Um negro infiltra-se na extrema-direita
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0:02 - 0:03Agarrei num telemóvel
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0:04 - 0:07e, por acidente, tornei-me famoso.
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0:07 - 0:09(Risos)
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0:09 - 0:12Eu estava a falar de coisas
que me preocupam -
0:12 - 0:14mas, com o clique num botão,
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0:14 - 0:17e com um vídeo que se tornou viral
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0:17 - 0:20fui projetado para o estrelato
da noite para o dia. -
0:21 - 0:22Quando digo da noite para o dia,
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0:22 - 0:24quero dizer que acordei na manhã seguinte
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0:24 - 0:27com tantas mensagens no telemóvel
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0:27 - 0:30que julguei que, enquanto dormia,
tinha acontecido uma tragédia nacional. -
0:30 - 0:32(Risos)
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0:34 - 0:36Foi a coisa mais louca
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0:36 - 0:39mas, quanto à minha influência
e à minha visibilidade, -
0:39 - 0:42dei um salto quântico.
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0:42 - 0:44Assim, fiz mais vídeos
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0:44 - 0:47e o tema principal dos meus vídeos
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0:47 - 0:51era quase sempre o tema que mais divide
a vida dos norte-americanos. -
0:51 - 0:54Mas foi a forma como eu exprimia a raça
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0:54 - 0:56que me tornou numa espécie
de para-raios digital. -
0:56 - 1:00Como sou um sobrevivente
da brutalidade da polícia -
1:00 - 1:02e perdi um amigo de infância,
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1:02 - 1:04Alonzo Ashley,
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1:04 - 1:05às mãos da polícia,
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1:05 - 1:08tinha umas coisas a dizer
sobre este tópico. -
1:08 - 1:12Isto aconteceu no auge
do furor de Black Lives Matter -
1:12 - 1:15e as pessoas viraram-se para mim
para exprimir as suas opiniões. -
1:15 - 1:17Sinceramente, foi um pouco esmagador.
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1:18 - 1:20A Internet tem uma qualidade interessante.
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1:21 - 1:24De certa forma, reuniu o mundo inteiro.
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1:24 - 1:25Eu lembro-me de, em criança,
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1:25 - 1:29toda aquela propaganda utópica
que era despejada em cima de nós -
1:29 - 1:32sobre como a World Wide Web
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1:32 - 1:35ia permitir ligar todas as pessoas
do planeta inteiro. -
1:35 - 1:38Mas acontece que as pessoas são pessoas.
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1:38 - 1:39(Risos)
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1:40 - 1:42Esta super autoestrada mágica
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1:42 - 1:44também atraiu os demónios
da nossa natureza -
1:44 - 1:46e deu-lhes Ferraris.
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1:46 - 1:48(Risos)
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1:51 - 1:54A tecnologia é um pouco como o dinheiro.
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1:54 - 1:57Só nos dá o que já existe
dentro de nós e amplifica-o. -
1:58 - 2:03Por isso, depressa me familiarizei
com o fenómeno do "troll" da Internet. -
2:05 - 2:09Parece que esses tipos vivem
debaixo das pontes da tal autoestrada. -
2:09 - 2:12(Risos)
-
2:13 - 2:17Também nunca ouviram falar
do iluminismo da era da Internet. -
2:18 - 2:21Lembro-me que me insultaram
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2:21 - 2:24com insultos racistas, muito coloridos.
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2:24 - 2:26Eram os que usavam
o anonimato da Internet, -
2:27 - 2:29como um capuz da Ku Klux Klan.
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2:29 - 2:31Alguns deles eram muito criativos
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2:31 - 2:34mas outros eram muito ferinos,
-
2:34 - 2:37sobretudo para um sobrevivente
num mundo pós-traumático -
2:37 - 2:39da brutalidade da polícia
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2:40 - 2:42no auge do Black Lives Matter,
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2:42 - 2:46com todas aquelas pessoas
a serem mortas no meu tempo. -
2:46 - 2:48Para esses "trolls", eu não era
um ser humano. -
2:48 - 2:51Eu era uma ideia, um objeto,
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2:51 - 2:52uma caricatura.
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2:52 - 2:55Eu já disse que essa coisa da raça
pode ser fator de divisão? -
2:55 - 2:58Eu sou uma pessoa curiosa por natureza
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2:58 - 3:03e, quando ergui a espada para me envolver
em batalhas épicas de comentários... -
3:03 - 3:07(Risos)
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3:09 - 3:13também comecei a reparar
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3:13 - 3:15que alguns dos meus "trolls"
afinal tinham miolos, -
3:16 - 3:20o que me fez ficar ainda mais curioso
e querer percebê-los melhor. -
3:20 - 3:23Embora esses supostos cretinos
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3:23 - 3:26se envolvessem no que
parecia ser um pensamento original, -
3:26 - 3:28disse para mim mesmo:
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3:28 - 3:31"Hum, estes tipos estão
muito mal informados, -
3:31 - 3:33"pelo menos, segundo aquilo que eu sei".
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3:33 - 3:36Onde é que estes tipos
vão buscar estes argumentos? -
3:36 - 3:38Ou seja, haveria qualquer
universo alternativo -
3:38 - 3:39com factos alternativos?
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3:40 - 3:42(Risos)
-
3:42 - 3:45(Aplausos)
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3:50 - 3:53Nesse universo, a história
e a gravidade seriam opcionais? -
3:53 - 3:54Não sei.
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3:56 - 3:59Mas precisava de saber,
ou seja, eu queria saber. -
3:59 - 4:04Acontece que eu ignorava tudo
sobre as câmaras de ressonância digitais. -
4:04 - 4:06esse algoritmo de alvo comercial
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4:06 - 4:09que nos impinge mais produtos
daqueles que gostamos de comprar -
4:09 - 4:12e também nos impinge mais notícias
daquelas que gostamos de ouvir. -
4:12 - 4:15Eu tinha vivido num universo "online"
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4:15 - 4:17que apenas refletia as minhas opiniões.
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4:18 - 4:20Assim, o meu espaço era muito liberal.
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4:20 - 4:23Não tinha Breitbart,
nem Infowars, nem Fox News. -
4:23 - 4:27Não, eu era só o MSNBC
e o The Daily Show, -
4:28 - 4:30a CNN e o Grio.
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4:31 - 4:34Aqueles "trolls" saltavam
as portas dimensionais -
4:34 - 4:37e eu tinha de perceber como era.
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4:37 - 4:41(Risos)
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4:43 - 4:45Por isso, decidi
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4:45 - 4:48ludibriar o algoritmo do Facebook
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4:48 - 4:51para me fornecer mais notícias
com que eu não concordava. -
4:51 - 4:54Isso funcionou durante algum tempo,
mas não foi suficiente. -
4:54 - 4:56porque a minha pegada "online"
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4:56 - 4:59já tinha estabelecido os padrões
que eu gostava de ouvir. -
4:59 - 5:01Então, ao abrigo do anonimato da Internet,
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5:01 - 5:03infiltrei-me.
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5:03 - 5:05(Risos)
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5:06 - 5:10Criei um perfil fantasma
e fiz de maluco. -
5:10 - 5:14A nível prático, foi muito simples
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5:14 - 5:17mas, a nível emocional, foi assustador,
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5:17 - 5:20especialmente com o vitríolo racista
que eu tinha experimentado. -
5:21 - 5:25Mas o que eu não me apercebi
é que os meus "trolls" me inoculavam, -
5:25 - 5:27endureciam a minha pele,
-
5:27 - 5:30tornavam-me imune a pontos de vista
com que eu não concordava. -
5:30 - 5:35Por isso, eu não reagia às mesmas coisas
a que teria reagido semanas antes. -
5:35 - 5:37Certo? Por isso, continuei.
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5:37 - 5:40Quando reparei que aquela coisa
também funcionava no YouTube, -
5:40 - 5:45passei a ser Lucius25,
um "observador" branco suprematista. -
5:46 - 5:48(Risos)
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5:53 - 5:58Digitalmente, comecei a infiltrar-me
no movimento ultrajante de extrema-direita. -
5:58 - 6:00O meu sósia
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6:00 - 6:04era John Carter, a personagem
de Edgar Rice Burrough... -
6:04 - 6:06(Risos)
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6:07 - 6:10um herói da ficção científica
que tinha sido soldado da Confederação. -
6:10 - 6:14Pensando bem, há anos,
eu teria precisado de um treino ativo, -
6:14 - 6:17de maquilhagem e de uma falsa identidade.
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6:17 - 6:19Agora, bastava-me espreitar.
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6:19 - 6:22Então, comecei
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6:23 - 6:25com um pouco de Infowars,
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6:25 - 6:27fui buscar o Renascimento Americano,
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6:27 - 6:30a Aliança Nacional de Vanguarda
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6:30 - 6:32e comecei a comentar os vídeos,
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6:32 - 6:35a falar mal de Al Sharpton
e do Black Lives Matter. -
6:36 - 6:39Comecei a deitar abaixo
os que provocam as críticas raciais -
6:39 - 6:42como Eric Holder e Barack Obama
-
6:42 - 6:45e a encarnar os sentimentos
contra os negros -
6:45 - 6:47que me eram dirigidos.
-
6:47 - 6:50Para ser franco, era muito divertido.
-
6:50 - 6:53(Risos)
-
6:54 - 6:58Passava dias inteiros a clicar
no meu novo perfil racista... -
6:58 - 7:01(Risos)
-
7:01 - 7:05a passear pelo território ariano,
era demais. -
7:05 - 7:07(Risos)
-
7:08 - 7:12Depois, comecei a visitar
algumas das páginas -
7:12 - 7:14dos meus antigos "trolls".
-
7:14 - 7:17Muitos deles eram
zés-ninguém vulgares, -
7:18 - 7:21muitos amantes da natureza,
caçadores, fanáticos da informática, -
7:21 - 7:24alguns eram homens de família
com vídeos da família. -
7:25 - 7:28Tanto quanto sei, alguns deles
poderiam estar nesta sala. -
7:28 - 7:31(Risos)
-
7:32 - 7:37Mas quando me infiltrei,
encontrei uma quantidade de figuras, -
7:37 - 7:42luminárias como Milo Yiannopoulos,
Richard Spencer e David Duke. -
7:43 - 7:46Todos estes tipos eram considerados
líderes de pleno direito, -
7:46 - 7:49mas, com o tempo, o movimento
da extrema-direita alternativa -
7:49 - 7:52usava as informações deles
para alimentar o seu ímpeto. -
7:53 - 7:56Vou dizer-vos o que guiava
o ímpeto da extrema-direita: -
7:56 - 8:01era a demonização da ala esquerda
de tudo o que fosse branco e masculino. -
8:02 - 8:06Quem tivesse um pénis branco
estava mancomunado com Satã. -
8:06 - 8:09(Risos)
-
8:13 - 8:15Querem acreditar
-
8:15 - 8:19que algumas pessoas
consideravam isso ofensivo? -
8:19 - 8:21(Risos)
-
8:22 - 8:24Quero dizer, oiçam,
-
8:25 - 8:30o facto de os milenares terem
uma versão dietética da história, -
8:30 - 8:34ou seja, os EUA parecem querer,
a todo o custo, encher os seus manuais -
8:35 - 8:38com versões para estudantes
do seu passado sombrio. -
8:38 - 8:44Isso descontextualiza gravemente
a raça e a raiva com ela associadas -
8:44 - 8:47e é um terreno fértil
para os factos da extrema-direita. -
8:47 - 8:50Acrescentem-lhe a paisagem
selvagem da Internet -
8:50 - 8:55e é fácil vender ideias
adaptadas de "Mein Kampf" -
8:55 - 8:58a uma geração que tem fracassado
nas escolas públicas. -
8:58 - 9:01Muitas dessas ideias.
são fáceis de desmontar, -
9:01 - 9:03têm essa qualidade.
-
9:03 - 9:08Mas havia um tema que me atormentava
no meio do subtexto desses argumentos. -
9:09 - 9:10Era este:
-
9:10 - 9:14Porque é que me odeiam
por eu ser quem não posso deixar de ser? -
9:15 - 9:17Enquanto homem negro nos EUA,
aquilo mexia comigo. -
9:18 - 9:19Tinha passado muito tempo
-
9:20 - 9:22a defender-me das tentativas
para me demonizarem, -
9:22 - 9:25para me obrigarem a pedir desculpa
por ser quem sou, -
9:25 - 9:27a tentar passar por uma coisa que não sou,
-
9:27 - 9:30uma espécie de bandido ou gangster,
uma ameaça para a sociedade. -
9:30 - 9:32Uma compaixão inesperada.
-
9:33 - 9:34Uau!
-
9:34 - 9:35Agora, oiçam.
-
9:36 - 9:40A fonte histórica da demonização
dos homens negros e dos homens brancos -
9:40 - 9:42é totalmente diferente.
-
9:42 - 9:44O nosso lugar, nesta discussão,
-
9:44 - 9:47infelizmente, é um acidente de nascimento.
-
9:48 - 9:51Provavelmente, ficarão
admirados com esta perspetiva. -
9:52 - 9:53Eu também fiquei.
-
9:53 - 9:57Nunca em milhões de anos eu pensaria
que podia ter alguma pena -
9:57 - 9:59das pessoas que me odiavam.
-
9:59 - 10:02Calma, a pena não era tanta
que eu quisesse sermos amigos. -
10:02 - 10:05Não tenho infinitos ramos de oliveira
para entregar às pessoas -
10:05 - 10:09que gostariam de não me ver no planeta.
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10:09 - 10:14Mas a pena suficiente para perceber
como é que eles são o que são. -
10:14 - 10:18Para ser sincero,
havia alguns pontos justos. -
10:18 - 10:23Um deles era como os liberais
aceitavam amplamente toda a gente -
10:23 - 10:27com exceção dos que mantinham
opiniões honestamente conservadoras. -
10:27 - 10:29(Risos)
-
10:29 - 10:33Caramba, não adorem
sinceramente Deus e este país. -
10:34 - 10:37Outra coisa de que falavam
era do medo que tinham -
10:37 - 10:40duma coisa a que chamavam
o "genocídio dos brancos" -
10:40 - 10:44que a diversidade seria uma força
que os eliminaria. -
10:45 - 10:48Oiçam, eu sei o que é ter medo
-
10:48 - 10:49quanto ao destino da nossa gente.
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10:49 - 10:52Entre a droga, a SIDA,
a violência de gangues, -
10:52 - 10:57a prisão em massa, o aburguesamento,
os tiroteios da polícia, -
10:57 - 11:00os negros têm mais que razões
para passarem a noite em branco. -
11:00 - 11:03Mas, se a natureza é diversidade
e nós não formos, -
11:03 - 11:05vamos perder essa luta, irmão.
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11:05 - 11:08(Risos)
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11:08 - 11:12(Aplausos)
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11:15 - 11:17A natureza não se preocupa com a raça.
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11:17 - 11:19Isso é coisa dos homens.
-
11:19 - 11:21A natureza só se preocupa
com organismos saudáveis -
11:21 - 11:25e as nossas preciosas características
étnicas são supérfluas para isso. -
11:25 - 11:29A partir da altura em que
abandonarmos essa identidade racista -
11:29 - 11:31e pensarmos na humanidade,
-
11:31 - 11:33todos os nossos problemas desaparecem.
-
11:33 - 11:37(Aplausos)
-
11:40 - 11:43Vou dizer-vos qual é a raça
que não desaparecerá: -
11:43 - 11:45a raça humana.
-
11:45 - 11:47Juntem-se à festa.
A água está ótima. -
11:48 - 11:51Enquanto a água não aquecer demais,
mas isso é para outra palestra TED. -
11:51 - 11:54(Risos)
-
11:55 - 11:59A questão é que, para chegar
a esse ponto de compreensão, -
11:59 - 12:01temos que deixar de ter medo
-
12:01 - 12:03e seguir a nossa curiosidade.
-
12:03 - 12:06Infelizmente, muitas pessoas
não farão esse percurso -
12:06 - 12:09para ver o mundo pelo outro lado.
-
12:09 - 12:11Isto é, sejamos francos,
-
12:11 - 12:13isto não se destina
apenas aos progressistas, -
12:13 - 12:15mas também à ala direita
e aos conservadores. -
12:15 - 12:17Por muito justos que sejam
certos argumentos, -
12:17 - 12:20eles ficarão sempre presos
nas suas câmaras de ressonância, -
12:20 - 12:23reciclando e atualizando
os seus pontos de vista, -
12:23 - 12:25sem nunca chegar
à diversidade de perspetivas, -
12:25 - 12:27sem ter uma visão completa do mundo.
-
12:28 - 12:32Eles não entendem certas vozes
anti-racistas e políticas, -
12:32 - 12:36vozes como a de Tim Wise
e de Michelle Alexander, -
12:36 - 12:40do Dr. Joy DeGruy,
de Boyce Watkins, de Tariq Nasheed. -
12:40 - 12:44Todas estas vozes têm as respostas
às perguntas que eles fazem -
12:44 - 12:46mas, infelizmente, eles não as escutam,
-
12:46 - 12:49devido ao poder
dessas câmaras de ressonância. -
12:49 - 12:52Temos de quebrar
estas divisórias digitais, -
12:52 - 12:55porque, à medida
que a tecnologia progride, -
12:55 - 12:58as consequências do nosso tribalismo
tornam-se mais perigosas. -
12:59 - 13:02Toda esta experiência ensinou-me
-
13:02 - 13:04que os nossos dispositivos
não nos vão salvar. -
13:04 - 13:07Todos estes aparelhos digitais
-
13:07 - 13:12não passam do domínio
do universo exterior, não do interior. -
13:12 - 13:15É tudo uma questão de QI,
e não de QE. -
13:15 - 13:17É um desequilíbrio perigoso.
-
13:17 - 13:20Onde é que iremos buscar
a inteligência emocional -
13:20 - 13:22o desenvolvimento do carácter,
-
13:22 - 13:25as virtudes da paciência,
da tolerância, da compaixão, -
13:25 - 13:29as coisas que garantem
que esses aparelhos, embora avançados, -
13:29 - 13:31se tornam numa bênção
e não numa maldição? -
13:31 - 13:35Parece-me que a própria humanidade
precisa de uma atualização. -
13:37 - 13:40(Aplausos)
-
13:43 - 13:45Compreensivelmente, é uma tarefa enorme,
-
13:46 - 13:49mas eu não acredito
em nenhum monstro imbatível. -
13:49 - 13:53Nunca houve nenhum gigante
sem um calcanhar de Aquiles. -
13:53 - 13:54E se eu vos disser
-
13:54 - 13:58que uma das melhores formas
de ultrapassar isto -
13:58 - 14:01é ter uma conversa corajosa
-
14:01 - 14:03com pessoas difíceis,
-
14:03 - 14:07pessoas que não veem o mundo
da mesma forma que nós vemos? -
14:07 - 14:11Sim, meus amigos, as conversas
podem ser a chave para essa atualização, -
14:12 - 14:13porque, não se esqueçam,
-
14:13 - 14:16a linguagem foi a primeira forma
de realidade virtual. -
14:16 - 14:20É literalmente, uma representação
simbólica do mundo físico, -
14:20 - 14:23e, através desse instrumento,
mudamos o mundo físico. -
14:23 - 14:26Lembrem-se sempre,
as conversas detêm a violência, -
14:26 - 14:29as conversas fundam países,
-
14:29 - 14:30constroem pontes
-
14:30 - 14:32e, nos momentos cruciais,
-
14:32 - 14:34as conversas são as últimas ferramentas
-
14:34 - 14:36que os seres humanos usam
antes de pegarem em armas. -
14:36 - 14:39E não estou a falar
de conversas seguras "online", -
14:39 - 14:41a coberto da segurança
do nosso computador. -
14:41 - 14:42Não.
-
14:42 - 14:47Estou a falar de conversas cara-a-cara,
com pessoas reais, que respiram. -
14:47 - 14:50Para mim, isto é como participar
num fórum comunitário -
14:50 - 14:52chamado Shop Talk Live.
-
14:52 - 14:55Numa Shop Talk Live
alguém tem de estar ali, não é? -
14:56 - 14:58Numa Shop Talk Live,
-
14:58 - 15:00temos conversas que mudam uma vida.
-
15:00 - 15:03Encontramos a comunidade
onde ela se encontra -
15:03 - 15:07e fazemos tudo, desde desviar
a violência de gangues, em tempo real, -
15:07 - 15:09até ajudar as pessoas
a encontrar trabalho, -
15:09 - 15:11a orientar jovens sem abrigo.
-
15:11 - 15:13A razão por que precisámos de fazer isto
-
15:13 - 15:17é porque havia uma profunda falta
de confiança na comunidade negra -
15:17 - 15:20devido à violência da era do "crack".
-
15:21 - 15:24Acabámos por decidir agir
por conta própria, -
15:24 - 15:25resolver os nossos problemas,
-
15:25 - 15:27sem esperar por mais ninguém.
-
15:27 - 15:29A verdade é que,
-
15:29 - 15:30desde o "mayor" ao criminoso,
-
15:30 - 15:33vamos encontrá-los no barbeiro.
-
15:33 - 15:36Portanto, só organizámos
o que já estava a ocorrer. -
15:36 - 15:39Comecei a explorar
estas opiniões alternativas, -
15:39 - 15:42a partir destes universos
digitais alternativos, -
15:42 - 15:46dissecando-os, desmontando-os
em temas controversos de conversa. -
15:46 - 15:48Depois, com o meu telemóvel,
-
15:48 - 15:51virei a Internet contra si mesma
-
15:51 - 15:54e comecei a difundir
essas conversas ao vivo -
15:54 - 15:55para os meus seguidores "online".
-
15:55 - 15:58Isso obrigou-os a saírem
do conforto dos seus portáteis -
15:58 - 16:01e conhecerem-nos em pessoa,
para termos conversas reais, -
16:01 - 16:03com pessoas reais, na vida real.
-
16:03 - 16:04Foi o que fizemos.
-
16:04 - 16:05(Aplausos)
Obrigado. -
16:11 - 16:15Por vezes, recosto-me
e reflito no paradoxo -
16:15 - 16:17de eu tentar resolver os problemas,
-
16:17 - 16:20de nós tentarmos resolver
os problemas das nossas comunidades -
16:20 - 16:23— construímos pontes para
muitas outras comunidades, -
16:23 - 16:26desde a comunidade LGBTQ
até à comunidade de imigrantes árabes -
16:26 - 16:30e até nos reunimos com pessoas
com a bandeira da Confederação no chapéu -
16:30 - 16:33e falamos de coisas
que são realmente importante. -
16:33 - 16:35É altura de deixarmos de tentar
-
16:35 - 16:38abrir um caminho
através da experiência humana. -
16:38 - 16:40Não há saída para ninguém.
-
16:40 - 16:42Deixem de o tentar encontrar.
-
16:42 - 16:45(Aplausos)
-
16:45 - 16:48Temos que perceber uma coisa.
-
16:48 - 16:51Os seres humanos querem
todos as mesmas coisas -
16:51 - 16:53e temos que nos entender
para obter essas coisas. -
16:54 - 16:57Estas conversas corajosas
são a forma como construímos essas pontes. -
16:57 - 17:00É altura de começarmos a ver
as pessoas como pessoas -
17:00 - 17:03e não apenas como as ideias
que nelas projetamos ou a que reagimos. -
17:03 - 17:06Os seres humanos não são barreiras
-
17:06 - 17:09mas portões para as coisas que queremos.
-
17:09 - 17:12Isto é uma evolução coletiva e consciente.
-
17:13 - 17:17O meu percurso começou com um vídeo
no telemóvel, extremamente popular -
17:18 - 17:20e a morte de um amigo.
-
17:20 - 17:23O vosso percurso começa agora mesmo.
-
17:23 - 17:26Juntem-se ao renascimento
da interligação humana. -
17:26 - 17:28Vai acontecer convosco ou não.
-
17:28 - 17:31A minha sugestão é:
agarrem num tópico -
17:31 - 17:34e iniciem um diálogo comunitário
no vosso bairro. -
17:34 - 17:36Encontrem-se com pessoas da vida real.
-
17:36 - 17:37E digo-vos,
-
17:37 - 17:40quando iludirmos o algoritmo
da nossa existência, -
17:40 - 17:43obteremos experiências diversificadas.
-
17:43 - 17:45É altura de crescer, meus amigos,
-
17:45 - 17:47Não é se o fizermos,
é quando o fizermos, -
17:47 - 17:50tornar-se-á claro
que a chave para essa melhoria -
17:50 - 17:54sempre esteve dentro do nosso mundo,
e não em qualquer aparelho que criámos. -
17:54 - 17:58A porta da entrada para esta experiência
está aberta agora -
17:58 - 18:00e sempre estará, uns para os outros.
-
18:00 - 18:02Obrigado.
-
18:02 - 18:05(Aplausos)
- Title:
- Um negro infiltra-se na extrema-direita
- Speaker:
- Theo E.J. Wilson
- Description:
-
Numa palestra a não perder, sobre racismo e política nos EUA, Theo E.J. Wilson conta como se transformou em Lucius25, um observador defensor da supremacia branca, e a empatia inesperada e a perspetiva surpreendente que encontrou por se ter envolvido com pessoas de quem discorda. Encoraja-nos a deixar de ter medo, a adotar a curiosidade e a ter conversas corajosas com pessoas que pensam de modo diferente. "As conversas impedem a violência, as conversas iniciam países e constroem pontes", diz ele.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 18:07
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