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O que é necessário para criar mudanças sociais lutando contra tudo e todos

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    Através dos tempos
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    os meus colegas e eu
    revelámos terríveis delitos e crimes
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    praticados por grandes empresas
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    que tiraram muitas vidas
  • 0:10 - 0:13
    e causaram danos e doenças,
  • 0:13 - 0:17
    para além de causar prejuízos económicos,
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    afetando muitos incidentes.
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    Mas as denúncias não bastaram,
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    Tivemos de assegurar
    mandatos no Congresso
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    para evitar tal devastação.
  • 0:29 - 0:33
    Isso resultou em muitas vidas salvas
    e muitos traumas evitados,
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    especialmente nas áreas do automóvel,
    dos fármacos, do meio ambiente,
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    da saúde e segurança do trabalho.
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    Em todo este processo,
    faziam-nos uma pergunta recorrente:
  • 0:43 - 0:46
    "Ralph, como é que fazes tudo isto?
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    "Os teus grupos são pequenos,
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    "os teus recursos são modestos
  • 0:49 - 0:53
    "e não fazes campanhas
    para contribuições de políticos."
  • 0:53 - 0:57
    A minha resposta remete
    para um padrão esquecido e incrível
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    da história dos EUA.
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    Quase todos os avanços na justiça,
  • 1:02 - 1:04
    todas as bênçãos da democracia,
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    resultaram de esforços de pequenos
    números de cidadãos individuais.
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    Eles sabiam do que estavam a falar.
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    Eles expandiram a opinião pública,
    aquilo a que Lincoln chamou:
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    "o sentimento público todo-poderoso."
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    Os poucos cidadãos
    que iniciavam esses movimentos
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    recrutavam muitos outros pelo caminho
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    para atingir reformas e reorientações.
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    Contudo, mesmo no seu auge,
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    as pessoas envolvidas nunca
    passaram de 1% dos cidadãos,
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    quase sempre muito menos.
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    Esses construtores
    da democracia e da justiça
  • 1:41 - 1:44
    saíram dos movimentos anti-esclavagistas,
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    das pressões para o direito
    das mulheres ao voto.
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    Eram agricultores e operários
    do setor industrial
  • 1:51 - 1:56
    que exigiam a regulamentação dos bancos,
    dos caminhos-de-ferro e das fábricas
  • 1:56 - 1:58
    e padrões justos de trabalho.
  • 1:58 - 2:03
    No século XX, as melhorias tiveram origem
  • 2:03 - 2:06
    em pequenos grupos de terceiros
    e nos seus aliados,
  • 2:06 - 2:10
    que forçaram grupos maiores.
    na arena eleitoral.
  • 2:10 - 2:12
    a adotarem determinadas medidas,
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    como o direito de formar sindicatos,
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    a semana das 40 horas,
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    impostos progressivos, o salário mínimo,
  • 2:20 - 2:22
    o subsídio de desemprego
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    e a segurança social.
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    Mais recentemente apareceu o Medicare
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    os direitos civis, as liberdades civis,
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    os tratados sobre armas nucleares,
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    triunfos do consumidor e do meio ambiente
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    — tudo isto desencadeado
    por cidadãos ativistas
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    e por pequenos partidos
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    que nunca ganharam
    uma eleição nacional.
  • 2:42 - 2:44
    Se estivermos dispostos
    a perder, persistentemente,
  • 2:44 - 2:47
    as nossas causas, com o tempo,
    poderão sair vencedoras.
  • 2:47 - 2:48
    (Risos)
  • 2:48 - 2:51
    A história de como cheguei
    a estas atividades cívicas
  • 2:51 - 2:53
    pode ser instrutiva
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    para as pessoas que acompanham
    o pensamento do Senador Daniel Webster:
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    "A justiça é o grande interesse
    do homem na Terra."
  • 3:02 - 3:06
    Cresci numa pequena cidade
    altamente industrializada em Connecticut
  • 3:06 - 3:08
    com três irmãos e os meus pais
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    que tinham um popular
    restaurante, padaria e charcutaria.
  • 3:13 - 3:15
    Duas vias fluviais
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    — o rio Mad e o rio Still —
  • 3:17 - 3:20
    atravessavam a rua principal.
  • 3:20 - 3:22
    Quando criança, eu perguntei
  • 3:22 - 3:25
    porque é que não podíamos
    nadar e pescar neles,
  • 3:25 - 3:28
    como nos rios que lemos
    nos livros de escola.
  • 3:28 - 3:32
    A resposta: "as fábricas
    usam livremente esses rios
  • 3:32 - 3:36
    "para despejar neles químicos tóxicos
    e outros poluentes prejudiciais."
  • 3:36 - 3:41
    Na verdade, as empresas controlavam
    os rios que pertenciam a todos nós
  • 3:41 - 3:43
    para os seus objetivos lucrativos.
  • 3:43 - 3:48
    Mais tarde, percebi que os rios
    não faziam parte da nossa vida normal,
  • 3:48 - 3:51
    exceto quando inundavam as ruas.
  • 3:51 - 3:55
    Nessa época, não havia leis
    a regulamentar a poluição das águas.
  • 3:55 - 3:59
    Percebi que só leis rígidas
    podiam limpar os nossos cursos de água.
  • 3:59 - 4:04
    A minha observação da juventude
    dos dois rios-esgotos da nossa cidade
  • 4:04 - 4:05
    iniciou uma linha reta
  • 4:06 - 4:08
    para o meu discurso
    de finalista do 8.º ano
  • 4:08 - 4:13
    sobre John Muir, o grande conservacionista
    defensor dos parques nacionais,
  • 4:14 - 4:19
    e depois para os meus estudos em Princeton
    sobre as origens do saneamento público,
  • 4:19 - 4:22
    e, em seguida, para o livro de
    Rachel Carson "Primavera Silenciosa."
  • 4:22 - 4:25
    Estes compromissos prepararam-me
  • 4:25 - 4:28
    para aproveitar os anos de ouro
    das leis do meio ambiente
  • 4:28 - 4:30
    no início dos anos 70.
  • 4:30 - 4:32
    Desempenhei um papel importante
    como cidadão.
  • 4:32 - 4:35
    fazendo pressão no Congresso
    para a Lei do Ar Puro;
  • 4:35 - 4:38
    as leis da água limpa:
    a EPA — a Agência de Proteção Ambiental;
  • 4:38 - 4:41
    os padrões de segurança e saúde
    no trabalho: a OSHA:
  • 4:41 - 4:43
    e a Lei da Água Potável.
  • 4:43 - 4:45
    Se temos menos chumbo no corpo,
  • 4:45 - 4:47
    e deixámos de ter amianto nos pulmões
  • 4:47 - 4:49
    e temos água e ar mais puros,
  • 4:49 - 4:53
    isso deve-se a estas leis
    ao longo dos anos.
  • 4:53 - 4:57
    Hoje, a aplicação destas leis
    que salvam vidas, na administração Trump
  • 4:57 - 5:01
    está a ser desmantelada por atacado.
  • 5:01 - 5:04
    Combater estes perigos
    é o desafio imediato
  • 5:05 - 5:07
    para o renascimento
    de um movimento ambientalista
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    para a geração jovem.
  • 5:09 - 5:12
    Quanto à defesa do consumidor,
    não há vitórias permanentes.
  • 5:13 - 5:15
    Aprovar uma lei é apenas o primeiro passo.
  • 5:15 - 5:19
    O passo seguinte, e o outro a seguir,
    é defender a lei.
  • 5:20 - 5:23
    Para mim, algumas destas batalhas
    são altamente pessoais.
  • 5:23 - 5:26
    Perdi amigos no ensino secundário
    e na faculdade
  • 5:26 - 5:28
    em acidentes nas autoestradas,
  • 5:28 - 5:31
    a primeira causa de morte
    nesta faixa etária.
  • 5:31 - 5:34
    Na época, a culpa era sempre do condutor,
  • 5:34 - 5:37
    a quem se chamava com ironia
    "os doidos ao volante."
  • 5:38 - 5:41
    Claro que os embriagados
    ao volante tinham culpa,
  • 5:41 - 5:45
    mas carros e rodovias mais seguros
    podiam evitar desastres
  • 5:45 - 5:48
    e diminuir a gravidade deles
    quando ocorriam.
  • 5:48 - 5:51
    Não havia cintos de segurança,
    nem "tabliers" almofadados,
  • 5:51 - 5:54
    nem "airbags" ou outras
    proteções contra pancadas
  • 5:54 - 5:58
    para diminuir a gravidade das colisões.
  • 5:58 - 6:02
    Os travões, os pneus e a estabilidade
    dos veículos americanos
  • 6:02 - 6:04
    deixavam muito a desejar,
  • 6:04 - 6:07
    mesmo em comparação
    com os fabricantes estrangeiros.
  • 6:07 - 6:09
    Eu gostava de andar à boleia,
  • 6:09 - 6:13
    Inclusive na ida e volta da Escola
    de Direito de Princeton e Harvard.
  • 6:13 - 6:18
    Às vezes, o motorista e eu assistíamos
    a cenas de desastres terríveis.
  • 6:19 - 6:22
    Os horrores causavam-me
    uma impressão profunda.
  • 6:22 - 6:25
    Fizeram com que eu escrevesse
    um artigo na escola de direito
  • 6:25 - 6:30
    sobre a construção insegura dos automóveis
    e a necessidade de leis de segurança.
  • 6:30 - 6:34
    Um dos meus melhores amigos
    da escola de direito, Fred Condon,
  • 6:34 - 6:38
    quando ia do trabalho para casa,
    para junto da família em New Hampshire,
  • 6:39 - 6:44
    dormitou momentaneamente
    ao volante da sua carrinha.
  • 6:44 - 6:47
    O veículo desviou-se
    para a beira da estrada e capotou.
  • 6:48 - 6:51
    Não havia cintos de segurança em 1961.
  • 6:51 - 6:53
    Fred ficou paraplégico.
  • 6:53 - 6:58
    Essa violência evitável revoltava-me,
  • 6:59 - 7:03
    A indústria automóvel
    recusava-se cruelmente
  • 7:03 - 7:07
    a instalar conhecidos itens de segurança
    para salvar vidas e controlar a poluição.
  • 7:07 - 7:12
    Em vez disso, a indústria concentrava-se
    em anúncios e mudanças de estilo anuais
  • 7:12 - 7:14
    e potência do motor em excesso.
  • 7:14 - 7:16
    Eu ficava revoltado.
  • 7:16 - 7:20
    Quanto mais eu investigava a falta
    de itens de segurança nos carros,
  • 7:20 - 7:24
    as provas apresentadas nos tribunais
    em processos contra a indústria automóvel,
  • 7:24 - 7:27
    que prejudicavam os ocupantes
    dos veículos com a sua negligência
  • 7:27 - 7:31
    — em especial a instabilidade
    do Corvair, o carro da GM —
  • 7:31 - 7:36
    mais a GM se dedicava a desacreditar
    os meus artigos e testemunhos.
  • 7:36 - 7:41
    Contrataram detetives particulares
    para me seguir e denegrir.
  • 7:42 - 7:45
    Depois do lançamento do meu livro,
    "Inseguro a Qualquer Velocidade,"
  • 7:45 - 7:49
    a GM quis desacreditar
    o meu testemunho futuro
  • 7:49 - 7:52
    perante a Comissão do Senado em 1966.
  • 7:52 - 7:54
    A polícia do Capitólio apanhou-os.
  • 7:55 - 7:57
    Os "media" estiveram presentes
    na disputa no Congresso
  • 7:57 - 8:00
    entre a gigantesca GM e eu.
  • 8:00 - 8:03
    Com uma rapidez incrível,
    em comparação com hoje,
  • 8:03 - 8:06
    em 1966, o Congresso
    e o Presidente Johnson
  • 8:06 - 8:09
    obrigaram a maior indústria dos EUA
  • 8:09 - 8:11
    a submeter-se à regulamentação federal
  • 8:11 - 8:15
    da segurança, controlo da poluição
    e eficiência de combustível.
  • 8:15 - 8:17
    Até 2015,
  • 8:17 - 8:21
    foram evitados três milhões e meio
    de mortes só nos EUA,
  • 8:22 - 8:24
    foram evitados muitos mais
    milhões de feridos
  • 8:24 - 8:26
    foram economizados
    milhares de milhões de dólares.
  • 8:26 - 8:31
    O que foi necessário para a vitória
    contra dificuldades tão impressionantes?
  • 8:32 - 8:34
    Bom, foram as seguintes:
  • 8:34 - 8:39
    Um: ativistas que souberam como
    comunicar as provas por todo o lado;
  • 8:39 - 8:43
    dois: vários assentos recetivos
    na Comissão do Congresso,
  • 8:43 - 8:45
    liderados por três senadores;
  • 8:46 - 8:49
    três: cerca de sete jornalistas
    de jornais importantes
  • 8:49 - 8:53
    que noticiavam regularmente
    o decorrer do processo;
  • 8:53 - 8:57
    quatro: o Presidente Johnson,
    com uma assessoria favorável
  • 8:57 - 9:02
    à criação da NHTSA
    —a agência reguladora da segurança;
  • 9:03 - 9:08
    e cinco: dezenas de engenheiros,
    inspetores e médicos
  • 9:09 - 9:11
    que divulgaram informações fundamentais,
  • 9:11 - 9:14
    e que precisam de ser mais conhecidas.
  • 9:14 - 9:18
    Houve outro fator fundamental:
    uma opinião pública bem informada.
  • 9:18 - 9:21
    Uma maioria de pessoas ficaram a saber
  • 9:20 - 9:23
    como os seus carros
    podiam ser mais seguros.
  • 9:23 - 9:26
    Queriam que os seus carros
    fossem mais económicos,
  • 9:26 - 9:28
    queriam respirar um ar mais puro.
  • 9:28 - 9:32
    Resultado: em setembro de 1966,
  • 9:32 - 9:36
    o Presidente Lyndon Johnson assinou
    legislação de segurança na Casa Branca,
  • 9:36 - 9:40
    E eu, ao lado dele, recebi uma caneta!
  • 9:40 - 9:41
    (Risos)
  • 9:41 - 9:44
    Entre 1966 e 1976,
  • 9:44 - 9:49
    esses seis fatores críticos interligados
    foram usados vezes sem conta.
  • 9:49 - 9:53
    Foi a idade de ouro
    da legislação e ação reguladora
  • 9:54 - 9:58
    para a proteção do consumidor,
    do trabalhador e do ambiente.
  • 9:58 - 10:01
    Esses elementos interligados
    das nossas campanhas no passado
  • 10:01 - 10:03
    precisam de ser recordados
  • 10:03 - 10:05
    pelas pessoas que lutam
    para fazer o mesmo hoje,
  • 10:05 - 10:08
    pela segurança da água potável,
  • 10:08 - 10:10
    pelas mortes por resistência
    aos antibióticos,
  • 10:10 - 10:12
    pela reforma da justiça criminal,
  • 10:12 - 10:15
    pelos riscos da alteração climática,
  • 10:15 - 10:17
    pelos impactos da biotecnologia
    e da nanotecnologia.
  • 10:17 - 10:20
    pela corrida às armas nucleares,
    pelos tratados de paz,
  • 10:20 - 10:22
    pelos perigos para as crianças,
  • 10:22 - 10:24
    pelos perigos químicos e radioativos,
  • 10:24 - 10:25
    e por outras coisas do género.
  • 10:26 - 10:29
    Segundo um estudo sólido de 2016
  • 10:29 - 10:31
    da Escola de Medicina Johns Hopkins,
  • 10:31 - 10:33
    as mortes evitáveis em hospitais
  • 10:33 - 10:38
    representam um número assustador
    de 5000 vidas por semana nos EUA.
  • 10:39 - 10:41
    O auge nos anos 80:
  • 10:42 - 10:47
    a nossa luta difícil
    para proibir o fumo em locais públicos,
  • 10:47 - 10:49
    para regulamentar a indústria do tabaco
  • 10:49 - 10:53
    e estabelecer condições
    para reduzir o tabaco.
  • 10:52 - 10:56
    A luta começou a sério em 1964,
  • 10:56 - 10:59
    com o famoso relatório
    do diretor-geral de saúde dos EUA
  • 10:59 - 11:03
    que ligava o tabaco
    ao cancro e a outras doenças.
  • 11:03 - 11:07
    Mais de 400 000 mortes
    por ano, nos EUA,
  • 11:07 - 11:10
    estão relacionadas com o tabaco.
  • 11:10 - 11:16
    Audiências públicas, litígios, exposições
    dos "media" e delatores da indústria
  • 11:16 - 11:20
    juntamente com cientistas médicos cruciais
    para defender uma indústria poderosa.
  • 11:21 - 11:25
    Perguntei ao Michael Pertschuk,
    um importante colaborador do Senado,
  • 11:25 - 11:27
    quantos defensores a tempo inteiro
    estavam a trabalhar
  • 11:27 - 11:30
    no controlo da indústria
    do tabaco, naquela época.
  • 11:30 - 11:36
    Ele calculava que não eram
    mais de 1000 ativistas nos EUA
  • 11:36 - 11:38
    a pressionar
    por uma sociedade antitabaco.
  • 11:38 - 11:42
    Eu digo que é um número
    minúsculo de pessoas
  • 11:42 - 11:44
    que contribuíram para o resultado final.
  • 11:44 - 11:49
    Tinham a maior parte da opinião pública
    de pessoas estimuladas, não fumadores,
  • 11:49 - 11:51
    por detrás deles.
  • 11:51 - 11:54
    Muitos fumadores estavam
    a deixar o vício da nicotina.
  • 11:54 - 11:57
    Pensem em 45% dos adultos
  • 11:57 - 12:01
    reduzidos para 15% até 2018.
  • 12:02 - 12:05
    O momento crítico foi quando
    o Congresso aprovou legislação
  • 12:05 - 12:07
    dando poderes à Administração
    de Alimentos e Drogas
  • 12:07 - 12:10
    para regulamentar as empresas de tabaco.
  • 12:10 - 12:13
    Lembrem-se que os avanços
    para consumidores e trabalhadores
  • 12:13 - 12:18
    são geralmente seguidos por uma série
    de contra-ataques empresariais.
  • 12:18 - 12:21
    Quando se dissipa o fervor
    por detrás de tais reformas,
  • 12:22 - 12:28
    as leis e as agências reguladoras
    tornam-se presas vulneráveis da indústria
  • 12:28 - 12:31
    que paralisam as aplicações da lei,
    existentes e futuras.
  • 12:32 - 12:33
    Como é o ditado?
  • 12:33 - 12:37
    "A justiça exige
    uma vigilância constante."
  • 12:37 - 12:41
    Vemos a diferença entre a energia
    direcionada do contra-ataque,
  • 12:41 - 12:44
    o poder das corporações que visam o lucro
  • 12:44 - 12:48
    e o cansaço que se apodera
    dos cidadãos voluntários
  • 12:48 - 12:51
    cuja consciência e capacidade
    precisam de se renovar.
  • 12:52 - 12:54
    Não é uma disputa justa
  • 12:54 - 12:58
    entre grandes empresas
    como a General Motors, a Pfizer,
  • 12:58 - 13:02
    a Exxon Mobil, a Wells Fargo, a Monsanto,
  • 13:02 - 13:05
    e outras empresas muito ricas
    e grupos de pressão,
  • 13:05 - 13:09
    em comparação com os grupos de proteção
    de pessoas com recursos muito limitados.
  • 13:10 - 13:13
    Além disso, as corporações
    têm imunidades e privilégios
  • 13:13 - 13:16
    não disponíveis aos seres humanos reais.
  • 13:16 - 13:22
    Por exemplo, a Takata foi culpada
    por um terrível escândalo de "airbags",
  • 13:22 - 13:25
    mas a empresa escapou
    ao processo criminal.
  • 13:25 - 13:28
    Em vez disso, a Takata
    pôde declarar falência
  • 13:28 - 13:31
    e proteger os seus executivos.
  • 13:32 - 13:36
    Mas as pessoas organizadas não devem
    ter medo do poder empresarial.
  • 13:36 - 13:39
    Os legisladores continuam
    a precisar mais dos votos
  • 13:39 - 13:44
    do que precisam de financiamentos
    de campanha das grandes empresas.
  • 13:45 - 13:50
    Nós temos muito mais influência
    potencial do que as grandes empresas.
  • 13:50 - 13:52
    Mas os eleitores têm de estar
    claramente interligados
  • 13:53 - 13:57
    ao que os eleitores organizados
    pretendem dos legisladores.
  • 13:57 - 14:02
    Ao delegar a autoridade
    constitucional de "nós o povo",
  • 14:02 - 14:06
    queremos que eles façam
    o trabalho do povo.
  • 14:07 - 14:09
    Um Congresso do povo,
  • 14:09 - 14:12
    o braço do governo
    mais poderoso constitucionalmente,
  • 14:12 - 14:17
    pode anular, bloquear ou redirecionar
    as grandes empresas mais destrutivas.
  • 14:18 - 14:22
    Só há 100 senadores e 435 representantes
  • 14:22 - 14:25
    que são apoiados por dois milhões
    de ativistas organizados na base,
  • 14:25 - 14:28
    um passatempo vigilante do Congresso.
  • 14:28 - 14:32
    A justiça do Congresso
    pode tornar-se fiável e rápida.
  • 14:32 - 14:35
    Provámos isto muitas vezes
    com muito menos pessoas.
  • 14:35 - 14:38
    Mas hoje, o Congresso,
    imerso no dinheiro da campanha,
  • 14:38 - 14:42
    tem abdicado das suas responsabilidades
    para um ramo executivo
  • 14:43 - 14:47
    que pode tornar-se num estado corporativo
    controlado por grandes empresas.
  • 14:48 - 14:53
    O Presidente Franklin Roosevelt, em 1938,
    numa mensagem ao Congresso,
  • 14:53 - 14:56
    chamou "fascismo"
  • 14:56 - 15:00
    ao poder concentrado das grandes empresas
    sobre o nosso governo.
  • 15:01 - 15:04
    Um envolvimento modesto
    de 1% dos adultos
  • 15:04 - 15:08
    em cada um dos 435
    distritos congressionais,
  • 15:08 - 15:12
    convocando senadores e representantes
    ou legisladores do estado
  • 15:12 - 15:14
    para as suas reuniões estatais,
  • 15:14 - 15:17
    onde os cidadãos apresentam
    as suas prioridades,
  • 15:17 - 15:19
    apoiados pela maioria dos eleitores,
  • 15:19 - 15:21
    podem dar a volta ao Congresso.
  • 15:21 - 15:26
    Os nossos representantes podem tornar-se
    o manancial da democracia e da justiça.
  • 15:26 - 15:29
    elevando as possibilidades humanas.
  • 15:29 - 15:30
    Sonho com as nossas escolas,
  • 15:30 - 15:32
    ou as atividades fora da escola
  • 15:32 - 15:37
    a ensinar à comunidade aptidões
    de ação cívica que levem a uma vida boa.
  • 15:37 - 15:39
    As aulas de ensino de adultos
    deviam fazer o mesmo.
  • 15:39 - 15:44
    Precisamos de criar uma formação
    de cidadania e bibliotecas de ação.
  • 15:44 - 15:47
    Estudantes e adultos
    adoram o conhecimento
  • 15:47 - 15:49
    que se relaciona
    com as suas rotinas diárias.
  • 15:50 - 15:54
    A grande maioria dos americanos,
    quaisquer que sejam os rótulos políticos,
  • 15:54 - 15:56
    são a favor do salário mínimo,
  • 15:56 - 15:57
    de um seguro de saúde universal,
  • 15:57 - 15:59
    da garantia real contra
    o crime empresarial,
  • 15:59 - 16:02
    a fraude e a violência.
  • 16:01 - 16:03
    Querem um sistema tributário
    justo e produtivo,
  • 16:03 - 16:07
    orçamentos públicos
    que devolvam o valor ao povo
  • 16:07 - 16:09
    em infraestruturas modernas,
  • 16:09 - 16:11
    e o fim da maioria
    dos subsídios empresariais.
  • 16:11 - 16:16
    Exigem cada vez mais atenção séria
    às alterações climáticas
  • 16:16 - 16:20
    e outros perigos e pandemias
    para o ambiente e para a saúde.
  • 16:21 - 16:23
    Grandes maiorias da população
    querem um governo eficaz.
  • 16:23 - 16:28
    o fim das guerras agressivas
    e eternas que fazem ricochete.
  • 16:28 - 16:33
    Querem eleições limpas e regras
    justas para eleitores e candidatos.
  • 16:33 - 16:36
    Estas são as mudanças
    que unem as pessoas.
  • 16:36 - 16:38
    mudanças que o Congresso
    pode proporcionar.
  • 16:38 - 16:41
    As pessoas, em todo o mundo,
    privilegiam a democracia,
  • 16:41 - 16:45
    porque ela traz o melhor
    dos seus habitantes e líderes.
  • 16:45 - 16:47
    Mas este objetivo exige
  • 16:47 - 16:49
    que os cidadãos
    queiram gastar o seu tempo
  • 16:49 - 16:51
    nesta grande oportunidade
    chamada democracia,
  • 16:51 - 16:54
    entre as eleições e durante elas.
  • 16:54 - 16:57
    A história dá-nos exemplos
    que nos encorajam a acreditar
  • 16:57 - 17:00
    que quebrar o poder
    é mais fácil do que pensamos.
  • 17:00 - 17:03
    As pessoas dizem-me:
    "Não sei o que fazer!"
  • 17:03 - 17:05
    Comecem a aprender fazendo.
  • 17:05 - 17:07
    Quanto mais praticarem ações cidadãs,
  • 17:07 - 17:10
    mais hábeis e inovadores
    passarão a ser.
  • 17:10 - 17:14
    É como aprender um negócio, uma profissão,
    um passatempo, aprender a nadar.
  • 17:15 - 17:18
    As dúvidas, os pré-julgamentos
    e hesitações
  • 17:18 - 17:21
    dissipam-se no cadinho da ação.
  • 17:21 - 17:24
    Os argumentos para a mudança
    tornam-se mais profundos e agudos.
  • 17:24 - 17:28
    De 1965 a 1966,
  • 17:28 - 17:31
    quando eu estava a montar o caso
    para automóveis mais seguros,
  • 17:31 - 17:34
    percebi que havia muitas indústrias
    a ganhar muito dinheiro
  • 17:34 - 17:38
    lidando com os resultados
    horríveis dos acidentes:
  • 17:38 - 17:42
    cuidados médicos, venda de seguros,
    conserto de carros...
  • 17:42 - 17:46
    Havia um incentivo perverso
    para não se fazer nada,
  • 17:45 - 17:47
    para manter o "status quo".
  • 17:47 - 17:51
    Mas, em contrapartida,
    evitar essas tragédias
  • 17:51 - 17:53
    liberta dólares do consumidor
  • 17:53 - 17:55
    para gastar ou economizar
    de forma voluntária,
  • 17:55 - 17:57
    para melhorar a qualidade de vida.
  • 17:57 - 18:02
    Basta um pequeno número de pessoas
    a exercitar a sua prática cívica.
  • 18:02 - 18:04
    de forma individual
    ou em grupos organizados.
  • 18:04 - 18:07
    sobre quem toma decisões,
    de forma legal.
  • 18:07 - 18:12
    Idealmente, bastam umas pessoas ricas
    e esclarecidas a contribuir com fundos
  • 18:12 - 18:14
    para acelerar os esforços dos cidadãos
  • 18:14 - 18:17
    contra os caciques
    da ganância e do poder.
  • 18:17 - 18:20
    Porque é que, no passado, os ricos
    doavam o dinheiro essencial
  • 18:20 - 18:22
    a movimentos contra o esclavagismo,
  • 18:22 - 18:25
    pelo direito das mulheres ao voto,
    pelos direitos civis?
  • 18:25 - 18:26
    Devíamos lembrar-nos disso.
  • 18:26 - 18:28
    Com o início da catástrofe climática,
  • 18:28 - 18:33
    cada um de nós precisa de ter
    uma melhor avaliação do nosso significado,
  • 18:33 - 18:36
    da nossa dedicação
    sustentada à vida cívica,
  • 18:36 - 18:40
    como parte de uma forma
    normal da vida diária,
  • 18:40 - 18:43
    juntamente com a nossa vida familiar.
  • 18:43 - 18:46
    Aparecer conscientemente
    já é meia democracia.
  • 18:46 - 18:49
    É isto que faz avançar a vida,
    a liberdade e a busca da felicidade.
  • 18:50 - 18:51
    Lembrem-se, o nosso país
  • 18:51 - 18:53
    está cheio de problemas
    que não merecemos
  • 18:53 - 18:56
    e de soluções que não pomos em prática.
  • 18:56 - 18:58
    Esta lacuna é a lacuna da democracia
  • 18:58 - 19:01
    que poder algum
    nos pode impedir de eliminar.
  • 19:01 - 19:04
    Devemos isso à nossa posteridade.
  • 19:04 - 19:06
    Será que não queremos
    que os nossos descendentes,
  • 19:06 - 19:10
    em vez de nos amaldiçoarem
    pela nossa negligência míope,
  • 19:10 - 19:12
    nos abençoem pela nossa clarividência
  • 19:12 - 19:17
    e pelos horizontes brilhantes
    que podem preencher a vida deles em paz
  • 19:17 - 19:19
    e fazer progredir o bem comum?
  • 19:19 - 19:21
    Obrigado.
  • 19:21 - 19:24
    (Aplausos)
Title:
O que é necessário para criar mudanças sociais lutando contra tudo e todos
Speaker:
Ralph Nader
Description:

Durante a sua carreira de décadas como ativista político, Ralph Nader ajudou a denunciar alguns dos maiores delitos das grandes corporações. Talvez já tenham ouvido falar das mudanças do mundo real que o trabalho dele deflagrou: a Lei do Ar Puro, leis de segurança automóvel, regulamentação da indústria do tabaco e não só. Traçando a sua trajetória no tempo a defender mudanças, Nader conta-nos como ajudou a catalisar o progresso social contra tudo e todos — e mostra-nos como podemos participar para o avanço do bem comum para as gerações vindouras.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
19:38

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