa estrutura cresce,

formando uma cicatriz
ao redor do implante.

A cicatriz funciona como uma parede
quase impenetrável

que pode começar a bloquear
interações vitais

entre o corpo e o implante.

Por exemplo, as cicatrizes ao redor
de marca-passos podem interromper

a transmissão elétrica que é crucial
para o funcionamento deles.

Articulações sintéticas do joelho podem
desprender partículas conforme o desgaste,

fazendo com que as células imunológicas
se inflamem em torno desses fragmentos.

Tragicamente, o ataque do sistema
imunológico pode ser até fatal.

Porém, os pesquisadores estão encontrando
modos de enganar o sistema imunológico

para aceitar os novos dispositivos que
introduzimos em nossos tecidos corporais.

Descobrimos que implantes de revestimento,
com certas substâncias químicas e drogas,

podem atenuar a resposta imunológica.

Elas basicamente tornam os implantes
invisíveis ao sistema imunológico.

Também estamos fabricando mais implantes
com materiais naturais

e em formas que imitam
diretamente os tecidos,

para que o corpo lance
um ataque mais fraco

do que se encontrasse um implante
completamente artificial.

Alguns tratamentos médicos
envolvem implantes

projetados para regenerar
tecidos perdidos ou danificados.

Nesses casos, podemos projetar
os implantes para conter ingredientes

que irão liberar sinais específicos

e adaptar cuidadosamente
as reações imunológicas de nosso corpo.

No futuro, essa maneira de trabalhar
junto com o sistema imunológico

pode nos ajudar a desenvolver
órgãos completamente artificiais,

próteses totalmente integradas

e terapias de feridas autocuráveis.

Esses tratamentos podem um dia
revolucionar a medicina

e transformar, para sempre,
o corpo em que vivemos.