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Uma experiência radical sobre a empatia

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    Os meus estudantes
    perguntam-me frequentemente:
  • 0:04 - 0:05
    "O que é a sociologia?"
  • 0:05 - 0:07
    E eu respondo-lhes:
  • 0:07 - 0:09
    "É o estudo do modo como os seres humanos
  • 0:09 - 0:12
    "são modelados pelas coisas
    que não veem."
  • 0:12 - 0:16
    E eles dizem-me:
    "Então como posso ser um sociólogo?
  • 0:16 - 0:19
    Como posso compreender
    essas forças invisíveis?"
  • 0:19 - 0:20
    E eu respondo-lhes:
  • 0:20 - 0:22
    "Empatia. Comecem pela empatia.
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    "Tudo começa com a empatia.
  • 0:25 - 0:27
    "Dispam-se da vossa pele,
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    "e coloquem-se na pele de outra pessoa."
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    Vou dar-vos um exemplo.
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    Imagino a minha vida,
  • 0:34 - 0:36
    se, aqui há cem anos,
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    a China tivesse sido a nação
    mais poderosa do mundo
  • 0:39 - 0:41
    e tivessem vindo para os EUA
  • 0:41 - 0:43
    em busca de carvão
    e o tivessem encontrado,
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    — aliás, encontraram muito carvão
    aqui mesmo.
  • 0:46 - 0:49
    E começassem a enviar o carvão,
  • 0:49 - 0:50
    tonelada a tonelada,
  • 0:50 - 0:54
    por comboio, por barco,
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    para a China e para outras
    partes do mundo.
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    Teriam ficado imensamente ricos.
  • 1:00 - 1:03
    E construiriam belas cidades
  • 1:03 - 1:06
    todas alimentadas por esse carvão.
  • 1:08 - 1:10
    E aqui nos EUA,
  • 1:10 - 1:13
    veríamos desespero económico e privações.
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    Isto era o que eu veria.
  • 1:15 - 1:18
    Veria pessoas a lutar para sobreviver,
  • 1:18 - 1:20
    sem saber o que era o quê
    e o que viria a seguir.
  • 1:20 - 1:22
    E perguntaria a mim mesmo:
  • 1:22 - 1:25
    "Como é possível que sejamos
    tão pobres aqui nos EUA,
  • 1:25 - 1:28
    sendo o carvão um recurso tão valioso?
  • 1:28 - 1:30
    É tanto dinheiro!"
  • 1:30 - 1:31
    E constataria:
  • 1:31 - 1:34
    Porque os chineses se relacionaram
  • 1:34 - 1:37
    com uma pequena classe dominante
    aqui nos EUA
  • 1:37 - 1:41
    que roubou todo aquele dinheiro
    e riqueza para si mesma.
  • 1:41 - 1:43
    E nós, a grande maioria,
  • 1:43 - 1:45
    lutamos por sobreviver.
  • 1:45 - 1:48
    Os chineses deram
    a esta pequena elite dominante
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    um imenso arsenal militar
    e tecnologia sofisticada
  • 1:52 - 1:55
    para assegurarem que pessoas como eu
  • 1:55 - 1:58
    não levantariam a voz contra esta relação.
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    Soa-vos familiar?
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    Teriam feito coisas
    como treinar os americanos
  • 2:03 - 2:05
    para ajudarem a proteger o carvão.
  • 2:05 - 2:09
    Por todo o lado haveria
    símbolos dos chineses,
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    por todo o lado, para nos lembrar
    constantemente.
  • 2:12 - 2:14
    Voltando à China,
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    o que é que diriam na China?
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    Nada. Não falam sobre nós.
    Não falam sobre o carvão.
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    Se lhes perguntássemos, diriam:
  • 2:20 - 2:23
    "Sabem como é, precisamos do carvão.
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    "Ee não vou desligar o meu termóstato.
  • 2:26 - 2:29
    "Não podem esperar que eu faça isso."
  • 2:29 - 2:31
    Por isso ficaria zangado, furioso,
  • 2:31 - 2:34
    como acontece com muitas pessoas normais.
  • 2:34 - 2:37
    Ripostaríamos, e a situação
    ficaria mesmo feia.
  • 2:37 - 2:40
    E os chineses responderiam
    de uma forma nada delicada.
  • 2:41 - 2:43
    Antes de nos apercebermos
    eles enviariam os tanques
  • 2:43 - 2:45
    e as tropas.
  • 2:46 - 2:48
    Morreria imensa gente,
  • 2:48 - 2:52
    e a situação tornar-se-ia
    muito, muito difícil.
  • 2:52 - 2:56
    Já imaginaram como se sentiriam
  • 2:56 - 2:58
    se estivessem na minha pele?
  • 2:58 - 3:00
    Já imaginaram sair deste edifício
  • 3:00 - 3:02
    e verem um tanque estacionado lá fora
  • 3:02 - 3:05
    ou um camião cheio de soldados?
  • 3:05 - 3:08
    Imaginem só como se sentiriam.
  • 3:08 - 3:11
    Saberiam porque é que eles
    estavam aqui e o que estavam aqui a fazer.
  • 3:11 - 3:13
    Só sentiriam raiva e medo.
  • 3:14 - 3:17
    Se conseguirem, isso é empatia,
    isso é empatia.
  • 3:17 - 3:20
    Despiram-se da vossa pele
    e vestiram a minha.
  • 3:21 - 3:23
    E sentiram isso.
  • 3:23 - 3:25
    Bom, isto é o aquecimento.
  • 3:25 - 3:26
    Isto é o aquecimento.
  • 3:26 - 3:29
    Agora vamos ter uma experiência
    realmente radical.
  • 3:30 - 3:33
    Por isso, durante o resto
    da minha palestra,
  • 3:33 - 3:35
    quero que se coloquem na pele
  • 3:35 - 3:38
    de um vulgar árabe muçulmano
  • 3:38 - 3:40
    que vive no Médio Oriente,
  • 3:40 - 3:43
    mais concretamente no Iraque.
  • 3:44 - 3:46
    Para vos ajudar,
  • 3:46 - 3:50
    podem ser um membro desta família
    de classe média em Bagdade.
  • 3:50 - 3:53
    o que desejam é o melhor
    para os vossos filhos.
  • 3:53 - 3:56
    Querem que os vossos filhos
    tenham uma vida melhor.
  • 3:56 - 3:58
    E veem as notícias, prestam atenção,
  • 3:58 - 4:00
    leem o jornal, vão ao café com os amigos,
  • 4:00 - 4:03
    e leem jornais de todo o mundo.
  • 4:03 - 4:05
    Por vezes até veem televisão por satélite,
  • 4:05 - 4:07
    a CNN dos Estados Unidos.
  • 4:07 - 4:09
    Por isso têm uma ideia
    do que pensam os americanos.
  • 4:09 - 4:11
    Mas apenas querem ter uma vida melhor.
  • 4:11 - 4:13
    É isso que querem.
  • 4:13 - 4:16
    São árabes muçulmanos a viver no Iraque.
  • 4:16 - 4:18
    Querem uma vida melhor.
  • 4:18 - 4:19
    Portanto, deixem-me ajudar-vos.
  • 4:19 - 4:22
    Deixem-me ajudar-vos com algumas coisas
  • 4:22 - 4:23
    em que podem estar a pensar.
  • 4:23 - 4:26
    Número um: esta incursão na vossa terra
  • 4:26 - 4:28
    estes últimos 20 anos, e antes,
  • 4:28 - 4:31
    a razão por que estão todos
    interessados na vossa terra,
  • 4:31 - 4:33
    em particular os EUA,
  • 4:33 - 4:34
    é o petróleo.
  • 4:34 - 4:37
    Tudo gira à volta do petróleo.
    Toda a gente sabe, vocês também.
  • 4:37 - 4:40
    Os americanos sabem
    que tudo gira à volta do petróleo.
  • 4:40 - 4:41
    E isso acontece porque alguém
  • 4:41 - 4:45
    tem um plano para
    o vosso recurso natural.
  • 4:45 - 4:47
    É o vosso recurso, não é de mais ninguém.
  • 4:47 - 4:51
    É a vossa terra, é o vosso recurso.
  • 4:51 - 4:52
    Alguém tem um plano para ele.
  • 4:52 - 4:54
    E sabem porquê?
  • 4:54 - 4:56
    Sabem porque têm os olhos postos
    neste recurso?
  • 4:56 - 4:59
    Porque têm todo um sistema económico
  • 4:59 - 5:01
    que está dependente desse petróleo,
  • 5:01 - 5:02
    petróleo estrangeiro,
  • 5:02 - 5:05
    petróleo de outras partes do mundo
    que não lhes pertencem.
  • 5:05 - 5:08
    E que mais pensam sobre estas pessoas?
  • 5:08 - 5:09
    "Os americanos são ricos.
  • 5:09 - 5:11
    "Vivem em grandes casas,
    têm grandes carros,
  • 5:11 - 5:14
    "têm todos cabelo louro,
    olhos azuis, são felizes".
  • 5:14 - 5:15
    É isso que vocês pensam.
  • 5:15 - 5:19
    Mas não é verdade, isso é o que os media
    transmitem, e o que vocês apreendem.
  • 5:19 - 5:21
    Têm grandes cidades,
  • 5:21 - 5:24
    e as cidades estão todas
    dependentes do petróleo.
  • 5:25 - 5:27
    E na vossa terra, o que é que veem?
  • 5:27 - 5:29
    Pobreza, desespero, luta.
  • 5:29 - 5:32
    Reparem, vocês não vivem num país rico.
  • 5:33 - 5:34
    Isto é o Iraque.
  • 5:35 - 5:37
    É isto que vocês veem.
  • 5:37 - 5:40
    Veem pessoas a lutar para sobreviver.
  • 5:40 - 5:42
    Não é fácil; veem muita pobreza.
  • 5:42 - 5:44
    E isso faz-vos sentir qualquer coisa.
  • 5:44 - 5:46
    Estas pessoas têm planos
    para o vosso recurso,
  • 5:46 - 5:48
    e é isto que veem?
  • 5:48 - 5:50
    Há outra coisa que veem
    e de que falam.
  • 5:50 - 5:52
    Os americanos não falam disso,
    mas vocês falam.
  • 5:52 - 5:55
    Há este fenómeno,
    a militarização do mundo,
  • 5:55 - 5:57
    que está centrada nos EUA.
  • 5:57 - 6:00
    Os Estados Unidos são responsáveis
  • 6:00 - 6:04
    por quase metade
    dos gastos militares mundiais
  • 6:04 - 6:06
    — 4% da população mundial!
  • 6:06 - 6:09
    Vocês sentem-no e veem-no todos os dias.
  • 6:09 - 6:10
    Faz parte da vossa vida.
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    E vocês falam sobre isso
    com os vossos amigos.
  • 6:13 - 6:15
    Leem sobre isso.
  • 6:15 - 6:18
    Quando Saddam Hussein estava no poder,
  • 6:18 - 6:21
    os americanos não queriam saber
    dos seus crimes.
  • 6:21 - 6:24
    quando ele gaseava os curdos e o Irão,
  • 6:24 - 6:26
    não queriam saber.
  • 6:26 - 6:28
    Quando o petróleo ficou em jogo,
  • 6:28 - 6:31
    de repente, essas coisas
    tornaram-se importantes.
  • 6:32 - 6:35
    E ainda veem outra coisa,
  • 6:35 - 6:36
    os Estados Unidos,
  • 6:36 - 6:39
    o centro da democracia em todo o mundo,
  • 6:39 - 6:41
    não parece estar, de facto,
  • 6:41 - 6:44
    a apoiar países democráticos
    em todo o mundo.
  • 6:44 - 6:47
    Há muitos países, todos eles
    países produtores de petróleo,
  • 6:47 - 6:51
    que não são muito democráticos,
    mas têm o apoio dos Estados Unidos.
  • 6:51 - 6:53
    É estranho.
  • 6:53 - 6:55
    Ah, estas incursões, estas duas guerras,
  • 6:55 - 6:57
    os 10 anos de sanções,
  • 6:57 - 7:01
    os oito anos de ocupação,
  • 7:01 - 7:05
    a insurreição que despertou no povo,
  • 7:05 - 7:08
    as centenas de milhares
  • 7:08 - 7:10
    de mortes civis,
  • 7:13 - 7:15
    tudo por causa do petróleo.
  • 7:16 - 7:18
    Não podem deixar de pensar nisso.
  • 7:18 - 7:19
    Falam disso.
  • 7:19 - 7:22
    Está sempre no vosso pensamento.
  • 7:22 - 7:26
    E dizem: "Como é que isto é possível?"
  • 7:25 - 7:28
    Este homem é um homem qualquer,
  • 7:28 - 7:31
    o vosso avô, o vosso tio,
  • 7:31 - 7:33
    o vosso pai, o vosso filho,
  • 7:33 - 7:35
    o vosso vizinho, o vosso professor,
    o vosso aluno.
  • 7:36 - 7:38
    O que foi uma vida de felicidade e alegria,
  • 7:38 - 7:41
    é agora dor e sofrimento.
  • 7:42 - 7:44
    Toda a gente no vosso país
  • 7:44 - 7:48
    foi tocada por esta violência,
  • 7:48 - 7:50
    o sangue derramado, a dor,
  • 7:50 - 7:52
    o horror, toda a gente.
  • 7:52 - 7:54
    Não há uma única pessoa no vosso país
  • 7:54 - 7:57
    que não tenha sido atingida.
  • 7:57 - 7:59
    Mas ainda há mais.
  • 7:59 - 8:01
    Ainda há mais sobre estas pessoas,
  • 8:01 - 8:03
    estes americanos que lá estão.
  • 8:03 - 8:06
    Há mais uma coisa sobre eles
    que vocês veem, mas eles não.
  • 8:06 - 8:09
    O que é que veem? Que eles são cristãos.
  • 8:09 - 8:10
    São cristãos.
  • 8:10 - 8:14
    Adoram o Deus cristão,
    têm cruzes e andam com Bíblias.
  • 8:14 - 8:16
    As Bíblias têm uma pequena insígnia
  • 8:16 - 8:19
    que diz "Exército dos Estados Unidos".
  • 8:20 - 8:22
    Os seus líderes, os seus líderes,
  • 8:22 - 8:25
    antes de enviarem os seus filhos e filhas
  • 8:25 - 8:27
    para a guerra no vosso país -
  • 8:27 - 8:29
    — e vocês sabem por que razão —
  • 8:29 - 8:30
    antes de os enviarem,
  • 8:30 - 8:33
    vão a uma igreja cristã,
    e rezam ao seu Deus cristão,
  • 8:33 - 8:36
    e pedem proteção
    e orientação a esse Deus.
  • 8:36 - 8:37
    Porquê?
  • 8:37 - 8:41
    Obviamente, para que
    as pessoas que morrerem na guerra,
  • 8:41 - 8:44
    sejam os muçulmanos, sejam os iraquianos
  • 8:44 - 8:46
    e não americanos.
  • 8:46 - 8:49
    Não querem que os americanos morram.
    Proteja as nossas tropas.
  • 8:49 - 8:51
    Vocês sentem algo sobre isso,
  • 8:51 - 8:52
    claro que sentem.
  • 8:53 - 8:54
    Eles fazem coisas maravilhosas.
  • 8:54 - 8:56
    Vocês leem sobre isso,
    ouvem falar nisso.
  • 8:56 - 8:59
    Estão lá para construir escolas
    e ajudar as pessoas.
  • 8:59 - 9:01
    Fazem coisas maravilhosas
    mas também fazem coisas más,
  • 9:01 - 9:03
    e vocês não conseguem distingui-las.
  • 9:03 - 9:07
    Este indivíduo, um indivíduo
    como o tenente-general William Boykin.
  • 9:07 - 9:10
    Este indivíduo diz que o vosso Deus
    é um falso Deus.
  • 9:10 - 9:12
    O vosso Deus é um ídolo,
    o Deus dele é o verdadeiro Deus.
  • 9:12 - 9:15
    Para ele, a solução para o problema
    do Médio Oriente,
  • 9:15 - 9:17
    é converter-vos a todos ao cristianismo
  • 9:17 - 9:19
    e deitar fora a vossa religião.
  • 9:19 - 9:20
    Vocês sabem disso.
  • 9:20 - 9:23
    Os americanos não sabem nada sobre ele,
    mas vocês sabem.
  • 9:23 - 9:26
    Vocês vão passando as palavras dele.
  • 9:26 - 9:28
    Isto é grave.
  • 9:28 - 9:31
    Ele foi um dos comandantes chefes
    na segunda invasão do Iraque.
  • 9:31 - 9:35
    E vocês pensam: "Meu Deus,
    se este indivíduo está a dizer isto,
  • 9:35 - 9:37
    "todos os soldados devem
    estar a dizer o mesmo."
  • 9:37 - 9:38
    [Cruzada]
  • 9:38 - 9:41
    George Bush chamou
    a esta guerra uma cruzada.
  • 9:41 - 9:44
    Os americanos dizem:
    "Ah, uma cruzada. Pode ser. Não sei."
  • 9:44 - 9:46
    Vocês sabem o que isto quer dizer.
  • 9:46 - 9:48
    É uma guerra santa
    contra os muçulmanos.
  • 9:49 - 9:52
    Vejam: "Invadam, subjuguem-nos,
    tirem-lhes os recursos.
  • 9:52 - 9:54
    "Se eles não se deixarem subjugar,
    matem-nos".
  • 9:54 - 9:56
    É disso que se trata.
  • 9:56 - 9:59
    E vocês pensam: "Meu Deus,
    estes cristãos vêm aí para nos matar."
  • 9:59 - 10:01
    Isto é assustador.
  • 10:01 - 10:03
    Vocês sentem-se assustados.
    Claro que se sentem assustados.
  • 10:03 - 10:06
    Este homem, Terry Jones,
  • 10:06 - 10:08
    é o indivíduo que quer queimar o Corão.
  • 10:08 - 10:10
    E os americanos: "Ah, ele é um cretino.
  • 10:10 - 10:12
    "É um antigo gerente de hotel.
  • 10:12 - 10:15
    "Tem três dúzias de membros na sua igreja."
  • 10:15 - 10:17
    Riem-se dele. Mas vocês não se riem dele.
  • 10:17 - 10:19
    Porque neste contexto,
  • 10:19 - 10:20
    todas as peças se encaixam.
  • 10:20 - 10:22
    É como os americanos são vistos,
  • 10:22 - 10:25
    por isso os povos do Médio Oriente,
    não apenas no vosso país,
  • 10:25 - 10:26
    estão a protestar.
  • 10:26 - 10:29
    "Ele quer queimar o Corão,
    o nosso livro sagrado.
  • 10:29 - 10:31
    "Estes cristãos, quem são estes cristãos?
  • 10:31 - 10:33
    "São tão diabólicos, são tão maus",
  • 10:33 - 10:34
    é disto que se trata.
  • 10:34 - 10:37
    É isto que estão a pensar
    como árabes muçulmanos,
  • 10:37 - 10:38
    como iraquianos.
  • 10:38 - 10:40
    Claro que vão pensar assim.
  • 10:40 - 10:42
    E depois o vosso primo diz:
  • 10:42 - 10:44
    "Ó primo, vê lá este website.
  • 10:44 - 10:47
    "Tens que ver isto:
    Campo de Treino da Bíblia.
  • 10:47 - 10:48
    "Estes cristãos são doidos.
  • 10:48 - 10:51
    "Estão a treinar as crianças
    para serem soldados por Jesus.
  • 10:51 - 10:53
    "Pegam nestas crianças
    e mostram-lhes isto
  • 10:53 - 10:55
    "até elas aprenderem a dizer:
    'Sim, senhor',
  • 10:55 - 10:59
    "a lançarem granadas
    e a tratarem das armas".
  • 10:59 - 11:02
    Vocês vão ao website que diz
    'Exército dos Estados Unidos'.
  • 11:02 - 11:06
    "Estes cristãos são doidos. Como é que
    podem fazer isto às suas crianças?"
  • 11:06 - 11:07
    Vocês estão a ver o website.
  • 11:07 - 11:10
    Claro, os cristãos nos EUA,
    ou qualquer outra pessoa, dizem:
  • 11:10 - 11:13
    "Ah, isto é uma pequena igreja
    no meio de nenhures."
  • 11:13 - 11:15
    Vocês não sabem isso.
  • 11:15 - 11:17
    Para vocês isto é como são
    todos os cristãos.
  • 11:17 - 11:20
    Está por toda a Internet,
    "Campo de Treino da Bíblia".
  • 11:20 - 11:21
    E vejam isto:
  • 11:21 - 11:23
    até ensinam as crianças
  • 11:23 - 11:26
    treinam-nos do mesmo modo
    que treinam a marinha americana.
  • 11:26 - 11:28
    Muito interessante.
  • 11:28 - 11:30
    Isso assusta-vos e mete-vos medo.
  • 11:30 - 11:32
    Estes indivíduos, estão a vê-los?
  • 11:32 - 11:35
    Eu, Sam Richards, eu sei
    quem são estes indivíduos.
  • 11:35 - 11:37
    São os meus alunos, os meus amigos.
  • 11:37 - 11:39
    Sei no que estão a pensar.
    Vocês não sabem.
  • 11:39 - 11:40
    Quando os veem,
  • 11:40 - 11:43
    eles são outra coisa, são outra coisa.
  • 11:44 - 11:46
    É isso que são para vocês.
  • 11:47 - 11:50
    Não vemos as coisas desta forma
    nos Estados Unidos,
  • 11:50 - 11:52
    mas vocês veem.
  • 11:55 - 11:56
    Portanto.
  • 11:56 - 11:58
    Claro, interpretaram mal.
  • 11:58 - 12:01
    Estão a generalizar. Está errado.
  • 12:01 - 12:03
    Vocês não compreendem os americanos.
  • 12:03 - 12:05
    Não é uma invasão cristã.
  • 12:05 - 12:08
    Não estamos lá apenas pelo petróleo,
    mas por várias razões.
  • 12:08 - 12:10
    Vocês interpretaram mal. Não perceberam.
  • 12:10 - 12:13
    Claro que a maioria de vocês
    não defende a insurreição;
  • 12:13 - 12:15
    não defende matar americanos,
  • 12:15 - 12:16
    não defende os terroristas.
  • 12:16 - 12:19
    Claro que não.
    Muito poucas pessoas defendem.
  • 12:19 - 12:21
    Mas alguns de vocês, sim.
  • 12:23 - 12:24
    E é essa a perspetiva.
  • 12:24 - 12:26
    Então, vamos fazer o seguinte:
  • 12:27 - 12:30
    Saiam da pele em que estão agora
  • 12:30 - 12:32
    e voltem à vossa pele normal.
  • 12:32 - 12:34
    Já está toda a gente de volta à sala.
  • 12:35 - 12:37
    Agora vem a experiência radical.
  • 12:37 - 12:39
    Estamos todos de volta a casa.
  • 12:39 - 12:42
    Esta fotografia, esta mulher,
    consigo senti-la.
  • 12:43 - 12:45
    Consigo senti-la.
  • 12:45 - 12:47
    É a minha irmã,
  • 12:47 - 12:50
    a minha mulher,
    a minha prima, a minha vizinha.
  • 12:50 - 12:51
    É alguém para mim.
  • 12:51 - 12:54
    Estes indivíduos aqui,
    toda a gente nesta fotografia,
  • 12:54 - 12:56
    consigo sentir esta fotografia.
  • 12:56 - 12:59
    Quero que façam o seguinte.
  • 12:59 - 13:02
    Vamos voltar ao meu primeiro
    exemplo dos chineses.
  • 13:02 - 13:04
    Quero que vão lá.
  • 13:04 - 13:07
    Trata-se do carvão, e os chineses
    estão aqui nos EUA.
  • 13:07 - 13:10
    Quero que a imaginem
    como uma mulher chinesa
  • 13:10 - 13:12
    a receber a bandeira chinesa
  • 13:12 - 13:15
    porque o seu ente querido
    morreu na América
  • 13:15 - 13:17
    na revolta do carvão.
  • 13:18 - 13:20
    Os soldados são chineses,
  • 13:20 - 13:22
    toda a gente é chinesa.
  • 13:22 - 13:25
    Enquanto americanos,
    o que sentem quanto a esta fotografia?
  • 13:28 - 13:29
    O que pensam desta cena?
  • 13:31 - 13:34
    Experimentem o seguinte. Voltem atrás.
  • 13:34 - 13:36
    A cena é esta.
  • 13:36 - 13:37
    É um americano, soldados americanos,
  • 13:37 - 13:40
    uma mulher americana
    que perdeu o seu ente querido
  • 13:40 - 13:43
    no Médio Oriente,
    no Iraque ou no Afeganistão.
  • 13:43 - 13:45
    Agora ponham-se na pele,
  • 13:45 - 13:46
    voltem à pele
  • 13:46 - 13:49
    de um árabe muçulmano
    que vive no Iraque.
  • 13:50 - 13:54
    O que é que estão a sentir e a pensar
  • 13:54 - 13:56
    acerca desta fotografia,
  • 13:56 - 13:58
    acerca desta mulher?
  • 14:06 - 14:07
    Bom.
  • 14:07 - 14:09
    Agora sigam-me nisto,
  • 14:09 - 14:12
    porque eu estou a correr um grande risco.
  • 14:12 - 14:15
    Por isso vou convidar-vos
    a correrem o risco comigo.
  • 14:15 - 14:17
    Estes senhores aqui, são rebeldes.
  • 14:17 - 14:19
    Foram apanhados pelos soldados americanos,
  • 14:19 - 14:21
    a tentar matar americanos.
  • 14:21 - 14:24
    Talvez tenham conseguido.
  • 14:24 - 14:28
    Vistam a pele dos americanos
    que os apanharam.
  • 14:29 - 14:31
    Conseguem sentir a raiva?
  • 14:31 - 14:34
    Sentem que só querem
    apanhar estes indivíduos
  • 14:34 - 14:36
    e torcer-lhes o pescoço?
  • 14:36 - 14:38
    Conseguem sentir isso?
  • 14:38 - 14:40
    Não deve ser assim tão difícil.
  • 14:40 - 14:42
    Basta... oh! meu!
  • 14:44 - 14:48
    Agora ponham-se na pele deles.
  • 14:51 - 14:53
    Serão assassinos brutais
  • 14:53 - 14:55
    ou defensores patrióticos?
  • 14:56 - 14:58
    Qual das hipóteses?
  • 14:59 - 15:01
    Conseguem sentir a sua raiva?
  • 15:01 - 15:03
    o medo?
  • 15:03 - 15:05
    a fúria?
  • 15:05 - 15:08
    com o que aconteceu no seu país?
  • 15:08 - 15:10
    Conseguem imaginar
  • 15:10 - 15:12
    que talvez um deles, pela manhã,
  • 15:12 - 15:16
    tenha abraçado o filho e tenha dito:
  • 15:17 - 15:19
    "Querido, volto mais tarde.
  • 15:19 - 15:22
    "Vou defender a vossa liberdade,
    a vossa vida.
  • 15:24 - 15:26
    "Vou sair para tomar conta de nós,
  • 15:26 - 15:28
    "do futuro do nosso país."
  • 15:29 - 15:31
    Conseguem imaginar?
  • 15:31 - 15:33
    Conseguem imaginá-lo a dizer aquilo?
  • 15:33 - 15:36
    Conseguem chegar lá?
  • 15:38 - 15:40
    O que é que pensam
    que eles estão a sentir?
  • 15:48 - 15:50
    Estão a ver, isso é empatia.
  • 15:50 - 15:52
    E é também compreensão.
  • 15:52 - 15:54
    Agora podem perguntar:
  • 15:54 - 15:58
    "Sam, porque faz este tipo de coisas?
  • 15:58 - 16:00
    "Porque usa este exemplo,
    com tantos que há para dar?"
  • 16:00 - 16:03
    E eu respondo, porque... porque.
  • 16:03 - 16:05
    Vocês podem odiar estas pessoas.
  • 16:05 - 16:07
    Podem mesmo odiá-las
  • 16:07 - 16:10
    com todas as fibras do vosso corpo.
  • 16:10 - 16:14
    Mas, se eu conseguir
    que vistam a pele deles
  • 16:14 - 16:16
    por um momento,
  • 16:16 - 16:18
    um breve momento,
  • 16:18 - 16:20
    imaginem a análise sociológica
  • 16:20 - 16:24
    que podem fazer em todos
    os outros aspetos da vossa vida.
  • 16:25 - 16:28
    Podem fazer grandes progressos
  • 16:28 - 16:29
    quando se trata de compreenderem
  • 16:29 - 16:32
    por que razão uma pessoa
    guia a 65 km por hora
  • 16:32 - 16:34
    numa passagem de peões,
  • 16:34 - 16:36
    ou o vosso filho adolescente,
  • 16:36 - 16:38
    ou o vosso vizinho que vos aborrece
  • 16:38 - 16:41
    quando apara o relvado
    ao domingo de manhã.
  • 16:41 - 16:43
    O que quer que seja, podem ir longe.
  • 16:43 - 16:46
    É isto que digo aos meus alunos.
  • 16:46 - 16:49
    Saiam do vosso pequeno mundo.
  • 16:49 - 16:53
    Entrem dentro do pequeno mundo
    de outra pessoa.
  • 16:54 - 16:57
    E depois façam-no uma e outra e outra vez.
  • 16:57 - 16:59
    De repente, todos este pequenos mundos,
  • 16:59 - 17:02
    juntam-se numa teia complexa
  • 17:02 - 17:04
    e formam um mundo grande e complexo.
  • 17:04 - 17:07
    De repente, sem se aperceberem,
  • 17:07 - 17:09
    estão a ver o mundo de maneira diferente.
  • 17:09 - 17:11
    Tudo mudou.
  • 17:11 - 17:13
    Tudo na vossa vida mudou.
  • 17:14 - 17:17
    Afinal, é disso que se trata.
  • 17:18 - 17:20
    Participar noutras vidas,
  • 17:20 - 17:22
    noutras visões.
  • 17:22 - 17:24
    Ouvir outras pessoas,
  • 17:24 - 17:26
    esclarecermo-nos.
  • 17:26 - 17:28
    Não estou a dizer
  • 17:28 - 17:30
    que apoio os terroristas no Iraque
  • 17:30 - 17:32
    mas, enquanto sociólogo,
  • 17:32 - 17:34
    o que estou a dizer
  • 17:34 - 17:37
    é que compreendo.
  • 17:39 - 17:42
    E agora talvez vocês
    também compreendam.
  • 17:43 - 17:44
    Muito obrigado.
  • 17:44 - 17:47
    (Aplausos)
Title:
Uma experiência radical sobre a empatia
Speaker:
Sam Richards
Description:

Conduzindo passo a passo os americanos presentes na sua palestra na TEDxPSU através do processo do pensamento, o sociólogo Sam Richards lança um desafio extraordinário: será possível compreender — não aprovar, mas compreender — as motivações de um rebelde iraquiano? E consequentemente, será possível que alguém consiga genuinamente compreender e ter empatia com outro?

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:47
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A radical experiment in empathy
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for A radical experiment in empathy
Clara Niza added a translation

Portuguese subtitles

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