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Como as emoções alteram o formato do seu coração

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    Nenhum outro órgão,
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    talvez nenhum outro objeto na vida humana,
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    está tão imbuído de metáforas
    e significados quanto o coração humano.
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    Ao longo da história,
  • 0:13 - 0:16
    o coração tem sido o símbolo
    da nossa vida emocional,
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    considerado por muitos o centro da alma,
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    o repositório das emoções.
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    A própria palavra "emoção" se origina
    em parte do verbo francês "émouvoir",
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    que significa "agitar".
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    E talvez seja lógico que as emoções
    estejam ligadas a um órgão
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    caracterizado por seu movimento agitado.
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    Mas qual é essa ligação?
  • 0:41 - 0:45
    É real ou meramente metafórica?
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    Como cardiologista,
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    estou aqui hoje para dizer a vocês
    que essa ligação é real.
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    As emoções, como veremos,
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    podem ter e têm um efeito físico
    direto no coração humano.
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    Mas antes de entrar no assunto,
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    vou falar um pouco
    sobre o coração metafórico.
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    O simbolismo do coração emocional
    perdura até hoje.
  • 1:11 - 1:17
    Se perguntarmos a uma pessoa
    que imagem ela mais associa ao amor,
  • 1:17 - 1:21
    sem dúvida alguma o símbolo do coração
    estaria no topo da lista.
  • 1:22 - 1:25
    A forma do coração, chamada de cardioide,
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    é comum na natureza.
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    Ela é encontrada nas folhas, flores
    e sementes de muitas plantas,
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    inclusive do sílfio,
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    que era usado como contraceptivo
    durante a Idade Média
  • 1:37 - 1:40
    e talvez seja por isso
    que o coração ficou associado
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    ao sexo e ao amor romântico.
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    Qualquer que seja a razão,
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    corações começaram a aparecer
    nas imagens de amantes no século 13.
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    Ao longo do tempo, as figuras
    passaram a ser pintadas de vermelho,
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    a cor do sangue,
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    um símbolo da paixão.
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    Na Igreja Católica romana,
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    a figura do coração se tornou conhecida
    como Sagrado Coração de Jesus.
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    Adornada com espinhos
    e emitindo uma luz etérea,
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    se tornou uma insígnia do amor monástico.
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    Essa associação entre o coração e o amor
    tem perdurado na modernidade.
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    Quando Barney Clark, dentista aposentado
    com doença cardíaca em estágio final,
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    recebeu o primeiro coração artificial
    permanente em Utah, em 1982,
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    a esposa, com quem era casado há 39 anos,
    supostamente perguntou aos médicos:
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    "Ele ainda será capaz de me amar?"
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    Atualmente, sabemos que o coração
    não é a fonte do amor
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    ou de outras emoções, necessariamente;
  • 2:42 - 2:44
    os antigos estavam enganados.
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    Entretanto, cada vez mais
    começamos a entender
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    que a conexão entre o coração
    e as emoções é extremamente íntima.
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    O coração pode não ser a fonte
    dos nossos sentimentos,
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    mas é intensamente sensível a eles.
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    De certo modo, um registro
    da nossa vida emocional
  • 2:59 - 3:01
    está inscrito em nosso coração.
  • 3:02 - 3:07
    O medo e a tristeza, por exemplo,
    podem causar profundo dano cardíaco.
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    Os nervos que controlam processos
    inconscientes, como o batimento cardíaco,
  • 3:11 - 3:13
    podem sentir a aflição
  • 3:13 - 3:18
    e desencadear uma reação
    inadequada de fuga ou luta
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    que faz os vasos sanguíneos se retraírem,
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    o coração se acelerar
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    e a pressão sanguínea subir,
  • 3:26 - 3:28
    causando danos.
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    Em outras palavras,
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    está cada vez mais claro
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    que nosso coração é extraordinariamente
    sensível ao nosso sistema emocional,
  • 3:37 - 3:40
    ou, se preferirem,
    ao nosso coração metafórico.
  • 3:40 - 3:45
    Há uma doença cardíaca reconhecida
    pela primeira vez há duas décadas
  • 3:45 - 3:50
    chamada "cardiomiopatia de takotsubo",
    ou "síndrome do coração partido",
  • 3:50 - 3:56
    na qual o coração se enfraquece gravemente
    em reação a forte estresse ou sofrimento,
  • 3:56 - 4:00
    como o fim de um relacionamento
    ou a morte de um ente querido.
  • 4:00 - 4:04
    Como mostram essas fotos,
    o coração que sofre, no meio,
  • 4:04 - 4:07
    parece bastante diferente
    do coração normal, à esquerda.
  • 4:07 - 4:08
    Ele parece atordoado
  • 4:08 - 4:13
    e frequentemente infla até se parecer
    distintamente com um takotsubo,
  • 4:13 - 4:14
    mostrado à direita,
  • 4:14 - 4:18
    um vaso japonês com base larga
    e gargalo estreito.
  • 4:18 - 4:21
    Não sabemos exatamente
    por que isso acontece
  • 4:21 - 4:23
    e a síndrome costuma se corrigir
    em algumas semanas.
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    Entretanto, no período agudo,
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    ela pode causar insuficiência cardíaca,
  • 4:28 - 4:30
    arritmias fatais,
  • 4:30 - 4:32
    até mesmo morte.
  • 4:32 - 4:37
    Por exemplo, o marido
    de minha paciente idosa
  • 4:37 - 4:39
    morreu recentemente.
  • 4:39 - 4:43
    Ela estava triste, claro, mas conformada.
  • 4:44 - 4:45
    Talvez até um pouco aliviada.
  • 4:45 - 4:48
    Havia sido uma doença muito longa;
    ele tinha demência.
  • 4:48 - 4:52
    Mas, uma semana após o funeral,
    ela olhou para uma foto
  • 4:52 - 4:54
    e se sentiu triste.
  • 4:55 - 5:00
    E então ela desenvolveu dor no peito,
    acompanhada de falta de ar,
  • 5:00 - 5:03
    veias do pescoço dilatadas e suor na testa
  • 5:03 - 5:06
    e ofegava de forma perceptível
    ao se sentar em uma cadeira;
  • 5:06 - 5:10
    todos eles sinais
    de insuficiência cardíaca.
  • 5:11 - 5:13
    Ela deu entrada no hospital,
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    onde uma ultrassonografia
    confirmou o que já suspeitávamos:
  • 5:18 - 5:23
    o coração dela havia enfraquecido
    para menos da metade da capacidade normal
  • 5:24 - 5:29
    e inflado até se parecer
    distintamente com um takotsubo.
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    Mas nenhum outro exame
    apresentou problemas;
  • 5:31 - 5:34
    não havia nenhum sinal
    de artérias entupidas.
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    Duas semanas depois, o estado emocional
    dela havia voltado ao normal
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    e, como uma ultrassonografia confirmou,
  • 5:43 - 5:44
    o coração dela também.
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    A cardiomiopatia de takotsubo tem sido
    associada a muitas situações estressantes,
  • 5:51 - 5:53
    incluindo falar em público,
  • 5:53 - 5:55
    (Risos)
  • 5:59 - 6:01
    (Aplausos)
  • 6:05 - 6:08
    conflitos domésticos,
    perdas em jogos de azar,
  • 6:08 - 6:10
    até uma festa surpresa de aniversário.
  • 6:10 - 6:12
    (Risos)
  • 6:12 - 6:16
    Também tem sido associada
    a transtornos sociais generalizados,
  • 6:16 - 6:19
    como após um desastre natural.
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    Por exemplo, em 2004,
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    um forte terremoto devastou
    um distrito na maior ilha do Japão.
  • 6:27 - 6:31
    Mais de 60 pessoas morreram
    e milhares ficaram feridas.
  • 6:31 - 6:34
    Pouco após a catástrofe,
  • 6:34 - 6:39
    pesquisadores descobriram que a incidência
    de cardiomiopatia de takotsubo
  • 6:39 - 6:44
    aumentou 24 vezes na região
    um mês após o terremoto,
  • 6:44 - 6:47
    comparada ao mesmo período
    do ano anterior.
  • 6:48 - 6:51
    As residências dos afetados nesses casos
  • 6:51 - 6:54
    estavam estreitamente relacionadas
    à intensidade do tremor.
  • 6:54 - 6:58
    Em quase todos os casos,
    os pacientes viviam perto do epicentro.
  • 6:59 - 7:04
    Curiosamente, essa síndrome também
    já foi observada após eventos felizes,
  • 7:05 - 7:08
    mas o coração parece
    reagir de forma diferente,
  • 7:08 - 7:12
    inflando na porção do meio,
    por exemplo, não no ápice.
  • 7:12 - 7:18
    Por que causas emocionais diferentes
    resultam em mudanças cardíacas diferentes
  • 7:18 - 7:19
    permanece um mistério.
  • 7:20 - 7:24
    Mas, atualmente, talvez
    em tributo aos antigos filósofos,
  • 7:24 - 7:30
    podemos dizer que, mesmo que as emoções
    não estejam contidas no coração,
  • 7:30 - 7:35
    o coração emocional coincide em parte
  • 7:37 - 7:39
    com seu equivalente biológico,
  • 7:39 - 7:42
    de formas surpreendentes e misteriosas.
  • 7:43 - 7:47
    Síndromes cardíacas,
    incluindo a morte súbita,
  • 7:47 - 7:52
    são relatadas há muito tempo em indivíduos
    vivenciando problemas emocionais intensos
  • 7:52 - 7:54
    ou perturbações em seu coração metafórico.
  • 7:55 - 7:57
    Em 1942,
  • 7:57 - 8:02
    o fisiologista de Harvard Walter Cannon
    publicou um estudo chamado "Morte Vudu",
  • 8:02 - 8:06
    no qual descreveu casos de morte por pavor
  • 8:06 - 8:08
    em pessoas que acreditavam
    estar amaldiçoadas,
  • 8:08 - 8:13
    como por um feiticeiro ou por consequência
    da ingestão de uma fruta tabu.
  • 8:13 - 8:18
    Em muitos casos, a vítima, após perder
    toda a esperança, morria na hora.
  • 8:19 - 8:24
    O que esses casos tinham em comum
    era a crença absoluta da vítima
  • 8:24 - 8:27
    de que havia uma força externa
    que causaria sua morte
  • 8:27 - 8:30
    e contra a qual não tinha como lutar.
  • 8:30 - 8:34
    Essa aparente falta de controle,
    afirmava Cannon,
  • 8:34 - 8:37
    resultava em uma resposta
    fisiológica intensa,
  • 8:37 - 8:41
    na qual os vasos sanguíneos
    se contraíam a tal ponto
  • 8:42 - 8:45
    que o volume sanguíneo
    caía de forma aguda,
  • 8:45 - 8:46
    a pressão sanguínea despencava,
  • 8:46 - 8:48
    o coração se extenuava
  • 8:48 - 8:52
    e a falta de transporte de oxigênio
    resultava em danos fulminantes aos órgãos.
  • 8:54 - 8:56
    Cannon acreditava que as mortes vudu
  • 8:57 - 9:01
    estavam limitadas a populações
    autóctones ou "primitivas".
  • 9:02 - 9:06
    Mas, ao longo dos anos, mostrou-se
    que esse tipo de morte também ocorre
  • 9:06 - 9:09
    em todo tipo de pessoas modernas.
  • 9:10 - 9:16
    Atualmente, a morte por luto
    tem sido observada em cônjuges e irmãos.
  • 9:16 - 9:20
    Corações partidos são mortais
    literal e figurativamente.
  • 9:21 - 9:24
    Essas associações são válidas
    até para animais.
  • 9:25 - 9:31
    Em um estudo fascinante em 1980,
    publicado no periódico "Science",
  • 9:31 - 9:35
    pesquisadores alimentaram coelhos em
    gaiolas com uma dieta rica em colesterol
  • 9:35 - 9:38
    para estudar seu efeito
    em doenças cardiovasculares.
  • 9:39 - 9:44
    Descobriram com espanto que alguns coelhos
    desenvolviam mais doenças do que outros,
  • 9:44 - 9:46
    mas não sabiam explicar por quê.
  • 9:46 - 9:52
    Os coelhos tinham dieta, ambiente
    e composição genética semelhantes.
  • 9:52 - 9:54
    Os pesquisadores acharam
    que podia ter algo a ver
  • 9:54 - 9:58
    com a frequência com que o técnico
    interagia com os coelhos.
  • 9:58 - 10:00
    Então repetiram o estudo,
  • 10:00 - 10:03
    dividindo os coelhos em dois grupos.
  • 10:03 - 10:05
    Os dois grupos recebiam
    uma dieta rica em colesterol.
  • 10:06 - 10:10
    Mas, em um grupo, os coelhos
    eram tirados de suas gaiolas
  • 10:10 - 10:14
    e lhes davam colo e carinho,
    além de conversarem e brincarem com eles,
  • 10:14 - 10:17
    enquanto, no outro grupo, os coelhos
    permaneciam nas gaiolas
  • 10:17 - 10:19
    e eram deixados sozinhos.
  • 10:19 - 10:23
    Após um ano, na autópsia,
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    os pesquisadores descobriram
    que os coelhos do primeiro grupo,
  • 10:28 - 10:30
    que receberam interação humana,
  • 10:30 - 10:36
    tinham 60% menos doenças da aorta
    do que os coelhos do outro grupo,
  • 10:36 - 10:41
    apesar dos níveis de colesterol, pressão
    arterial e frequência cardíaca similares.
  • 10:42 - 10:48
    Atualmente, os cuidados com o coração
    deixaram de ser uma área dos filósofos,
  • 10:48 - 10:52
    que refletem sobre o significado
    metafórico do coração,
  • 10:53 - 10:57
    e se tornaram a esfera de médicos como eu,
  • 10:57 - 10:59
    empregando tecnologias que,
    até mesmo um século atrás,
  • 10:59 - 11:02
    devido ao status elevado do coração
    na cultura humana,
  • 11:03 - 11:04
    eram consideradas tabu.
  • 11:04 - 11:08
    Nesse processo, o coração foi transformado
  • 11:08 - 11:14
    de objeto quase sobrenatural
    impregnado de metáforas e significados
  • 11:14 - 11:18
    a uma máquina que pode ser
    manipulada e controlada.
  • 11:19 - 11:21
    Mas esse é o elemento crucial:
  • 11:21 - 11:25
    percebemos agora que essas manipulações
  • 11:25 - 11:29
    devem ser acompanhadas
    pela atenção à vida emocional
  • 11:30 - 11:33
    que, por milhares de anos,
    acreditou-se que o coração controlava.
  • 11:34 - 11:37
    Considerem, por exemplo,
    o artigo "Lifestyle Heart Trial",
  • 11:37 - 11:42
    publicado no periódico britânico
    "The Lancet" em 1990.
  • 11:42 - 11:46
    Nele, 48 pacientes com doença
    coronária moderada ou grave
  • 11:46 - 11:49
    receberam aleatoriamente
    cuidados médicos tradicionais
  • 11:49 - 11:54
    ou um estilo de vida intensivo que incluía
    uma dieta vegetariana pobre em gorduras,
  • 11:54 - 11:56
    exercícios aeróbicos moderados,
  • 11:56 - 11:58
    apoio psicossocial em grupo
  • 11:58 - 12:00
    e orientação para controle do estresse.
  • 12:00 - 12:04
    Os pesquisadores descobriram que os
    pacientes submetidos àquele estilo de vida
  • 12:04 - 12:10
    tiveram redução de quase 5%
    das placas coronarianas.
  • 12:10 - 12:12
    Os pacientes do grupo de controle, porém,
  • 12:12 - 12:16
    apresentaram 5% a mais
    de placa coronariana após 1 ano
  • 12:16 - 12:19
    e 28% a mais após 5 anos.
  • 12:19 - 12:23
    Também apresentaram quase o dobro
    de eventos cardíacos,
  • 12:23 - 12:26
    como infartos, cirurgias
    de revascularização do miocárdio
  • 12:26 - 12:28
    e mortes por causas cardíacas.
  • 12:28 - 12:30
    E aqui temos um fato interessante:
  • 12:31 - 12:36
    alguns pacientes no grupo de controle
    adotaram planos de dietas e exercícios
  • 12:36 - 12:40
    que eram quase tão intensos
    quanto os do outro grupo.
  • 12:41 - 12:44
    Ainda assim, a doença cardíaca progrediu.
  • 12:45 - 12:50
    Só dieta e exercícios físicos não foram
    o suficiente para o recuo da doença.
  • 12:51 - 12:54
    No acompanhamento
    após um ano e após cinco anos,
  • 12:55 - 12:57
    o controle do estresse estava
    mais estreitamente ligado
  • 12:58 - 13:00
    com o recuo da doença coronariana
  • 13:00 - 13:02
    do que o exercício físico.
  • 13:02 - 13:06
    Sem dúvida alguma, esse e outros estudos
    semelhantes são pequenos
  • 13:06 - 13:09
    e, é claro, correlação
    não prova causalidade.
  • 13:09 - 13:13
    Certamente, é possível que o estresse
    leve a hábitos pouco saudáveis
  • 13:13 - 13:17
    e que essa seja a verdadeira razão
    para o maior risco cardiovascular.
  • 13:17 - 13:20
    Mas, assim como na associação
    entre o fumo e o câncer de pulmão,
  • 13:20 - 13:23
    quando tantos estudos
    mostram a mesma coisa,
  • 13:23 - 13:27
    e quando há mecanismos para explicar
    uma relação de causalidade,
  • 13:27 - 13:31
    parece arbitrário negar
    que ela provavelmente exista.
  • 13:32 - 13:35
    O que muitos médicos concluíram
    é o que eu, também, descobri
  • 13:36 - 13:38
    em quase duas décadas
    de trabalho como cardiologista:
  • 13:39 - 13:43
    há uma intersecção do coração emocional
    com sua contraparte biológica
  • 13:43 - 13:46
    de formas surpreendentes e misteriosas.
  • 13:46 - 13:51
    Não obstante, a medicina atual continua
    conceitualizando o coração como máquina.
  • 13:51 - 13:54
    Essa definição já gerou
    grandes benefícios.
  • 13:55 - 13:58
    A cardiologia, meu campo,
  • 13:58 - 14:02
    é sem dúvida uma das maiores histórias
    de sucesso científico
  • 14:02 - 14:04
    dos últimos 100 anos.
  • 14:05 - 14:11
    Stents, marca-passos, desfibriladores,
    revascularização do miocárdio,
  • 14:11 - 14:12
    transplantes cardíacos,
  • 14:12 - 14:16
    tudo isso foi desenvolvido ou inventado
    após a Segunda Guerra Mundial.
  • 14:16 - 14:18
    Entretanto, é possível
  • 14:18 - 14:23
    que estejamos nos aproximando dos limites
    do que a medicina científica possa fazer
  • 14:23 - 14:25
    para combater as doenças cardíacas.
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    De fato, a taxa de queda
    da mortalidade cardiovascular
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    diminuiu consideravelmente
    na última década.
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    Precisaremos adotar um novo paradigma
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    para continuarmos a fazer o tipo
    de progresso ao qual nos acostumamos.
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    Nesse paradigma, fatores psicossociais
    precisarão ser centrais
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    no modo de pensarmos
    sobre problemas cardíacos.
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    Isso será uma tarefa difícil
  • 14:51 - 14:55
    e ainda é uma esfera pouco explorada.
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    A Associação Americana do Coração
    continua não listando o estresse emocional
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    como um fator modificável de risco
    decisivo para doenças cardíacas,
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    talvez em parte porque seja muito mais
    fácil diminuir o colesterol no sangue
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    do que as interferências
    emocionais ou sociais.
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    Talvez seja melhor
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    reconhecermos que, quando falamos
    em "coração partido",
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    às vezes nos referimos
    a um coração partido de verdade.
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    Precisamos, sim, prestar mais atenção
    ao poder e à importância das emoções
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    ao cuidarmos do nosso coração.
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    Eu descobri que o estresse emocional
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    é muitas vezes questão de vida ou morte.
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    Obrigado.
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    (Aplausos)
Title:
Como as emoções alteram o formato do seu coração
Speaker:
Sandeep Jauhar
Description:

"Um registro da nossa vida emocional está inscrito em nosso coração", diz o cardiologista e autor Sandeep Jauhar. Nesta magnífica palestra, ele explora as formas misteriosas pelas quais nossas emoções impactam a saúde do nosso coração, levando-o a mudar de formato em resposta à angústia ou ao medo e a literalmente se partir em resposta à angústia emocional, e clama por uma reorientação na forma de cuidarmos desse nosso órgão essencial.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:02

Portuguese, Brazilian subtitles

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