Reparando o descompasso da vida moderna com a nossa bioquímica de mulher das cavernas | Dra Libby Weaver | TEDxQueenstown

"Há uma crise enfrentando a saúde das mulheres." No TEDxQueenstown - Sense of Place, a principal bioquímica nutricional da Austrália, Dra. Libby Weaver, fala sobre como na época atual, as mulheres sentem a pressão de tentar ser tudo para todas as pessoas, e nossa bioquímica atual ainda precisa acompanhar essa mudança de ritmo. Ela compartilha soluções práticas de como a mulher “malabarista” moderna pode reparar esse descompasso com a bioquímica da mulher das cavernas.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

Muito obrigada.

Há uma crise na saúde das mulheres,

e afeta todo mundo a nossa volta:

nossos parceiros, pais, irmãos e filhos.

E é fundamental chegarmos
ao centro da questão

e resolvermos o motivo por trás disso.

Não muito tempo atrás,
na evolução da humanidade,

as mulheres tiveram a chance

de fazer o que tradicionalmente
era trabalho de seus pais,

mas mantiveram as responsabilidades
que tradicionalmente eram de suas mães.

E então o que se desdobrou
para muitas mulheres

é uma frenética jornada dupla
de trabalho, dia e noite,

e isso nunca acaba.

Elas precisam tanto de descanso,

mas quando vivemos nesse
ritmo frenético, na adrenalina,

tentando ser tudo para todos,

isso pode ter consequências físicas,
mentais e emocionais extremas.

E isso corta o meu coração

porque essas mulheres
entram no meu escritório e me dizem

que elas gritam com seus filhos
e depois se odeiam;

que elas sentem que não
têm controle sobre isso.

Elas me dizem que, se elas
não fizerem, não será feito.

Dizem que estão exaustas,
mas conectadas, que não podem suportar,

que gostariam que o dia
tivesse mais horas,

que não se lembram de nada

e não têm absolutamente
nenhuma margem restante.

Mas não deixamos você ver nada disso

porque mantemos nossos
sorrisos firmes no lugar.

E por que nós fazemos isso?

Fazemos porque nos importamos
muito com as pessoas nas nossas vidas.

Isso vem de um lugar lindo.

Isso vem porque temos corações lindos.

Mas, mais profundo ainda,

isso vem porque criamos
uma história, há muito muito tempo,

de que não somos suficientes como somos,

que não somos suficientemente
boas, altas, magras,

bonitas, inteligentes

pontuais, o suficiente;

que não somos suficientes
do jeito que somos.

E aí passamos a vida tentando
agradar a todos no nosso reino,

tentando assegurar
que eles nos amam e nos apreciam

para que nunca tenhamos que nos sentir
rejeitadas ou ostracizadas.

Mas não me preocupo só

com as consequências
na saúde física das mulheres.

É que elas vivem a vida tão sem contato

com esses corações lindos,

e na sombra dessa crença falsa
de que não são suficientes.

Muitas mulheres perderam
a sensação de pertencimento a este mundo,

mas um retorno a essa sensação
de pertencimento está bem à mão;

um retorno à presença verdadeira,
à conexão verdadeira uma com a outra

à nossa terra;

uma percepção de gratidão verdadeira;

um lugar onde tem calma,
um lugar onde não tem ansiedade;

um lugar onde não tem enxaqueca
e onde não tem TPM

para gritarmos com as pessoas
que mais amamos no mundo

e nos arrependermos depois.

Esse tempo está à mão.

Chegou a hora de nascer
uma nova era para as mulheres;

é preciso.

E essa nova era vai começar bem agora.

A mulher das cavernas à esquerda
representa a mulher histórica;

e a mulher malabarista à direita
representa a mulher moderna.

Essas duas mulheres
são feitas da mesma coisa.

As duas são feitas de aproximadamente
50 trilhões de células.

E 50 trilhões é um número que não entra
na nossa cabeça por sua grandeza,

então vou usar o tempo
para ilustrar a dimensão disso.

Um trilhão de segundos atrás
equivale a 32 mil anos atrás.

Mas nós temos 50 trilhões de células
dentro do nosso corpo,

e o único jeito que elas trabalham
é conversando entre si.

E elas precisam de nutrientes
para poderem se comunicar.

E o único lugar em que conseguimos
nutrientes é na nossa comida.

E estou muito preocupada que,
quando vivemos nesse ritmo frenético,

podemos comprometer
o jeito como nos nutrimos

e não termos nutrientes

para esses processos bioquímicos
básicos dentro de nós.

Eu fui à universidade por 14 anos,

e sempre que eu digo isso,
parece que sou meio burra,

mas...

eu amava a universidade,
amava aprender, ainda amo.

E enquanto eu cursava
meu PhD em bioquímica,

mapeei todos os caminhos
bioquímicos do corpo

nos maiores papéis que pude encontrar

e colei em todas as paredes do meu quarto.

Eu era como um professor maluco.

Mas era o único jeito
que eu poderia aprender.

Quando você vê o corpo mapeado
desse jeito, você aprecia profundamente

o papel fundamental
dos nutrientes no nosso corpo,

porque eles convertem
a substância X na substância Y.

O zinco pode ser necessário pra isso
e, se não tiver zinco suficiente,

a substância X vai se acumular

e você pode não ter
substância Y suficiente,

o que pode impactar sua felicidade,

a produção de hormônio do estresse,

a sua habilidade de dormir,

ou a sua habilidade
de queimar gordura corporal.

Mas você não é só o papel dos nutrientes
que você aprecia profundamente.

Quando vemos o corpo mapeado assim,
e isso que eu quero que todos vejam,

vemos o absoluto milagre que somos.

É milagroso.

Se você soubesse quem você realmente é,
você estaria maravilhada com você mesma.

Então vamos fazer isso acontecer agora.

(Risos)

Quando a mulher das cavernas corria,
ela corria para escapar do perigo

ou talvez para obter sua próxima refeição.

Mas a mulher malabarista

corre com sua mente consciente
sabendo que ela busca preparo físico,

mas sua mente subconsciente,

a parte do corpo que ela não pode
instruir com seus pensamentos,

a parte do corpo com a qual
ela não pode se comunicar,

é a parte do corpo que governa
quão rapidamente o seu coração bate,

quão rápido seu cabelo
e suas unhas crescem.

Se você se corta,
você não precisa ficar ali

e conversar com o corte
pelos próximos três dias, dizendo:

"Cicatrize-se".

Seu corpo tem recursos
para mandar o necessário

para aquele ponto específico cicatrizar.

E cada vez que digo isso em voz alta,
eu me surpreendo muito.

É milagroso!

Mas isso é o nosso subconsciente.

Quando a mulher malabarista corre,
ela tem tecnologia da mulher das cavernas.

Ela pede ao corpo dela para criar
um significado diferente,

pela primeira vez em toda
a evolução humana,

de que ela está bem,
ela corre pelo preparo físico.

A mente consciente dela sabe,

mas o inconsciente dela cria
o significado que sempre criou.

Então, a ciência sugere que estamos
no planeta há cerca de 150 mil anos.

E você vê que a linha azul aqui
representa 2 mil anos atrás,

mais ou menos o tempo
que temos um calendário.

Você pode ver que isso é um pontinho

comparado aos outros 150 mil anos
em que estamos no planeta.

A linha vermelha ao lado do tempo zero
representa o último século.

Estamos no planeta há
uma fração de tempo minúscula

e isso foi ampliado aqui na parte inferior

para que você possa ver
a enorme mudança que aconteceu

apenas no último século,

imagina na última década.

Em 1914, como era a vida das mulheres?

Durante a Segunda Guerra,

até mesmo o selo postal começou
a mudar o que as mulheres eram,

dizendo o que poderíamos fazer
com as mulheres entrando no mercado.

Nos anos 60, não era só a moda
que estava mudando

e nossas saias que ficavam mais curtas,

mas também a mídia
anunciava ao mundo todo

que tinha uma pílula anticoncepcional
disponível para todos.

Durante os anos 80, mostramos que podíamos
disputar com os homens em todos os campos,

com uma mulher sendo
a chefe de poder global.

E então, em 2014, aqui
está a mulher malabarista

trabalhando dia e noite
nesse ritmo frenético,

pedindo ao seu corpo
para tomar uma decisão diferente,

para ter um significado diferente
de toda a história humana.

E para lidar com isso, ter energia
para fazer o que ela quer fazer em um dia,

muitas mulheres se estimulam com cafeína
e se acalmam com álcool.

Nós esquecemos que nosso corpo
pode fazer isso por conta própria.

E quando você consome essas substâncias
em excesso regularmente,

de fato, você neutraliza a sua energia,

você neutraliza a sua vitalidade,

você neutraliza a sua grandeza.

E você pode perder o absoluto
milagre da sua existência

e quão magnífico tudo isso é.

Este é um período de transição.

Temos que aprender
a viver desse novo jeito

porque não vamos retroceder.

Nós progredimos em mais
áreas que os outros pensam.

Então, para um casal em que ambos
trabalham em tempo integral,

e tem um filho,

as pesquisas claramente mostram

que a mulher faz o dobro do trabalho
doméstico que o homem

e o triplo do cuidado com as crianças.

Essencialmente, ela tem
três empregos e ele tem um.

Portanto, não apenas é o nascer
de uma nova era para as mulheres,

mas o que me ocorreu
enquanto eu pensava nesse palestra,

que me fez lacrimejar e me arrepiar,

é que isso tem que ser
para os nossos homens também.

E o que move a mulher malabarista?

Conecte seus ouvidos
porque alguns não querem ouvir isso,

porque é adrenalina.

A cafeína leva o corpo humano
a produzir adrenalina

e também a percepção de pressão.

Agora, perceba que usei a palavra
"percepção" antes de "pressão",

porque é isso.

Então, quando eu perguntava
às pessoas há muitos anos

onde elas sentiam que havia estresse
e pressão em suas vidas,

elas descreviam uma situação
onde alguém amado estava muito doente,

e elas estavam muito preocupadas.

Mas agora, quando eu pergunto:

"O que te estressa?
Onde você sente a pressão?",

dizem: "Tive uma semana de férias,

e agora tem 600 e-mails
na minha caixa de entrada

e não sei quando vou
ter tempo para lidar com eles".

Mas, de novo, não vemos isso,
mas se você esconde isso,

é porque você se importa profundamente.

É porque você não quer chatear
as pessoas que te escreveram

por não dar um retorno a elas.

Você não quer que elas pensem
que você é ineficiente.

Você quer agradá-las,
você quer cuidar delas,

quer ter certeza
que elas se sentem cuidadas,

então isso vem de um lugar lindo.

Mas vem de ser uma boa menina.

As mulheres são criadas para serem
boas meninas e agradarem as pessoas.

E quando criamos essa história,

e temos feito isso há muito tempo,

de que não somos suficientes como somos

seja o que for, infelizmente,
outra conseqüência disso pode ser

que, se você não acredita
que é suficiente,

você nunca sente que tem o suficiente.

Você também vive sua vida na busca
de ter e ganhar cada vez mais.

Então é hora dessa nuvem
de falsa crença acabar.

Então, a malabarista,
com seu sistema nervoso,

quando ela vive na adrenalina,

nessa resposta de luta ou fuga,

com toda essa intensidade,

para contrabalançar isso,
queremos ativar a zona verde,

que é o aspecto calmante
do nosso sistema nervoso,

e é isso que uma respiração
diafragmática longa e lenta faz.

É assim que você ativa isso.

E quando estamos vivendo
naquele lugar lindamente calmo,

queimamos nossa gordura corporal
muito facilmente como combustível.

Mas quando vivemos na zona vermelha,
na adrenalina, seu corpo não tem escolha,

a não ser acreditar que sua vida
está mesmo em perigo.

Ele precisa te fortalecer
para sair desse perigo,

e precisa de combustível,

tem que te fornecer combustível
para sair desse perigo.

Adivinhe, dos combustíveis do seu corpo,

entre a glicose e gordura,
qual queima mais rápido?

Sempre vai ser glicose,
ou açúcar, para te tirar de lá.

Quando estamos calmos, queimamos
nossa gordura corporal prontamente.

Vi isso acontecer inúmeras
vezes com as pessoas.

Uma mulher terminou a maratona
de Nova Iorque e veio me ver depois,

porque ela correu de 65 a 95 km

toda semana por 9 meses,
comendo bem e ganhou 12 kg.

Como isso é possível?

Eu tive minha própria
experiência com isso.

Enquanto estava na universidade,
eu corria intensamente.

Eu corria por duas horas
praticamente todos os dias.

Mas aí consegui um emprego
em um centro de saúde,

e tinha que levantar às 4h20

para estar pronta
para acordar os hóspedes,

e, às seis da manhã,
fazíamos tai chi por 30 minutos

com movimentos de braço lentos e suaves,

mas respirando pelo diafragma
por 30 minutos.

E então eu levava os hóspedes
numa caminhada tranquila,

e minha alimentação continuou
a mesma nessa época.

Fui de corredora maluca, queimando
quantidades imensas de calorias,

para o tai chi, que dificilmente
queimava calorias,

e as minhas roupas ficaram
cada vez mais soltas,

mesmo que a alimentação
tenha ficado igual.

Isso bagunçou meu cérebro totalmente

porque se a equação calórica fosse real,
o oposto deveria acontecer.

E essa experiência me levou de volta
aos meus livros didáticos de bioquímica

com esta questão em mente:

o que leva o corpo humano a obter
a mensagem para queimar gordura?

E o que leva o corpo humano
a receber a mensagem

para guardar gordura?

Mas isso é para outro dia.

Entenda apenas que quando estamos calmos,
usamos gordura corporal como combustível.

O outro sistema do corpo
que pode ser enormemente impactado

quando vivemos nesse estado frenético
são nossos hormônios sexuais,

especialmente a progesterona,

que faz coisas reprodutivas
em nosso corpo.

Mas faz outras coisas incríveis:
é um agente ansiolítico;

é antidepressivo e diurético.

Mas produzimos progesterona
na primeira metade do ciclo menstrual,

exatamente do mesmo lugar que produzimos
nossos hormônios do estresse.

E enquanto equilibramos tudo
em nosso mundo,

produzimos adrenalina,
que diz que nossa vida está em perigo,

e outro hormônio do estresse,
chamado cortisol,

que diz que não há comida
sobrando no mundo.

E o corpo relaciona
progesterona à fertilidade.

Então a última coisa que ele quer
é que você traga um bebê no mundo,

onde ele sente que você não está
segura e não há comida.

Então seu corpo pensa
que te faz um grande favor

parando sua produção de progesterona.

E, na minha opinião,

esse é o maior desafio bioquímico
da saúde das mulheres hoje.

Essa situação, com baixa progesterona
e muito estrogênio,

é o caos para nós e todos ao nosso redor.

Boa sorte sendo paciente e gentil
com as pessoas que você ama no mundo,

quando isso está acontecendo com você.

(Risos)

E eu sei disso em primeira mão.

Quando meu trabalho
começou a ficar intenso,

eu ficava até uma ou duas
da manhã respondendo e-mails.

Eu levantava pelas 5h30 ou 6h,

voltava a responder e-mails,
ia trabalhar e atender pacientes,

o dia todo,

então liberar mensagens,
responder mensagens

sair e comprar comida,

ir para casa, preparar o jantar,
ficar com meu amado,

e voltar ao e-mails.

Vivi assim por quatro meses
antes que ele e eu conversássemos

que o jeito que eu vivia
era insustentável.

Então, mesmo com todo meu conhecimento
e todos os meus rituais,

caí na armadilha de tentar agradar
cada ser humano do meu reino,

querendo que gostassem de mim.

E se você pensar nessa situação,

nem tem crianças nessa conversa.

Porque eu não sou corajosa
o suficiente para ser mãe.

Porque eu não consigo imaginar ser
a mãe que eu gostaria de ser,

enquanto cumpro minha missão neste mundo.

Eu não consigo imaginar
como eu faria isso.

Mas foi essa experiência

que me levou de volta
aos meus livros de bioquímica

e resultou no diagnóstico do que chamo
de síndrome da mulher apressada.

E nós não precisamos viver assim.

É hora de usarmos
a máscara de oxigênio antes.

Temos que nos dar o oxigênio
antes de podermos servir aos outros,

para nos permitir viver nossas missões,

e para mim isso é educar, inspirar,
melhorar a saúde e felicidade das pessoas

e provocar um efeito cascata
que transforma o mundo.

É tempo de nascer
uma nova era dentro de nós...

de nos fornecer esse oxigênio.

Eu quero que você imagine uma menininha,

uma menininha bonita,
com um lindo vestido,

e ela está sozinha
em seu próprio mundinho,

girando: "la la la".

Ela sabe que é valiosa.

Ela vive cada momento desse lugar.

Todas nós nascemos com essa sabedoria.

Mas nós a perdemos.

E eu acredito que nós passamos a vida
toda tentando nos sentir assim de novo.

Só que fazemos por meios e substâncias
que às vezes prejudicam nossa saúde:

comida demais, ou de menos;

muito álcool ou cafeína;

ou gastando além do nosso limite;

ou correndo, caindo aos pedaços
tentando ser tudo para todos.

Quando entrou na nossa psicologia
que precisamos sacrificar nossa saúde

para deixar todos felizes?

É lindo contribuir.

É um ganha-ganha,

mas nunca às custas da nossa saúde,

e não quero que seja preciso
uma crise de saúde para te acordar,

para te relembrar
o quanto a vida é valiosa.

Quero que você comece a explorar
como você come, bebe, move, pensa,

acredita e percebe.

No minuto que você mudar sua percepção,
você reconecta toda a sua química.

É hora de se reconectar
com a sua respiração.

É hora de lembrar
o milagre absoluto que você é.

É hora de se reconectar
com a grandiosidade da sua existência.

Por favor se lembre

que a vida é valiosa,

e que você é valiosa,

e trate a si mesma de acordo com isso.

Obrigada.

(Aplausos)