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Transformação social com a robótica | Henrique Foresti | TEDxLaçador

  • 0:09 - 0:11
    Gente, é uma satisfação enorme estar aqui.
  • 0:11 - 0:15
    Muito obrigado por me proporcionar
    este momento, essas interações,
  • 0:15 - 0:18
    essas emoções que estamos sentindo agora.
  • 0:18 - 0:23
    Mas eu vim falar aqui do trabalho
    que eu faço pra realizar um sonho.
  • 0:23 - 0:25
    O sonho de poder
    contribuir de alguma forma,
  • 0:25 - 0:28
    como vocês todos estão fazendo aqui.
  • 0:28 - 0:31
    Como vários líderes já apareceram aqui.
  • 0:31 - 0:33
    E eu também quero seguir esses líderes.
  • 0:33 - 0:37
    Seguir esses líderes com o meu sonho,
    que é contribuir de alguma forma
  • 0:37 - 0:43
    para o desenvolvimento
    da robótica no país, no Brasil.
  • 0:44 - 0:49
    Pra fazer isso, a gente tem trabalhado
    numa plataforma robótica livre.
  • 0:49 - 0:56
    Isso é um movimento que acontece
    nas universidades, nas escolas técnicas.
  • 0:56 - 1:02
    A gente trabalha fomentando pra que haja
    pesquisas avançadas na área de robótica,
  • 1:02 - 1:03
    pesquisas aplicadas.
  • 1:04 - 1:08
    A gente consegue construir
    novos produtos, produtos inovadores,
  • 1:08 - 1:10
    formamos empreendedores,
  • 1:10 - 1:15
    mas, sobretudo, o que a gente faz mesmo
    é a transformação, com a robótica,
  • 1:15 - 1:19
    em escolas de ensino fundamental e médio,
  • 1:19 - 1:24
    com programas de experimentação
    da robótica que são acessíveis pra todos
  • 1:24 - 1:26
    e com os quais conseguimos às vezes
  • 1:26 - 1:29
    transformar a vida das pessoas
    que participam deles.
  • 1:31 - 1:33
    Pra gente fazer isso,
  • 1:33 - 1:38
    pra gente construir esse sistema,
    essa comunidade, essa plataforma,
  • 1:38 - 1:45
    são várias pessoas, ideias, tecnologias,
    conteúdos disponibilizados num lugar,
  • 1:45 - 1:47
    disponibilizados pra todos
    com software livre,
  • 1:47 - 1:50
    com desenvolvimento colaborativo.
  • 1:50 - 1:54
    E, pra gente construir isso,
    disponibilizar essas ferramentas,
  • 1:54 - 1:58
    foi preciso construir
    e desconstruir muita coisa.
  • 1:59 - 2:03
    É sobre isso que eu vou falar agora,
    sobre a desconstrução,
  • 2:03 - 2:05
    sobre como nós trabalhamos
    essa desconstrução.
  • 2:07 - 2:13
    É como se fosse uma torre de cartas,
    uma fila de dominós.
  • 2:13 - 2:15
    Quem nunca brincou com esse passatempo?
  • 2:15 - 2:19
    Nós ficamos às vezes muito tempo
    montando, construindo,
  • 2:19 - 2:22
    horas e horas pra montar
    uma fileira enorme.
  • 2:22 - 2:27
    Depois, a gente dá um toque e, em poucos
    segundos, a desconstrução acontece.
  • 2:27 - 2:30
    E a gente vai ter que trabalhar
    muito tempo pra construir aquilo.
  • 2:30 - 2:33
    Mas, e se a gente conseguir tirar
    essa parte da construção?
  • 2:33 - 2:36
    Imagine se a gente conseguir trabalhar
    com aquelas pilhas,
  • 2:36 - 2:42
    aquelas pessoas que já estão prontas,
    simplesmente trabalhando a desconstrução.
  • 2:42 - 2:44
    É isso que a gente tem feito
    com a robótica.
  • 2:44 - 2:49
    A gente consegue trazer o conhecimento
    que as pessoas já têm.
  • 2:49 - 2:53
    Começamos com robôs prontos,
    de fácil interação.
  • 2:53 - 2:57
    Qualquer criança hoje consegue interagir
    com esses brinquedos.
  • 2:58 - 3:02
    Qualquer criança consegue fazer
    essas coisas funcionarem.
  • 3:02 - 3:06
    Eles primeiro interagem sem saber
    muito bem o que está acontecendo ali,
  • 3:06 - 3:12
    mas, com o tempo, a curiosidade faz
    com que entendam o que tem ali dentro.
  • 3:12 - 3:15
    E é isso que vou tentar mostrar
    aqui um pouquinho,
  • 3:15 - 3:17
    em pouco tempo, como funciona.
  • 3:18 - 3:24
    Pra começar a falar disso, vou começar
    desconstruindo alguns preconceitos.
  • 3:24 - 3:28
    O primeiro é que a robótica,
    a tecnologia é algo complicado,
  • 3:28 - 3:32
    é algo pra cientistas malucos,
    superdotados, "nerds".
  • 3:32 - 3:35
    Eu acho que a gente tem esse estigma
  • 3:35 - 3:38
    que foi criado pelos escritores
    de ficção científica,
  • 3:38 - 3:40
    acho que foram eles os culpados.
  • 3:40 - 3:43
    Eles escreveram, fizeram os desenhos
    de Frankenstein, não é?
  • 3:43 - 3:49
    Somente um supercientista
    é capaz de dar vida a um ser artificial.
  • 3:49 - 3:50
    (Risos)
  • 3:50 - 3:54
    Essa imagem, acho que ela...
    fica complicado.
  • 3:54 - 3:57
    Esses mesmos escritores também são legais.
  • 3:57 - 3:59
    Eles também criam tecnologia.
  • 3:59 - 4:03
    O Batman em 1940,
    mais ou menos na década de 40,
  • 4:03 - 4:06
    falando num telefone celular, no carro.
  • 4:06 - 4:09
    Se ele [não] tivesse falado, você acha
    que teríamos inventado o telefone celular?
  • 4:09 - 4:11
    Teríamos colocado Skype, videoconferência,
  • 4:11 - 4:14
    sem ter visto George Jetson
    num desenho animado?
  • 4:14 - 4:18
    São eles os culpados,
    os escritores de ficção científica.
  • 4:19 - 4:23
    A palavra robô foi utilizada pela primeira
    vez numa peça de teatro, em 1920.
  • 4:25 - 4:31
    E esse cara aqui, que escrevia
    obras de ficção no século [20],1950.
  • 4:31 - 4:34
    Os conceitos do cérebro positrônico,
  • 4:34 - 4:36
    das leis da robótica
    foram impostos por ele.
  • 4:36 - 4:39
    E hoje, nas pesquisas
    que fazemos na robótica,
  • 4:39 - 4:42
    nós ainda levamos em consideração
    aquilo que ele escreveu,
  • 4:42 - 4:45
    não como técnico, como engenheiro,
    mas como escritor.
  • 4:47 - 4:51
    Bom, eu acho que é fato
    que a tecnologia está presente, não é?
  • 4:51 - 4:54
    Todo mundo nos tablets, nos celulares.
  • 4:54 - 4:56
    O tempo todo postando, tuitando,
  • 4:56 - 5:00
    eu estou falando e já vi
    um monte de posts no Twitter.
  • 5:02 - 5:05
    Há pouco tempo, a gente precisava
    contratar técnico especializado,
  • 5:05 - 5:09
    eu trabalhei com isso, pra instalar
    um software no computador:
  • 5:09 - 5:13
    "Ah, vou ligar para o técnico
    pra instalar o editor de texto pra mim".
  • 5:13 - 5:16
    Hoje em dia, as pessoas já instalam
    seus próprios aplicativos
  • 5:16 - 5:18
    e até sistemas operacionais.
  • 5:18 - 5:21
    Já tem muita gente brincando:
    "Vou instalar um sistema 'open source'",
  • 5:21 - 5:23
    "Vou fazer um 'dual boot'
    na minha máquina".
  • 5:23 - 5:26
    Todo mundo já está brincando disso.
  • 5:26 - 5:27
    Até programação.
  • 5:27 - 5:32
    Quem nunca programou
    um gerenciador de e-mails, por exemplo,
  • 5:32 - 5:34
    pra mandar uma mensagem automática
  • 5:34 - 5:37
    quando você está de férias
    e alguém te manda um e-mail?
  • 5:37 - 5:38
    É um programa, isso que você faz.
  • 5:38 - 5:43
    Uma lista de músicas
    que fica tocando no Media Player:
  • 5:43 - 5:46
    você vai lá e programa
    a sua sequência de discos.
  • 5:46 - 5:50
    Está todo mundo lidando com programação,
    sem saber que está fazendo programação.
  • 5:50 - 5:52
    Essas coisas complicadas.
  • 5:52 - 5:57
    A computação e a tecnologia também
  • 5:57 - 6:02
    permitem hoje coisas mais complexas
    um pouquinho do que só a programação.
  • 6:02 - 6:07
    A computação física está muito na moda
  • 6:07 - 6:11
    e algumas tecnologias facilitam isso.
  • 6:11 - 6:13
    Alguém já ouviu falar do Arduino?
  • 6:13 - 6:18
    É uma plataforma que permite que pessoas
    sem muito conhecimento, sem muito esforço,
  • 6:18 - 6:20
    consigam programar um microcontrolador.
  • 6:20 - 6:25
    Até pouco tempo atrás,
    eu trabalhava com sistemas embarcados,
  • 6:25 - 6:31
    precisava fazer uma série de coisas,
    precisava ser muito especializado
  • 6:31 - 6:33
    pra conseguir programar
    um microcontrolador.
  • 6:33 - 6:36
    Hoje em dia, qualquer pessoa consegue
    pegar um microcontrolador
  • 6:36 - 6:38
    e fazer seus programas.
  • 6:38 - 6:41
    Tem uma plataforma chamada tAMARINO
    que está sendo desenvolvida em Recife
  • 6:41 - 6:44
    por Ricardo Brazileiro, do grupo Modkit,
  • 6:44 - 6:47
    um coletivo de desenvolvimento
    de arte e tecnologia.
  • 6:48 - 6:50
    Essa ferramenta permite
    que qualquer pessoa,
  • 6:50 - 6:52
    sem nunca ter visto eletrônica,
  • 6:52 - 6:57
    consiga criar um circuito eletrônico
    e ligar esse circuito num Arduino
  • 6:57 - 7:02
    e fazer seus experimentos,
    que interagem com o meio ambiente.
  • 7:04 - 7:08
    O segundo conceito
    que eu queria desconstruir agora
  • 7:08 - 7:10
    é sobre a forma de ensinar.
  • 7:10 - 7:13
    Eu acho que a gente...
  • 7:13 - 7:17
    Eu queria desconstruir essa questão
    de ter que construir muita coisa,
  • 7:17 - 7:19
    ter que falar, ter que ter
    uma base de conhecimento
  • 7:19 - 7:21
    pra poder ensinar algo.
  • 7:21 - 7:24
    Em 2010, eu comecei
  • 7:24 - 7:27
    nosso primeiro programa voluntário
  • 7:28 - 7:30
    pra desenvolvimento da robótica,
  • 7:30 - 7:33
    pra ensinar robótica
    pros meninos das escolas públicas.
  • 7:33 - 7:38
    Imagine, era um desafio: ensinar robótica
  • 7:38 - 7:42
    pra pessoas que não tinham sequer uma base
    do Ensino Fundamental muito sólida.
  • 7:42 - 7:46
    Mas aí eu me lembrei
    de um dos primeiros empregos,
  • 7:46 - 7:49
    um dos primeiros trabalhos
    que eu tive, na década de 90.
  • 7:49 - 7:52
    Eu era professor
    de linguagem de programação
  • 7:52 - 7:55
    nessas escolinhas,
    nesses cursinhos de informática.
  • 7:55 - 8:00
    Lá nessa escolinha a gente trabalhava
    a metodologia que era muito utilizada,
  • 8:00 - 8:02
    acho que até hoje muita gente utiliza,
  • 8:02 - 8:04
    e que foi utilizada quando eu aprendi,
  • 8:04 - 8:08
    na qual, antes de ensinar a programar,
    a gente vai ensinar lógica.
  • 8:08 - 8:10
    São dois meses e meio de curso
  • 8:10 - 8:14
    só falando de Sócrates, Aristóteles,
    proposições, premissas.
  • 8:14 - 8:19
    Quando a gente chega no ponto
    de falar sobre algoritmos, fluxogramas,
  • 8:19 - 8:20
    metade da turma já desistiu.
  • 8:20 - 8:23
    O cara queria aprender,
    não queria filosofar.
  • 8:23 - 8:28
    E os resistentes, os que seguram...
    naquela época, os caras que conseguiam,
  • 8:28 - 8:32
    os alunos que conseguiam passar
    essa parte "torturosa" da lógica
  • 8:32 - 8:33
    e conseguiam pela primeira vez
  • 8:33 - 8:36
    colocar a mão numa ferramenta
    de desenvolver programas
  • 8:36 - 8:41
    e conseguiam fazer seus programinhas,
    eles não sabiam de lógica,
  • 8:41 - 8:45
    porque eles tinham estudado alguma coisa
    que não sabiam como iam aplicar.
  • 8:45 - 8:49
    Então aquilo ali foi me perturbando,
    mas aconteceu algo muito interessante.
  • 8:49 - 8:54
    Chegou uma empresa pra fazer um contrato
    com essa escolinha em que eu dava aula.
  • 8:54 - 8:59
    Essa empresa era até bem generosa
    com pagamento, sabe?
  • 8:59 - 9:02
    Mas ela exigiu: "O curso
    não pode demorar mais que dois meses.
  • 9:02 - 9:05
    Você tem dois meses pra ensinar".
  • 9:05 - 9:06
    Ótimo!
  • 9:06 - 9:08
    Mudei toda a minha abordagem
    de ensino e já fui direto.
  • 9:08 - 9:11
    No primeiro dia de aula, botei
    a ferramenta de programação:
  • 9:11 - 9:14
    "Vamos fazer programa,
    não tem nada de lógica".
  • 9:14 - 9:16
    O pessoal começou a programar,
    desenvolver seus programas
  • 9:16 - 9:18
    e o negócio foi acontecendo.
  • 9:18 - 9:19
    E eu via que, com o tempo,
  • 9:19 - 9:24
    as próprias pessoas conseguiam
    criar sua própria lógica.
  • 9:24 - 9:28
    Cada um criava a sua lógica de acordo
    com a necessidade que ele ia encontrando.
  • 9:28 - 9:31
    Com pouco tempo, a gente
    conseguiu ensinar as pessoas,
  • 9:31 - 9:37
    e viu que a gente poderia
    trabalhar de uma forma diferente.
  • 9:37 - 9:40
    No final, a gente gastava meia hora
    pra falar de lógica
  • 9:40 - 9:44
    e o aprendizado daquela turma em lógica
    era muito maior que o de todas as turmas
  • 9:44 - 9:45
    que já tinham passado antes.
  • 9:45 - 9:48
    Bom, voltando pra nossa desconstrução,
  • 9:48 - 9:53
    eu peguei essa ideia
    que eu já tinha vivido, de certa forma,
  • 9:53 - 9:55
    e trouxe pra sala de aula.
  • 9:55 - 10:00
    A gente começou trabalhando
    com os meninos assim, pronto pro detalhe.
  • 10:00 - 10:02
    Pegava um programa pronto
  • 10:02 - 10:07
    que roda em computadores que estão
    presentes no dia a dia dos meninos,
  • 10:08 - 10:10
    com os robozinhos prontos,
  • 10:10 - 10:12
    entregava aquilo pra despertar o interesse
  • 10:12 - 10:14
    e eles começam a mexer, a bulir, né?
  • 10:14 - 10:18
    As crianças de hoje em dia
    já estão em um contexto de tecnologia
  • 10:18 - 10:21
    que é muito interessante.
  • 10:21 - 10:25
    Como usuários, eles já lidam
    com tecnologias
  • 10:25 - 10:29
    que pouco tempo atrás
    era impossível de se conceber.
  • 10:29 - 10:32
    Como curiosos, eles conseguem entender,
  • 10:32 - 10:36
    eles tentam, eles querem saber
    como aquilo foi montado.
  • 10:36 - 10:40
    E como hackers, eles querem
    mudar a forma de interação,
  • 10:40 - 10:43
    querem dar nova funcionalidade
    para aquilo, para aquela tecnologia.
  • 10:43 - 10:45
    Nós temos que abrir, disponibilizar,
  • 10:45 - 10:48
    fazer com que eles possam
    realmente fazer isso.
  • 10:48 - 10:52
    Dessa forma a gente foi conseguindo
    toda essa construção.
  • 10:52 - 10:56
    Hoje em dia, temos um monte
    de estudantes programando,
  • 10:56 - 11:00
    desenvolvendo softwares,
    sistemas eletrônicos.
  • 11:00 - 11:03
    Conseguem soldar, furar,
    apresentam projetos,
  • 11:03 - 11:07
    aprenderam a falar inglês
    só pra poder ler os manuais técnicos.
  • 11:07 - 11:09
    E tem uma galerinha, uns estudantes,
  • 11:09 - 11:13
    que estão conversando com os fornecedores
    no exterior pelo Skype.
  • 11:13 - 11:18
    Alunos que não falavam
    outra língua há pouco tempo.
  • 11:19 - 11:21
    Bom, gente, um exemplo de fazer isso...
  • 11:21 - 11:24
    A gente pega um código
    bem complicado desse aí...
  • 11:24 - 11:26
    É um código de Arduino
    isso aqui, tá, gente?
  • 11:26 - 11:30
    Ensino que, se ele apertar um botãozinho,
    esse código vai pra dentro da placa.
  • 11:30 - 11:35
    Ele aperta o botãozinho
    e vê um LED piscar na placa
  • 11:35 - 11:37
    ou um motorzinho se mexer.
  • 11:37 - 11:40
    É interessante que ele faz sem entender
    o que está no código,
  • 11:40 - 11:42
    mas ele entende que o LED está piscando.
  • 11:42 - 11:46
    E, sem falar nada, os meninos começam
    a mudar esses números que estão aí.
  • 11:46 - 11:48
    "E se eu mudar aqui?"
  • 11:48 - 11:51
    E quando ele vê, o LED
    já está piscando diferente.
  • 11:51 - 11:52
    Aí, dali a pouco ele:
  • 11:53 - 11:56
    "Mineiro, Mineiro, como eu faço
    pra poder ligar essa...?"
  • 11:56 - 12:00
    Então, ele vem com a dúvida,
    eu vou explicar a dúvida que ele tem.
  • 12:00 - 12:02
    Eu não tenho que ensinar
    um monte de lógica.
  • 12:02 - 12:06
    Não, ele quer resolver um problema
    e ele consegue resolver.
  • 12:06 - 12:10
    Dessa forma, a gente tem um estudante
    que é analfabeto funcional.
  • 12:10 - 12:14
    Ele não consegue fazer
    uma frase correta na língua portuguesa,
  • 12:14 - 12:16
    mas ele consegue programar um Arduino
  • 12:16 - 12:20
    e fazer o robozinho dele resolver
    qualquer trabalho que a gente queira.
  • 12:20 - 12:27
    Bom, terceiro e último preconceito
    que eu queria desconstruir
  • 12:27 - 12:29
    é com relação à entrada na universidade,
  • 12:29 - 12:32
    com relação à inclusão nas universidades.
  • 12:32 - 12:35
    A gente está muito preocupado
    com o sistema de entrada,
  • 12:35 - 12:40
    vestibular, Enem, agora sistema de cotas,
  • 12:40 - 12:43
    mas será que é aí o problema?
  • 12:43 - 12:45
    Na experiência que estou tendo,
  • 12:45 - 12:47
    acho que o problema
    não é a forma da prova.
  • 12:47 - 12:50
    Isso é um ponto importante, sim,
  • 12:50 - 12:55
    é um primeiro monstro, mas ele não é tudo.
  • 12:55 - 13:00
    Quantas crianças sequer pensam
    ou sonham em ir pra universidade?
  • 13:00 - 13:03
    Que acham que aquilo ali é impossível.
  • 13:03 - 13:08
    Na família dela ninguém foi, o pai, o tio
    estudaram, quando muito, o segundo grau.
  • 13:08 - 13:11
    Foram pro subemprego
    e estão vivendo daquela forma.
  • 13:11 - 13:14
    "Todo mundo vive assim, vive bem,
    por que vou ser diferente?
  • 13:14 - 13:16
    Por que vou cursar
    uma universidade? Eu não posso."
  • 13:16 - 13:19
    Com esses programas
    de experimentação da robótica,
  • 13:19 - 13:22
    com outros eventos
    que a gente tem visto aqui,
  • 13:22 - 13:25
    a gente consegue mudar esse patamar.
  • 13:25 - 13:29
    Fazer com que essas pessoas acreditem
    que elas podem ir pra faculdade.
  • 13:29 - 13:32
    Eles veem fazendo
    um experimento na robótica,
  • 13:32 - 13:34
    em que eles podem desenvolver
    pesquisa, e pesquisa aplicada.
  • 13:34 - 13:37
    Se eles estudarem, vão ter condições.
  • 13:37 - 13:39
    No final das contas, os coleguinhas deles
  • 13:39 - 13:43
    vendo eles participando de eventos,
    apresentando trabalhos,
  • 13:43 - 13:46
    eles passam a ser líderes,
    referências daqueles meninos,
  • 13:46 - 13:49
    que deixam de ver aquele amiguinho
    que comprou um tênis novo
  • 13:49 - 13:52
    e começam a ver que aquele cara
    que está apresentando o trabalho,
  • 13:52 - 13:56
    que está jogando tênis, sendo
    campeão de tênis, aquele, sim, é o líder.
  • 13:56 - 13:59
    É aquele cara que ele tem que seguir,
    que ele consegue.
  • 14:01 - 14:04
    Bom, desconstruí muita coisa.
  • 14:04 - 14:09
    Só pra gente terminar, vou falar um pouco
    do que a gente construiu também.
  • 14:09 - 14:11
    A gente tem hoje...
  • 14:11 - 14:15
    já passamos por mais ou menos
    sete escolas lá no Recife.
  • 14:15 - 14:20
    Mais ou menos 300 estudantes
    participaram desses programas.
  • 14:20 - 14:25
    A maioria deles continua
    nesses programas como multiplicadores,
  • 14:27 - 14:30
    trabalhando em algumas empresas parceiras,
  • 14:32 - 14:35
    indo pra universidade
    com bolsas de pesquisa.
  • 14:35 - 14:39
    Esses programas
    de experimentação da robótica
  • 14:39 - 14:42
    não visam o ensino da robótica.
  • 14:42 - 14:45
    A intenção ali é construir
    centros de pesquisa.
  • 14:45 - 14:48
    Em cada escola, em cada instituição
    que a gente passa,
  • 14:48 - 14:54
    a gente tenta deixar um ambiente propício
    pra que haja pesquisa e desenvolvimento.
  • 14:54 - 14:57
    A gente incentiva
    que eles publiquem "papers",
  • 14:57 - 15:04
    que participem de eventos de tecnologia,
    de eventos culturais de arte e tecnologia.
  • 15:04 - 15:09
    Eles aprendem a furar, soldar,
    fazer rosca, a programar.
  • 15:09 - 15:10
    Eles aprendem design.
  • 15:10 - 15:14
    Aprendem que robótica não é só engenharia.
  • 15:14 - 15:17
    Eles veem que a robótica veio das artes.
  • 15:17 - 15:21
    Eles participam de eventos
    de computação e arte.
  • 15:21 - 15:27
    Eles aprendem que podem ir
    pra universidade,
  • 15:27 - 15:30
    que podem se incluir, que podem trabalhar
    e que podem transformar
  • 15:30 - 15:33
    da mesma forma que a gente tem feito.
  • 15:33 - 15:39
    São os robozinhos que vão aparecendo
    por aí, e mais um bocado de coisa.
  • 15:39 - 15:42
    Num segundo patamar, a gente trabalha
    com uma outra coisa, que a gente chama
  • 15:42 - 15:45
    de centro de desenvolvimento colaborativo.
  • 15:45 - 15:50
    Esses centros, a gente instala normalmente
    em universidades e escolas técnicas.
  • 15:50 - 15:54
    Estamos hoje em cerca de 30 instituições
    espalhadas por todo o Brasil
  • 15:54 - 15:55
    e uma no Uruguai.
  • 15:55 - 15:59
    Os centros de desenvolvimento colaborativo
  • 15:59 - 16:01
    visam a pesquisa aplicada
    na área da robótica.
  • 16:01 - 16:03
    A gente fomenta com material,
  • 16:03 - 16:07
    leva esses estudantes
    pra participarem de eventos,
  • 16:07 - 16:10
    pra fazerem oficinas, fazerem intercâmbio.
  • 16:10 - 16:14
    A gente contribui pra que haja
    pesquisa aplicada.
  • 16:14 - 16:19
    Eles participam da RoboCup,
  • 16:19 - 16:22
    um dos principais eventos de robótica
    do mundo, eles estão indo disputar.
  • 16:23 - 16:28
    A gente consegue,
    de certa forma, criar produtos
  • 16:28 - 16:30
    porque a gente também
    tem um contato muito legal.
  • 16:30 - 16:32
    Sempre aparece uma empresa que fala:
  • 16:32 - 16:38
    “Eu queria desenvolver uma tecnologia
    pra resolver algum problema”.
  • 16:38 - 16:42
    Então, a gente leva esse problema pra esse
    centro de desenvolvimento colaborativo,
  • 16:42 - 16:46
    e eles desenvolvem esse produto
    e essa empresa investe neles.
  • 16:46 - 16:51
    Muitas vezes, a gente forma empreendedores
    também com esses produtos que são criados.
  • 16:51 - 16:55
    Por fim, a gente trabalha
    também com palestras,
  • 16:55 - 16:57
    com oficinas
  • 16:57 - 16:59
    de desmistificação da tecnologia.
  • 16:59 - 17:02
    São oficinas de duas a oito horas.
  • 17:02 - 17:05
    Independentemente da duração,
    a gente sempre faz robôs nessas oficinas.
  • 17:05 - 17:10
    Pessoas que nunca interagiram,
    nunca tiveram contato com a tecnologia
  • 17:10 - 17:11
    conseguem fazer.
  • 17:11 - 17:17
    Hoje em dia, a gente faz cerca de 30
    eventos anuais, mais ou menos.
  • 17:18 - 17:22
    Bom, isso é uma plataforma robótica.
  • 17:22 - 17:28
    Nós somos hoje 1.284 pessoas
  • 17:28 - 17:31
    fazendo essa desconstrução.
  • 17:31 - 17:32
    Muito obrigado.
  • 17:32 - 17:34
    (Aplausos)
Title:
Transformação social com a robótica | Henrique Foresti | TEDxLaçador
Description:

Henrique desconstrói conceitos (e preconceitos) e mostra como a robótica aplicada e pesquisas avançadas em robótica podem trazer transformação social em escolas públicas de ensino fundamental e médio.

Henrique Foresti é mineiro de Varginha e atua nas áreas de robótica e eletrônica embarcada. É engenheiro de sistemas do CESAR e gestor da área de robótica pedagógica da MixTecnologia. Técnico em eletrônica, graduou-se em Ciências da Computação pela UEMG e é Mestre em Engenharia Mecânica pela UFPE. Atua também como colaborador da Plataforma Robótica Livre, Robolivre.org, realiza a curadoria de vários eventos de tecnologia e desenvolve projetos de pesquisa e inovação em parceria com diversas instituições, em especial nas áreas de robótica pedagógica, robôs terrestres, veículos aéreos não tripulados e plataformas de telemetria, processamento e comunicação.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
Portuguese, Brazilian
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:35

Portuguese, Brazilian subtitles

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