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Porque não somos mais compassivos?

  • 0:01 - 0:05
    Estou impressionado pelo facto
    de um dos temas de fundo do TED
  • 0:05 - 0:06
    ser a compaixão.
  • 0:06 - 0:09
    Estas demonstrações muito comoventes
    que acabámos de ver:
  • 0:09 - 0:13
    a SIDA em África,
    o presidente Clinton ontem à noite.
  • 0:13 - 0:19
    E, se puder ser, gostaria de fazer
    um pouco de pensamento colateral,
  • 0:19 - 0:24
    sobre compaixão e trazê-lo
    do nível global para o nível pessoal.
  • 0:24 - 0:26
    Eu sou psicólogo, mas estejam descansados,
  • 0:26 - 0:28
    não vou chegar entrar em detalhes.
  • 0:28 - 0:31
    (Risos)
  • 0:32 - 0:34
    Houve um estudo muito importante
    feito há algum tempo
  • 0:34 - 0:37
    no Princeton Theological Seminary
  • 0:37 - 0:40
    que aborda a razão por que,
  • 0:40 - 0:43
    quando temos tantas
    oportunidades de ajudar,
  • 0:43 - 0:45
    o fazemos algumas vezes
    e não o fazemos noutras.
  • 0:46 - 0:50
    A um grupo de estudantes de teologia
    do Princeton Theological Seminary
  • 0:50 - 0:54
    disseram-lhes que eles iam fazer
    um sermão de treino
  • 0:54 - 0:57
    e que iam dar a cada um deles
    um tópico do sermão.
  • 0:57 - 1:00
    A metade desses estudantes
    deram, como tópico,
  • 1:00 - 1:02
    a parábola do Bom Samaritano:
  • 1:02 - 1:05
    o homem que parou
    à beira de um desconhecido,
  • 1:05 - 1:08
    para ajudar o desconhecido
    em necessidade, na berma da estrada.
  • 1:08 - 1:11
    À outra metade, deram-lhes tópicos
    da Bíblia selecionados ao acaso.
  • 1:11 - 1:14
    Depois, um por um, disseram-lhes
    que tinham que ir para outro edifício
  • 1:14 - 1:16
    e fazer o sermão.
  • 1:16 - 1:18
    Enquanto iam do primeiro edifício
    para o segundo,
  • 1:18 - 1:22
    cada um deles passou por um homem
    que estava dobrado e a gemer,
  • 1:22 - 1:24
    claramente em necessidade.
  • 1:24 - 1:26
    A questão é:
    Será que eles pararam para ajudar?
  • 1:26 - 1:28
    A questão mais interessante é:
  • 1:28 - 1:32
    Fez diferença eles estarem a contemplar,
    na prática, a parábola do Bom Samaritano?
  • 1:33 - 1:35
    Resposta: Não, de todo.
  • 1:36 - 1:38
    Veio-se a descobrir que o que determinava
  • 1:38 - 1:41
    se uma pessoa parava e ajudava
    o desconhecido em necessidade
  • 1:41 - 1:44
    era quão apressados
    eles pensavam que estavam,
  • 1:44 - 1:46
    quão atrasados eles pensavam que estavam,
  • 1:46 - 1:50
    ou quão absorvidos eles estavam
    no que iam falar.
  • 1:50 - 1:53
    Penso que isto é o dilema da nossa vida:
  • 1:53 - 1:57
    não usamos todas as oportunidades
    para ajudar,
  • 1:57 - 2:00
    porque a nossa atenção
    está na direção errada.
  • 2:00 - 2:04
    Há um novo ramo na ciência do cérebro:
    a neurociência social.
  • 2:04 - 2:08
    Este ramo estuda os circuitos
    no cérebro de duas pessoas
  • 2:08 - 2:11
    que se ativam enquanto elas interagem.
  • 2:11 - 2:15
    A nova abordagem à compaixão
    do ponto de vista da neurociência social
  • 2:15 - 2:19
    é a de que o nosso circuito cerebral,
    por defeito, é propenso a ajudar.
  • 2:19 - 2:23
    Isto significa que,
    se ajudarmos o próximo,
  • 2:23 - 2:27
    nós automaticamente
    criamos empatia e ligamo-nos a ele.
  • 2:27 - 2:30
    Esses neurónios recém-identificados,
    os neurónios espelho,
  • 2:30 - 2:34
    funcionam como uma rede neuro Wi-Fi,
    que ativam no nosso cérebro
  • 2:34 - 2:36
    as mesmas áreas ativadas no outro.
  • 2:36 - 2:38
    Ligamo-nos automaticamente.
  • 2:38 - 2:42
    Se essa pessoa está em necessidade,
    se essa pessoa está a sofrer,
  • 2:42 - 2:45
    nós automaticamente
    estamos preparados para ajudar.
  • 2:45 - 2:47
    Pelo menos, é este o argumento.
  • 2:47 - 2:49
    Então, a pergunta é:
    Porque não o fazemos?
  • 2:49 - 2:52
    E eu penso que isto abrange um espetro
  • 2:52 - 2:54
    que vai desde a autoabsorção completa,
  • 2:55 - 2:58
    até notar, criar empatia
    e até à compaixão.
  • 2:58 - 3:02
    O facto simples é, se estivermos
    concentrados em nós próprios,
  • 3:02 - 3:05
    se estivermos preocupados, como estamos
    frequentemente durante o dia,
  • 3:05 - 3:08
    não damos conta dos outros.
  • 3:08 - 3:11
    E esta diferença entre a atenção
    em nós mesmos e no outro
  • 3:11 - 3:13
    pode ser muito subtil.
  • 3:12 - 3:15
    No outro dia, estava a fazer
    a declaração de impostos
  • 3:15 - 3:18
    e cheguei ao ponto em que estava a listar
    todas as doações que fiz,
  • 3:18 - 3:20
    e tive uma revelação.
  • 3:20 - 3:24
    Cheguei ao cheque que passei
    à Seva Foundation e notei que pensei:
  • 3:24 - 3:27
    "O meu amigo Larry Brilliant
    deve ter ficado muito feliz
  • 3:27 - 3:29
    "por eu ter dado dinheiro à Seva".
  • 3:29 - 3:31
    Aí apercebi-me que
    o que estava a ganhar com a doação
  • 3:31 - 3:33
    era uma sensação de narcisismo
  • 3:33 - 3:36
    aquilo tinha-me feito sentir bem
    comigo mesmo.
  • 3:36 - 3:40
    Depois comecei a pensar
    nas pessoas nos Himalaias
  • 3:40 - 3:42
    cujas cataratas seriam melhoradas
  • 3:42 - 3:47
    e apercebi-me que saltara
    deste foco em mim meio narcisista
  • 3:47 - 3:49
    para uma alegria altruísta,
  • 3:49 - 3:52
    sentindo-me bem pelas pessoas
    que estavam a ser ajudadas.
  • 3:52 - 3:54
    Penso que isso é um fator de motivação.
  • 3:54 - 3:57
    Mas esta distinção
    entre focarmo-nos em nós próprios
  • 3:57 - 3:59
    e focarmo-nos nos outros
  • 3:59 - 4:01
    é daquelas que eu encorajo todos
    a terem em atenção.
  • 4:01 - 4:05
    Podem observá-la numa perspetiva macro
    no mundo dos namoros.
  • 4:05 - 4:08
    Aqui há tempos, eu estava
    num restaurante de sushi
  • 4:08 - 4:12
    e ouvi duas mulheres a falar
    sobre o irmão de uma delas,
  • 4:12 - 4:15
    que era solteiro. E a mulher diz:
  • 4:15 - 4:17
    "O meu irmão está com problemas
    em arranjar namoro,
  • 4:17 - 4:19
    "está a tentar os encontros rápidos".
  • 4:19 - 4:21
    Conhecem os encontros rápidos?
  • 4:21 - 4:24
    As mulheres sentam-se em mesas,
    os homens rodam de mesa em mesa.
  • 4:24 - 4:27
    Há um relógio e uma campainha e,
    ao fim de cinco minutos, bingo,
  • 4:27 - 4:30
    a conversa acaba e a mulher decide
  • 4:30 - 4:34
    se quer dar o seu cartão ou email
    ao homem, para mais conversa.
  • 4:34 - 4:35
    E a mulher diz:
  • 4:35 - 4:40
    "O meu irmão nunca conseguiu um cartão.
    E eu sei exatamente porquê.
  • 4:39 - 4:44
    Logo que se senta, começa
    a falar de si próprio sem parar,
  • 4:44 - 4:46
    "nunca pergunta coisas sobre a mulher."
  • 4:46 - 4:51
    Eu estava a fazer pesquisa
    na secção Sunday Styles
  • 4:51 - 4:54
    do New York Times, analisando
    as histórias antigas de casamentos
  • 4:54 - 4:57
    — porque eram muito interessantes —
  • 4:57 - 5:00
    e dei com o casamento
    da Alice Charney Epstein.
  • 5:00 - 5:03
    E ela disse que,
    quando estava num encontro,
  • 5:03 - 5:06
    fazia um teste simples às pessoas.
  • 5:06 - 5:08
    O teste era: a partir do momento
    em que estavam juntos,
  • 5:08 - 5:10
    quanto tempo é que o rapaz levava
  • 5:10 - 5:13
    a fazer-lhe uma pergunta
    com a palavra "tu".
  • 5:13 - 5:17
    Segundo parece, o Epstein
    teve nota máxima no teste, daí o artigo.
  • 5:17 - 5:18
    (Risos)
  • 5:18 - 5:20
    Agora, isto é um pequeno teste
  • 5:20 - 5:23
    que eu vos aconselho
    a experimentar numa festa.
  • 5:23 - 5:25
    Aqui na TED há grandes oportunidades.
  • 5:26 - 5:30
    A Harvard Business Review
    publicou recentemente um artigo
  • 5:30 - 5:33
    chamado "O Momento Humano",
    sobre como estabelecer um contacto real
  • 5:33 - 5:34
    com uma pessoa no trabalho.
  • 5:34 - 5:39
    Dizia que é preciso uma coisa fundamental:
    desligar o BlackBerry,
  • 5:39 - 5:43
    desligar o portátil,
    acabar o seu sonho para esse dia
  • 5:43 - 5:45
    e concentrar toda a atenção nessa pessoa.
  • 5:46 - 5:50
    Há uma palavra recém-criada
    na língua Inglesa
  • 5:51 - 5:54
    para o momento em que a pessoa
    com quem estamos a falar
  • 5:54 - 5:56
    saca do seu BlackBerry
    ou atende o telemóvel,
  • 5:56 - 5:58
    e, de repente, nós não já não existimos.
  • 5:58 - 6:02
    A palavra é: "pizzled": é uma combinação
    entre "abismado" e "chateado".
  • 6:02 - 6:05
    (Risos)
  • 6:05 - 6:07
    Penso que é muito adequado.
  • 6:09 - 6:12
    É a nossa empatia, é a nossa ligação
  • 6:12 - 6:15
    que nos separa dos maquiavélicos
    ou dos sociopatas.
  • 6:15 - 6:20
    Eu tenho um cunhado
    que é perito em horror e terror
  • 6:20 - 6:23
    — escreveu o livro "Annotated Dracula,
    the Essencial Frankenstein" —
  • 6:23 - 6:25
    devia ter sido um estudioso de Chaucer
  • 6:25 - 6:28
    mas nasceu na Transilvânia e penso
    que isso o afetou um pouco.
  • 6:28 - 6:29
    (Risos)
  • 6:29 - 6:32
    A certa altura, o meu cunhado Leonard
  • 6:32 - 6:35
    decidiu escrever um livro
    sobre um "serial killer",
  • 6:35 - 6:39
    um homem que aterrorizou a vizinhança toda
    há muitos anos.
  • 6:39 - 6:41
    Era conhecido como
    o estrangulador de Santa Cruz.
  • 6:41 - 6:45
    Antes de ser preso, assassinou os avós,
  • 6:45 - 6:49
    a mãe e cinco colegas
    da Universidade de Santa Cruz.
  • 6:49 - 6:52
    O meu cunhado foi entrevistar
    esse assassino
  • 6:52 - 6:53
    e, quando o conheceu,
  • 6:53 - 6:56
    apercebeu-se que aquele tipo
    era absolutamente assustador.
  • 6:56 - 6:58
    Para começar, tinha
    mais de 2 metros de altura.
  • 6:58 - 7:02
    Mas isso não era a coisa
    mais assustadora nele.
  • 7:02 - 7:07
    A coisa mais assustadora
    é que tem um QI de 160: um génio.
  • 7:07 - 7:11
    Mas não há correlação nenhuma
    entre o QI e a empatia emocional,
  • 7:11 - 7:13
    a ligação com o próximo.
  • 7:13 - 7:16
    São coisas controladas
    por partes distintas do cérebro.
  • 7:16 - 7:19
    Por isso a dada altura,
    o meu cunhado ganha coragem
  • 7:19 - 7:22
    para fazer a pergunta
    a que ele quer mesmo saber a resposta.
  • 7:22 - 7:24
    "Como é que conseguiu fazer isto?
  • 7:24 - 7:26
    "Não sentiu pena das suas vítimas?"
  • 7:26 - 7:30
    Os assassínios foram muito íntimos
    — ele estrangulou as vítimas.
  • 7:30 - 7:32
    E o estrangulador diz muito diretamente:
  • 7:32 - 7:37
    "Oh não. Se eu sentisse a angústia,
    não conseguia tê-lo feito.
  • 7:37 - 7:43
    "Tive que desligar essa parte de mim.
    Tive que desligar essa parte de mim."
  • 7:44 - 7:48
    E eu penso que isso é muito perturbador.
  • 7:49 - 7:53
    E nesse sentido, tenho estado a refletir
    sobre desligarmos essa parte de nós.
  • 7:53 - 7:56
    Quando nos concentramos em nós mesmos,
    em qualquer atividade,
  • 7:56 - 8:00
    desligamo-nos do facto
    de poder existir outra pessoa.
  • 8:00 - 8:05
    Pensem em ir às compras
    e pensem nas possibilidades
  • 8:05 - 8:08
    de um consumismo com compaixão.
  • 8:08 - 8:11
    Neste momento,
    como o Bill McDonough mostrou,
  • 8:12 - 8:16
    os objetos que compramos e usamos
    têm consequências escondidas.
  • 8:17 - 8:20
    Somos todos vítimas involuntárias
    de uma cegueira coletiva.
  • 8:20 - 8:23
    Não nos apercebemos e não nos apercebemos
    que não nos apercebemos
  • 8:23 - 8:27
    das moléculas tóxicas que são emitidas
  • 8:27 - 8:30
    por uma carpete
    ou pelo tecido dos estofos.
  • 8:30 - 8:35
    Ou não sabemos se o tecido
    é um nutriente tecnológico
  • 8:35 - 8:37
    ou de manufatura.
  • 8:38 - 8:41
    Poderá ser reutilizado
    ou vai parar ao aterro?
  • 8:41 - 8:44
    Por outras palavras,
    esquecemos as consequências
  • 8:44 - 8:50
    para a saúde ecológica e pública
    e para a justiça económica e social.
  • 8:50 - 8:52
    das coisas que compramos e usamos.
  • 8:54 - 9:00
    Neste sentido, a sala em si
    é o elefante na sala, mas não o vemos.
  • 9:00 - 9:05
    E tornamo-nos vítimas de um sistema
    que nos guia para outro lado.
  • 9:05 - 9:06
    Considerem isto.
  • 9:06 - 9:08
    Há um livro maravilhoso chamado
  • 9:08 - 9:12
    "Coisas: A vida escondida
    dos objetos do dia-a-dia."
  • 9:13 - 9:16
    Fala da história por detrás
    de uma coisa como uma T-shirt.
  • 9:16 - 9:19
    Fala sobre o local onde o algodão cresceu,
  • 9:19 - 9:23
    os fertilizantes que foram usados
    e as suas consequências para o solo.
  • 9:24 - 9:25
    E menciona, por exemplo,
  • 9:25 - 9:28
    que o algodão é muito resistente
    aos corantes têxteis;
  • 9:28 - 9:31
    cerca de 60% são removidos
    e vão parar às águas residuais.
  • 9:31 - 9:34
    Os epidemiologistas sabem bem
  • 9:34 - 9:37
    que as crianças que vivem
    perto de fábricas têxteis
  • 9:37 - 9:40
    tendem a ter elevada propensão
    para a leucemia.
  • 9:40 - 9:45
    Há uma empresa, a Bennett and Company,
    que é fornecedora da Polo.com,
  • 9:45 - 9:50
    da Victoria's Secret — devido ao seu CEO,
    que está ciente disto —
  • 9:51 - 9:55
    formou uma parceria na China
    com os fornecedores de corantes
  • 9:55 - 9:57
    para garantirem que as águas residuais
  • 9:57 - 10:01
    seriam tratadas apropriadamente
    antes de retornarem às águas dos solos.
  • 10:01 - 10:04
    Neste momento,
    não temos a opção de escolher
  • 10:04 - 10:07
    entre a T-shirt ecológica
    e a não ecológica.
  • 10:08 - 10:11
    O que seria preciso fazer
    para que isso fosse possível?
  • 10:13 - 10:15
    Tenho estado a pensar.
  • 10:16 - 10:20
    Para começar, há uma nova tecnologia
    de etiquetagem
  • 10:20 - 10:22
    que permite que qualquer loja conheça
  • 10:22 - 10:26
    toda a história de qualquer item
    nas prateleiras dessa loja.
  • 10:26 - 10:28
    Pode até saber-se a fábrica de onde veio.
  • 10:28 - 10:33
    Depois de a conhecer,
    podem analisar-se os processos de fabrico
  • 10:33 - 10:35
    que foram usados para o fazer
  • 10:35 - 10:38
    e, se foram os corretos,
    pode-se etiquetar dessa forma.
  • 10:39 - 10:44
    Se não foram tão corretos,
    podemos ir a qualquer loja,
  • 10:44 - 10:48
    passa-se o código de barras
    pelo leitor ótico
  • 10:48 - 10:49
    o que vos leva a um site.
  • 10:49 - 10:52
    Faz-se isso para as pessoas
    alérgicas aos amendoins.
  • 10:52 - 10:55
    Esse site pode dizer-nos coisas
    sobre esse objeto.
  • 10:55 - 10:57
    Ou seja, em qualquer ponto de venda,
  • 10:57 - 11:01
    é possível fazer uma escolha
    com base na compaixão.
  • 11:01 - 11:06
    Há um ditado no mundo das ciências
    da informação que é:
  • 11:06 - 11:09
    "No final, toda a gente saberá de tudo".
  • 11:09 - 11:12
    A questão é: "Será que faz diferença?"
  • 11:13 - 11:17
    Há uns tempos, quando eu estava
    a trabalhar para o New York Times,
  • 11:17 - 11:19
    — foi nos anos 80 — escrevi um artigo
  • 11:19 - 11:22
    sobre o que era na altura
    um problema em Nova Iorque,
  • 11:22 - 11:24
    os sem-abrigo a viver nas ruas.
  • 11:24 - 11:27
    Durante umas semanas, acompanhei
    uma organização de apoio social
  • 11:27 - 11:29
    que auxiliava os sem-abrigo.
  • 11:29 - 11:35
    Apercebi-me, ao olhar para os olhos deles,
    que quase todos eram doentes mentais
  • 11:35 - 11:37
    que não tinham para onde ir.
  • 11:37 - 11:39
    Eles tinham um diagnóstico.
  • 11:39 - 11:43
    Isso fez-me acordar para a realidade
    que nos passa ao lado na correria citadina.
  • 11:43 - 11:46
    Quando passamos por um sem-abrigo
  • 11:46 - 11:49
    que está na periferia
    do nosso campo de visão,
  • 11:49 - 11:51
    ele fica na periferia.
  • 11:52 - 11:55
    Não reparamos e, por isso, não atuamos.
  • 11:57 - 12:02
    Um dia, pouco depois disso
    — foi numa sexta-feira, no final do dia —
  • 12:02 - 12:05
    eu ia a descer para o metro,
    à hora de ponta.
  • 12:05 - 12:07
    Milhares de pessoas
    a descer as escadas.
  • 12:07 - 12:09
    De repente, enquanto ia
    a descer as escadas,
  • 12:09 - 12:12
    reparei que havia um homem
    caído para o lado,
  • 12:12 - 12:15
    sem camisa, sem se mexer,
  • 12:15 - 12:17
    e as pessoas estavam
    a passar por cima dele,
  • 12:17 - 12:19
    centenas e centenas de pessoas.
  • 12:19 - 12:23
    Como a minha correria urbana
    estava, de certa forma, enfraquecida,
  • 12:23 - 12:27
    eu parei para ver
    o que se estava a passar.
  • 12:27 - 12:30
    Quando parei, meia dúzia de outras pessoas
  • 12:30 - 12:32
    pararam imediatamente
    junto do mesmo homem.
  • 12:32 - 12:35
    Descobrimos que era latino,
    não falava inglês,
  • 12:35 - 12:39
    não tinha dinheiro, estava a viver
    na rua há dias, a morrer de fome,
  • 12:39 - 12:41
    e tinha desmaiado de fome.
  • 12:41 - 12:44
    Imediatamente, um foi buscar
    sumo de laranja, outro, um cachorro,
  • 12:44 - 12:46
    chamaram um segurança do metro.
  • 12:46 - 12:48
    O homem conseguiu levantar-se.
  • 12:48 - 12:52
    Só foi preciso reparar que ele existia.
  • 12:53 - 12:54
    Por isso, eu estou otimista.
  • 12:54 - 12:56
    Muito obrigado.
  • 12:56 - 12:57
    (Aplausos)
Title:
Porque não somos mais compassivos?
Speaker:
Daniel Goleman
Description:

Daniel Goleman, autor do livro "Emotional Intelligence", pergunta porque é que não somos mais compassivos mais vezes.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:56
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why aren't we more compassionate?
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why aren't we more compassionate?
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Why aren't we more compassionate?
Nuno Couto added a translation

Portuguese subtitles

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