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Carl Honore homenageia a lentidão

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    Gostaria de iniciar com uma observação:
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    se aprendi algo no ano passado,
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    é que a grande ironia
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    de publicar um livro sobre a lentidão
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    é que você tem que sair correndo para promovê-lo o mais rápido possível.
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    Eu tenho passado a maior parte do meu tempo atualmente
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    indo de cidade a cidade, estúdio a estúdio
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    entrevista a entrevista,
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    servindo pequenas porções do livro.
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    Porque todos hoje em dia
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    querem desacelerar,
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    mas querem aprender como desacelerar de maneira rápida.
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    Então fiz uma participação na CNN um dia desses
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    e passei mais tempo sendo maquiado do que apresentando de fato.
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    E acho que não foi algo muito surpreendente.
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    Porque é neste mundo em que vivemos agora,
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    um mundo em constante aceleração.
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    Um mundo obcecado com a velocidade,
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    com coisas rápidas, fazendo cada vez mais coisas
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    em cada vez menos tempo.
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    Cada momento do dia parece
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    uma corrida contra o tempo.
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    Citando uma frase de Carrie Fisher, que está
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    na minha biografia, ela diz --
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    "Nos dias de hoje até mesmo o prazer instantâneo demora a chegar."
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    e
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    se pensarmos no que fazer para tentar melhorar as coisas, o que fazemos?
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    Aceleramos mais, certo? Antes discávamos, agora usamos a discagem rápida.
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    Líamos, agora fazemos leitura dinâmica. Andávamos, agora andamos rápido.
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    E, obviamente, costumávamos namorar e agora "ficamos".
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    E até as coisas que são lentas por natureza
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    tentamos acelerar.
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    Estava em Nova Iorque recentemente e passei por uma academia
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    que tinha uma propaganda na fachada para um curso novo, um curso noturno.
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    E eram aulas de quê? Speed yoga.
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    Esta solução perfeita para profissionais sem tempo
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    que querem fazer uma "saudação ao sol",
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    mas só podem dedicar 20 minutos de seu tempo.
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    São exemplos extremos como este
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    que são divertidos e nos fazem rir.
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    Mas há algo muito sério por detrás disso
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    e acho que no decorrer da vida cotidiana,
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    perdemos a noção do dano
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    causado por esse estilo de vida acelerado.
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    A cultura da aceleração já está tão arraigada em nós
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    que perdemos a noção do preço que pagamos por isso
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    em cada aspecto de nossas vidas.
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    Em nossa saúde, nossa dieta, nosso trabalho,
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    nossos relacionamentos, o meio-ambiente e nossa comunidade.
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    E às vezes temos que
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    levar um susto, não é mesmo?
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    Para nos alertar que estamos passando pela vida com muita pressa,
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    ao invés de vivê-la de fato.
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    Estamos vivendo com pressa, ao invés de termos qualidade.
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    E para muitas pessoas, esse susto
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    vem em forma de uma doença.
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    Pode ser um desgaste ou o próprio corpo acaba dizendo,
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    "Não aguento mais," e joga a toalha.
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    Ou talvez um relacionamento que sofre
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    porque não tivemos tempo, ou paciência,
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    ou tranquilidade suficiente
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    para estar com a outra pessoa e escutá-la.
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    Levei um susto quando comecei
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    a ler histórias de ninar para o meu filho,
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    e descobri que no fim do dia,
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    eu entrava no quarto dele e não conseguia desacelerar,
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    Eu lia bem rápido a história "O gato do chapéu"
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    e pulava algumas frases,
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    parágrafos ou até mesmo uma página inteira
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    e o meu filho conhecia a história de cima pra baixo, então brigávamos.
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    O que era pra ser o momento mais relaxante, íntimo
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    e carinhoso do dia,
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    quando um pai senta para ler para seu filho,
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    se tornava uma grande batalha;
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    uma disputa entre o ritmo dele e o meu --
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    ou, a minha velocidade e a sua lentidão.
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    E as coisas continuaram assim por algum tempo,
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    até o dia em que me peguei passando os olhos em um artigo
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    com dicas para pessoas que querem economizar tempo.
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    E uma delas mencionou uma série de livros chamada
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    "Histórias de ninar de um minuto."
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    E eu franzo a testa ao dizer isto agora,
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    mas minha primeira reação foi bastante diferente.
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    Meu primeiro reflexo foi dizer,
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    "Aleluia! Que ótima idéia!
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    Era disso que eu precisava para acelerar ainda mais a hora de levar meu filho para cama."
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    Mas felizmente
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    tive uma idéia posterior e meu reflexo foi bastante diferente.
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    Dei um passo para trás e pensei,
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    "Nossa! Como cheguei até aqui?
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    Estou mesmo com tanta pressa que estou pronto
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    para enganar meu filho com uma historinha de nada no fim do dia?"
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    Guardei o jornal,
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    estava entrando no avião e me sentei,
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    e fiz algo que não fazia há muito tempo -- não fiz nada.
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    Apenas pensei e pensei muito.
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    E, ao sair do avião, já tinha decidido que queria fazer algo a respeito.
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    Queria investigar toda essa cultura papa léguas,
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    e o que ela estava fazendo comigo e com todos os outros.
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    Eu tinha duas perguntas na cabeça.
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    A primeira, como aceleramos tanto?
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    A segunda era sobre a possibilidade
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    ou até mesmo a vontade de desacelerar.
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    Se você pensar sobre
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    como o mundo se acelerou tanto, os primeiros suspeitos erguem a cabeça.
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    Se pensar sobre a urbanização,
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    o consumismo, o trabalho e a tecnologia.
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    Mas acho que se passar batido
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    por esses suspeitos, você chega ao que parece ser
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    o ponto crucial, a raiz do questionamento,
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    que é como enxergamos o próprio tempo.
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    Em outras culturas, o tempo é cíclico.
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    É visto como um movimento
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    em lentos círculos.
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    Está sempre se renovando.
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    Enquanto no Ocidente, o tempo é linear.
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    É um recurso que acaba,
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    e está sempre se esvaindo.
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    Caso não usado, você o perde.
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    Tempo é dinheiro, como disse Benjamin Franklin.
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    E penso no que isso nos causa, psicologicamente falando,
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    isso cria uma equação.
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    O tempo acaba, então o que fazemos?
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    Aceleramos, não é mesmo?
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    Tentamos fazer cada vez mais em menos tempo.
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    Tornamos cada momento de cada dia
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    em uma corrida em direção à linha de chegada.
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    Uma linha de chegada que nunca alcançamos,
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    mas uma linha de chegada mesmo assim.
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    Imagino que a pergunta seja:
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    É possível se libertar dessa programação mental?
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    E, felizmente, a resposta é "sim", porque
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    o que descobri quando comecei a prestar mais atenção é que há
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    uma resposta negativa a esta cultura que
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    nos diz que quanto mais rápido, melhor; e estar superatarefado é melhor.
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    No mundo inteiro, as pessoas fazem algo inesperado:
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    estão desacelerando e descobrindo que
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    embora a sabedoria convencional nos diga que se desacelerarmos estamos perdidos,
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    o contrário também é verdadeiro.
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    Quando as pessoas desaceleram no momento certo,
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    elas percebem que podem fazer tudo de maneira melhor.
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    Elas comem melhor, fazem amor e se exercitam melhor,
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    trabalham e vivem melhor.
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    E nesta conjunção
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    de momentos, lugares e atos de desaceleração,
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    acontece o que as pessoas agora chamam de
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    Movimento Lento Internacional.
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    Se me permitem um ato de hipocrisia,
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    lhes mostrarei uma rápida visão geral
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    do que está acontecendo no Movimento Lento. Se pensar em comida,
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    muitos de vocês terão ouvido o Movimento Slow Food.
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    Teve início na Itália mas já se espalhou pelo mundo
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    e agora tem 100.000 integrantes
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    em 50 países.
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    Ele é movido por uma idéia bastante simples e sensata
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    de que temos mais prazer e saúde
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    com a comida quando
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    a cultivamos, cozinhamos e consumimos em um ritmo sensato.
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    Também acho que a explosão do
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    movimento de cultivo orgânico e dos novos mercados de cultivo,
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    são outros exemplos
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    do fato de que as pessoas afastam-se desesperadamente
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    da alimentação e da produção de seus alimentos
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    em escala industrial.
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    Elas querem voltar a ritmos mais lentos.
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    E, a partir do Movimento Slow Food, cresceu algo
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    chamado Movimento das Cidades Lentas, que começou na Itália
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    mas já se espalhou pela Europa e além.
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    Neste movimento, as cidades
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    começam a repensar sua maneira de organizar a paisagem urbana,
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    de forma que as pessoas são motivadas a desacelerar
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    e a cheirar rosas, e a conectar-se uns aos outros.
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    Assim eles talvez possam melhorar o tráfego
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    ou colocar um novo banco num parque ou em outra área verde.
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    Estas mudanças resultam em mais do que a soma de suas partes,
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    porque acho que quando uma Cidade Lenta se torna uma Cidade Lenta de fato,
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    é uma espécie de declaração filosófica.
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    É uma forma de dizer ao mundo e às pessoas daquela cidade
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    que acreditamos que no século XXI,
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    a lentidão tem um papel importante.
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    Na medicina, acho que as pessoas estão muito desapontadas
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    com a mentalidade de alívio instantâneo
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    presente na medicina convencional.
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    E milhões de pessoas no mundo inteiro estão buscando
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    formas alternativas e complementares de medicina,
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    que tendem a lidar com uma maneira
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    mais lenta, mais suave e holística de cura.
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    Obviamente, há muito a discutir sobre essas terapias complementares,
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    e pessoalmente duvido que o enema de café
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    chegue a ser aprovado pela maioria.
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    Mas outros tratamentos
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    como a acupuntura e a massagem, ou até mesmo um simples relaxamento,
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    claramente mostram benefícios.
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    E as grandes faculdades de medicina em todo o mundo
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    estão começando a estudar tais terapias para descobrir como funcionam,
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    e o que podem aprender com elas.
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    Sexo. O sexo apressado anda muito comum, não é mesmo?
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    Eu estava chegando a --
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    sem querer fazer qualquer trocadilho --
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    Estava me aproximando lentamente a Oxford
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    e passei por uma banca de jornal, e vi uma revista,
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    uma revista masculina dizendo na capa
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    "Como fazer com que sua parceira chegue ao orgasmo em 30 segundos."
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    É isso mesmo. Até o sexo
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    está sendo cronometrado hoje em dia.
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    Sabem,
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    gosto de uma rapidinha tanto quanto qualquer pessoa,
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    mas acho que temos muito a ganhar
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    com o sexo lento, com a desaceleração dentro do quarto.
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    Quando você lida com esse tipo de
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    corrente psicológica, emocional e espiritual,
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    você tem um orgasmo ainda melhor.
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    Digamos que você ganha mais pelo investimento.
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    As Pointer Sisters disseram isso de maneira mais eloquente
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    quando elogiaram qualquer parceiro que tenha uma mão lenta.
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    Bem, rimos do Sting
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    há uns anos quando ele começou a praticar o Tantrismo,
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    mas alguns anos depois você já encontra casais de todas as idades
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    participando de workshops ou apenas
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    praticando em seus próprios quartos, encontrando maneiras
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    de desacelerar e ter um sexo melhor.
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    E, claro, na Itália - é que os italianos sempre parecem já saber
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    onde encontrar prazer --
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    foi lançado um movimento oficial de Sexo Lento.
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    O ambiente de trabalho --
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    em várias partes do mundo --
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    com a exceção da América do Norte --
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    a jornada de trabalho vem sendo reduzida.
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    A Europa é um bom exemplo disso,
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    e as pessoas percebem que sua qualidade de vida melhora
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    já que trabalham menos e
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    a produtividade por hora aumenta.
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    É certo que há problemas com
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    a jornada de trabalho de 35 horas por semana na França --
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    um corte grande, cedo demais, rígido demais.
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    Mas outros países na Europa, especialmente os países nórdicos,
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    estão mostrando que é possível
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    ter uma economia exemplar
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    sem ter que ser workaholic.
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    A Noruega, a Suécia,
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    a Dinamarca e a Finlândia estão no ranking
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    dos 6 países mais competitivos do mundo,
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    e suas jornadas de trabalho fariam o cidadão Americano médio
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    morrer de inveja.
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    E se formos além da questão nacional,
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    e olharmos para as micro-empresas,
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    mais e mais empresas estão percebendo
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    que precisam deixar que seus funcionários
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    trabalhem menos horas ou relaxem --
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    para sair para almoçar ou ir sentar em um lugar silencioso,
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    desligar os Blackberrys -- você aí no fundo --
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    e celulares
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    durante o dia de trabalho ou no fim de semana, para que possam recarregar
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    e para que o cérebro entre naquela
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    sintonia de pensamentos criativa.
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    Não são apenas os adultos
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    que trabalham demais, certo? As crianças também.
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    Tenho 37 anos e minha infância terminou no meio dos anos 80.
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    Olho para as crianças agora e fico impressionado com a maneira que
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    correm para fazer a lição de casa,
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    e têm mais aulas particulares e extracurriculares,
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    mais do que poderíamos conceber na geração passada
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    Alguns dos e-mails que mais chamam atenção
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    recebidos no meu site
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    são de adolescentes
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    que já estão no limite da exaustão, implorando
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    que eu escreva para os seus pais,
  • 10:54 - 10:57
    os ajude a desacelerar, para ajudá-los a se livrarem
  • 10:57 - 11:00
    dessa rotina louca.
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    Felizmente, porém, há um retrocesso no ato de ser pai também,
  • 11:02 - 11:04
    e percebe-se que algumas cidades nos Estados Unidos
  • 11:04 - 11:07
    estão se unindo e banindo as atividades extracurriculares
  • 11:07 - 11:09
    em um dia específico do mês, para que as pessoas possam
  • 11:09 - 11:12
    relaxar, ficar com a família e desacelerar.
  • 11:13 - 11:16
    A lição de casa é um outro tópico. Há proibições de lição de casa
  • 11:17 - 11:19
    surgindo nos países desenvolvidos
  • 11:19 - 11:22
    em escolas que vêm empilhando lição de casa há anos,
  • 11:22 - 11:24
    a agora estão descobrindo que menos pode significar mais.
  • 11:24 - 11:26
    Recentemente, houve um caso na Escócia
  • 11:26 - 11:28
    de uma escola particular altamente reconhecida
  • 11:28 - 11:30
    que baniu a lição de casa
  • 11:30 - 11:32
    para qualquer aluno com menos de 13 anos
  • 11:32 - 11:34
    e os pais exigentes ficaram loucos e disseram:
  • 11:34 - 11:36
    "O que estão fazendo? Será a derrota de nossos filhos"-- e o diretor disse:
  • 11:36 - 11:39
    "Não, seus filhos precisam desacelerar no final do dia."
  • 11:39 - 11:42
    E neste último mês, os resultados das provas chegaram
  • 11:42 - 11:45
    e tanto em matemática ou em ciências, as notas subiram 20 porcento
  • 11:45 - 11:47
    se comparadas ao ano passado.
  • 11:47 - 11:49
    O que é bastante revelador é que
  • 11:49 - 11:52
    as universidades de elite, que são geralmente citadas como a razão
  • 11:52 - 11:54
    pela qual as pessoas enlouquecem seus filhos e exigem tanto deles,
  • 11:54 - 11:57
    começaram a perceber que a qualidade dos alunos
  • 11:57 - 12:00
    que têm recebido está caindo. Esses alunos têm notas altíssimas,
  • 12:00 - 12:03
    seus currículos estão recheados de atividades extracurriculares
  • 12:03 - 12:05
    a ponto de deixar qualquer um boquiaberto.
  • 12:05 - 12:07
    Mas eles não têm garra,
  • 12:07 - 12:09
    não tem a habilidade de pensar com criatividade e pensar diferente --
  • 12:09 - 12:12
    eles não sabem sonhar. Então essas faculdades da Ivy League,
  • 12:12 - 12:14
    Oxford, Cambridge e outras mais estão começando a dizer
  • 12:14 - 12:17
    para pais e alunos que é necessário desacelerar um pouco.
  • 12:17 - 12:20
    Em Harvard, por exemplo, eles enviaram
  • 12:20 - 12:23
    uma carta aos graduandos do penúltimo ano
  • 12:23 - 12:26
    dizendo que eles terão mais sucesso na vida e em Harvard
  • 12:26 - 12:28
    se pisarem no freio. Se fizerem menos,
  • 12:28 - 12:31
    e derem tempo ao tempo para que as coisas aconteçam,
  • 12:31 - 12:33
    para apreciá-las e saboreá-las.
  • 12:33 - 12:35
    E até mesmo se não fizerem nada de fato.
  • 12:35 - 12:37
    Esta carta foi entitulada de - o que é bastante interessante -
  • 12:37 - 12:40
    "Desacelere!" -- com um ponto de exclamação.
  • 12:40 - 12:43
    Para onde quer que a gente olhe, a mensagem me parece a mesma.
  • 12:43 - 12:45
    Menos, muitas vezes, significa mais,
  • 12:45 - 12:48
    e, muitas vezes, quanto mais lento melhor.
  • 12:48 - 12:50
    Tendo dito isso, obviamente,
  • 12:50 - 12:52
    não é tão fácil desacelerar, não é mesmo?
  • 12:52 - 12:54
    Vocês ouviram que levei uma multa por excesso de velocidade
  • 12:54 - 12:56
    quando estava pesquisando para o meu livro sobre os benefícios da lentidão,
  • 12:56 - 12:58
    e é verdade, mas ainda não é tudo.
  • 12:58 - 13:00
    Na realidade estava a caminho de um jantar
  • 13:00 - 13:02
    oferecido pelo movimento Slow Food naquele momento.
  • 13:02 - 13:05
    E como se não fosse vergonhoso o suficiente, levei a multa na Itália.
  • 13:05 - 13:08
    Se algum de vocês já dirigiu em uma estrada italiana,
  • 13:08 - 13:10
    pode ter uma boa idéia do quão rápido eu estava indo.
  • 13:10 - 13:13
    (Risos)
  • 13:13 - 13:15
    Mas por que é tão difícil desacelerar?
  • 13:15 - 13:17
    Creio que haja várias razões.
  • 13:17 - 13:20
    Uma delas é que a velocidade é divertida, é sexy.
  • 13:20 - 13:23
    Ela dá adrenalina e é difícil viver sem isso.
  • 13:23 - 13:25
    Acho que há uma dimensão metafísica --
  • 13:25 - 13:27
    em que a velocidade se torna uma maneira de se proteger
  • 13:27 - 13:29
    das questões maiores e mais profundas.
  • 13:29 - 13:31
    Enchemos nossa cabeça com distrações e ocupações
  • 13:31 - 13:33
    para que não tenhamos que nos perguntar:
  • 13:33 - 13:36
    Estou bem? Estou feliz? Meus filhos estão crescendo direito?
  • 13:36 - 13:39
    Os políticos estão tomando boas decisões em meu nome?
  • 13:40 - 13:42
    Outra razão - acho que talvez a mais poderosa de todas --
  • 13:42 - 13:45
    pela qual achamos tão difícil desacelerar é o tabu cultural
  • 13:45 - 13:48
    que criamos contra o ato de desacelerar.
  • 13:48 - 13:50
    Lento é um palavrão na nossa cultura.
  • 13:50 - 13:52
    é um sinônimo de preguiçoso, largado,
  • 13:52 - 13:54
    de ser alguém que desiste.
  • 13:54 - 13:56
    Tem a frase "ele é meio lento". Conhecem? É um sinônimo
  • 13:56 - 13:59
    de ser burro.
  • 13:59 - 14:01
    Acho que o Movimento Lento -- o propósito do Movimento Lento,
  • 14:01 - 14:03
    ou maior objetivo, é lidar com esse tabu,
  • 14:03 - 14:06
    e dizer que -- que sim,
  • 14:06 - 14:08
    às vezes a lentidão não é a resposta,
  • 14:08 - 14:10
    e que há algo que pode ser visto como "lentidão ruim".
  • 14:10 - 14:12
    Sabem que eu fiquei parado na M25,
  • 14:12 - 14:14
    que é uma estrada em volta de Londres,
  • 14:14 - 14:16
    e passei três horas e meia lá. Posso dizer-lhes que
  • 14:16 - 14:18
    essa é de fato uma lentidão ruim.
  • 14:18 - 14:20
    Mas a nova idéia,
  • 14:20 - 14:22
    um tipo de idéia revolucionária do Movimento Lento,
  • 14:22 - 14:24
    é que também há a "lentidão boa".
  • 14:24 - 14:26
    A lentidão boa é guardar tempo para
  • 14:26 - 14:29
    fazer uma refeição com a família, com a TV desligada.
  • 14:29 - 14:32
    Ou ter tempo para olhar para os problemas a partir de diferentes ângulos
  • 14:32 - 14:34
    no escritório para tomar a decisão mais acertada
  • 14:34 - 14:36
    no trabalho.
  • 14:36 - 14:38
    Ou simplesmente ter tempo
  • 14:38 - 14:40
    para desacelerar
  • 14:40 - 14:42
    e saborear a vida.
  • 14:42 - 14:45
    Uma das coisas que mais me impressionaram
  • 14:45 - 14:48
    em relação a tudo o que ocorreu desde que
  • 14:48 - 14:51
    o livro foi lançado, foi a reação a ele.
  • 14:51 - 14:53
    Eu sabia que quando meu livro sobre a lentidão fosse lançado,
  • 14:53 - 14:55
    seria bem acolhido pelos adeptos da Nova Era,
  • 14:55 - 14:58
    mas também foi bem aceito e com muito gosto
  • 14:58 - 15:00
    pelo mundo corporativo --
  • 15:00 - 15:02
    a imprensa corporativa e também
  • 15:02 - 15:04
    grandes empresas e organizações de liderança.
  • 15:04 - 15:07
    Porque as pessoas no topo da cadeia, pessoas como vocês, eu acho,
  • 15:07 - 15:09
    estão começando a perceber que há
  • 15:09 - 15:11
    muita velocidade no sistema,
  • 15:11 - 15:14
    há muito para fazer e está na hora de encontrar
  • 15:14 - 15:18
    ou retomar a arte perdida de diminuir a marcha.
  • 15:18 - 15:20
    Um outro sinal encorajador, creio,
  • 15:20 - 15:22
    é que não foi apenas no mundo desenvolvido
  • 15:22 - 15:25
    que esta idéia foi aceita. No mundo em desenvolvimento,
  • 15:25 - 15:27
    em países que estão a ponto de dar o salto
  • 15:27 - 15:29
    para o primeiro mundo -- China, Brasil,
  • 15:29 - 15:31
    Tailândia, Polônia etc. --
  • 15:31 - 15:34
    estes países abraçaram a idéia do Movimento Lento,
  • 15:34 - 15:37
    há muitas pessoas a favor e há debates
  • 15:37 - 15:39
    na mídia e nas ruas.
  • 15:39 - 15:41
    Acho que eles estão olhando para o Ocidente e estão dizendo,
  • 15:41 - 15:44
    "Gostamos de algumas coisas que vocês têm,
  • 15:44 - 15:46
    mas não temos tanta certeza sobre esta parte."
  • 15:46 - 15:48
    Tendo dito tudo isso,
  • 15:48 - 15:51
    é de fato possível?
  • 15:51 - 15:54
    Esta é a grande questão do momento. É possível
  • 15:54 - 15:56
    desacelerar? E eu --
  • 15:56 - 15:58
    Eu me sinto feliz em poder dizer a vocês
  • 15:58 - 16:00
    que a resposta é um grande sim.
  • 16:00 - 16:03
    Apresento-me como Prova A,
  • 16:03 - 16:06
    um exemplo de ex-viciado em velocidade
  • 16:06 - 16:08
    já reabilitado.
  • 16:08 - 16:10
    Ainda amo a velocidade. Eu moro em Londres
  • 16:10 - 16:12
    e sou jornalista
  • 16:12 - 16:14
    e adoro a agitação e esse monte de atividades
  • 16:14 - 16:16
    e a adrenalina que sinto com essas coisas.
  • 16:16 - 16:18
    Jogo squash e hóquei no gelo
  • 16:18 - 16:21
    dois esportes bem rápidos e eu nunca deixaria de praticá-los.
  • 16:22 - 16:25
    Porém, no ano passado,
  • 16:25 - 16:27
    entrei em contato com a tartaruga que há dentro de mim.
  • 16:27 - 16:28
    (Risos)
  • 16:28 - 16:30
    E isso significa que
  • 16:30 - 16:33
    já não me sobrecarrego
  • 16:33 - 16:36
    de forma gratuita.
  • 16:36 - 16:39
    Meu modo padrão não é mais
  • 16:39 - 16:41
    ser um apressadinho.
  • 16:42 - 16:44
    Não ouço mais
  • 16:44 - 16:46
    a carruagem alada do tempo se aproximando,
  • 16:46 - 16:48
    pelo menos não tanto como antes.
  • 16:48 - 16:51
    Agora posso de fato ouvi-la porque eu vejo o meu tempo passar.
  • 16:52 - 16:54
    E o melhor de tudo isso é que
  • 16:54 - 16:57
    eu me sinto muito mais feliz, mais saudável,
  • 16:57 - 17:00
    e mais produtivo que antes.
  • 17:00 - 17:02
    Sinto que estou vivendo
  • 17:02 - 17:05
    a minha vida ao invés de apostando uma corrida contra ela.
  • 17:06 - 17:08
    E talvez, a medida mais importante
  • 17:08 - 17:10
    do sucesso que atingi
  • 17:10 - 17:13
    é que sinto que os meus relacionamentos se aprofundaram,
  • 17:13 - 17:15
    são mais ricos e mais fortes.
  • 17:15 - 17:18
    E para mim o teste decisivo
  • 17:18 - 17:20
    para ver se isso iria funcionar e o que significaria
  • 17:20 - 17:23
    sempre foram as histórias de ninar, porque foi basicamente como
  • 17:23 - 17:26
    a jornada começou. E nesta área as notícias
  • 17:26 - 17:28
    também são boas.
  • 17:28 - 17:30
    No fim do dia, vou ao quarto do meu filho.
  • 17:30 - 17:32
    Não uso relógio. Desligo o meu computador,
  • 17:32 - 17:34
    para que eu não escute o barulho de e-mail chegando,
  • 17:34 - 17:37
    e eu desacelero ao ritmo do meu filho, e lemos.
  • 17:38 - 17:41
    E porque as crianças têm seu próprio ritmo e relógio interno,
  • 17:41 - 17:43
    eles não aproveitam o momento
  • 17:43 - 17:45
    quando você lhes dá 10 minutos para poderem se abrir com você.
  • 17:45 - 17:48
    Eles precisam que você se adapte a seu ritmo.
  • 17:48 - 17:50
    Depois de 10 minutos de história
  • 17:50 - 17:52
    o meu filho de repente diz, "Sabe, pai,
  • 17:52 - 17:54
    hoje aconteceu uma coisa no parquinho que realmente me incomodou."
  • 17:54 - 17:57
    E nós paramos e conversamos a respeito.
  • 17:57 - 18:00
    Agora acho que as histórias de ninar
  • 18:00 - 18:02
    costumavam ser um tipo de --
  • 18:02 - 18:05
    um item na minha lista de afazeres, algo que eu odiava,
  • 18:05 - 18:07
    porque era tão lento e eu tinha pouco tempo para terminá-las.
  • 18:07 - 18:09
    Se tornou a minha recompensa no fim do dia,
  • 18:09 - 18:11
    algo que eu realmente aprecio.
  • 18:11 - 18:13
    E eu tenho meio que um final Hollywoodiano
  • 18:13 - 18:15
    para a minha palestra desta tarde,
  • 18:15 - 18:17
    que é mais ou menos assim:
  • 18:17 - 18:20
    Há uns meses atrás, estava me preparando para sair
  • 18:20 - 18:23
    em outra turnê do livro e as minhas malas estavam arrumadas.
  • 18:23 - 18:26
    Eu estava lá embaixo perto da porta esperando um táxi,
  • 18:26 - 18:28
    e meu filho desceu as escadas e
  • 18:28 - 18:30
    tinha feito um cartão para mim. Estava nas mãos dele.
  • 18:30 - 18:32
    Ele tinha grampeado dois cartões, como estes,
  • 18:32 - 18:35
    e tinha colocado um adesivo de seu
  • 18:35 - 18:37
    personagem favorito, Tintin, na frente.
  • 18:37 - 18:39
    E ele me disse,
  • 18:39 - 18:41
    ou me entregou o cartão e o leu
  • 18:41 - 18:43
    e estava escrito: "Para o papai, com amor, Benjamin."
  • 18:43 - 18:46
    Pensei, "Ah, que lindo,
  • 18:46 - 18:49
    isso é um cartão de boa sorte na turnê?"
  • 18:49 - 18:51
    E ele disse, "Não, não, papai -- este é um cartão
  • 18:51 - 18:53
    por você ser o melhor contador de histórias do mundo."
  • 18:53 - 18:56
    E pensei: "É, essa coisa de desacelerar..."
  • 18:56 - 18:57
    Muito obrigado.
Title:
Carl Honore homenageia a lentidão
Speaker:
Carl Honoré
Description:

Carl Honore, jornalista, acredita que a ênfase do mundo Ocidental na rapidez agride a saúde, a produtividade e a qualidade de vida. Há porém um movimento oposto em que as pessoas começam a reduzir o ritmo de suas vidas modernas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
18:57
Carla D'Elia added a translation

Portuguese, Brazilian subtitles

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