Return to Video

A história épica da tecnologia

  • 0:01 - 0:04
    Vou falar sobre as minhas investigações,
  • 0:04 - 0:08
    sobre o significado
    da tecnologia na nossa vida,
  • 0:08 - 0:11
    não só na nossa vida imediata,
    mas no sentido cósmico,
  • 0:11 - 0:15
    na longa história do mundo
  • 0:15 - 0:17
    e no nosso lugar no mundo.
  • 0:17 - 0:20
    O que é isto?
  • 0:20 - 0:21
    Qual é o seu significado?
  • 0:21 - 0:24
    Assim, vou descrever a minha história
  • 0:24 - 0:26
    sobre o que descobri.
  • 0:26 - 0:28
    Uma das primeiras coisas
    que comecei a investigar
  • 0:28 - 0:31
    foi a história do nome da tecnologia.
  • 0:31 - 0:34
    Nos EUA há o discurso do Estado da Nação
  • 0:34 - 0:37
    efetuado por todos os presidentes
    desde 1790.
  • 0:37 - 0:40
    Cada um deles é uma espécie de resumo
  • 0:40 - 0:43
    das coisas mais importantes
    para os EUA na altura.
  • 0:44 - 0:46
    Se lá procurarmos a palavra "tecnologia",
  • 0:46 - 0:49
    ela não foi usada senão em 1952.
  • 0:49 - 0:53
    Portanto, a tecnologia esteve ausente
    do pensamento de todos, até 1952,
  • 0:53 - 0:55
    que acontece ser o ano do meu nascimento.
  • 0:55 - 0:58
    Obviamente, a tecnologia já existia antes
  • 0:58 - 1:00
    mas nós não tínhamos consciência dela.
  • 1:00 - 1:04
    Foi uma espécie de um acordar
    desta força na nossa vida.
  • 1:04 - 1:07
    Fiz pesquisa para descobrir
    quando tinha sido usada,
  • 1:07 - 1:09
    pela primeira vez a palavra "tecnologia".
  • 1:09 - 1:11
    Foi em 1829.
  • 1:11 - 1:14
    Foi inventada por um tipo
    que iniciava um plano curricular
  • 1:14 - 1:18
    — um curso, que reunisse todo o tipo
    de artes e ofícios, e indústrias —
  • 1:18 - 1:20
    a que chamou "tecnologia".
  • 1:20 - 1:22
    Foi esse o primeiro uso da palavra.
  • 1:22 - 1:25
    Então, o que é essa coisa
  • 1:25 - 1:29
    que nos consome a todos,
    e que nos incomoda tanto?
  • 1:30 - 1:31
    Segundo Alan Kay:
  • 1:31 - 1:34
    "A tecnologia é tudo o que foi inventado
    depois de termos nascido".
  • 1:34 - 1:35
    (Risos)
  • 1:35 - 1:40
    Isto é um pouco a ideia que todos nós
    fazemos da tecnologia:
  • 1:40 - 1:42
    São todas as coisas novas.
  • 1:42 - 1:44
    Não são estradas, nem a penicilina,
  • 1:44 - 1:47
    nem os pneus, são as coisas novas.
  • 1:47 - 1:50
    O meu amigo Danny Hillis
    diz uma coisa parecida:
  • 1:50 - 1:52
    "A tecnologia é uma coisa
    que ainda não funciona."
  • 1:52 - 1:53
    (Risos)
  • 1:53 - 1:56
    O que também nos dá
    a sensação de uma coisa nova.
  • 1:56 - 1:57
    Mas sabemos que não é só
    o que é novo.
  • 1:57 - 1:59
    É uma coisa que existe há muito tempo
  • 1:59 - 2:02
    O que quero dizer é que existe
    há muitíssimo tempo.
  • 2:03 - 2:06
    Outra maneira de ver
    a tecnologia, o seu significado
  • 2:06 - 2:08
    é imaginar um mundo sem tecnologia.
  • 2:08 - 2:11
    Se eliminássemos cada pedaço
    de tecnologia no mundo atual
  • 2:11 - 2:13
    e eu quero dizer, tudo,
  • 2:13 - 2:16
    desde as lâminas,
    os raspadores, os tecidos,
  • 2:16 - 2:19
    a nossa espécie não viveria muito tempo.
  • 2:19 - 2:22
    Morreríamos aos milhares de milhões,
    e muito rapidamente.
  • 2:22 - 2:25
    Os lobos apanhar-nos-iam,
    e nós estaríamos indefesos,
  • 2:25 - 2:29
    seríamos incapazes de cultivar comida
    suficiente, ou encontrar comida suficiente.
  • 2:29 - 2:33
    Até os caçadores-recoletores
    utilizavam instrumentos rudimentares.
  • 2:33 - 2:36
    Eles tinham uma tecnologia mínima,
    mas já a tinham.
  • 2:37 - 2:40
    Se estudarmos essas tribos
    de caçadores-recoletores
  • 2:40 - 2:43
    e o homem do Neandertal, que é
    muito semelhante ao homem primitivo,
  • 2:43 - 2:46
    descobrimos uma coisa muito curiosa
    sobre esse mundo sem tecnologia.
  • 2:46 - 2:49
    Isto é uma espécie de curva
    da idade média deles.
  • 2:49 - 2:53
    Nunca encontrámos
    nenhum fóssil Neandertal
  • 2:53 - 2:55
    com mais de 40 anos.
  • 2:56 - 2:57
    A idade média da maior parte
  • 2:57 - 3:00
    dessas tribos de caçadores-recoletores
    é entre 20 a 30 anos.
  • 3:00 - 3:03
    Há muito poucas crianças,
    porque morrem
  • 3:03 - 3:06
    — uma elevada mortalidade infantil —
    e há muito poucos idosos.
  • 3:06 - 3:09
    Portanto, o perfil é uma espécie
    de bairro médio de São Francisco:
  • 3:09 - 3:11
    muita gente nova.
  • 3:11 - 3:14
    Se formos lá, diremos:
    "Toda a gente é muito saudável."
  • 3:14 - 3:16
    Isso é porque são todos jovens.
  • 3:16 - 3:19
    Acontece o mesmo com as tribos de
    caçadores-coletores e os primeiros homens,
  • 3:19 - 3:21
    não viviam para além dos 30 anos.
  • 3:21 - 3:24
    Era um mundo sem avós.
    E os avós são muito importantes,
  • 3:24 - 3:28
    porque são os transmissores
    da evolução cultural e da informação.
  • 3:29 - 3:31
    Imaginem um mundo onde todos
    tivessem 20 ou 30 anos.
  • 3:31 - 3:33
    O que é que se pode aprender?
  • 3:33 - 3:36
    Não se pode aprender muito
    durante uma vida tão curta.
  • 3:37 - 3:40
    e não há ninguém a quem transmitir
    o que aprendemos.
  • 3:41 - 3:43
    Este é um aspeto.
  • 3:43 - 3:44
    Era uma vida muito curta.
  • 3:44 - 3:46
    Mas, ao mesmo tempo,
    os antropólogos sabem
  • 3:46 - 3:49
    que a maior parte das tribos
    de caçadores-recoletores do mundo.
  • 3:49 - 3:52
    com muito pouca tecnologia,
    não gastavam muito tempo
  • 3:52 - 3:54
    a apanhar a comida de que necessitavam:
  • 3:54 - 3:57
    três a seis horas por dia.
  • 3:57 - 4:00
    Alguns antropólogos chamam-lhe
    a "era da opulência" original,
  • 4:00 - 4:02
    porque tinham horário de banqueiros.
  • 4:02 - 4:05
    Assim, era possível recolher
    comida suficiente.
  • 4:05 - 4:08
    Mas, quando chegava a escassez,
  • 4:08 - 4:11
    quando chegavam as secas,
    os altos e baixos,
  • 4:11 - 4:12
    as pessoas passavam fome.
  • 4:12 - 4:15
    Era por isso que não viviam muito tempo.
  • 4:15 - 4:17
    Então, o que a tecnologia trouxe,
  • 4:17 - 4:21
    através de instrumentos muito simples
    como estes instrumentos de pedra
  • 4:21 - 4:24
    — até uma coisa tão pequena como isto —
  • 4:24 - 4:26
    os primeiros grupos de seres humanos
  • 4:26 - 4:32
    conseguiram eliminar até à extinção
    cerca de 250 animais da megafauna
  • 4:33 - 4:36
    na América do Norte quando
    lá chegaram há 10 000 anos.
  • 4:37 - 4:38
    Muito antes da era industrial
  • 4:38 - 4:41
    temos vindo a afetar o planeta
    à escala mundial,
  • 4:41 - 4:44
    com muito pouca tecnologia.
  • 4:44 - 4:47
    Outra coisa que os primeiros homens
    inventaram foi o fogo.
  • 4:47 - 4:49
    O fogo era usado para limpar
    o terreno e, mais uma vez,
  • 4:49 - 4:52
    afetou a ecologia dos prados
    em continentes inteiros.
  • 4:53 - 4:55
    Também era usado para cozinhar.
  • 4:55 - 4:57
    Possibilitou-nos comer
    todo o tipo de coisas.
  • 4:57 - 4:59
    Como teria dito McLuhan,
  • 4:59 - 5:02
    foi uma espécie de estômago exterior,
  • 5:02 - 5:06
    no sentido de que se cozinhava comida
    que não podia ser comida de outro modo.
  • 5:06 - 5:09
    Se não tivéssemos fogo,
    não podíamos viver.
  • 5:08 - 5:11
    O nosso corpo adaptou-se
    a esta nova dieta.
  • 5:11 - 5:14
    O nosso corpo mudou
    nos últimos 10 000 anos.
  • 5:14 - 5:17
    Com tão pouca tecnologia,
  • 5:17 - 5:20
    os seres humanos passaram
    de um pequeno grupo de 10 000
  • 5:20 - 5:22
    — tantos como os homens do Neandertal —
  • 5:22 - 5:23
    e subitamente explodiram.
  • 5:23 - 5:26
    Com a invenção da linguagem
    há cerca de 50 000 anos,
  • 5:26 - 5:28
    o número de homens explodiu
  • 5:28 - 5:30
    e rapidamente tornou-se
    a espécie dominante no planeta.
  • 5:31 - 5:34
    Migraram para o resto do mundo
    a dois quilómetros por ano
  • 5:34 - 5:37
    até que, ao fim dumas dezenas
    de milhares de anos,
  • 5:37 - 5:40
    ocupámos todas as bacias
    hidrográficas do planeta
  • 5:40 - 5:42
    e tornámo-nos na espécie dominante,
  • 5:42 - 5:45
    com muito pouca tecnologia.
  • 5:44 - 5:47
    Mesmo nessa altura,
    com a introdução da agricultura,
  • 5:47 - 5:49
    há 8000, 10 000 anos,
  • 5:49 - 5:51
    começámos a ver alterações climáticas.
  • 5:51 - 5:53
    As alterações climáticas
    não são novidade.
  • 5:53 - 5:55
    O que é novo é a sua dimensão.
  • 5:55 - 5:57
    Mesmo durante a era da agricultura
    houve mudanças climáticas.
  • 5:58 - 6:01
    Mesmo uma tecnologia diminuta
    já começava a transformar o mundo,
  • 6:01 - 6:07
    o que significa que a tecnologia
    tornou-se a força mais poderosa no mundo.
  • 6:08 - 6:10
    Podemos sempre relacionar
    todas as coisas que vemos hoje
  • 6:10 - 6:14
    e que estão a mudar a nossa vida,
    à introdução de uma nova tecnologia.
  • 6:14 - 6:17
    Trata-se de uma força
    que é a força mais poderosa
  • 6:17 - 6:19
    jamais libertada neste planeta,
  • 6:19 - 6:22
    a um nível tal que, segundo penso,
  • 6:22 - 6:27
    tornou-se em quem nós somos.
  • 6:27 - 6:30
    A nossa humanidade e tudo aquilo
    que pensamos sobre nós próprios
  • 6:30 - 6:32
    é uma coisa que nós inventámos.
  • 6:32 - 6:34
    Portanto, inventámo-nos a nós mesmos.
  • 6:34 - 6:36
    De todos os animais que domesticámos,
  • 6:36 - 6:39
    o animal mais importante
    que domesticámos fomos nós.
  • 6:39 - 6:42
    A humanidade é a nossa maior invenção.
  • 6:43 - 6:45
    Mas é claro que ainda não acabámos.
  • 6:45 - 6:47
    Ainda estamos a inventar,
    e é a tecnologia que permite
  • 6:47 - 6:50
    que nos reinventemos continuamente.
  • 6:50 - 6:53
    É uma força muitíssimo forte.
  • 6:53 - 6:56
    Eu chamo a isto tudo
    — aos seres humanos e à nossa tecnologia,
  • 6:56 - 6:58
    a tudo o que fizemos,
    as engenhocas na nossa vida —
  • 6:58 - 7:01
    chamamos-lhe "technium",
    ou seja, este mundo.
  • 7:01 - 7:03
    A minha de definição
    operacional de tecnologia
  • 7:03 - 7:05
    é "tudo o que seja útil
    criado pelo engenho humano."
  • 7:05 - 7:09
    Não são apenas martelos e dispositivos,
    como computadores portáteis.
  • 7:09 - 7:10
    É também a lei.
  • 7:10 - 7:14
    Claro que as cidades são uma forma
    de nos tornar as coisas mais úteis.
  • 7:14 - 7:17
    Isto é uma coisa que sai
    dos nossos pensamentos,
  • 7:17 - 7:21
    mas também tem raízes profundas no cosmos.
  • 7:21 - 7:23
    Remonta ao passado.
  • 7:23 - 7:26
    As origens e as raízes da tecnologia
    remontam ao Big Bang,
  • 7:26 - 7:28
    na medida em que fazem parte
  • 7:28 - 7:30
    deste fio condutor que se auto-organiza
  • 7:30 - 7:32
    que começa no Big Bang
  • 7:32 - 7:34
    e passa pelas galáxias e pelas estrelas,
  • 7:34 - 7:36
    para chegar à vida e até nós.
  • 7:36 - 7:39
    As três fases principais
    do universo primitivo
  • 7:39 - 7:41
    são a energia, quando a força
    dominante era a energia;
  • 7:41 - 7:44
    depois, á medida que ia arrefecendo,
    passou a matéria;
  • 7:44 - 7:47
    e depois, com a invenção da vida,
    há quatro mil milhões de anos,
  • 7:47 - 7:51
    a força dominante no nosso canto
    do espaço passou a ser a informação.
  • 7:51 - 7:53
    A vida é isto. É um processo de informação
  • 7:53 - 7:55
    que cria uma nova ordem
    através da restruturação.
  • 7:55 - 7:58
    Portanto, esta energia,
    e matéria que Einstein mostrou
  • 7:58 - 8:02
    é a mesma coisa, e agora a nova ciência
    da informática quântica mostra
  • 8:02 - 8:06
    que a entropia e a informação,
    a matéria e a energia
  • 8:06 - 8:08
    estão interligadas, portanto
    é um contínuo permanente.
  • 8:09 - 8:12
    Introduzimos energia
    no tipo certo de sistema
  • 8:12 - 8:14
    e obtemos calor desperdiçado,
  • 8:14 - 8:18
    entropia e extropia, que é ordem.
  • 8:19 - 8:20
    É uma ordem acrescida.
  • 8:20 - 8:23
    De onde vem esta ordem?
    As suas raízes vêm de longe.
  • 8:23 - 8:25
    Na verdade, não sabemos.
  • 8:25 - 8:27
    Mas sabemos que a tendência
    para a auto-organização.
  • 8:27 - 8:30
    através do universo, é antiga
  • 8:30 - 8:32
    e começou com coisas como as galáxias.
  • 8:32 - 8:35
    Elas mantiveram a sua ordem
    durante milhares de milhões de anos.
  • 8:35 - 8:38
    As estrelas são basicamente
    máquinas de fusão
  • 8:38 - 8:42
    que se auto-organizaram e autossustentaram
    durante milhares de milhões de anos
  • 8:42 - 8:44
    esta ordem contra a entropia do mundo.
  • 8:44 - 8:48
    As flores e as plantas são o mesmo,
    uma extensão.
  • 8:49 - 8:52
    A tecnologia é basicamente
    uma extensão da vida.
  • 8:54 - 8:57
    Uma tendência que reparámos
    em todas estas coisas
  • 8:57 - 9:00
    é a quantidade de energia,
    por grama, por segundo,
  • 9:00 - 9:03
    que flui através disso
    e está a aumentar.
  • 9:03 - 9:07
    A quantidade de energia está a aumentar
    segundo essa sequência.
  • 9:07 - 9:11
    Esta quantidade de energia, por grama
    por segundo, que flui através da vida,
  • 9:11 - 9:14
    é maior do que a duma estrela
  • 9:14 - 9:17
    por causa do longo ciclo
    de vida da estrela,
  • 9:17 - 9:20
    a concentração de energia na vida
    é maior do que a duma estrela.
  • 9:20 - 9:23
    A maior concentração de energia que vemos
  • 9:23 - 9:26
    em qualquer parte do universo,
    está num "chip" de um PC.
  • 9:26 - 9:29
    Há mais energia a fluir,
    por grama por segundo
  • 9:29 - 9:31
    do que em qualquer outra coisa
    que conhecemos.
  • 9:32 - 9:34
    O que eu sugiro é que,
    se quisermos ver
  • 9:34 - 9:38
    para onde vai a tecnologia,
    continuemos essa trajetória e digamos:
  • 9:38 - 9:40
    "Nós vamos ficar
    mais concentrados em energia.
  • 9:40 - 9:42
    "É para aí que caminhamos".
  • 9:42 - 9:45
    Por isso, agarrei no mesmo tipo de coisas,
  • 9:45 - 9:48
    olhei para outros aspetos
    da vida evolutiva e disse:
  • 9:48 - 9:51
    "Quais são as tendências gerais
    na vida evolutiva?"
  • 9:51 - 9:54
    Há coisas que se dirigem
    para uma maior complexidade,
  • 9:54 - 9:57
    dirigem-se para uma maior diversidade,
    para uma maior especialização,
  • 9:58 - 10:02
    senciência, ubiquidade e,
    mais importante, capacidade de evolução.
  • 10:02 - 10:06
    Essas mesmas coisas
    estão presentes na tecnologia.
  • 10:05 - 10:07
    É para aí que a tecnologia vai.
  • 10:07 - 10:12
    De facto, a tecnologia está a acelerar
    todos os aspetos da vida.
  • 10:12 - 10:14
    Podemos ver isso a acontecer.
  • 10:14 - 10:19
    Tal como há diversidade na vida,
    há mais diversidade nas coisas que fazemos.
  • 10:18 - 10:21
    As coisas na vida começam
    por uma célula geral
  • 10:21 - 10:22
    e passam a especializadas.
  • 10:22 - 10:24
    Temos células musculares,
    células cerebrais.
  • 10:24 - 10:27
    O mesmo acontece
    com um martelo, por exemplo,
  • 10:27 - 10:29
    que a princípio é geral
    e depois torna-se mais específico.
  • 10:29 - 10:32
    Gostaria de dizer que,
    se há seis reinos de vida,
  • 10:32 - 10:35
    podemos pensar na tecnologia
    como o sétimo reino da vida.
  • 10:35 - 10:37
    É um ramo que vem da forma humana.
  • 10:37 - 10:41
    Mas a tecnologia tem uma agenda própria,
    como tudo, como a própria vida.
  • 10:41 - 10:45
    Por exemplo, neste momento,
    três quartos da energia que usamos
  • 10:45 - 10:47
    são usados para alimentar o "technium".
  • 10:47 - 10:49
    Nos transportes, não é
    para nos transportar,
  • 10:49 - 10:51
    é para transportar as coisas
    que fazemos ou compramos.
  • 10:51 - 10:54
    Eu uso a palavra "querer".
    A tecnologia quer.
  • 10:54 - 10:56
    Isto é um robô que quer
    ligar-se para obter mais energia.
  • 10:56 - 10:58
    O nosso gato quer mais comida.
  • 10:58 - 11:02
    Uma bactéria, que não tem consciência,
    quer aproximar-se da luz.
  • 11:02 - 11:06
    É uma necessidade,
    a tecnologia tem necessidade.
  • 11:05 - 11:07
    Ao mesmo tempo, quer dar-nos coisas
  • 11:07 - 11:10
    e o que nos dá
    é, basicamente, o progresso.
  • 11:10 - 11:13
    Podemos fazer todo o tipo de curvas,
    todas elas apontam para cima.
  • 11:13 - 11:15
    Não há discussão sobre o progresso,
  • 11:15 - 11:18
    se pusermos de lado o seu custo.
  • 11:19 - 11:22
    É isso que preocupa
    a maior parte das pessoas.
  • 11:22 - 11:24
    É que o progresso é real,
    mas pensamos:
  • 11:24 - 11:27
    "Quais são os custos ambientais?"
  • 11:27 - 11:31
    Fiz um estudo do número de artefactos
    em minha casa e havia 6000.
  • 11:31 - 11:33
    Outras pessoas calculam 10 000.
  • 11:34 - 11:36
    Quando morreu
    o Rei Henrique VIII de Inglaterra,
  • 11:36 - 11:38
    ele tinha 18 000 objetos em casa,
  • 11:38 - 11:41
    mas era a riqueza total de Inglaterra.
  • 11:43 - 11:45
    Com toda essa riqueza da Inglaterra,
  • 11:45 - 11:48
    Henrique VIII não podia
    comprar antibióticos,
  • 11:48 - 11:52
    não podia comprar ar condicionado,
    nem uma viagem de 2000 km.
  • 11:52 - 11:54
    Enquanto este condutor de riquexó na Índia
  • 11:54 - 11:57
    pode poupar e comprar antibióticos
  • 11:57 - 11:59
    e pode comprar ar condicionado.
  • 11:59 - 12:02
    Pode comprar coisas que Henrique VIII,
    com toda a sua riqueza, não podia comprar.
  • 12:02 - 12:04
    É isto que é o progresso.
  • 12:04 - 12:07
    A tecnologia é egoísta.
    A tecnologia é generosa.
  • 12:07 - 12:09
    Esse conflito, essa tensão,
    estará connosco para sempre.
  • 12:09 - 12:12
    Por vezes quer fazer o que quer fazer,
  • 12:12 - 12:14
    por vezes fará coisas para nós.
  • 12:14 - 12:18
    Não sabemos em o que devemos
    pensar quanto a uma nova tecnologia.
  • 12:18 - 12:20
    Neste momento, a posição, por defeito,
  • 12:20 - 12:22
    quando aparece uma nova tecnologia,
  • 12:22 - 12:24
    é que fala-se do princípio da precaução,
  • 12:24 - 12:26
    o que é muito comum na Europa.
  • 12:26 - 12:28
    E que diz, basicamente: "Não façam nada.
  • 12:28 - 12:31
    "Quando encontrarem
    uma nova tecnologia, parem,
  • 12:31 - 12:33
    "até se poder provar que não há perigo".
  • 12:33 - 12:35
    Penso que não leva a parte alguma.
  • 12:35 - 12:38
    Mas uma forma melhor, a que eu chamo
    um princípio de pró-ação, é:
  • 12:38 - 12:40
    Envolvam-se com a tecnologia.
  • 12:40 - 12:42
    Experimentem-na.
  • 12:42 - 12:46
    Obviamente, fazemos o que sugere
    o princípio da precaução,
  • 12:46 - 12:47
    tentamos prevê-la.
  • 12:47 - 12:50
    Mas depois de a prever,
    avaliamo-la constantemente,
  • 12:50 - 12:53
    não só uma vez, mas eternamente.
  • 12:53 - 12:55
    Quando ela se desvia do que queremos,
  • 12:55 - 12:57
    estabelecemos prioridades de risco,
  • 12:57 - 13:00
    avaliamos o novo material,
    avaliamos o material antigo.
  • 13:00 - 13:03
    reparamo-la e, mais importante,
    deslocalizamo-la.
  • 13:03 - 13:06
    Com isto quero dizer
    que lhe arranjamos uma nova tarefa.
  • 13:07 - 13:10
    A energia nuclear, a fissão,
    é uma má ideia para bombas.
  • 13:10 - 13:12
    Mas pode ser uma excelente ideia
  • 13:12 - 13:16
    virando-a para a energia
    nuclear sustentável,
  • 13:16 - 13:18
    para a eletricidade,
    em vez de queimar carvão.
  • 13:18 - 13:21
    Quando temos uma ideia má,
    a resposta a uma ideia má
  • 13:21 - 13:24
    não é ideia nenhuma,
    não é deixar de pensar.
  • 13:25 - 13:27
    A resposta a uma ideia má
  • 13:27 - 13:29
    — como, digamos,
    uma lâmpada de tungsténio —
  • 13:29 - 13:31
    é uma ideia melhor.
  • 13:32 - 13:35
    As ideias melhores
    são sempre uma resposta
  • 13:35 - 13:37
    a uma tecnologia de que não gostamos,
  • 13:37 - 13:40
    são habitualmente uma tecnologia melhor.
  • 13:40 - 13:42
    Em certo sentido, a tecnologia
  • 13:42 - 13:45
    é uma espécie de método
    para gerar melhores ideias,
  • 13:45 - 13:47
    se pudermos pensar nela deste modo.
  • 13:47 - 13:50
    Provavelmente, deitar DDT nas culturas
    tenha sido má ideia.
  • 13:50 - 13:53
    Mas nada melhor do que
    DDT deitado nas casas
  • 13:53 - 13:55
    para eliminar a malária,
  • 13:55 - 13:58
    para além dos mosquiteiros
    impregnados com DDT.
  • 13:58 - 14:02
    Isso é realmente uma boa ideia.
    É um bom trabalho para a tecnologia.
  • 14:02 - 14:05
    A nossa tarefa como seres humanos
  • 14:05 - 14:06
    é preparar a cabeça aos filhos,
  • 14:06 - 14:08
    arranjar-lhes bons amigos,
  • 14:08 - 14:10
    arranjar-lhes um bom emprego.
  • 14:10 - 14:13
    Toda a tecnologia é uma espécie
    duma força criativa
  • 14:13 - 14:14
    à procura da tarefa certa.
  • 14:14 - 14:17
    Aquele ali é o meu filho,
  • 14:17 - 14:18
    (Risos)
  • 14:18 - 14:20
    Não há tecnologias más,
  • 14:20 - 14:22
    tal como não há crianças más.
  • 14:22 - 14:25
    Não dizemos que as crianças são neutras,
    as crianças são positivas.
  • 14:25 - 14:27
    Só temos que lhes arranjar o lugar certo.
  • 14:27 - 14:30
    O que a tecnologia nos dá,
  • 14:30 - 14:33
    a longo prazo, ao longo da longa evolução,
  • 14:33 - 14:35
    desde o início dos tempos,
  • 14:35 - 14:39
    através da invenção
    das plantas e dos animais
  • 14:39 - 14:41
    e da evolução da vida,
    da evolução do cérebro,
  • 14:41 - 14:44
    o que está sempre a dar-nos
  • 14:44 - 14:46
    são diferenças crescentes:
  • 14:46 - 14:48
    É uma diversidade crescente,
    são opções crescentes,
  • 14:48 - 14:50
    são escolhas, oportunidades crescentes,
  • 14:50 - 14:52
    possibilidades e liberdades crescentes.
  • 14:52 - 14:55
    É o que obtemos sempre da tecnologia.
  • 14:55 - 14:58
    É por isso que as pessoas saem das aldeias
    e vão para as cidades,
  • 14:58 - 15:00
    é porque estão sempre a gravitar
  • 15:00 - 15:03
    em volta de escolhas
    e possibilidades acrescidas.
  • 15:03 - 15:05
    Temos consciência do preço.
  • 15:05 - 15:07
    Pagamos um preço por isso,
    mas temos consciência disso,
  • 15:07 - 15:10
    e, em geral, pagamos o preço
    por liberdades acrescidas,
  • 15:10 - 15:13
    escolhas e oportunidades acrescidas.
  • 15:13 - 15:16
    A tecnologia também quer água potável.
  • 15:16 - 15:19
    A tecnologia será diametralmente
    oposta à natureza?
  • 15:20 - 15:23
    Como a tecnologia é uma extensão da vida,
  • 15:23 - 15:27
    está em paralelo e alinhada
    com as mesmas coisas que a vida quer.
  • 15:27 - 15:30
    Portanto, acho que a tecnologia
    adora a biologia,
  • 15:30 - 15:31
    se lho permitirmos.
  • 15:31 - 15:35
    Um grande movimento que começou
    há milhares de milhões de anos,
  • 15:35 - 15:38
    está a mover-se na nossa direção
    e continua a avançar.
  • 15:38 - 15:41
    A nossa escolha na tecnologia,
    por assim dizer,
  • 15:41 - 15:45
    é alinharmos com esta força
    muito maior do que nós mesmos.
  • 15:45 - 15:48
    A tecnologia é mais do que
    essa coisa nos vossos bolsos.
  • 15:48 - 15:51
    É mais do que simples dispositivos,
    do que as coisas que as pessoas inventam.
  • 15:51 - 15:54
    Faz parte duma história muito longa,
  • 15:54 - 15:57
    duma grande história, que começou
    há milhares de milhões de anos.
  • 15:57 - 15:59
    Esta auto-organização
    vai avançado no meio de nós,
  • 15:59 - 16:01
    nós estamos a aumentá-la
    e a acelerá-la,
  • 16:01 - 16:04
    e podemos fazer parte dela
    alinhando a tecnologia
  • 16:04 - 16:05
    que fazemos com ela.
  • 16:06 - 16:08
    Muito obrigado pela vossa atenção.
  • 16:08 - 16:12
    (Aplausos)
Title:
A história épica da tecnologia
Speaker:
Kevin Kelly
Description:

Nesta palestra abrangente e estimulante, no TEDxAmsterdão, Kevin Kelly inspira-se no que a tecnologia significa na nossa vida — desde o seu impacto a nível pessoal até ao seu lugar no cosmos.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:12
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira accepted Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Margarida Ferreira edited Portuguese subtitles for Technology's epic story
Show all

Portuguese subtitles

Revisions