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Como fugir do hábito e seguir seus objetivos | Sabine Doebel | TEDxMileHigh

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    Então, tenho uma confissão a fazer.
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    Só recentemente aprendi a dirigir.
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    E foi muito difícil...
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    Mas isso não é por eu ser velha.
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    Você se lembra como era
    quando aprendeu a dirigir,
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    quando cada decisão que tomava
    era muito consciente e deliberada?
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    Eu voltava para casa das aulas de direção
    completamente esgotada mentalmente.
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    Agora, como cientista cognitiva,
    sei que isso ocorre por ter usado muito
  • 0:37 - 0:40
    algo chamado de "função executiva".
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    Função executiva é nossa
    incrível habilidade
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    para conscientemente controlarmos
    nossos pensamentos, emoções e ações
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    a fim de alcançarmos objetivos:
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    como aprender a dirigir.
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    É o que usamos,
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    quando precisamos fugir de hábitos,
    inibir nossos impulsos e fazer planos.
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    Podemos ver isso mais claramente
    quando as coisas dão errado.
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    Você já colocou suco de laranja,
    acidentalmente, em seu cereal?
  • 1:06 - 1:08
    (Risos)
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    Ou ficou rolando a tela no Facebook
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    e de repente percebeu
    que perdeu uma reunião?
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    Talvez este seja mais familiar:
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    já planejou parar na loja
    no caminho de casa para o trabalho
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    e percorreu todo o caminho
    no piloto automático?
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    (Risos)
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    Essas coisas acontecem com todos
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    e costumamos chamar de "distração".
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    Mas o que realmente está acontecendo
    é um lapso na função executiva.
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    Usamos a função executiva todos os dias,
    em todos os aspectos de nossas vidas.
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    Nos últimos 30 anos,
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    pesquisadores descobriram que ela
    determina todo tipo de coisas boas
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    desde a infância,
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    como habilidades sociais, desempenho
    acadêmico, saúde mental e física,
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    ganhar dinheiro, economizar dinheiro
    e até mesmo ficar fora da prisão.
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    Parece ótimo, não é?
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    Não é surpresa que pesquisadores, como eu,
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    estejam tão interessados em entendê-la
    e descobrir maneiras de melhorá-la.
  • 2:04 - 2:05
    Mas, ultimamente,
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    a função executiva se tornou a palavra
    da moda para autoaperfeiçoamento.
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    As pessoas acham que podem aprimorá-la
  • 2:11 - 2:14
    através de aplicativos de treinamento
    cerebral e jogos de computador.
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    ou praticando de alguma maneira
    específica, como jogar xadrez.
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    Os pesquisadores estão tentando
    treiná-la em laboratório,
  • 2:22 - 2:23
    esperando melhorá-la,
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    assim como outras coisas
    relacionadas a ela, como a inteligência.
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    Bem, estou aqui para dizer
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    que essa maneira de pensar
    sobre a função executiva está errada.
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    Treinamento cerebral não vai melhorar
    a função executiva em sentido amplo,
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    porque isso envolve
    exercitá-la de forma restrita,
  • 2:39 - 2:45
    fora do contexto do mundo real,
    em que realmente a usamos.
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    Você pode dominar o aplicativo
    de função executiva,
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    mas isso não te ajuda a parar
    de colocar suco de laranja no cereal
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    duas vezes por semana.
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    (Risos)
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    Se realmente quer melhorar
    sua função executiva
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    de uma maneira que faça
    diferença na sua vida,
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    você tem que entender como ela
    é influenciada pelo contexto.
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    Deixe-me mostrar o que quero dizer.
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    Existe uma ótima tarefa
    usada no laboratório
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    para medir função executiva
    em crianças pequenas,
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    chamada de Cartão de Mudança Dimensional.
  • 3:11 - 3:16
    As crianças devem organizar os cartões
    de um jeito, como, por exemplo, em formas,
  • 3:16 - 3:19
    repetidamente, até se habituarem a ele.
  • 3:19 - 3:24
    Então, são convidadas a mudar e ordenar
    as mesmas cartas de outra maneira,
  • 3:24 - 3:25
    como, por exemplo, pela cor.
  • 3:26 - 3:29
    Crianças muito pequenas
    têm muita dificuldade com isso.
  • 3:29 - 3:33
    As crianças de três e quatro anos
    continuam arrumando do jeito antigo,
  • 3:33 - 3:36
    apesar de serem avisadas
    do que deveriam estar fazendo.
  • 3:37 - 3:38
    (Vídeo)
  • 3:38 - 3:41
    Instrutora: Se for azul, coloque aqui;
    se for vermelha, aqui. Aqui está um azul.
  • 3:42 - 3:45
    Certo, agora vamos jogar
    um jogo diferente.
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    Não vamos mais jogar o jogo de cores.
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    Vamos jogar o jogo das formas.
  • 3:48 - 3:52
    No jogo das formas, as estrelas
    vão aqui e os caminhões aqui.
  • 3:52 - 3:54
    Certo?
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    Estrelas aqui. Caminhões aqui.
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    Para onde vão as estrelas?
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    Para onde vão os caminhões?
  • 4:00 - 4:01
    Excelente. Certo.
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    Estrelas aqui. Caminhões aqui.
  • 4:03 - 4:04
    Aqui está um caminhão.
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    Estrelas aqui. Caminhões aqui.
  • 4:10 - 4:11
    Aqui está uma estrela.
  • 4:12 - 4:13
    (Fim do vídeo)
  • 4:13 - 4:15
    (Risos)
  • 4:15 - 4:17
    Então é realmente interessante,
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    e é óbvio quando ela deixa de usar
    sua função executiva.
  • 4:21 - 4:25
    O fato é que poderíamos treiná-la
    nessa tarefa e em outras como essa,
  • 4:25 - 4:27
    e por fim ela iria melhorar.
  • 4:27 - 4:32
    Mas isso significa que ela melhorou
    sua função executiva fora do laboratório?
  • 4:32 - 4:35
    Não, porque no mundo real ela
    precisa usar a função executiva
  • 4:35 - 4:39
    para fazer muito mais
    do que escolher entre forma e cor.
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    Ela vai precisar alternar
    da adição para multiplicação,
  • 4:42 - 4:44
    ou da brincadeira para a arrumação,
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    ou de pensar em seus próprios sentimentos
    para pensar na amiga.
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    Ter sucesso em situações do mundo real,
  • 4:50 - 4:53
    depende do quanto você está motivado
  • 4:53 - 4:55
    e do que seus colegas estão fazendo.
  • 4:55 - 4:58
    Isso também depende
    da estratégia que você executa,
  • 4:58 - 5:02
    quando usa a função executiva
    em uma determinada situação.
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    Estou dizendo que o contexto
    realmente é importante.
  • 5:07 - 5:09
    Agora vou dar um exemplo
    da minha pesquisa.
  • 5:09 - 5:14
    Recentemente trouxe um grupo de crianças
    para o clássico teste do marshmallow,
  • 5:14 - 5:16
    que mede o atraso na gratificação
  • 5:16 - 5:20
    e que também, provavelmente,
    requer muita função executiva.
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    Vocês já devem conhecer esse teste,
  • 5:22 - 5:24
    mas, basicamente,
    as crianças têm uma escolha:
  • 5:24 - 5:27
    podem ganhar um marshmallow imediatamente,
  • 5:27 - 5:30
    ou esperar que eu vá na outra sala
    buscar mais marshmallows,
  • 5:30 - 5:33
    e então podem ganhar
    dois doces em vez de um.
  • 5:33 - 5:37
    A maioria das crianças realmente
    querem o segundo marshmallow.
  • 5:37 - 5:40
    Mas a questão chave é:
    quanto tempo podem esperar?
  • 5:40 - 5:42
    (Risos)
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    Adicionei uma reviravolta
    para olhar os efeitos do contexto.
  • 5:46 - 5:51
    Disse a cada criança que ela estava
    em um grupo, por exemplo o grupo verde,
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    e dei a elas uma camiseta verde para usar.
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    Eu disse:
  • 5:56 - 5:59
    "Seu grupo esperou por dois marshmallows,
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    e o grupo laranja, não".
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    Ou o contrário:
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    "Seu grupo não esperou
    por dois marshmallows,
  • 6:07 - 6:09
    o outro grupo sim".
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    Então deixei a criança sozinha na sala,
  • 6:12 - 6:15
    e assisti em uma webcam
    para ver quanto tempo ela esperava.
  • 6:15 - 6:17
    (Risos)
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    Descobri que as crianças
  • 6:26 - 6:30
    que acreditavam que seu grupo
    tinha esperado por dois marshmallows,
  • 6:30 - 6:34
    eram mais propensas a esperar.
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    Elas foram influenciadas
    por um grupo que nunca conheceram.
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    Muito legal, não é?
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    Bem, com esse resultado, eu não sabia
    se elas apenas estavam copiando seu grupo
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    ou se era algo mais profundo que isso.
  • 6:50 - 6:51
    Então trouxe mais crianças.
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    Depois do teste de marshmallow,
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    mostrei fotos de pares de crianças.
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    Disse que uma dessas crianças gostava
    de ter as coisas imediatamente,
  • 7:00 - 7:02
    como biscoitos e adesivos,
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    e a outra gostava de esperar,
    para poder ganhar mais dessas coisas.
  • 7:06 - 7:08
    Então perguntei a elas:
  • 7:08 - 7:11
    "De qual dessas crianças você gosta mais?
    Com quem gostaria de brincar?"
  • 7:12 - 7:16
    E descobri que as crianças que acreditaram
    que seu grupo tinha esperado
  • 7:16 - 7:20
    tendiam a preferir as crianças
    que gostavam de esperar pelas coisas.
  • 7:20 - 7:25
    Então, saber a escolha de seu grupo
    fez elas valorizarem a espera.
  • 7:25 - 7:27
    E não só isso.
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    Essas crianças provavelmente
    usam a função executiva
  • 7:30 - 7:33
    para gerar estratégias
    que as ajudam a esperar,
  • 7:33 - 7:36
    como sentar sobre suas mãos,
    se afastar do marshmallow,
  • 7:36 - 7:39
    ou cantar uma música para se distrair.
  • 7:39 - 7:41
    (Risos)
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    Então, o que isso tudo mostra
    é apenas o quanto o contexto importa.
  • 7:45 - 7:49
    Não é que essas crianças tinham
    uma função executiva boa ou ruim.
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    O contexto as ajudou a usá-la melhor.
  • 7:52 - 7:56
    O que isso significa
    para você e seus filhos?
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    Bem, digamos que queira aprender espanhol.
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    Poderia tentar mudar seu contexto
  • 8:01 - 8:04
    e se cercar de outras pessoas
    que também querem aprender.
  • 8:05 - 8:08
    Melhor ainda: se essas são pessoas
    que realmente gosta,
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    estará mais motivado
    a usar a função executiva.
  • 8:12 - 8:16
    Digamos que você queira que seu filho
    faça melhor um trabalho de matemática.
  • 8:16 - 8:18
    Poderia ensinar estratégias
  • 8:18 - 8:22
    para usar a função executiva,
    nesse contexto particular,
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    como deixar o telefone longe
    antes de começar a estudar,
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    ou planejando uma recompensa
    depois de estudar por uma hora.
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    Não quero fazer soar
    como se o contexto fosse tudo.
  • 8:33 - 8:37
    A função executiva é realmente complexa
    e é moldada por vários fatores.
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    O que quero que lembre,
  • 8:39 - 8:41
    é que, se quiser melhorar
    sua função executiva
  • 8:41 - 8:44
    em algum aspecto da sua vida,
  • 8:44 - 8:46
    não procure por soluções rápidas.
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    Pense no contexto, em como seus objetivos
    podem ser mais importantes para você,
  • 8:50 - 8:55
    em como usar estratégias e se ajudar,
    em sua situação particular.
  • 8:55 - 8:59
    Acho que os antigos gregos
    falaram melhor quando disseram:
  • 8:59 - 9:01
    "Conhece a ti mesmo".
  • 9:01 - 9:05
    Uma parte fundamental disso é saber
    como o contexto molda seu comportamento
  • 9:05 - 9:09
    e como usar esse conhecimento
    e mudar para melhor.
  • 9:09 - 9:10
    Obrigada.
  • 9:10 - 9:13
    (Aplausos)
Title:
Como fugir do hábito e seguir seus objetivos | Sabine Doebel | TEDxMileHigh
Description:

A pesquisa mostra que a função executiva tem um impacto profundo em sua vida - ela se correlaciona com o desempenho acadêmico, saúde mental e física, fazendo e economizando dinheiro. As pessoas usam aplicativos de treinamento cerebral e jogos de computador para ajudar a função executiva, mas a psicóloga Sabine Doebel explica por que isso não funciona e, em vez disso, o que você pode fazer para atingir suas metas. Sabine Doebel é pesquisadora de pós-doutorado na Universidade do Colorado em Boulder, no Departamento de Psicologia e Neurociência. Ela tem um Ph.D. do Instituto de Desenvolvimento Infantil em Minnesota. Sua pesquisa se concentra no desenvolvimento da função executiva.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
09:26

Portuguese, Brazilian subtitles

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