A história épica da tecnologia
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0:01 - 0:04Vou falar sobre as minhas investigações,
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0:04 - 0:08sobre o significado
da tecnologia na nossa vida, -
0:08 - 0:11não só na nossa vida imediata,
mas no sentido cósmico, -
0:11 - 0:15na longa história do mundo
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0:15 - 0:17e no nosso lugar no mundo.
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0:17 - 0:20O que é isto?
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0:20 - 0:21Qual é o seu significado?
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0:21 - 0:24Assim, vou descrever a minha história
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0:24 - 0:26sobre o que descobri.
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0:26 - 0:28Uma das primeiras coisas
que comecei a investigar -
0:28 - 0:31foi a história do nome da tecnologia.
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0:31 - 0:34Nos EUA há o discurso do Estado da Nação
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0:34 - 0:37efetuado por todos os presidentes
desde 1790. -
0:37 - 0:40Cada um deles é uma espécie de resumo
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0:40 - 0:43das coisas mais importantes
para os EUA na altura. -
0:44 - 0:46Se lá procurarmos a palavra "tecnologia",
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0:46 - 0:49ela não foi usada senão em 1952.
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0:49 - 0:53Portanto, a tecnologia esteve ausente
do pensamento de todos, até 1952, -
0:53 - 0:55que acontece ser o ano do meu nascimento.
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0:55 - 0:58Obviamente, a tecnologia já existia antes
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0:58 - 1:00mas nós não tínhamos consciência dela.
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1:00 - 1:04Foi uma espécie de um acordar
desta força na nossa vida. -
1:04 - 1:07Fiz pesquisa para descobrir
quando tinha sido usada, -
1:07 - 1:09pela primeira vez a palavra "tecnologia".
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1:09 - 1:11Foi em 1829.
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1:11 - 1:14Foi inventada por um tipo
que iniciava um plano curricular -
1:14 - 1:18— um curso, que reunisse todo o tipo
de artes e ofícios, e indústrias — -
1:18 - 1:20a que chamou "tecnologia".
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1:20 - 1:22Foi esse o primeiro uso da palavra.
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1:22 - 1:25Então, o que é essa coisa
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1:25 - 1:29que nos consome a todos,
e que nos incomoda tanto? -
1:30 - 1:31Segundo Alan Kay:
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1:31 - 1:34"A tecnologia é tudo o que foi inventado
depois de termos nascido". -
1:34 - 1:35(Risos)
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1:35 - 1:40Isto é um pouco a ideia que todos nós
fazemos da tecnologia: -
1:40 - 1:42São todas as coisas novas.
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1:42 - 1:44Não são estradas, nem a penicilina,
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1:44 - 1:47nem os pneus, são as coisas novas.
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1:47 - 1:50O meu amigo Danny Hillis
diz uma coisa parecida: -
1:50 - 1:52"A tecnologia é uma coisa
que ainda não funciona." -
1:52 - 1:53(Risos)
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1:53 - 1:56O que também nos dá
a sensação de uma coisa nova. -
1:56 - 1:57Mas sabemos que não é só
o que é novo. -
1:57 - 1:59É uma coisa que existe há muito tempo
-
1:59 - 2:02O que quero dizer é que existe
há muitíssimo tempo. -
2:03 - 2:06Outra maneira de ver
a tecnologia, o seu significado -
2:06 - 2:08é imaginar um mundo sem tecnologia.
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2:08 - 2:11Se eliminássemos cada pedaço
de tecnologia no mundo atual -
2:11 - 2:13e eu quero dizer, tudo,
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2:13 - 2:16desde as lâminas,
os raspadores, os tecidos, -
2:16 - 2:19a nossa espécie não viveria muito tempo.
-
2:19 - 2:22Morreríamos aos milhares de milhões,
e muito rapidamente. -
2:22 - 2:25Os lobos apanhar-nos-iam,
e nós estaríamos indefesos, -
2:25 - 2:29seríamos incapazes de cultivar comida
suficiente, ou encontrar comida suficiente. -
2:29 - 2:33Até os caçadores-recoletores
utilizavam instrumentos rudimentares. -
2:33 - 2:36Eles tinham uma tecnologia mínima,
mas já a tinham. -
2:37 - 2:40Se estudarmos essas tribos
de caçadores-recoletores -
2:40 - 2:43e o homem do Neandertal, que é
muito semelhante ao homem primitivo, -
2:43 - 2:46descobrimos uma coisa muito curiosa
sobre esse mundo sem tecnologia. -
2:46 - 2:49Isto é uma espécie de curva
da idade média deles. -
2:49 - 2:53Nunca encontrámos
nenhum fóssil Neandertal -
2:53 - 2:55com mais de 40 anos.
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2:56 - 2:57A idade média da maior parte
-
2:57 - 3:00dessas tribos de caçadores-recoletores
é entre 20 a 30 anos. -
3:00 - 3:03Há muito poucas crianças,
porque morrem -
3:03 - 3:06— uma elevada mortalidade infantil —
e há muito poucos idosos. -
3:06 - 3:09Portanto, o perfil é uma espécie
de bairro médio de São Francisco: -
3:09 - 3:11muita gente nova.
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3:11 - 3:14Se formos lá, diremos:
"Toda a gente é muito saudável." -
3:14 - 3:16Isso é porque são todos jovens.
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3:16 - 3:19Acontece o mesmo com as tribos de
caçadores-coletores e os primeiros homens, -
3:19 - 3:21não viviam para além dos 30 anos.
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3:21 - 3:24Era um mundo sem avós.
E os avós são muito importantes, -
3:24 - 3:28porque são os transmissores
da evolução cultural e da informação. -
3:29 - 3:31Imaginem um mundo onde todos
tivessem 20 ou 30 anos. -
3:31 - 3:33O que é que se pode aprender?
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3:33 - 3:36Não se pode aprender muito
durante uma vida tão curta. -
3:37 - 3:40e não há ninguém a quem transmitir
o que aprendemos. -
3:41 - 3:43Este é um aspeto.
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3:43 - 3:44Era uma vida muito curta.
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3:44 - 3:46Mas, ao mesmo tempo,
os antropólogos sabem -
3:46 - 3:49que a maior parte das tribos
de caçadores-recoletores do mundo. -
3:49 - 3:52com muito pouca tecnologia,
não gastavam muito tempo -
3:52 - 3:54a apanhar a comida de que necessitavam:
-
3:54 - 3:57três a seis horas por dia.
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3:57 - 4:00Alguns antropólogos chamam-lhe
a "era da opulência" original, -
4:00 - 4:02porque tinham horário de banqueiros.
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4:02 - 4:05Assim, era possível recolher
comida suficiente. -
4:05 - 4:08Mas, quando chegava a escassez,
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4:08 - 4:11quando chegavam as secas,
os altos e baixos, -
4:11 - 4:12as pessoas passavam fome.
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4:12 - 4:15Era por isso que não viviam muito tempo.
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4:15 - 4:17Então, o que a tecnologia trouxe,
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4:17 - 4:21através de instrumentos muito simples
como estes instrumentos de pedra -
4:21 - 4:24— até uma coisa tão pequena como isto —
-
4:24 - 4:26os primeiros grupos de seres humanos
-
4:26 - 4:32conseguiram eliminar até à extinção
cerca de 250 animais da megafauna -
4:33 - 4:36na América do Norte quando
lá chegaram há 10 000 anos. -
4:37 - 4:38Muito antes da era industrial
-
4:38 - 4:41temos vindo a afetar o planeta
à escala mundial, -
4:41 - 4:44com muito pouca tecnologia.
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4:44 - 4:47Outra coisa que os primeiros homens
inventaram foi o fogo. -
4:47 - 4:49O fogo era usado para limpar
o terreno e, mais uma vez, -
4:49 - 4:52afetou a ecologia dos prados
em continentes inteiros. -
4:53 - 4:55Também era usado para cozinhar.
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4:55 - 4:57Possibilitou-nos comer
todo o tipo de coisas. -
4:57 - 4:59Como teria dito McLuhan,
-
4:59 - 5:02foi uma espécie de estômago exterior,
-
5:02 - 5:06no sentido de que se cozinhava comida
que não podia ser comida de outro modo. -
5:06 - 5:09Se não tivéssemos fogo,
não podíamos viver. -
5:08 - 5:11O nosso corpo adaptou-se
a esta nova dieta. -
5:11 - 5:14O nosso corpo mudou
nos últimos 10 000 anos. -
5:14 - 5:17Com tão pouca tecnologia,
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5:17 - 5:20os seres humanos passaram
de um pequeno grupo de 10 000 -
5:20 - 5:22— tantos como os homens do Neandertal —
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5:22 - 5:23e subitamente explodiram.
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5:23 - 5:26Com a invenção da linguagem
há cerca de 50 000 anos, -
5:26 - 5:28o número de homens explodiu
-
5:28 - 5:30e rapidamente tornou-se
a espécie dominante no planeta. -
5:31 - 5:34Migraram para o resto do mundo
a dois quilómetros por ano -
5:34 - 5:37até que, ao fim dumas dezenas
de milhares de anos, -
5:37 - 5:40ocupámos todas as bacias
hidrográficas do planeta -
5:40 - 5:42e tornámo-nos na espécie dominante,
-
5:42 - 5:45com muito pouca tecnologia.
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5:44 - 5:47Mesmo nessa altura,
com a introdução da agricultura, -
5:47 - 5:49há 8000, 10 000 anos,
-
5:49 - 5:51começámos a ver alterações climáticas.
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5:51 - 5:53As alterações climáticas
não são novidade. -
5:53 - 5:55O que é novo é a sua dimensão.
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5:55 - 5:57Mesmo durante a era da agricultura
houve mudanças climáticas. -
5:58 - 6:01Mesmo uma tecnologia diminuta
já começava a transformar o mundo, -
6:01 - 6:07o que significa que a tecnologia
tornou-se a força mais poderosa no mundo. -
6:08 - 6:10Podemos sempre relacionar
todas as coisas que vemos hoje -
6:10 - 6:14e que estão a mudar a nossa vida,
à introdução de uma nova tecnologia. -
6:14 - 6:17Trata-se de uma força
que é a força mais poderosa -
6:17 - 6:19jamais libertada neste planeta,
-
6:19 - 6:22a um nível tal que, segundo penso,
-
6:22 - 6:27tornou-se em quem nós somos.
-
6:27 - 6:30A nossa humanidade e tudo aquilo
que pensamos sobre nós próprios -
6:30 - 6:32é uma coisa que nós inventámos.
-
6:32 - 6:34Portanto, inventámo-nos a nós mesmos.
-
6:34 - 6:36De todos os animais que domesticámos,
-
6:36 - 6:39o animal mais importante
que domesticámos fomos nós. -
6:39 - 6:42A humanidade é a nossa maior invenção.
-
6:43 - 6:45Mas é claro que ainda não acabámos.
-
6:45 - 6:47Ainda estamos a inventar,
e é a tecnologia que permite -
6:47 - 6:50que nos reinventemos continuamente.
-
6:50 - 6:53É uma força muitíssimo forte.
-
6:53 - 6:56Eu chamo a isto tudo
— aos seres humanos e à nossa tecnologia, -
6:56 - 6:58a tudo o que fizemos,
as engenhocas na nossa vida — -
6:58 - 7:01chamamos-lhe "technium",
ou seja, este mundo. -
7:01 - 7:03A minha de definição
operacional de tecnologia -
7:03 - 7:05é "tudo o que seja útil
criado pelo engenho humano." -
7:05 - 7:09Não são apenas martelos e dispositivos,
como computadores portáteis. -
7:09 - 7:10É também a lei.
-
7:10 - 7:14Claro que as cidades são uma forma
de nos tornar as coisas mais úteis. -
7:14 - 7:17Isto é uma coisa que sai
dos nossos pensamentos, -
7:17 - 7:21mas também tem raízes profundas no cosmos.
-
7:21 - 7:23Remonta ao passado.
-
7:23 - 7:26As origens e as raízes da tecnologia
remontam ao Big Bang, -
7:26 - 7:28na medida em que fazem parte
-
7:28 - 7:30deste fio condutor que se auto-organiza
-
7:30 - 7:32que começa no Big Bang
-
7:32 - 7:34e passa pelas galáxias e pelas estrelas,
-
7:34 - 7:36para chegar à vida e até nós.
-
7:36 - 7:39As três fases principais
do universo primitivo -
7:39 - 7:41são a energia, quando a força
dominante era a energia; -
7:41 - 7:44depois, á medida que ia arrefecendo,
passou a matéria; -
7:44 - 7:47e depois, com a invenção da vida,
há quatro mil milhões de anos, -
7:47 - 7:51a força dominante no nosso canto
do espaço passou a ser a informação. -
7:51 - 7:53A vida é isto. É um processo de informação
-
7:53 - 7:55que cria uma nova ordem
através da restruturação. -
7:55 - 7:58Portanto, esta energia,
e matéria que Einstein mostrou -
7:58 - 8:02é a mesma coisa, e agora a nova ciência
da informática quântica mostra -
8:02 - 8:06que a entropia e a informação,
a matéria e a energia -
8:06 - 8:08estão interligadas, portanto
é um contínuo permanente. -
8:09 - 8:12Introduzimos energia
no tipo certo de sistema -
8:12 - 8:14e obtemos calor desperdiçado,
-
8:14 - 8:18entropia e extropia, que é ordem.
-
8:19 - 8:20É uma ordem acrescida.
-
8:20 - 8:23De onde vem esta ordem?
As suas raízes vêm de longe. -
8:23 - 8:25Na verdade, não sabemos.
-
8:25 - 8:27Mas sabemos que a tendência
para a auto-organização. -
8:27 - 8:30através do universo, é antiga
-
8:30 - 8:32e começou com coisas como as galáxias.
-
8:32 - 8:35Elas mantiveram a sua ordem
durante milhares de milhões de anos. -
8:35 - 8:38As estrelas são basicamente
máquinas de fusão -
8:38 - 8:42que se auto-organizaram e autossustentaram
durante milhares de milhões de anos -
8:42 - 8:44esta ordem contra a entropia do mundo.
-
8:44 - 8:48As flores e as plantas são o mesmo,
uma extensão. -
8:49 - 8:52A tecnologia é basicamente
uma extensão da vida. -
8:54 - 8:57Uma tendência que reparámos
em todas estas coisas -
8:57 - 9:00é a quantidade de energia,
por grama, por segundo, -
9:00 - 9:03que flui através disso
e está a aumentar. -
9:03 - 9:07A quantidade de energia está a aumentar
segundo essa sequência. -
9:07 - 9:11Esta quantidade de energia, por grama
por segundo, que flui através da vida, -
9:11 - 9:14é maior do que a duma estrela
-
9:14 - 9:17por causa do longo ciclo
de vida da estrela, -
9:17 - 9:20a concentração de energia na vida
é maior do que a duma estrela. -
9:20 - 9:23A maior concentração de energia que vemos
-
9:23 - 9:26em qualquer parte do universo,
está num "chip" de um PC. -
9:26 - 9:29Há mais energia a fluir,
por grama por segundo -
9:29 - 9:31do que em qualquer outra coisa
que conhecemos. -
9:32 - 9:34O que eu sugiro é que,
se quisermos ver -
9:34 - 9:38para onde vai a tecnologia,
continuemos essa trajetória e digamos: -
9:38 - 9:40"Nós vamos ficar
mais concentrados em energia. -
9:40 - 9:42"É para aí que caminhamos".
-
9:42 - 9:45Por isso, agarrei no mesmo tipo de coisas,
-
9:45 - 9:48olhei para outros aspetos
da vida evolutiva e disse: -
9:48 - 9:51"Quais são as tendências gerais
na vida evolutiva?" -
9:51 - 9:54Há coisas que se dirigem
para uma maior complexidade, -
9:54 - 9:57dirigem-se para uma maior diversidade,
para uma maior especialização, -
9:58 - 10:02senciência, ubiquidade e,
mais importante, capacidade de evolução. -
10:02 - 10:06Essas mesmas coisas
estão presentes na tecnologia. -
10:05 - 10:07É para aí que a tecnologia vai.
-
10:07 - 10:12De facto, a tecnologia está a acelerar
todos os aspetos da vida. -
10:12 - 10:14Podemos ver isso a acontecer.
-
10:14 - 10:19Tal como há diversidade na vida,
há mais diversidade nas coisas que fazemos. -
10:18 - 10:21As coisas na vida começam
por uma célula geral -
10:21 - 10:22e passam a especializadas.
-
10:22 - 10:24Temos células musculares,
células cerebrais. -
10:24 - 10:27O mesmo acontece
com um martelo, por exemplo, -
10:27 - 10:29que a princípio é geral
e depois torna-se mais específico. -
10:29 - 10:32Gostaria de dizer que,
se há seis reinos de vida, -
10:32 - 10:35podemos pensar na tecnologia
como o sétimo reino da vida. -
10:35 - 10:37É um ramo que vem da forma humana.
-
10:37 - 10:41Mas a tecnologia tem uma agenda própria,
como tudo, como a própria vida. -
10:41 - 10:45Por exemplo, neste momento,
três quartos da energia que usamos -
10:45 - 10:47são usados para alimentar o "technium".
-
10:47 - 10:49Nos transportes, não é
para nos transportar, -
10:49 - 10:51é para transportar as coisas
que fazemos ou compramos. -
10:51 - 10:54Eu uso a palavra "querer".
A tecnologia quer. -
10:54 - 10:56Isto é um robô que quer
ligar-se para obter mais energia. -
10:56 - 10:58O nosso gato quer mais comida.
-
10:58 - 11:02Uma bactéria, que não tem consciência,
quer aproximar-se da luz. -
11:02 - 11:06É uma necessidade,
a tecnologia tem necessidade. -
11:05 - 11:07Ao mesmo tempo, quer dar-nos coisas
-
11:07 - 11:10e o que nos dá
é, basicamente, o progresso. -
11:10 - 11:13Podemos fazer todo o tipo de curvas,
todas elas apontam para cima. -
11:13 - 11:15Não há discussão sobre o progresso,
-
11:15 - 11:18se pusermos de lado o seu custo.
-
11:19 - 11:22É isso que preocupa
a maior parte das pessoas. -
11:22 - 11:24É que o progresso é real,
mas pensamos: -
11:24 - 11:27"Quais são os custos ambientais?"
-
11:27 - 11:31Fiz um estudo do número de artefactos
em minha casa e havia 6000. -
11:31 - 11:33Outras pessoas calculam 10 000.
-
11:34 - 11:36Quando morreu
o Rei Henrique VIII de Inglaterra, -
11:36 - 11:38ele tinha 18 000 objetos em casa,
-
11:38 - 11:41mas era a riqueza total de Inglaterra.
-
11:43 - 11:45Com toda essa riqueza da Inglaterra,
-
11:45 - 11:48Henrique VIII não podia
comprar antibióticos, -
11:48 - 11:52não podia comprar ar condicionado,
nem uma viagem de 2000 km. -
11:52 - 11:54Enquanto este condutor de riquexó na Índia
-
11:54 - 11:57pode poupar e comprar antibióticos
-
11:57 - 11:59e pode comprar ar condicionado.
-
11:59 - 12:02Pode comprar coisas que Henrique VIII,
com toda a sua riqueza, não podia comprar. -
12:02 - 12:04É isto que é o progresso.
-
12:04 - 12:07A tecnologia é egoísta.
A tecnologia é generosa. -
12:07 - 12:09Esse conflito, essa tensão,
estará connosco para sempre. -
12:09 - 12:12Por vezes quer fazer o que quer fazer,
-
12:12 - 12:14por vezes fará coisas para nós.
-
12:14 - 12:18Não sabemos em o que devemos
pensar quanto a uma nova tecnologia. -
12:18 - 12:20Neste momento, a posição, por defeito,
-
12:20 - 12:22quando aparece uma nova tecnologia,
-
12:22 - 12:24é que fala-se do princípio da precaução,
-
12:24 - 12:26o que é muito comum na Europa.
-
12:26 - 12:28E que diz, basicamente: "Não façam nada.
-
12:28 - 12:31"Quando encontrarem
uma nova tecnologia, parem, -
12:31 - 12:33"até se poder provar que não há perigo".
-
12:33 - 12:35Penso que não leva a parte alguma.
-
12:35 - 12:38Mas uma forma melhor, a que eu chamo
um princípio de pró-ação, é: -
12:38 - 12:40Envolvam-se com a tecnologia.
-
12:40 - 12:42Experimentem-na.
-
12:42 - 12:46Obviamente, fazemos o que sugere
o princípio da precaução, -
12:46 - 12:47tentamos prevê-la.
-
12:47 - 12:50Mas depois de a prever,
avaliamo-la constantemente, -
12:50 - 12:53não só uma vez, mas eternamente.
-
12:53 - 12:55Quando ela se desvia do que queremos,
-
12:55 - 12:57estabelecemos prioridades de risco,
-
12:57 - 13:00avaliamos o novo material,
avaliamos o material antigo. -
13:00 - 13:03reparamo-la e, mais importante,
deslocalizamo-la. -
13:03 - 13:06Com isto quero dizer
que lhe arranjamos uma nova tarefa. -
13:07 - 13:10A energia nuclear, a fissão,
é uma má ideia para bombas. -
13:10 - 13:12Mas pode ser uma excelente ideia
-
13:12 - 13:16virando-a para a energia
nuclear sustentável, -
13:16 - 13:18para a eletricidade,
em vez de queimar carvão. -
13:18 - 13:21Quando temos uma ideia má,
a resposta a uma ideia má -
13:21 - 13:24não é ideia nenhuma,
não é deixar de pensar. -
13:25 - 13:27A resposta a uma ideia má
-
13:27 - 13:29— como, digamos,
uma lâmpada de tungsténio — -
13:29 - 13:31é uma ideia melhor.
-
13:32 - 13:35As ideias melhores
são sempre uma resposta -
13:35 - 13:37a uma tecnologia de que não gostamos,
-
13:37 - 13:40são habitualmente uma tecnologia melhor.
-
13:40 - 13:42Em certo sentido, a tecnologia
-
13:42 - 13:45é uma espécie de método
para gerar melhores ideias, -
13:45 - 13:47se pudermos pensar nela deste modo.
-
13:47 - 13:50Provavelmente, deitar DDT nas culturas
tenha sido má ideia. -
13:50 - 13:53Mas nada melhor do que
DDT deitado nas casas -
13:53 - 13:55para eliminar a malária,
-
13:55 - 13:58para além dos mosquiteiros
impregnados com DDT. -
13:58 - 14:02Isso é realmente uma boa ideia.
É um bom trabalho para a tecnologia. -
14:02 - 14:05A nossa tarefa como seres humanos
-
14:05 - 14:06é preparar a cabeça aos filhos,
-
14:06 - 14:08arranjar-lhes bons amigos,
-
14:08 - 14:10arranjar-lhes um bom emprego.
-
14:10 - 14:13Toda a tecnologia é uma espécie
duma força criativa -
14:13 - 14:14à procura da tarefa certa.
-
14:14 - 14:17Aquele ali é o meu filho,
-
14:17 - 14:18(Risos)
-
14:18 - 14:20Não há tecnologias más,
-
14:20 - 14:22tal como não há crianças más.
-
14:22 - 14:25Não dizemos que as crianças são neutras,
as crianças são positivas. -
14:25 - 14:27Só temos que lhes arranjar o lugar certo.
-
14:27 - 14:30O que a tecnologia nos dá,
-
14:30 - 14:33a longo prazo, ao longo da longa evolução,
-
14:33 - 14:35desde o início dos tempos,
-
14:35 - 14:39através da invenção
das plantas e dos animais -
14:39 - 14:41e da evolução da vida,
da evolução do cérebro, -
14:41 - 14:44o que está sempre a dar-nos
-
14:44 - 14:46são diferenças crescentes:
-
14:46 - 14:48É uma diversidade crescente,
são opções crescentes, -
14:48 - 14:50são escolhas, oportunidades crescentes,
-
14:50 - 14:52possibilidades e liberdades crescentes.
-
14:52 - 14:55É o que obtemos sempre da tecnologia.
-
14:55 - 14:58É por isso que as pessoas saem das aldeias
e vão para as cidades, -
14:58 - 15:00é porque estão sempre a gravitar
-
15:00 - 15:03em volta de escolhas
e possibilidades acrescidas. -
15:03 - 15:05Temos consciência do preço.
-
15:05 - 15:07Pagamos um preço por isso,
mas temos consciência disso, -
15:07 - 15:10e, em geral, pagamos o preço
por liberdades acrescidas, -
15:10 - 15:13escolhas e oportunidades acrescidas.
-
15:13 - 15:16A tecnologia também quer água potável.
-
15:16 - 15:19A tecnologia será diametralmente
oposta à natureza? -
15:20 - 15:23Como a tecnologia é uma extensão da vida,
-
15:23 - 15:27está em paralelo e alinhada
com as mesmas coisas que a vida quer. -
15:27 - 15:30Portanto, acho que a tecnologia
adora a biologia, -
15:30 - 15:31se lho permitirmos.
-
15:31 - 15:35Um grande movimento que começou
há milhares de milhões de anos, -
15:35 - 15:38está a mover-se na nossa direção
e continua a avançar. -
15:38 - 15:41A nossa escolha na tecnologia,
por assim dizer, -
15:41 - 15:45é alinharmos com esta força
muito maior do que nós mesmos. -
15:45 - 15:48A tecnologia é mais do que
essa coisa nos vossos bolsos. -
15:48 - 15:51É mais do que simples dispositivos,
do que as coisas que as pessoas inventam. -
15:51 - 15:54Faz parte duma história muito longa,
-
15:54 - 15:57duma grande história, que começou
há milhares de milhões de anos. -
15:57 - 15:59Esta auto-organização
vai avançado no meio de nós, -
15:59 - 16:01nós estamos a aumentá-la
e a acelerá-la, -
16:01 - 16:04e podemos fazer parte dela
alinhando a tecnologia -
16:04 - 16:05que fazemos com ela.
-
16:06 - 16:08Muito obrigado pela vossa atenção.
-
16:08 - 16:12(Aplausos)
- Title:
- A história épica da tecnologia
- Speaker:
- Kevin Kelly
- Description:
-
Nesta palestra abrangente e estimulante, no TEDxAmsterdão, Kevin Kelly inspira-se no que a tecnologia significa na nossa vida — desde o seu impacto a nível pessoal até ao seu lugar no cosmos.
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:12
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Technology's epic story | ||
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