O que é necessário para criar mudanças sociais lutando contra tudo e todos
-
0:01 - 0:03Através dos tempos
-
0:03 - 0:06os meus colegas e eu
revelámos terríveis delitos e crimes -
0:06 - 0:08praticados por grandes empresas
-
0:08 - 0:10que tiraram muitas vidas
-
0:10 - 0:13e causaram danos e doenças,
-
0:13 - 0:17para além de causar prejuízos económicos,
-
0:17 - 0:19afetando muitos incidentes.
-
0:20 - 0:22Mas as denúncias não bastaram,
-
0:23 - 0:26Tivemos de assegurar
mandatos no Congresso -
0:26 - 0:28para evitar tal devastação.
-
0:29 - 0:33Isso resultou em muitas vidas salvas
e muitos traumas evitados, -
0:33 - 0:36especialmente nas áreas do automóvel,
dos fármacos, do meio ambiente, -
0:36 - 0:39da saúde e segurança do trabalho.
-
0:39 - 0:43Em todo este processo,
faziam-nos uma pergunta recorrente: -
0:43 - 0:46"Ralph, como é que fazes tudo isto?
-
0:46 - 0:47"Os teus grupos são pequenos,
-
0:48 - 0:49"os teus recursos são modestos
-
0:49 - 0:53"e não fazes campanhas
para contribuições de políticos." -
0:53 - 0:57A minha resposta remete
para um padrão esquecido e incrível -
0:58 - 0:59da história dos EUA.
-
0:59 - 1:02Quase todos os avanços na justiça,
-
1:02 - 1:04todas as bênçãos da democracia,
-
1:04 - 1:08resultaram de esforços de pequenos
números de cidadãos individuais. -
1:09 - 1:11Eles sabiam do que estavam a falar.
-
1:11 - 1:15Eles expandiram a opinião pública,
aquilo a que Lincoln chamou: -
1:15 - 1:18"o sentimento público todo-poderoso."
-
1:18 - 1:21Os poucos cidadãos
que iniciavam esses movimentos -
1:21 - 1:24recrutavam muitos outros pelo caminho
-
1:24 - 1:28para atingir reformas e reorientações.
-
1:28 - 1:30Contudo, mesmo no seu auge,
-
1:30 - 1:36as pessoas envolvidas nunca
passaram de 1% dos cidadãos, -
1:36 - 1:38quase sempre muito menos.
-
1:38 - 1:41Esses construtores
da democracia e da justiça -
1:41 - 1:44saíram dos movimentos anti-esclavagistas,
-
1:44 - 1:47das pressões para o direito
das mulheres ao voto. -
1:47 - 1:51Eram agricultores e operários
do setor industrial -
1:51 - 1:56que exigiam a regulamentação dos bancos,
dos caminhos-de-ferro e das fábricas -
1:56 - 1:58e padrões justos de trabalho.
-
1:58 - 2:03No século XX, as melhorias tiveram origem
-
2:03 - 2:06em pequenos grupos de terceiros
e nos seus aliados, -
2:06 - 2:10que forçaram grupos maiores.
na arena eleitoral. -
2:10 - 2:12a adotarem determinadas medidas,
-
2:12 - 2:16como o direito de formar sindicatos,
-
2:16 - 2:17a semana das 40 horas,
-
2:17 - 2:20impostos progressivos, o salário mínimo,
-
2:20 - 2:22o subsídio de desemprego
-
2:22 - 2:24e a segurança social.
-
2:24 - 2:26Mais recentemente apareceu o Medicare
-
2:26 - 2:29os direitos civis, as liberdades civis,
-
2:29 - 2:31os tratados sobre armas nucleares,
-
2:31 - 2:34triunfos do consumidor e do meio ambiente
-
2:34 - 2:36— tudo isto desencadeado
por cidadãos ativistas -
2:36 - 2:38e por pequenos partidos
-
2:38 - 2:41que nunca ganharam
uma eleição nacional. -
2:42 - 2:44Se estivermos dispostos
a perder, persistentemente, -
2:44 - 2:47as nossas causas, com o tempo,
poderão sair vencedoras. -
2:47 - 2:48(Risos)
-
2:48 - 2:51A história de como cheguei
a estas atividades cívicas -
2:51 - 2:53pode ser instrutiva
-
2:53 - 2:57para as pessoas que acompanham
o pensamento do Senador Daniel Webster: -
2:57 - 3:01"A justiça é o grande interesse
do homem na Terra." -
3:02 - 3:06Cresci numa pequena cidade
altamente industrializada em Connecticut -
3:06 - 3:08com três irmãos e os meus pais
-
3:08 - 3:13que tinham um popular
restaurante, padaria e charcutaria. -
3:13 - 3:15Duas vias fluviais
-
3:15 - 3:17— o rio Mad e o rio Still —
-
3:17 - 3:20atravessavam a rua principal.
-
3:20 - 3:22Quando criança, eu perguntei
-
3:22 - 3:25porque é que não podíamos
nadar e pescar neles, -
3:25 - 3:28como nos rios que lemos
nos livros de escola. -
3:28 - 3:32A resposta: "as fábricas
usam livremente esses rios -
3:32 - 3:36"para despejar neles químicos tóxicos
e outros poluentes prejudiciais." -
3:36 - 3:41Na verdade, as empresas controlavam
os rios que pertenciam a todos nós -
3:41 - 3:43para os seus objetivos lucrativos.
-
3:43 - 3:48Mais tarde, percebi que os rios
não faziam parte da nossa vida normal, -
3:48 - 3:51exceto quando inundavam as ruas.
-
3:51 - 3:55Nessa época, não havia leis
a regulamentar a poluição das águas. -
3:55 - 3:59Percebi que só leis rígidas
podiam limpar os nossos cursos de água. -
3:59 - 4:04A minha observação da juventude
dos dois rios-esgotos da nossa cidade -
4:04 - 4:05iniciou uma linha reta
-
4:06 - 4:08para o meu discurso
de finalista do 8.º ano -
4:08 - 4:13sobre John Muir, o grande conservacionista
defensor dos parques nacionais, -
4:14 - 4:19e depois para os meus estudos em Princeton
sobre as origens do saneamento público, -
4:19 - 4:22e, em seguida, para o livro de
Rachel Carson "Primavera Silenciosa." -
4:22 - 4:25Estes compromissos prepararam-me
-
4:25 - 4:28para aproveitar os anos de ouro
das leis do meio ambiente -
4:28 - 4:30no início dos anos 70.
-
4:30 - 4:32Desempenhei um papel importante
como cidadão. -
4:32 - 4:35fazendo pressão no Congresso
para a Lei do Ar Puro; -
4:35 - 4:38as leis da água limpa:
a EPA — a Agência de Proteção Ambiental; -
4:38 - 4:41os padrões de segurança e saúde
no trabalho: a OSHA: -
4:41 - 4:43e a Lei da Água Potável.
-
4:43 - 4:45Se temos menos chumbo no corpo,
-
4:45 - 4:47e deixámos de ter amianto nos pulmões
-
4:47 - 4:49e temos água e ar mais puros,
-
4:49 - 4:53isso deve-se a estas leis
ao longo dos anos. -
4:53 - 4:57Hoje, a aplicação destas leis
que salvam vidas, na administração Trump -
4:57 - 5:01está a ser desmantelada por atacado.
-
5:01 - 5:04Combater estes perigos
é o desafio imediato -
5:05 - 5:07para o renascimento
de um movimento ambientalista -
5:07 - 5:09para a geração jovem.
-
5:09 - 5:12Quanto à defesa do consumidor,
não há vitórias permanentes. -
5:13 - 5:15Aprovar uma lei é apenas o primeiro passo.
-
5:15 - 5:19O passo seguinte, e o outro a seguir,
é defender a lei. -
5:20 - 5:23Para mim, algumas destas batalhas
são altamente pessoais. -
5:23 - 5:26Perdi amigos no ensino secundário
e na faculdade -
5:26 - 5:28em acidentes nas autoestradas,
-
5:28 - 5:31a primeira causa de morte
nesta faixa etária. -
5:31 - 5:34Na época, a culpa era sempre do condutor,
-
5:34 - 5:37a quem se chamava com ironia
"os doidos ao volante." -
5:38 - 5:41Claro que os embriagados
ao volante tinham culpa, -
5:41 - 5:45mas carros e rodovias mais seguros
podiam evitar desastres -
5:45 - 5:48e diminuir a gravidade deles
quando ocorriam. -
5:48 - 5:51Não havia cintos de segurança,
nem "tabliers" almofadados, -
5:51 - 5:54nem "airbags" ou outras
proteções contra pancadas -
5:54 - 5:58para diminuir a gravidade das colisões.
-
5:58 - 6:02Os travões, os pneus e a estabilidade
dos veículos americanos -
6:02 - 6:04deixavam muito a desejar,
-
6:04 - 6:07mesmo em comparação
com os fabricantes estrangeiros. -
6:07 - 6:09Eu gostava de andar à boleia,
-
6:09 - 6:13Inclusive na ida e volta da Escola
de Direito de Princeton e Harvard. -
6:13 - 6:18Às vezes, o motorista e eu assistíamos
a cenas de desastres terríveis. -
6:19 - 6:22Os horrores causavam-me
uma impressão profunda. -
6:22 - 6:25Fizeram com que eu escrevesse
um artigo na escola de direito -
6:25 - 6:30sobre a construção insegura dos automóveis
e a necessidade de leis de segurança. -
6:30 - 6:34Um dos meus melhores amigos
da escola de direito, Fred Condon, -
6:34 - 6:38quando ia do trabalho para casa,
para junto da família em New Hampshire, -
6:39 - 6:44dormitou momentaneamente
ao volante da sua carrinha. -
6:44 - 6:47O veículo desviou-se
para a beira da estrada e capotou. -
6:48 - 6:51Não havia cintos de segurança em 1961.
-
6:51 - 6:53Fred ficou paraplégico.
-
6:53 - 6:58Essa violência evitável revoltava-me,
-
6:59 - 7:03A indústria automóvel
recusava-se cruelmente -
7:03 - 7:07a instalar conhecidos itens de segurança
para salvar vidas e controlar a poluição. -
7:07 - 7:12Em vez disso, a indústria concentrava-se
em anúncios e mudanças de estilo anuais -
7:12 - 7:14e potência do motor em excesso.
-
7:14 - 7:16Eu ficava revoltado.
-
7:16 - 7:20Quanto mais eu investigava a falta
de itens de segurança nos carros, -
7:20 - 7:24as provas apresentadas nos tribunais
em processos contra a indústria automóvel, -
7:24 - 7:27que prejudicavam os ocupantes
dos veículos com a sua negligência -
7:27 - 7:31— em especial a instabilidade
do Corvair, o carro da GM — -
7:31 - 7:36mais a GM se dedicava a desacreditar
os meus artigos e testemunhos. -
7:36 - 7:41Contrataram detetives particulares
para me seguir e denegrir. -
7:42 - 7:45Depois do lançamento do meu livro,
"Inseguro a Qualquer Velocidade," -
7:45 - 7:49a GM quis desacreditar
o meu testemunho futuro -
7:49 - 7:52perante a Comissão do Senado em 1966.
-
7:52 - 7:54A polícia do Capitólio apanhou-os.
-
7:55 - 7:57Os "media" estiveram presentes
na disputa no Congresso -
7:57 - 8:00entre a gigantesca GM e eu.
-
8:00 - 8:03Com uma rapidez incrível,
em comparação com hoje, -
8:03 - 8:06em 1966, o Congresso
e o Presidente Johnson -
8:06 - 8:09obrigaram a maior indústria dos EUA
-
8:09 - 8:11a submeter-se à regulamentação federal
-
8:11 - 8:15da segurança, controlo da poluição
e eficiência de combustível. -
8:15 - 8:17Até 2015,
-
8:17 - 8:21foram evitados três milhões e meio
de mortes só nos EUA, -
8:22 - 8:24foram evitados muitos mais
milhões de feridos -
8:24 - 8:26foram economizados
milhares de milhões de dólares. -
8:26 - 8:31O que foi necessário para a vitória
contra dificuldades tão impressionantes? -
8:32 - 8:34Bom, foram as seguintes:
-
8:34 - 8:39Um: ativistas que souberam como
comunicar as provas por todo o lado; -
8:39 - 8:43dois: vários assentos recetivos
na Comissão do Congresso, -
8:43 - 8:45liderados por três senadores;
-
8:46 - 8:49três: cerca de sete jornalistas
de jornais importantes -
8:49 - 8:53que noticiavam regularmente
o decorrer do processo; -
8:53 - 8:57quatro: o Presidente Johnson,
com uma assessoria favorável -
8:57 - 9:02à criação da NHTSA
—a agência reguladora da segurança; -
9:03 - 9:08e cinco: dezenas de engenheiros,
inspetores e médicos -
9:09 - 9:11que divulgaram informações fundamentais,
-
9:11 - 9:14e que precisam de ser mais conhecidas.
-
9:14 - 9:18Houve outro fator fundamental:
uma opinião pública bem informada. -
9:18 - 9:21Uma maioria de pessoas ficaram a saber
-
9:20 - 9:23como os seus carros
podiam ser mais seguros. -
9:23 - 9:26Queriam que os seus carros
fossem mais económicos, -
9:26 - 9:28queriam respirar um ar mais puro.
-
9:28 - 9:32Resultado: em setembro de 1966,
-
9:32 - 9:36o Presidente Lyndon Johnson assinou
legislação de segurança na Casa Branca, -
9:36 - 9:40E eu, ao lado dele, recebi uma caneta!
-
9:40 - 9:41(Risos)
-
9:41 - 9:44Entre 1966 e 1976,
-
9:44 - 9:49esses seis fatores críticos interligados
foram usados vezes sem conta. -
9:49 - 9:53Foi a idade de ouro
da legislação e ação reguladora -
9:54 - 9:58para a proteção do consumidor,
do trabalhador e do ambiente. -
9:58 - 10:01Esses elementos interligados
das nossas campanhas no passado -
10:01 - 10:03precisam de ser recordados
-
10:03 - 10:05pelas pessoas que lutam
para fazer o mesmo hoje, -
10:05 - 10:08pela segurança da água potável,
-
10:08 - 10:10pelas mortes por resistência
aos antibióticos, -
10:10 - 10:12pela reforma da justiça criminal,
-
10:12 - 10:15pelos riscos da alteração climática,
-
10:15 - 10:17pelos impactos da biotecnologia
e da nanotecnologia. -
10:17 - 10:20pela corrida às armas nucleares,
pelos tratados de paz, -
10:20 - 10:22pelos perigos para as crianças,
-
10:22 - 10:24pelos perigos químicos e radioativos,
-
10:24 - 10:25e por outras coisas do género.
-
10:26 - 10:29Segundo um estudo sólido de 2016
-
10:29 - 10:31da Escola de Medicina Johns Hopkins,
-
10:31 - 10:33as mortes evitáveis em hospitais
-
10:33 - 10:38representam um número assustador
de 5000 vidas por semana nos EUA. -
10:39 - 10:41O auge nos anos 80:
-
10:42 - 10:47a nossa luta difícil
para proibir o fumo em locais públicos, -
10:47 - 10:49para regulamentar a indústria do tabaco
-
10:49 - 10:53e estabelecer condições
para reduzir o tabaco. -
10:52 - 10:56A luta começou a sério em 1964,
-
10:56 - 10:59com o famoso relatório
do diretor-geral de saúde dos EUA -
10:59 - 11:03que ligava o tabaco
ao cancro e a outras doenças. -
11:03 - 11:07Mais de 400 000 mortes
por ano, nos EUA, -
11:07 - 11:10estão relacionadas com o tabaco.
-
11:10 - 11:16Audiências públicas, litígios, exposições
dos "media" e delatores da indústria -
11:16 - 11:20juntamente com cientistas médicos cruciais
para defender uma indústria poderosa. -
11:21 - 11:25Perguntei ao Michael Pertschuk,
um importante colaborador do Senado, -
11:25 - 11:27quantos defensores a tempo inteiro
estavam a trabalhar -
11:27 - 11:30no controlo da indústria
do tabaco, naquela época. -
11:30 - 11:36Ele calculava que não eram
mais de 1000 ativistas nos EUA -
11:36 - 11:38a pressionar
por uma sociedade antitabaco. -
11:38 - 11:42Eu digo que é um número
minúsculo de pessoas -
11:42 - 11:44que contribuíram para o resultado final.
-
11:44 - 11:49Tinham a maior parte da opinião pública
de pessoas estimuladas, não fumadores, -
11:49 - 11:51por detrás deles.
-
11:51 - 11:54Muitos fumadores estavam
a deixar o vício da nicotina. -
11:54 - 11:57Pensem em 45% dos adultos
-
11:57 - 12:01reduzidos para 15% até 2018.
-
12:02 - 12:05O momento crítico foi quando
o Congresso aprovou legislação -
12:05 - 12:07dando poderes à Administração
de Alimentos e Drogas -
12:07 - 12:10para regulamentar as empresas de tabaco.
-
12:10 - 12:13Lembrem-se que os avanços
para consumidores e trabalhadores -
12:13 - 12:18são geralmente seguidos por uma série
de contra-ataques empresariais. -
12:18 - 12:21Quando se dissipa o fervor
por detrás de tais reformas, -
12:22 - 12:28as leis e as agências reguladoras
tornam-se presas vulneráveis da indústria -
12:28 - 12:31que paralisam as aplicações da lei,
existentes e futuras. -
12:32 - 12:33Como é o ditado?
-
12:33 - 12:37"A justiça exige
uma vigilância constante." -
12:37 - 12:41Vemos a diferença entre a energia
direcionada do contra-ataque, -
12:41 - 12:44o poder das corporações que visam o lucro
-
12:44 - 12:48e o cansaço que se apodera
dos cidadãos voluntários -
12:48 - 12:51cuja consciência e capacidade
precisam de se renovar. -
12:52 - 12:54Não é uma disputa justa
-
12:54 - 12:58entre grandes empresas
como a General Motors, a Pfizer, -
12:58 - 13:02a Exxon Mobil, a Wells Fargo, a Monsanto,
-
13:02 - 13:05e outras empresas muito ricas
e grupos de pressão, -
13:05 - 13:09em comparação com os grupos de proteção
de pessoas com recursos muito limitados. -
13:10 - 13:13Além disso, as corporações
têm imunidades e privilégios -
13:13 - 13:16não disponíveis aos seres humanos reais.
-
13:16 - 13:22Por exemplo, a Takata foi culpada
por um terrível escândalo de "airbags", -
13:22 - 13:25mas a empresa escapou
ao processo criminal. -
13:25 - 13:28Em vez disso, a Takata
pôde declarar falência -
13:28 - 13:31e proteger os seus executivos.
-
13:32 - 13:36Mas as pessoas organizadas não devem
ter medo do poder empresarial. -
13:36 - 13:39Os legisladores continuam
a precisar mais dos votos -
13:39 - 13:44do que precisam de financiamentos
de campanha das grandes empresas. -
13:45 - 13:50Nós temos muito mais influência
potencial do que as grandes empresas. -
13:50 - 13:52Mas os eleitores têm de estar
claramente interligados -
13:53 - 13:57ao que os eleitores organizados
pretendem dos legisladores. -
13:57 - 14:02Ao delegar a autoridade
constitucional de "nós o povo", -
14:02 - 14:06queremos que eles façam
o trabalho do povo. -
14:07 - 14:09Um Congresso do povo,
-
14:09 - 14:12o braço do governo
mais poderoso constitucionalmente, -
14:12 - 14:17pode anular, bloquear ou redirecionar
as grandes empresas mais destrutivas. -
14:18 - 14:22Só há 100 senadores e 435 representantes
-
14:22 - 14:25que são apoiados por dois milhões
de ativistas organizados na base, -
14:25 - 14:28um passatempo vigilante do Congresso.
-
14:28 - 14:32A justiça do Congresso
pode tornar-se fiável e rápida. -
14:32 - 14:35Provámos isto muitas vezes
com muito menos pessoas. -
14:35 - 14:38Mas hoje, o Congresso,
imerso no dinheiro da campanha, -
14:38 - 14:42tem abdicado das suas responsabilidades
para um ramo executivo -
14:43 - 14:47que pode tornar-se num estado corporativo
controlado por grandes empresas. -
14:48 - 14:53O Presidente Franklin Roosevelt, em 1938,
numa mensagem ao Congresso, -
14:53 - 14:56chamou "fascismo"
-
14:56 - 15:00ao poder concentrado das grandes empresas
sobre o nosso governo. -
15:01 - 15:04Um envolvimento modesto
de 1% dos adultos -
15:04 - 15:08em cada um dos 435
distritos congressionais, -
15:08 - 15:12convocando senadores e representantes
ou legisladores do estado -
15:12 - 15:14para as suas reuniões estatais,
-
15:14 - 15:17onde os cidadãos apresentam
as suas prioridades, -
15:17 - 15:19apoiados pela maioria dos eleitores,
-
15:19 - 15:21podem dar a volta ao Congresso.
-
15:21 - 15:26Os nossos representantes podem tornar-se
o manancial da democracia e da justiça. -
15:26 - 15:29elevando as possibilidades humanas.
-
15:29 - 15:30Sonho com as nossas escolas,
-
15:30 - 15:32ou as atividades fora da escola
-
15:32 - 15:37a ensinar à comunidade aptidões
de ação cívica que levem a uma vida boa. -
15:37 - 15:39As aulas de ensino de adultos
deviam fazer o mesmo. -
15:39 - 15:44Precisamos de criar uma formação
de cidadania e bibliotecas de ação. -
15:44 - 15:47Estudantes e adultos
adoram o conhecimento -
15:47 - 15:49que se relaciona
com as suas rotinas diárias. -
15:50 - 15:54A grande maioria dos americanos,
quaisquer que sejam os rótulos políticos, -
15:54 - 15:56são a favor do salário mínimo,
-
15:56 - 15:57de um seguro de saúde universal,
-
15:57 - 15:59da garantia real contra
o crime empresarial, -
15:59 - 16:02a fraude e a violência.
-
16:01 - 16:03Querem um sistema tributário
justo e produtivo, -
16:03 - 16:07orçamentos públicos
que devolvam o valor ao povo -
16:07 - 16:09em infraestruturas modernas,
-
16:09 - 16:11e o fim da maioria
dos subsídios empresariais. -
16:11 - 16:16Exigem cada vez mais atenção séria
às alterações climáticas -
16:16 - 16:20e outros perigos e pandemias
para o ambiente e para a saúde. -
16:21 - 16:23Grandes maiorias da população
querem um governo eficaz. -
16:23 - 16:28o fim das guerras agressivas
e eternas que fazem ricochete. -
16:28 - 16:33Querem eleições limpas e regras
justas para eleitores e candidatos. -
16:33 - 16:36Estas são as mudanças
que unem as pessoas. -
16:36 - 16:38mudanças que o Congresso
pode proporcionar. -
16:38 - 16:41As pessoas, em todo o mundo,
privilegiam a democracia, -
16:41 - 16:45porque ela traz o melhor
dos seus habitantes e líderes. -
16:45 - 16:47Mas este objetivo exige
-
16:47 - 16:49que os cidadãos
queiram gastar o seu tempo -
16:49 - 16:51nesta grande oportunidade
chamada democracia, -
16:51 - 16:54entre as eleições e durante elas.
-
16:54 - 16:57A história dá-nos exemplos
que nos encorajam a acreditar -
16:57 - 17:00que quebrar o poder
é mais fácil do que pensamos. -
17:00 - 17:03As pessoas dizem-me:
"Não sei o que fazer!" -
17:03 - 17:05Comecem a aprender fazendo.
-
17:05 - 17:07Quanto mais praticarem ações cidadãs,
-
17:07 - 17:10mais hábeis e inovadores
passarão a ser. -
17:10 - 17:14É como aprender um negócio, uma profissão,
um passatempo, aprender a nadar. -
17:15 - 17:18As dúvidas, os pré-julgamentos
e hesitações -
17:18 - 17:21dissipam-se no cadinho da ação.
-
17:21 - 17:24Os argumentos para a mudança
tornam-se mais profundos e agudos. -
17:24 - 17:28De 1965 a 1966,
-
17:28 - 17:31quando eu estava a montar o caso
para automóveis mais seguros, -
17:31 - 17:34percebi que havia muitas indústrias
a ganhar muito dinheiro -
17:34 - 17:38lidando com os resultados
horríveis dos acidentes: -
17:38 - 17:42cuidados médicos, venda de seguros,
conserto de carros... -
17:42 - 17:46Havia um incentivo perverso
para não se fazer nada, -
17:45 - 17:47para manter o "status quo".
-
17:47 - 17:51Mas, em contrapartida,
evitar essas tragédias -
17:51 - 17:53liberta dólares do consumidor
-
17:53 - 17:55para gastar ou economizar
de forma voluntária, -
17:55 - 17:57para melhorar a qualidade de vida.
-
17:57 - 18:02Basta um pequeno número de pessoas
a exercitar a sua prática cívica. -
18:02 - 18:04de forma individual
ou em grupos organizados. -
18:04 - 18:07sobre quem toma decisões,
de forma legal. -
18:07 - 18:12Idealmente, bastam umas pessoas ricas
e esclarecidas a contribuir com fundos -
18:12 - 18:14para acelerar os esforços dos cidadãos
-
18:14 - 18:17contra os caciques
da ganância e do poder. -
18:17 - 18:20Porque é que, no passado, os ricos
doavam o dinheiro essencial -
18:20 - 18:22a movimentos contra o esclavagismo,
-
18:22 - 18:25pelo direito das mulheres ao voto,
pelos direitos civis? -
18:25 - 18:26Devíamos lembrar-nos disso.
-
18:26 - 18:28Com o início da catástrofe climática,
-
18:28 - 18:33cada um de nós precisa de ter
uma melhor avaliação do nosso significado, -
18:33 - 18:36da nossa dedicação
sustentada à vida cívica, -
18:36 - 18:40como parte de uma forma
normal da vida diária, -
18:40 - 18:43juntamente com a nossa vida familiar.
-
18:43 - 18:46Aparecer conscientemente
já é meia democracia. -
18:46 - 18:49É isto que faz avançar a vida,
a liberdade e a busca da felicidade. -
18:50 - 18:51Lembrem-se, o nosso país
-
18:51 - 18:53está cheio de problemas
que não merecemos -
18:53 - 18:56e de soluções que não pomos em prática.
-
18:56 - 18:58Esta lacuna é a lacuna da democracia
-
18:58 - 19:01que poder algum
nos pode impedir de eliminar. -
19:01 - 19:04Devemos isso à nossa posteridade.
-
19:04 - 19:06Será que não queremos
que os nossos descendentes, -
19:06 - 19:10em vez de nos amaldiçoarem
pela nossa negligência míope, -
19:10 - 19:12nos abençoem pela nossa clarividência
-
19:12 - 19:17e pelos horizontes brilhantes
que podem preencher a vida deles em paz -
19:17 - 19:19e fazer progredir o bem comum?
-
19:19 - 19:21Obrigado.
-
19:21 - 19:24(Aplausos)
- Title:
- O que é necessário para criar mudanças sociais lutando contra tudo e todos
- Speaker:
- Ralph Nader
- Description:
-
Durante a sua carreira de décadas como ativista político, Ralph Nader ajudou a denunciar alguns dos maiores delitos das grandes corporações. Talvez já tenham ouvido falar das mudanças do mundo real que o trabalho dele deflagrou: a Lei do Ar Puro, leis de segurança automóvel, regulamentação da indústria do tabaco e não só. Traçando a sua trajetória no tempo a defender mudanças, Nader conta-nos como ajudou a catalisar o progresso social contra tudo e todos — e mostra-nos como podemos participar para o avanço do bem comum para as gerações vindouras.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 19:38
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