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Homens brancos: é hora de descobrir a cultura que vocês não enxergam | Michael Welp | TEDxBend

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    Em 1990, viajei à África do Sul
    a trabalho, pela Outward Bound.
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    Aquela viagem mudou a minha vida.
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    Nelson Mandela havia deixado a prisão
    poucos meses antes,
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    e o aparheid estava chegando ao fim.
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    Trabalhei com grupos de mineradores,
    bancos e outros tipos de empresas
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    coordenando cursos de consolidação
    de equipes inter-raciais,
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    todos com duração de oito dias.
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    Os mineradores todos trabalhavam
    juntos nos mesmos turnos,
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    mas, apesar disso,
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    brancos e negros nunca comiam
    suas refeições juntos,
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    nunca dormiam no mesmo alojamento
  • 0:52 - 0:55
    e nunca bebiam cerveja juntos.
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    A esposa de um dos mineiros disse:
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    "Se dormir no mesmo quarto
    com um negro, me divorcio de você".
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    Demos início a intensas atividades
    de equipe assim que eles chegaram.
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    De início, fiquei empolgado e conectado
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    com os mineradores negros
    de diferentes grupos tribais,
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    que sempre cantavam e dançavam
    espontaneamente em volta da fogueira.
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    Com o tempo, descobri que também
    tinha muito em comum com os brancos.
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    Eram bons homens numa conversa a dois,
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    mas faziam parte de um sistema opressor.
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    Eles estavam em posição de poder,
    e os demais se submetiam a eles.
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    Descobri com o tempo
  • 1:32 - 1:35
    que eu tinha mais em comum
    com os homens brancos do que gostaria.
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    Eu via a mim mesmo ao olhá-los nos olhos.
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    Me senti na obrigação de voltar aos EUA
    e trabalhar com pessoas como eu,
  • 1:42 - 1:44
    outros homens brancos.
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    De volta aos EUA,
    passei sete anos pesquisando:
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    como os homens brancos
    aprendem sobre diversidade?
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    O que desperta nossa consciência
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    e nossa atitude de forma
    a nos tornamos defensores da diversidade?
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    Em minha pesquisa de dissertação,
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    vi que os homens brancos que estudei
    aprendem quase tudo
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    com mulheres e pessoas negras.
  • 2:05 - 2:07
    Eles não recorrem a outros homens brancos,
  • 2:07 - 2:11
    e se distanciavam de outros homens brancos
    e tinham raiva deles.
  • 2:11 - 2:14
    Apresentei esses resultados
    numa conferência nacional,
  • 2:14 - 2:16
    e uma mulher negra se levantou
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    e disse:
  • 2:17 - 2:21
    "Se o caminho para a diversidade
    para homens brancos é esse, eu cansei".
  • 2:21 - 2:22
    (Risos)
  • 2:22 - 2:24
    "Não tenho paciência
    para ensinar todos vocês".
  • 2:24 - 2:26
    (Risos)
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    E ela estava certa!
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    Um colega meu que também
    trabalhava para a Outward Bound,
  • 2:31 - 2:33
    Bill Proudman,
  • 2:33 - 2:35
    teve uma ideia para quebrar esse padrão.
  • 2:35 - 2:39
    Ele disse: "Vamos entrar numa sala
    com um grupo de homens brancos
  • 2:39 - 2:41
    e passar quatro dias
    refletindo sobre nós mesmos.
  • 2:41 - 2:44
    O que significa ser branco e ser homem,
  • 2:44 - 2:46
    e, no caso de muitos de nós,
    heterossexual?
  • 2:47 - 2:50
    Chamamos aquilo de convenção
    de homens brancos.
  • 2:50 - 2:54
    A primeira convenção de homens brancos
    que fizemos foi há 20 anos.
  • 2:54 - 2:58
    Desde então, já realizamos centenas delas,
    com milhares de homens brancos.
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    Com o tempo, descobrimos que
    os homens brancos desconhecem três coisas.
  • 3:02 - 3:04
    Primeiro, não sabemos
    que fazemos parte de um grupo
  • 3:04 - 3:06
    e que temos uma cultura.
  • 3:06 - 3:08
    Segundo, não sabemos que os outros
  • 3:08 - 3:11
    vivem realidades diferentes
    da nossa no mundo.
  • 3:11 - 3:13
    E terceiro, não sabemos
  • 3:13 - 3:17
    que o processo de descobrir isso,
    na verdade, transforma a nossa vida,
  • 3:17 - 3:19
    e que ganhamos muito nesse processo.
  • 3:20 - 3:21
    Só pra deixar claro,
  • 3:21 - 3:25
    os homens brancos não são os únicos
    no mundo que desconhecem coisas.
  • 3:25 - 3:26
    (Risos)
  • 3:26 - 3:29
    Todos temos coisas a aprender e a fazer
  • 3:29 - 3:32
    no que diz respeito a nos relacionarmos
    melhor uns com os outros.
  • 3:32 - 3:35
    Só que hoje vou falar sobre a parte
    que tange aos homens brancos,
  • 3:35 - 3:38
    que geralmente não é tratada.
  • 3:38 - 3:41
    Vamos voltar à primeira coisa
    que os homens brancos desconhecem.
  • 3:41 - 3:44
    Não sabemos que fazemos parte de um grupo
    e que temos uma cultura.
  • 3:44 - 3:47
    Quando me olho no espelho,
    eu vejo o Michael.
  • 3:47 - 3:49
    Não me vejo como um homem branco.
  • 3:49 - 3:52
    Os outros, mulheres e negros,
    talvez vejam um homem branco,
  • 3:52 - 3:53
    mas eu só vejo o Michael.
  • 3:53 - 3:57
    Isso é em parte devido à forma
    como a diversidade é encarada.
  • 3:57 - 4:02
    Quando pensamos em raça, por exemplo,
    geralmente focamos pessoas negras.
  • 4:02 - 4:06
    Quando pensamos em gênero,
    sobre quem normalmente falamos?
  • 4:06 - 4:07
    Mulheres.
  • 4:07 - 4:09
    Quando pensamos em orientação sexual,
  • 4:09 - 4:12
    geralmente focamos
    gays, lésbicas e bissexuais.
  • 4:12 - 4:16
    Não pensamos em como é ser branco,
    ser homem ou ser heterossexual.
  • 4:16 - 4:18
    É como uma parte invisível de mim.
  • 4:19 - 4:22
    Uma vez trabalhei com o líder
    de uma equipe SWAT,
  • 4:22 - 4:26
    que disse que aplicou o que aprendeu
    logo no primeiro dia de volta ao trabalho.
  • 4:26 - 4:31
    Ele estava numa situação que normalmente
    termina numa briga ou em cana,
  • 4:31 - 4:33
    e ele conseguiu evitar ambos.
  • 4:33 - 4:37
    Se enxergando e se reconhecendo
    como homem branco, ele percebeu:
  • 4:37 - 4:40
    "Essa pessoa não me conhece".
  • 4:40 - 4:43
    Ele entendeu que não tinha
    que levar para o pessoal.
  • 4:43 - 4:46
    Ele passou da defensiva para a reflexão,
  • 4:46 - 4:49
    e conseguiu transformar
    uma situação explosiva
  • 4:49 - 4:51
    numa situação de parceria.
  • 4:52 - 4:55
    Nós, homens brancos, não sabemos
    que pertencemos a um grupo
  • 4:55 - 4:57
    nem que temos uma cultura.
  • 4:57 - 5:00
    Somos como um peixe na água.
  • 5:00 - 5:02
    Dificilmente temos que sair
    da nossa água cultural
  • 5:02 - 5:05
    e, por isso, somos os que têm
    menos consciência dela.
  • 5:05 - 5:09
    A cultura, a nossa cultura,
    permeia nossas escolas, instituições,
  • 5:09 - 5:12
    a Igreja, os negócios, a maioria
    dos lugares que frequentamos.
  • 5:12 - 5:15
    Então, somos os que têm
    menos consciência dela.
  • 5:16 - 5:18
    Eu adoro minha cultura,
  • 5:18 - 5:22
    e aprendi a enxergar que,
    quando me utilizo demais da força dela,
  • 5:22 - 5:25
    essa força pode se tornar fraqueza.
  • 5:25 - 5:28
    Quais são algumas das características
    da cultura branca masculina?
  • 5:28 - 5:30
    Uma delas é o individualismo.
  • 5:30 - 5:32
    Eu adoro esse meu lado.
  • 5:32 - 5:34
    Adoro me levantar, colocar minhas botas,
  • 5:34 - 5:37
    baixar minha cabeça e trabalhar duro.
  • 5:37 - 5:39
    Tem funcionado muito bem pra mim.
  • 5:39 - 5:43
    Sei que posso me utilizar demais disso,
    assim como os outros também.
  • 5:43 - 5:45
    Já ouviram falar de homens brancos
  • 5:45 - 5:47
    que se perdem e se recusam
    a pedir ajuda a alguém na rua?
  • 5:47 - 5:49
    Membro da plateia: Meu pai!
  • 5:49 - 5:50
    Michael Welp: Recentemente?
  • 5:50 - 5:52
    (Risos)
  • 5:52 - 5:54
    Estou fazendo um manual
    sobre homens brancos,
  • 5:54 - 5:56
    vocês podem ler as instruções aqui.
  • 5:57 - 6:00
    Também adoro a disposição para a ação.
  • 6:00 - 6:03
    Essa é outra característica
    da nossa cultura.
  • 6:03 - 6:08
    E essa disposição para a ação tem a ver
    com fazer o que tem que ser feito.
  • 6:08 - 6:11
    Gosto de consertar as coisas,
    gosto de resolver problemas.
  • 6:11 - 6:15
    Também posso me valer demais dessa
    mentalidade de resolução de problemas.
  • 6:15 - 6:17
    Alguém aqui já teve de dizer
    ao seu marido branco:
  • 6:17 - 6:20
    "Não quero que resolva isso.
    Só quero que escute"?
  • 6:20 - 6:21
    (Risos)
  • 6:21 - 6:24
    Alguém já ouviu isso? Se você
    é homem e branco, já ouviu isso?
  • 6:25 - 6:27
    Nossa cultura também nos ensina
  • 6:27 - 6:31
    que não podemos ser racionais
    e emotivos ao mesmo tempo.
  • 6:31 - 6:34
    Por isso deixamos de lado
    nossa emotividade.
  • 6:34 - 6:36
    Outras culturas não fazem isso.
  • 6:37 - 6:40
    Quando vivo nessa bolha cultural,
    que é invisível pra mim,
  • 6:40 - 6:42
    sequer penso que seja uma cultura.
  • 6:42 - 6:44
    Penso que sou um bom ser humano,
  • 6:44 - 6:46
    um bom norte-americano.
  • 6:46 - 6:50
    E julgo os outros a partir
    dessa bolha cultural invisível,
  • 6:50 - 6:54
    e isso os coloca num lugar
    em que se sentem julgados.
  • 6:54 - 6:57
    Preconceito inconsciente,
    é o que é pra mim,
  • 6:57 - 7:03
    como se fosse um sistema operacional
    cultural em piloto automático
  • 7:03 - 7:06
    que eu sequer sabia
    que rodava dentro de mim.
  • 7:06 - 7:09
    Posso dizer que sou cego culturalmente,
    ou que sou cego em termos de gênero,
  • 7:09 - 7:12
    e que simplesmente trato
    todos da mesma forma.
  • 7:12 - 7:14
    Não percebo que os outros entendem isso
  • 7:14 - 7:17
    como ter que se adaptar
    à minha bolha cultural.
  • 7:22 - 7:26
    E sequer sei que estou causando
    essa imposição aos outros.
  • 7:26 - 7:27
    Os outros podem ficar frustrados
  • 7:27 - 7:31
    por saberem que precisam deixar
    parte de si do lado de fora da porta.
  • 7:31 - 7:35
    E o mais interessante é que fazemos isso
    a nós mesmos como homens brancos.
  • 7:35 - 7:37
    Também nos adequamos à bolha cultural
  • 7:37 - 7:40
    e, ao fazermos isso, deixamos parte
    da nossa humanidade pra trás.
  • 7:41 - 7:44
    A segunda coisa que a maioria
    dos homens brancos não sabe
  • 7:44 - 7:48
    é que os outros vivenciam
    o mundo de forma diferente.
  • 7:48 - 7:53
    A maioria de nós naturalmente se conecta
    com base em igualdade e semelhança.
  • 7:53 - 7:57
    Na verdade, pesquisas interculturais
    mostram que, no que tange a diferenças,
  • 7:57 - 8:01
    a maioria das pessoas ou negam
    ou minimizam essas diferenças,
  • 8:01 - 8:05
    e esse padrão aparece
    em gerações mais novas também.
  • 8:05 - 8:09
    Mesmo assim, mulheres, negros e outros
    vivem realidades diferentes
  • 8:09 - 8:12
    e, se só me conecto
    com base na semelhança,
  • 8:12 - 8:15
    não enxergo outras partes
    da realidade deles.
  • 8:15 - 8:17
    Não é que a minha visão
    de mundo seja errada;
  • 8:17 - 8:20
    na verdade, ela é incompleta.
  • 8:21 - 8:25
    Então, por exemplo, não preciso pensar
    na minha própria segurança.
  • 8:25 - 8:28
    Se saio para correr à noite,
    geralmente me sinto tranquilo,
  • 8:28 - 8:29
    mesmo sozinho.
  • 8:29 - 8:30
    Viajo muito a trabalho.
  • 8:30 - 8:35
    Chego tarde em aeroportos
    e vou dirigindo até o hotel.
  • 8:35 - 8:36
    Às vezes, eu me perco.
  • 8:37 - 8:39
    Mas não me preocupo muito.
  • 8:39 - 8:42
    Só não é fácil,
  • 8:42 - 8:44
    mas não é perigoso pra mim, geralmente.
  • 8:44 - 8:49
    Muitas mulheres iriam preferir
    chegar ao hotel antes de escurecer
  • 8:49 - 8:54
    e que seu quarto não fosse no andar térreo
    ou próximo a uma saída.
  • 8:54 - 8:57
    Eu estava viajando
    com meu colega de trabalho, Bill,
  • 8:57 - 8:59
    para Kalamazoo, Michigan,
  • 8:59 - 9:01
    para trabalhar com um grupo de executivos.
  • 9:01 - 9:05
    Bem, assim que meu voo
    chegou ao Aeroporto O'Hare,
  • 9:05 - 9:07
    ele fechou por causa de tempestades.
  • 9:07 - 9:10
    Logo descobri que não havia
    mais voos para Kalamazoo
  • 9:10 - 9:13
    e que não havia mais carros para alugar.
  • 9:13 - 9:15
    O individualismo de Bill entrou em ação
  • 9:15 - 9:19
    e ele convenceu um taxista
    a nos levar até Kalamazoo.
  • 9:20 - 9:24
    Chegamos lá às 2:30 da manhã e, às 8h,
  • 9:24 - 9:27
    estávamos orgulhosos
    diante da equipe de executivos,
  • 9:27 - 9:31
    falando sobre como foi
    nossa aventura para chegarmos ali.
  • 9:31 - 9:34
    Falhar não era uma opção
    nesse individualismo.
  • 9:34 - 9:37
    Bem, havia uma mulher naquele grupo.
  • 9:37 - 9:40
    Ela levantou a mão e disse:
  • 9:41 - 9:46
    "Eu jamais teria entrado nesse táxi
    e viajado pelo interior dos EUA à noite
  • 9:46 - 9:48
    com um taxista desconhecido.
  • 9:48 - 9:50
    Eu teria dado uma desculpa
  • 9:50 - 9:53
    para que vocês não achassem
    que deixei a equipe na mão".
  • 9:53 - 9:57
    Eu olhei pra ela, pro Bill e pro grupo,
  • 9:57 - 10:02
    e disse: "Eu dou esses cursos,
    mas nunca me dei conta dessa realidade".
  • 10:04 - 10:07
    A palavra "privilégio"
    é difícil pra nós, homens brancos,
  • 10:07 - 10:09
    porque não nos sentimos privilegiados.
  • 10:09 - 10:12
    Na verdade, achamos
    que trabalhamos muito duro
  • 10:12 - 10:13
    por tudo que temos.
  • 10:13 - 10:18
    Eu diria que, analisando bem, sim,
    trabalhamos muito duro,
  • 10:18 - 10:22
    e há coisas pelas quais não tivemos
    que passar ou tolerar ou imaginar
  • 10:22 - 10:24
    e que outros grupos têm.
  • 10:25 - 10:28
    Vou dar alguns exemplos de como
    minha vida talvez seja diferente
  • 10:29 - 10:31
    por ser heterossexual.
  • 10:31 - 10:34
    No trabalho, posso colocar
    um retrato de quem amo na mesa
  • 10:34 - 10:36
    sem me preocupar
    com o que os outros vão pensar,
  • 10:36 - 10:41
    nem me preocupar que isso possa prejudicar
    minha próxima promoção ou meu emprego.
  • 10:42 - 10:43
    Como cisgênero,
  • 10:43 - 10:46
    posso sair com amigos pra qualquer lugar
  • 10:47 - 10:50
    e saber que vou encontrar
    um banheiro que vou poder usar
  • 10:50 - 10:52
    sem ser constrangido ou agredido.
  • 10:53 - 10:56
    Como branco, no trabalho
    as pessoas não me olham
  • 10:56 - 10:59
    pensando que fui contratado
    através de programas de cotas,
  • 10:59 - 11:02
    me fazendo sentir
    que preciso trabalhar o dobro
  • 11:02 - 11:03
    para provar que sou qualificado.
  • 11:03 - 11:06
    Posso facilmente achar mentores
    brancos em todos os níveis
  • 11:06 - 11:09
    na maioria das empresas.
  • 11:09 - 11:12
    Posso comprar quadros,
    cartões postais e de Natal
  • 11:12 - 11:15
    mostrando pessoas brancas, facilmente.
  • 11:15 - 11:18
    Não preciso ter aquela conversa
    com meus filhos brancos
  • 11:18 - 11:22
    sobre como literalmente permanecer vivo
    quando parados pela polícia.
  • 11:22 - 11:25
    Então, pra mim, as camadas
    de privilégio se acumulam.
  • 11:26 - 11:29
    Por não ter deficiências,
    pelo menos não até o momento,
  • 11:29 - 11:35
    não precisei me preocupar com como
    chegar aqui pra dar esta palestra.
  • 11:35 - 11:38
    Como cristão, todos conhecem
    meus feriados religiosos,
  • 11:38 - 11:41
    e ajustam suas agendas a eles.
  • 11:41 - 11:44
    Então, o privilégio é algo
    em que não preciso pensar.
  • 11:44 - 11:47
    Não preciso lidar ou passar
    por algumas dessas situações.
  • 11:47 - 11:49
    E isso não é algo que escolhi.
  • 11:49 - 11:53
    O que acontece é que os outros acham
  • 11:53 - 11:56
    que nós, homens brancos,
    conhecemos nossos privilégios,
  • 11:56 - 11:58
    que os enxergamos.
  • 11:58 - 12:03
    As pessoas acham que não nos importamos
    ou que queremos manter nosso privilégio.
  • 12:03 - 12:06
    Elas acreditam que há má intenção
    associada a esse privilégio.
  • 12:06 - 12:09
    Quando começamos a enxergar
    e a aceitar o nosso privilégio,
  • 12:09 - 12:11
    isso retira o fardo dos outros
  • 12:11 - 12:16
    de ter de nos ensinar e provar para nós
    que suas realidades diferentes são reais.
  • 12:16 - 12:18
    Posso usar o meu privilégio para o bem.
  • 12:18 - 12:24
    Por exemplo, se numa reunião
    uma mulher expuser uma ideia, for ignorada
  • 12:24 - 12:26
    e alguns minutos depois
    um homem repetir a mesma ideia,
  • 12:27 - 12:30
    posso usar o meu privilégio
    para apontar aos meus colegas
  • 12:30 - 12:32
    que, ei, a ideia foi dela.
  • 12:32 - 12:36
    Se ela fosse fazer isso,
    talvez fosse vista como implicante
  • 12:36 - 12:37
    em relação aos homens.
  • 12:39 - 12:43
    Quando reconhecemos como válidas
    as realidades das outras pessoas
  • 12:43 - 12:47
    e permitimos que nosso coração
    seja impactado por essas realidades,
  • 12:47 - 12:51
    geramos mais confiança e mais abertura.
  • 12:51 - 12:55
    Vi isso acontecer na África do Sul,
    e vi acontecer no mundo todo.
  • 12:55 - 12:59
    É uma mudança de uma parceria
    baseada parcialmente no medo
  • 12:59 - 13:01
    para uma parceria baseada mais no amor.
  • 13:02 - 13:06
    Isso me leva à terceira coisa que
    a maioria dos homens brancos desconhece.
  • 13:06 - 13:10
    Achamos que diversidade tem a ver
    com ajudar os outros com seus problemas.
  • 13:10 - 13:13
    Não percebemos que o processo
    de aprendermos sobre nossa cultura
  • 13:13 - 13:16
    e o fato de os outros vivenciarem
    uma realidade diferente
  • 13:16 - 13:20
    na verdade é transformador pra nós
    e nos dá muitas possibilidades.
  • 13:21 - 13:24
    Por exemplo, quando me dou conta
    da minha bolha cultural,
  • 13:24 - 13:28
    posso continuar a usar
    a força da minha cultura
  • 13:28 - 13:31
    e tenho a opção de sair dessa cultura
  • 13:31 - 13:34
    quando isso for melhor
    para mim e para os outros.
  • 13:34 - 13:38
    Por exemplo, talvez eu queira usar
    minha mente e meu coração ao mesmo tempo.
  • 13:38 - 13:41
    Talvez eu queira conseguir pedir ajuda
    quando estou perdido,
  • 13:41 - 13:42
    ou dizer: "Eu não sei".
  • 13:42 - 13:44
    Talvez eu queira conseguir maneirar
  • 13:44 - 13:47
    e não tentar resolver algo
    que eu não entenda.
  • 13:50 - 13:54
    Quando mostro que estou disposto
    a entender as realidades dos outros,
  • 13:54 - 13:57
    isso abre espaço para novas parcerias.
  • 13:58 - 14:02
    Um homem branco voltou do curso,
    falou com um homem negro no trabalho
  • 14:02 - 14:04
    e compartilhou o que aprendeu.
  • 14:04 - 14:07
    No início, o homem negro
    não quis conversa.
  • 14:07 - 14:10
    Uma semana depois, o homem negro
    procurou o homem branco,
  • 14:11 - 14:13
    fecharam a porta,
    conversaram por duas horas,
  • 14:13 - 14:15
    e ele disse:
  • 14:15 - 14:17
    "Em 20 anos, nenhum homem branco
    jamais me perguntou
  • 14:17 - 14:20
    como é ser negro nesta empresa".
  • 14:22 - 14:27
    Outro homem branco voltou do curso
    e pediu desculpas a seu filho.
  • 14:28 - 14:30
    Uma semana antes da convenção,
  • 14:30 - 14:33
    o filho dele havia voltado da escola
    após sofrer bullying,
  • 14:33 - 14:37
    e o pai disse a ele:
    "Não chore. Engula o choro".
  • 14:37 - 14:39
    Bem, durante a convenção,
  • 14:39 - 14:42
    o homem branco descobriu
    que estava treinando o filho
  • 14:42 - 14:43
    pra viver na bolha de homem branco.
  • 14:43 - 14:45
    Ele voltou pra casa e disse:
  • 14:45 - 14:47
    "Me desculpe por ter dito pra engolir.
  • 14:47 - 14:51
    Tudo bem sentir o que você sente,
    e você não precisa fazer isso sozinho.
  • 14:51 - 14:54
    Pode me procurar, e eu vou te apoiar".
  • 14:54 - 14:57
    Podemos ter outros tipos
    de parcerias no trabalho também.
  • 14:57 - 15:01
    Se eu ofendo alguém,
    o que vai acontecer inevitavelmente,
  • 15:01 - 15:04
    não preciso perder tempo
    defendendo que sou bacana.
  • 15:04 - 15:07
    Posso mudar, com humildade
    e reflexão, e dizer:
  • 15:07 - 15:09
    "Como foi que afetei você?"
  • 15:09 - 15:12
    Isso me faz passar de uma posição
    de "não é minha culpa"
  • 15:12 - 15:15
    para uma posição
    de "assumo a responsabilidade".
  • 15:17 - 15:20
    Então, homens brancos, o que vocês
    podem fazer quando saírem daqui?
  • 15:20 - 15:24
    Primeiro, percebam e lembrem-se
    de que vocês têm uma cultura
  • 15:24 - 15:25
    e podem começar a enxergá-la.
  • 15:25 - 15:28
    Podem sair dela
    quando isso for necessário,
  • 15:28 - 15:31
    e podem perceber melhor
    quando a estão impondo aos outros.
  • 15:31 - 15:35
    Segundo, lembrem-se de que os outros
    vivem realidades diferentes das suas.
  • 15:35 - 15:38
    Usem da reflexão e da curiosidade
  • 15:38 - 15:42
    para entender o mundo deles
    e ampliar os seus próprios horizontes.
  • 15:43 - 15:47
    Três anos antes de Nelson Mandela morrer,
    escrevi uma carta pra ele.
  • 15:47 - 15:49
    Nela, eu disse:
  • 15:49 - 15:54
    "Fiquei admirado ao ver você,
    depois de 27 anos na prisão,
  • 15:54 - 16:00
    abraçar, numa atitude de amor,
    os homens brancos que o aprisionaram.
  • 16:00 - 16:04
    Você mostrou que o amor
    é a maior força de transformação,
  • 16:04 - 16:05
    e quero que você saiba
  • 16:05 - 16:08
    que a atitude de amor que carrego
  • 16:08 - 16:11
    é a mesma que você demonstrou
    aos homens brancos na África do Sul".
  • 16:12 - 16:16
    Peço que todos vocês aqui
    mostrem essa atitude aos outros
  • 16:16 - 16:20
    e criem parcerias extraordinárias
    com pessoas em todo o mundo.
  • 16:20 - 16:21
    Obrigado.
  • 16:21 - 16:24
    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Homens brancos: é hora de descobrir a cultura que vocês não enxergam | Michael Welp | TEDxBend
Description:

Os homens brancos raramente, e às vezes nunca, precisam refletir sobre sua própria cultura. Nesta palestra provocativa, Welp fala sobre sua própria experiência de tomada de consciência a respeito de sua cultura, preconceitos e privilégios de homem branco como ferramentas fundamentais para melhores relações com outras pessoas, apesar das diferenças.

Michael Welp é PhD e cofundador da "White Men as Full Diversity Partners" (WMFDP). Há 20 anos, Welp realiza oficinas pioneiras, incentivando líderes homens e brancos a criar culturas de total inclusão. Seu foco é incentivar homens brancos a se tornarem defensores da inclusão ais apaixonados e mostrar como eles podem se relacionar melhor com pessoas não brancas e mulheres brancas. Welp intermediou a consolidação de equipes inter-raciais em mais de uma dezena de empresas sul-africanas através do seu trabalho com a Outward Bound. Sua pesquisa sobre como os homens brancos aprendem sobre diversidade levou à criação da WMFDP. Welp é autor do livro recentemente publicado "Four Days To Change: 12 Radical Habits to Overcome Bias and Thrive in a Diverse World" ("Quatro Dias para a Mudança: 12 Hábitos Radicais para Superar o Preconceito e Viver Bem num Mundo Diversificado").

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
16:48

Portuguese, Brazilian subtitles

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