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Asperger: meu propósito é maior que meu medo | Gretchen McIntire | TEDxNatick

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    Não é nada menos que um milagre
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    o fato de eu estar nesse palco
    diante de vocês, agora.
  • 0:24 - 0:26
    Na verdade, quando criança,
  • 0:26 - 0:29
    eu provavelmente estaria vagando
    por esse auditório agora mesmo
  • 0:29 - 0:30
    ou me escondendo.
  • 0:32 - 0:35
    Mas estar em um palco,
    sendo corajosa...
  • 0:37 - 0:40
    eu nunca imaginei que este dia chegaria.
  • 0:42 - 0:45
    Meus anos na escola
    não foram nada fáceis.
  • 0:45 - 0:48
    Frequentei 12 escolas até me formar,
  • 0:48 - 0:50
    e eu sabia que havia
    algo diferente sobre mim.
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    No segundo ano eu era uma pequena garota
    que corria para a enfermaria
  • 0:55 - 0:58
    por causa da sirene
    de um caminhão de bombeiros.
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    No último ano do ensino médio,
  • 1:00 - 1:04
    comecei a me agitar muito e gritar
    por causa do barulho de construções
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    do lado de fora da sala de aula.
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    Falando em salas de aula,
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    ficar sentada em uma sala de aula
    parecia uma tortura física.
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    As cadeiras eram tão desconfortáveis,
  • 1:18 - 1:20
    as luzes brancas machucavam meus olhos
  • 1:20 - 1:26
    e eu queria chorar o tempo todo
    porque eu era muito ansiosa.
  • 1:27 - 1:30
    Eu me escondia na sala
    do orientador escolar quase diariamente
  • 1:30 - 1:33
    para evitar as crianças
    que queriam jogar comida em mim,
  • 1:33 - 1:35
    jogar pedras em mim,
  • 1:35 - 1:37
    afastar as cadeiras quando eu ia sentar,
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    ou coisas piores.
  • 1:40 - 1:41
    Mas, finalmente,
  • 1:42 - 1:44
    esses 12 anos terminaram.
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    Sabe, eu pensava
    que a escola era o problema.
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    Adivinha:
  • 1:50 - 1:51
    não era.
  • 1:52 - 1:54
    E sabe o que mais?
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    Nada ficou mais fácil.
  • 1:57 - 2:00
    Pelo contrário, tudo ficou mais difícil.
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    Minha ansiedade e os problemas sensoriais
    persistiram no local de trabalho.
  • 2:06 - 2:09
    Eu fui uma criança
    que se sentia envergonhada
  • 2:09 - 2:15
    e me tornei uma mulher que se sentia
    envergonhada e deslocada.
  • 2:15 - 2:19
    Eu frequentemente não entendia
    as dicas do meu chefe sobre socialização.
  • 2:19 - 2:22
    Eu inclusive tive um surto,
  • 2:22 - 2:25
    me agitando e tampando meus ouvidos
    em uma simulação de incêndio.
  • 2:26 - 2:30
    Então, algo aconteceu que iria
    mudar minha vida drasticamente.
  • 2:31 - 2:36
    Quando eu tinha 23 anos, fui diagnosticada
    com a síndrome de Asperger,
  • 2:36 - 2:39
    que é parte do espectro
    do Transtorno Autista.
  • 2:39 - 2:43
    No início, esse diagnóstico
    não era algo fácil de ouvir,
  • 2:43 - 2:46
    mas então, algo mudou.
  • 2:46 - 2:51
    Comecei a ver meu diagnóstico
    como uma oportunidade
  • 2:51 - 2:55
    de aprender, crescer e retribuir.
  • 2:55 - 2:58
    Uma forma de retribuir seria
    por meio da minha escrita.
  • 2:58 - 3:00
    Eu decidi escrever livros infantis
  • 3:00 - 3:05
    para oferecer algo para as crianças que
    se sentiam sozinhas como eu na sua idade,
  • 3:05 - 3:08
    e para adultos que vivem,
    trabalham e brincam
  • 3:08 - 3:11
    com as crianças que sofrem
    por serem diferentes.
  • 3:12 - 3:16
    Escrevi "Really, Really Like Me" em 2012
  • 3:16 - 3:19
    e "The Quiet Bear" em 2014
  • 3:19 - 3:24
    para ajudar crianças a encontrarem
    compaixão por elas e pelos outros.
  • 3:26 - 3:29
    "The Quiet Bear" é uma história
    sobre uma pequena garota
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    que conhece um urso
    de pelúcia no Central Park,
  • 3:33 - 3:36
    e juntos eles vivem aventuras
    por toda a cidade,
  • 3:36 - 3:38
    da manhã à noite,
  • 3:38 - 3:40
    sem precisar de nenhuma palavra.
  • 3:41 - 3:45
    Eu fiquei muito entusiasmada
    com esses dois livros,
  • 3:45 - 3:49
    e comecei a doar cópias deles
    por todo o mundo.
  • 3:49 - 3:52
    Assim falando,
    as coisas parecem ótimas, né?
  • 3:53 - 3:55
    Não tão rápido.
  • 3:56 - 3:57
    Do nada,
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    eu estava no fundo do poço,
  • 4:01 - 4:04
    e por um tempo, tudo pareceu desmoronar.
  • 4:05 - 4:06
    Eu passei por um divórcio,
  • 4:07 - 4:09
    perdi outro emprego.
  • 4:10 - 4:13
    Minha vida parecia muito escura.
  • 4:14 - 4:18
    Então, algo extraordinário aconteceu.
  • 4:19 - 4:24
    Eu conheci Chris, um amigo de um amigo
    que mudaria minha vida para sempre.
  • 4:25 - 4:30
    Nunca vou esquecer aquele dia de outono,
    quando sentamos em uma mesa turquesa,
  • 4:30 - 4:33
    e ele apenas ouviu a minha história.
  • 4:34 - 4:35
    Pela primeira vez,
  • 4:36 - 4:39
    eu me senti ouvida.
  • 4:41 - 4:44
    Com meus livros, eu estava me esforçando
  • 4:44 - 4:48
    para oferecer a outras pessoas
    uma coisa que eu nunca havia tido:
  • 4:48 - 4:52
    aceitação, compaixão e empatia.
  • 4:53 - 4:58
    E eu queria espalhar esse sentimento
    de alegria e gratidão por todo o lugar.
  • 4:59 - 5:03
    Mas eu era aquela garota
    que tinha medo de tudo,
  • 5:03 - 5:04
    lembra?
  • 5:05 - 5:08
    Chris me desafiou a enfrentar meus medos
    com a cabeça erguida
  • 5:08 - 5:10
    e explorar meus problemas sensoriais
  • 5:10 - 5:12
    pouco a pouco,
  • 5:12 - 5:14
    uma aventura de cada vez.
  • 5:15 - 5:18
    Nós fomos a um parque de diversões,
  • 5:18 - 5:19
    e a um fliperama.
  • 5:20 - 5:24
    Não eram lugares fáceis
    para alguém com problemas sensoriais.
  • 5:26 - 5:28
    As luzes, os sons,
  • 5:28 - 5:30
    e, minha nossa, as montanhas-russas
  • 5:30 - 5:33
    eram coisas tão avassaladoras.
  • 5:33 - 5:36
    No início, meio que questionei
    a sanidade dele,
  • 5:37 - 5:39
    e depois a minha própria sanidade,
  • 5:39 - 5:43
    enquanto as luzes piscantes e os sons
    me faziam querer correr e me esconder.
  • 5:44 - 5:46
    E eu confesso:
  • 5:46 - 5:49
    eu me agarrei a ele
    naquela montanha-russa.
  • 5:50 - 5:54
    Dirigir também é algo desafiador para mim.
  • 5:54 - 5:57
    Lidar com coisas
    como o trânsito, as direções
  • 5:57 - 6:01
    e aquelas coisas que as pessoas fazem
    com naturalidade, como olhar o retrovisor,
  • 6:01 - 6:04
    nunca se tornaram normais para mim.
  • 6:05 - 6:07
    Ainda preciso seguir todos os passos
  • 6:07 - 6:10
    de colocar o cinto de segurança,
  • 6:10 - 6:13
    ajustar os retrovisores e ligar os faróis,
  • 6:13 - 6:15
    todas as vezes que eu dirijo.
  • 6:16 - 6:18
    Então,
  • 6:18 - 6:23
    corrida de kart nunca foi
    minha ideia de diversão.
  • 6:24 - 6:26
    Mas nós participamos de uma!
  • 6:26 - 6:31
    E sim, eu bati o carro no muro
    em cinco segundos de corrida.
  • 6:31 - 6:33
    Ninguém se machucou.
  • 6:33 - 6:37
    E sim, eu fui a última do grupo
    a terminar a corrida.
  • 6:38 - 6:39
    Mas eu terminei.
  • 6:41 - 6:42
    Estava começando a perceber
  • 6:42 - 6:46
    que as coisas não eram tão assustadoras
    como eu pensava que eram.
  • 6:47 - 6:51
    Aos poucos, fui encontrando formas
    de lidar com meus problemas sensoriais.
  • 6:52 - 6:54
    Não foi nada fácil.
  • 6:55 - 7:00
    É preciso muito trabalho e muita energia,
  • 7:00 - 7:02
    todos os dias,
  • 7:02 - 7:04
    para simplesmente aparecer.
  • 7:05 - 7:10
    E existem retrocessos, algumas falhas
    e muitos novos desafios.
  • 7:11 - 7:13
    Sabe, ir a uma corrida de kart
  • 7:13 - 7:17
    não me fez milagrosamente
    uma motorista calma e confiante,
  • 7:17 - 7:21
    e com certeza não "consertou"
    meus problemas sensoriais,
  • 7:21 - 7:24
    mas isso me deu alguma confiança.
  • 7:25 - 7:27
    Por exemplo,
  • 7:27 - 7:29
    quando eu morava na Carolina do Norte,
  • 7:29 - 7:33
    me deparei com uma situação
    em que precisava sair imediatamente,
  • 7:33 - 7:38
    eu precisei empacotar minhas coisas
    e voltar para Boston.
  • 7:39 - 7:43
    Milhares de quilômetros,
    dirigindo sozinha.
  • 7:44 - 7:49
    Deixa eu contar: com a minha ansiedade,
    essa não foi uma viagem fantástica.
  • 7:50 - 7:54
    Para evitar perder a estrada
    ou minha confiança,
  • 7:54 - 7:57
    eu apenas parei nos postos interestaduais.
  • 7:57 - 8:01
    Mas houve grandes obstáculos
    durante essa viagem
  • 8:01 - 8:05
    que eram ainda maiores do que eu previ.
  • 8:06 - 8:09
    Um deles foi a ponte de Tappan Zee.
  • 8:09 - 8:11
    (Risos)
  • 8:11 - 8:15
    Ainda me lembro de desviar da estrada
    na White Plains, em Nova York,
  • 8:15 - 8:17
    para perguntar o caminho.
  • 8:17 - 8:19
    Fiquei aterrorizada
  • 8:19 - 8:25
    quando a mulher sorriu para mim e disse
    que eu deveria voltar por "aquela ponte".
  • 8:26 - 8:29
    Minha mente entrou em um turbilhão,
  • 8:29 - 8:34
    e me perguntei seriamente
    se aquele não era o fim.
  • 8:35 - 8:37
    Sim,
  • 8:37 - 8:40
    eu realmente considerei
    se deveria apenas ficar
  • 8:40 - 8:43
    e viver em White Plains,
  • 8:43 - 8:44
    (Risos)
  • 8:44 - 8:49
    até que eu percebi que além de não ter
    dinheiro para viver ali,
  • 8:49 - 8:50
    (Risos)
  • 8:50 - 8:54
    na verdade ela estava se referindo
    a uma pequena ponte no final da rua.
  • 8:55 - 8:57
    Não preciso nem dizer,
  • 8:57 - 9:01
    quando vi a placa
    "Bem-vindo a Massachusetts",
  • 9:01 - 9:03
    eu chorei.
  • 9:04 - 9:07
    Para evitar os ataques de ansiedade
    durante aquela viagem,
  • 9:07 - 9:11
    usei a regra de Mel Robbins
    sobre os cinco segundos.
  • 9:12 - 9:14
    Eu repetia as palavras:
  • 9:14 - 9:15
    "Cinco...
  • 9:15 - 9:16
    quatro...
  • 9:16 - 9:18
    três...
  • 9:18 - 9:19
    dois...
  • 9:19 - 9:21
    um.
  • 9:21 - 9:24
    Eu não estou ansiosa,
    apenas muito animada".
  • 9:26 - 9:31
    Usar essa técnica ativa
    o córtex pré-frontal do cérebro
  • 9:31 - 9:32
    e acalma a amígdala.
  • 9:34 - 9:36
    Com um pouco dessa nova coragem,
  • 9:36 - 9:39
    fiquei mais apta a pensar
    sobre ajudar os outros novamente.
  • 9:40 - 9:44
    Por exemplo, a casa
    de uma colega minha tinha pegado fogo,
  • 9:44 - 9:48
    ela era mãe solteira
    e tinha um filho com autismo,
  • 9:48 - 9:51
    e eu realmente queria oferecer
    a eles um Natal especial,
  • 9:51 - 9:54
    mas eu não tinha dinheiro.
  • 9:54 - 10:00
    Falei com alguns amigos, organizações
    e algumas grandes empresas.
  • 10:00 - 10:03
    E tem uma coisa que preciso
    contar sobre mim:
  • 10:04 - 10:10
    eu fico ansiosa só de pensar
    em ligar para pedir uma pizza!
  • 10:11 - 10:13
    Mas tudo acabou bem.
  • 10:13 - 10:15
    A mãe disse para mim:
  • 10:15 - 10:20
    "Acho que é isso que você precisa
    fazer todos os anos.
  • 10:21 - 10:24
    Não por mim, mas por outras famílias".
  • 10:26 - 10:29
    Eu queria focar na compaixão
  • 10:29 - 10:32
    e não no meu medo
    do que isso poderia parecer.
  • 10:33 - 10:37
    Recebi alguns bons conselhos
    ao perguntar a alguém sobre o que fazer.
  • 10:38 - 10:40
    O conselho foi:
  • 10:40 - 10:42
    "Apenas comece".
  • 10:43 - 10:44
    Então fiz isso.
  • 10:44 - 10:47
    No começo de 2019,
  • 10:47 - 10:49
    Chris e eu cofundamos
    uma organização sem fins lucrativos
  • 10:49 - 10:51
    chamada BostonCalm.
  • 10:51 - 10:56
    Nosso objetivo é promover esperança
    e compaixão para outras pessoas autistas
  • 10:56 - 10:59
    oferecendo itens como compressas,
  • 10:59 - 11:01
    tampões de ouvido
  • 11:01 - 11:03
    e cartas de encorajamento
  • 11:03 - 11:05
    escritas por outras pessoas
    afetadas por esse transtorno.
  • 11:11 - 11:15
    Voltando para o milagre
    que mencionei no início,
  • 11:16 - 11:23
    estou muito agradecida por estar aqui,
    por compartilhar esse momento com vocês,
  • 11:24 - 11:28
    porque minha missão
    não é somente sobre o autismo.
  • 11:29 - 11:33
    Minha missão é continuar lutando
    contra o meu medo.
  • 11:34 - 11:37
    Aprendo mais e mais a cada dia -
  • 11:37 - 11:39
    como agora,
  • 11:39 - 11:42
    enquanto meus joelhos e pernas
    ainda estão tremendo -
  • 11:43 - 11:45
    que a esperança e a compaixão
  • 11:45 - 11:49
    são histórias muito maiores
    do que qualquer medo que possamos ter,
  • 11:50 - 11:55
    que meu propósito é maior que meu medo.
  • 11:56 - 12:01
    Por todos nós, nosso propósito
    é maior que nosso medo.
  • 12:02 - 12:06
    Mas às vezes, apenas precisamos de alguém
    para nos lembrar que não estamos sozinhos.
  • 12:07 - 12:10
    E nas sábias palavras do meu amigo Chris:
  • 12:10 - 12:11
    "Você consegue".
  • 12:12 - 12:13
    E sabe de uma coisa?
  • 12:14 - 12:15
    Eu consigo.
  • 12:16 - 12:18
    Obrigada.
  • 12:18 - 12:21
    (Aplausos)
Title:
Asperger: meu propósito é maior que meu medo | Gretchen McIntire | TEDxNatick
Description:

Aos 23 anos, Gretchen foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (anteriormente, síndrome de Asperger), o que a motivou a encontrar sua própria voz e despertar esperança naqueles que se sentem sozinhos. Gretchen compartilha histórias pessoais e muitas vezes engraçadas de suas dificuldades e conquistas. Ela é autora de livros infantis sob o pseudônimo de Gretchen Leary, palestrante e diretora executiva de uma organização sem fins lucrativos chamada BostonCalm, que atende pessoas com autismo e síndrome de Tourette.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite https://www.ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:33

Portuguese, Brazilian subtitles

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