Negra em Bend: como é ser a esmagadora minoria numa cidade pequena | Anyssa Bohanan | TEDxBend
-
0:15 - 0:16Olá, pessoal.
-
0:16 - 0:18(Plateia) Olá.
-
0:18 - 0:21Oi, Oprah, se estiver assistindo,
é minha chance de te mandar um oi. -
0:21 - 0:22Mas voltando ao assunto...
-
0:22 - 0:26Bem, sei que nesta plateia
há alguns pais e mães, certo? -
0:26 - 0:28Dentre vocês que têm filhos,
-
0:28 - 0:31quantos já tiveram
"aquela conversa" com eles? -
0:32 - 0:34Né?
-
0:34 - 0:37É estranho, né? É esquisito.
-
0:37 - 0:38Posso garantir a vocês,
-
0:38 - 0:41como alguém que, quando criança,
teve essa conversa com os pais, -
0:41 - 0:44que é tão esquisito pra nós,
se não mais, quanto pra vocês. -
0:45 - 0:48A conversa aconteceu
quando eu tinha oito ou nove anos, -
0:48 - 0:50e foi estranho, acreditem.
-
0:50 - 0:52Mas, por volta dos nove ou dez anos...
-
0:52 - 0:54essa sou eu...
-
0:54 - 0:57meus pais tiveram uma conversa
totalmente diferente comigo. -
0:57 - 1:02Não sei ao certo como eles decidiram
que aquele seria o dia para isso, -
1:02 - 1:04mas, numa tarde de domingo,
-
1:04 - 1:06meu pai disse: "Tenho
que te mostrar uma coisa -
1:06 - 1:09e, depois, vamos conversar sobre ela".
-
1:09 - 1:13Aí, ele colocou um documentário
do History Channel -
1:13 - 1:15e disse: "Não quero magoar você,
-
1:15 - 1:17e sei que isso talvez te assuste,
-
1:17 - 1:20mas é muito importante que você assista".
-
1:20 - 1:22Aí, ele colocou um documentário
do History Channel, -
1:22 - 1:28e as primeiras imagens eram de um grupo
de membros muito agitados da Ku Klux Klan -
1:28 - 1:32e, pouco depois, apareciam homens negros
enforcados numa árvore. -
1:33 - 1:34Bem,
-
1:35 - 1:39ele não me fez assistir ao documentário
todo porque eu era muito sensível, -
1:39 - 1:41mas aquela conversa
que meu pai teve comigo -
1:41 - 1:46é a mesma que muitas crianças negras
nos EUA precisam ter com os pais -
1:46 - 1:51sobre a discriminação e o racismo
que sofrerão em algum momento -
1:51 - 1:52por serem negros.
-
1:53 - 1:56E meu pai disse: "Não quero te assustar.
-
1:56 - 1:59Só quero que você saiba que, um dia,
-
1:59 - 2:03talvez alguém queira te machucar
ou até te matar por você ser como é". -
2:04 - 2:06Lembro-me de ir
pro meu quarto depois disso, -
2:06 - 2:08me deitar na cama,
-
2:08 - 2:10olhar pro teto e dizer:
-
2:10 - 2:12"Por que eles nos odeiam?"
-
2:13 - 2:20Imaginem aquela menininha já pensando
em por que as pessoas não gostavam dela, -
2:20 - 2:22por causa de como ela era.
-
2:23 - 2:25Apesar da seriedade da conversa,
-
2:25 - 2:27quando fui pra escola na segunda,
-
2:27 - 2:29eu estava tranquila,
como as outras crianças, -
2:29 - 2:31contei aos meus amigos sobre a conversa
-
2:31 - 2:35e percebi que eles ficaram
desconfortáveis. -
2:35 - 2:37E só percebi mais tarde
-
2:37 - 2:39que o motivo era que alguns
dos meus amigos -
2:39 - 2:43não precisavam ter esse tipo
de conversa com os pais deles -
2:43 - 2:46sobre, de alguma forma, confrontar alguém
-
2:46 - 2:49que, um dia, iria achar
que eles eram inferiores -
2:49 - 2:52ou querer machucá-los por serem como eram.
-
2:53 - 2:56Após diversas outras
situações semelhantes, -
2:56 - 2:59simplesmente me dei conta
de que havia alguns grupos -
2:59 - 3:02com os quais eu não conseguiria
falar sobre racismo. -
3:02 - 3:05Então, mesmo em grupos
em que até as diferenças entre nós -
3:05 - 3:08eram gritantemente óbvias,
-
3:08 - 3:09eu evitava o assunto,
-
3:09 - 3:12porque não queria deixar
as pessoas desconfortáveis. -
3:12 - 3:15Vamos adiantar alguns anos.
-
3:15 - 3:16Depois de formada na faculdade,
-
3:16 - 3:20decidi usar meu diploma de jornalismo
e ensinar inglês na Coreia do Sul. -
3:22 - 3:24Foi uma experiência incrível,
-
3:24 - 3:30em parte por causa das pessoas fantásticas
que conheci, de todas as partes do mundo. -
3:30 - 3:32Mas, acreditem, mudar-se
pro outro lado do mundo -
3:32 - 3:34pode trazer alguns desafios.
-
3:34 - 3:37Certamente vocês sabem disso.
-
3:37 - 3:40Quantos aqui já foram
o único diferente num lugar, -
3:40 - 3:44o único da sua cor, do seu gênero,
da sua sexualidade? -
3:45 - 3:47Como é a sensação?
-
3:48 - 3:51Alguns vão dizer:
"Ah... nada demais. Fiquei bem". -
3:51 - 3:54Já outras pessoas se sentem
incrivelmente vulneráveis. -
3:55 - 4:00Imaginem essa sensação de desconforto
somada à memória das palavras do seu pai -
4:00 - 4:05sobre alguém talvez não gostar de você
só por você ser como é, -
4:05 - 4:07e multiplique essa sensação por mil
-
4:07 - 4:11por você ser o único diferente
num país inteiro, praticamente. -
4:11 - 4:12(Risos)
-
4:15 - 4:16Ai, ai...
-
4:17 - 4:20Mas, francamente, foi uma fase divertida.
-
4:20 - 4:24Só que me sentia como se estivesse
sob um microscópio o tempo todo. -
4:24 - 4:27Passei por experiências
das mais interessantes. -
4:27 - 4:29Tipo, um dia eu estava subindo
a escada rolante numa loja, -
4:29 - 4:34e um homem se debruçou tanto
na borda da escada pra me ver de perto -
4:34 - 4:35que achei que ele fosse me beijar.
-
4:35 - 4:38Pensei: "Pronto. Arranjei
um marido". Sabe? -
4:38 - 4:43Alguns dos meus alunos me chamavam
de "professora da África", -
4:43 - 4:45ou "professora da Jamaica",
-
4:45 - 4:47o que era tranquilo de corrigir.
-
4:47 - 4:49Era apenas desconhecimento.
-
4:50 - 4:52Uma vez, peguei um táxi,
-
4:52 - 4:56e o taxista ficou tão chocado ao me ver
quanto todo mundo ficava -
4:56 - 5:02e, após uma conversa frenética
em coreano falado super-rápido, -
5:02 - 5:06ele pediu a minha mão.
-
5:06 - 5:09Eu pensei: "Em casamento? Como assim?"
-
5:09 - 5:14Na verdade, ele só queria tentar
esfregá-la pra ver se o marrom saía. -
5:14 - 5:15(Risos)
-
5:15 - 5:19Sim, sim! Isso aconteceu de verdade.
-
5:19 - 5:21Aquilo foi mais divertido
que qualquer outra coisa, -
5:21 - 5:27e essas experiências que tive
foram mais, sabe, por desconhecimento. -
5:27 - 5:32Eles não estavam propositalmente
tentando me ofender. -
5:32 - 5:33Então, tudo bem.
-
5:33 - 5:39Mas houve outras ocasiões em que
a intenção era realmente me agredir. -
5:39 - 5:43Um fim de semana,
fui até Ulsan visitar duas amigas. -
5:43 - 5:47Ulsan é uma cidade linda
no litoral sul da Coreia do Sul, -
5:47 - 5:50com muito mais estrangeiros e turistas.
-
5:50 - 5:54Eu estava querendo muito
passar um fim de semana -
5:54 - 5:56onde menos pessoas
me encarassem, pelo menos. -
5:57 - 6:00Eu e minhas amigas
saímos e nos divertimos, -
6:00 - 6:02e terminamos o dia
num dos nossos bares favoritos. -
6:02 - 6:06De repente, enquanto conversávamos,
-
6:06 - 6:10minha amiga à minha esquerda ficou pálida
como se tivesse visto um fantasma, -
6:10 - 6:13como se tivesse levado um susto.
-
6:13 - 6:18Ela olhou pros três homens coreanos
sentados perto dela -
6:18 - 6:20e começou a gritar com eles!
-
6:21 - 6:23"Como assim? O que está acontecendo?"
-
6:24 - 6:26Eu e minha outra amiga
ficamos preocupadas. -
6:26 - 6:28Talvez eles tivessem dito a ela
algo inapropriado. -
6:28 - 6:30Eu estava pronta pra botar pra quebrar.
-
6:30 - 6:33Sou pequena, mas sou forte!
Estava pronta pra brigar! -
6:33 - 6:34(Risos)
-
6:34 - 6:35Aí,
-
6:36 - 6:40ela olha pra mim e diz,
com lágrimas nos olhos: -
6:40 - 6:43"Eles acabaram de te chamar
de 'macaca idiota'". -
6:44 - 6:45Caramba.
-
6:46 - 6:49A reação da minha
outra amiga foi visceral. -
6:49 - 6:53Ela também começou a gritar com eles,
os funcionários do bar se meteram... -
6:53 - 6:56Os caras ficaram freneticamente
tentando se explicar, -
6:56 - 6:58mas só porque foram pegos no flagra.
-
6:58 - 7:02Minha amiga que havia ouvido primeiro
correu para o banheiro, chorando, -
7:02 - 7:03muito irritada.
-
7:03 - 7:04Mas sabem de uma coisa?
-
7:05 - 7:08No meio daquela confusão,
quando percebi que aquele era o problema, -
7:09 - 7:12fiquei bastante calma
-
7:12 - 7:16porque era exatamente o que
eu vinha temendo desde os dez anos, -
7:16 - 7:18quando assisti a um documentário
-
7:18 - 7:23sobre o fato de que alguém poderia dizer
exatamente o que aquele homem tinha dito, -
7:24 - 7:25e eu sobrevivi!
-
7:26 - 7:29Sempre achei que um incidente
flagrantemente racista como aquele -
7:29 - 7:32seria como uma faca no meu peito.
-
7:33 - 7:36Só que foi mais como cortar
o dedo com um papel: -
7:36 - 7:38uma dorzinha rápida,
-
7:38 - 7:39uma pequena cicatriz,
-
7:39 - 7:43um lembrete de que aquela não seria
a pior das coisas que eu ouviria, -
7:43 - 7:45e que eu sobreviveria.
-
7:46 - 7:49Mas nem tudo na Coreia do Sul
foi tão dramático assim pra mim. -
7:49 - 7:51Só estou contando as partes mais doidas.
-
7:51 - 7:54Francamente, foi a melhor
experiência da minha vida. -
7:54 - 7:59Me tornou uma pessoa mais forte,
mais confiante e mais resiliente. -
8:00 - 8:02Essa recém-descoberta confiança
foi provavelmente o motivo -
8:02 - 8:04de, três meses depois de voltar aos EUA
-
8:04 - 8:07e receber a oferta
de emprego aqui em Bend, -
8:07 - 8:10eu ter agarrado a oportunidade.
-
8:10 - 8:13Parecia o emprego dos sonhos
ser uma contadora de histórias, -
8:13 - 8:15e não apenas uma repórter.
-
8:15 - 8:18Quando falei ao telefone
com o meu hoje chefe, -
8:18 - 8:22ele me informou que Bend
não tinha muita diversidade... -
8:22 - 8:23(Risos)
-
8:23 - 8:29"Não tinha muita diversidade"
significava que havia muita gente branca! -
8:29 - 8:30(Risos)
-
8:30 - 8:31Mas tudo bem!
-
8:31 - 8:35Eu disse: "Bem, sabe, eu já morei
num país completamente diferente". -
8:35 - 8:38Qual o problema em morar
num estado completamente diferente? -
8:39 - 8:43A diferença, senhoras e senhores,
é que, na Coreia do Sul, -
8:43 - 8:48eu tinha outras pessoas ao meu redor
com a mesma sensação de forasteiro, -
8:48 - 8:50a sensação de não pertencer ao lugar.
-
8:50 - 8:55Aqui em Bend, eu não tive muitas
outras pessoas que sentissem o mesmo, -
8:55 - 8:59e eu estava vivendo tudo isso
sendo uma pessoa pública. -
9:00 - 9:03Os jornalistas não podem expressar
opiniões publicamente. -
9:03 - 9:06Somos figuras imparciais da comunidade,
-
9:06 - 9:08algo com que tive dificuldade
em alguns aspectos, -
9:08 - 9:10mas que, em grande parte, compreendo,
-
9:10 - 9:13porque isso era tudo
que sempre quis fazer, -
9:13 - 9:14e faz parte do trabalho.
-
9:15 - 9:20Mas ser a única negra na TV
pode trazer desafios únicos, -
9:21 - 9:26e me vejo colocando a mim mesma
em duas categorias com frequência: -
9:26 - 9:30a Anyssa jornalista e a Anyssa moça negra.
-
9:31 - 9:35Essas duas categorias se chocaram
pela primeira vez no verão passado, -
9:35 - 9:40na mesma semana em que Philando Castile
e Alton Stirling, dois homens negros, -
9:40 - 9:42foram baleados e mortos
em estados diferentes; -
9:42 - 9:46a mesma semana em que cinco policiais
foram baleados e mortos em Dallas -
9:46 - 9:48em reação àquelas mortes.
-
9:48 - 9:50Foi uma semana difícil para os EUA,
-
9:50 - 9:54e com certeza foi uma semana
difícil para o jornalismo. -
9:55 - 9:58Mas, na manhã do dia seguinte
à morte de Alton Stirling, -
9:58 - 10:04vi o vídeo chocante de Philando Castile
morrendo em seu carro. -
10:04 - 10:08Me senti mais exausta
que qualquer outra coisa. -
10:08 - 10:14Eu assisti ao vídeo durante alguns minutos
e me aprontei pra ir trabalhar, -
10:15 - 10:17entrei no carro,
-
10:17 - 10:18dei partida
-
10:18 - 10:22e, uns três metros à frente, se muito,
-
10:22 - 10:25comecei a chorar.
-
10:25 - 10:29Ainda é muito difícil pra mim
falar sobre isso sem me emocionar, -
10:29 - 10:32porque esses homens eram pessoas
que poderiam ser meus conhecidos. -
10:32 - 10:38Poderiam ser meus amigos, familiares,
colegas de trabalho antigos. -
10:38 - 10:42Quando cheguei ao trabalho e ninguém
estava comentando sobre aquilo, -
10:43 - 10:46me senti mais sozinha do que nunca.
-
10:47 - 10:49Foi como se o que havia acontecido
com aqueles homens -
10:49 - 10:51não tivesse importância.
-
10:51 - 10:53Me senti como se eu
não tivesse importância, -
10:53 - 10:55e ninguém nem se deu conta.
-
10:56 - 10:58Então, depois da nossa reunião matinal,
-
10:58 - 11:02perguntei ao nosso produtor por que
não estávamos cobrindo as mortes, -
11:02 - 11:05e ele disse que tínhamos que achar
um jeito de adaptar a história. -
11:05 - 11:06Tudo bem.
-
11:06 - 11:09Ele sugeriu que entrevistássemos
pessoas nas ruas. -
11:09 - 11:14Não fiquei muito empolgada,
mas pensei: "Tá bom, vamos lá". -
11:14 - 11:16Eu e meu câmera fomos ao centro da cidade
-
11:16 - 11:19e não encontramos
muita gente disposta a falar. -
11:19 - 11:21Sabe, coisas desagradáveis
simplesmente não cabem -
11:21 - 11:24num dia ensolarado de verão em Bend.
-
11:24 - 11:28Mas encontramos um casal
que nos deu uma opinião modesta, -
11:28 - 11:30e fiquei bem contente
-
11:30 - 11:33porque não achava
que conseguiríamos coisa alguma. -
11:33 - 11:36Já estávamos falando em guardar tudo
e nos preparando para ir embora, -
11:36 - 11:39quando um homem se aproximou de bicicleta:
-
11:39 - 11:44branco, 40 e poucos anos,
o tipo típico de Bend, -
11:44 - 11:46e perguntou o que estávamos fazendo.
-
11:46 - 11:48Então, dissemos:
-
11:48 - 11:51estávamos colhendo opiniões
sobre as mortes que haviam ocorrido. -
11:51 - 11:55E ele disse: "Tenho opinião,
mas não quero falar sendo filmado". -
11:55 - 11:58Perguntamos várias vezes a ele:
"Tem certeza? Tem certeza?" -
11:58 - 12:01Porque, sabe, a conversa não avançava.
-
12:01 - 12:03Com certeza ele queria
compartilhar sua opinião. -
12:03 - 12:06E antes que conseguíssemos convencê-lo
-
12:06 - 12:09de que talvez ele devesse nos contar
enquanto a câmera filmava, -
12:09 - 12:15ele começou a dar uma longa opinião
sobre tudo, de muçulmanos a imigrantes, -
12:15 - 12:17e aí ele concluiu dizendo:
-
12:17 - 12:19"Detesto dizer isso,
porque você é negra..." -
12:19 - 12:22Vamos parar aqui
para aprendermos uma coisinha: -
12:22 - 12:24nenhuma frase boa jamais...
-
12:24 - 12:27(Risos)
-
12:27 - 12:30começa com "detesto ser racista, mas...".
-
12:30 - 12:32(Risos)
-
12:32 - 12:35Então, ele disse:
-
12:35 - 12:37"Detesto dizer isso, porque você é negra,
-
12:37 - 12:40mas vocês são grandes,
mais fortes, mais rápidos, -
12:40 - 12:43e às vezes a polícia precisa atirar
porque fica com medo". -
12:43 - 12:45(Plateia) Oh...
-
12:45 - 12:48"E, estatisticamente,
os negros são mais violentos. -
12:48 - 12:49É só você pesquisar."
-
12:51 - 12:54Eu fiquei totalmente paralisada.
-
12:54 - 12:56Não conseguia acreditar
no que ele havia dito. -
12:56 - 13:02E ele me disse isso num dia ensolarado,
bem no centro de Bend, -
13:02 - 13:06tão naturalmente quanto se estivesse
me dizendo que o céu era azul. -
13:07 - 13:10Foi como uma facada.
-
13:14 - 13:16Então,
-
13:16 - 13:18agora que contei isso a vocês,
-
13:19 - 13:25algumas semanas atrás, fizemos uma matéria
sobre eu contando essa mesma história, -
13:25 - 13:28e a repercussão e os comentários
foram assustadores. -
13:29 - 13:32Muitas pessoas ficaram incomodadas
-
13:32 - 13:36pelo fato de eu ter feito
"todo mundo em Bend parecer racista", -
13:36 - 13:38e disseram que nunca mais
assistiriam à nossa programação. -
13:39 - 13:41Outras sugeriram
que, se eu quisesse diversidade, -
13:41 - 13:43eu devia sair da cidade!
-
13:45 - 13:50Aí, claro, houve o infame comentário
das "cinco pessoas negras em Bend". -
13:50 - 13:52Se eu pudesse voltar atrás em algo,
-
13:52 - 13:53seria isso.
-
13:53 - 13:56Recentemente eu disse
que havia cinco de nós em Bend, -
13:56 - 13:59e as pessoas retrucaram, dizendo:
-
13:59 - 14:01"Conheço pelo menos
12 negros aqui em Bend". -
14:01 - 14:02(Risos)
-
14:02 - 14:04"Treze, até!"
-
14:04 - 14:05(Risos)
-
14:08 - 14:12A essas pessoas, eu digo: "Acho
que não entenderam o cerne da questão", -
14:13 - 14:16e elas meio que confirmaram
sem querer o que eu disse. -
14:17 - 14:20Não importa se você conhece 12 negros,
-
14:20 - 14:24ou 13, ou 25 negros em Bend.
-
14:24 - 14:27O fato de poderem contar quantos somos
numa cidade com milhares de habitantes -
14:27 - 14:29devia fazer vocês refletirem.
-
14:29 - 14:31Meu objetivo não era dar
uma contagem de censo -
14:31 - 14:34nem chamar todos da região de racistas.
-
14:34 - 14:36Pra mim, a questão continua sendo
-
14:36 - 14:40que temos que achar uma forma de falarmos
confortavelmente sobre racismo. -
14:40 - 14:45Assim que mencionei isso,
foi modo de ataque, de defensiva. -
14:47 - 14:51Frequentemente as pessoas querem evitar
reconhecer o fato de que sou negra. -
14:51 - 14:55A frase de que menos gosto é:
"Não enxergo sua cor". -
14:56 - 14:59Sei que quem diz isso quer dizer
que vê todos como iguais, -
14:59 - 15:02mas por que não pode me ver
como igual e negra? -
15:03 - 15:06Eu jamais diria:
"Não enxergo você como branco". -
15:06 - 15:09(Risos)
-
15:12 - 15:15(Aplausos)
-
15:19 - 15:22Sabe, vocês devem reconhecer
que sou negra, pois pra mim tudo bem. -
15:22 - 15:26Quero que saibam que sou uma profissional
-
15:26 - 15:28e que sou negra.
-
15:28 - 15:30Também quero que saibam
-
15:30 - 15:33que, embora possa haver
mais do que cinco de nós em Bend, -
15:33 - 15:38às vezes sinto como se fosse a única
num mar de literalmente milhares, -
15:38 - 15:41e isso às vezes é bem difícil e cansativo
-
15:41 - 15:45em dias em que já não estou muito bem.
-
15:46 - 15:48Quero que saibam que morar aqui em Bend
-
15:48 - 15:52pode ser tão incrível
quanto foi morar na Coreia do Sul, -
15:52 - 15:56mas também é assustador
quando estou andando na rua -
15:56 - 15:59e fico imaginando quem está
passando ao meu lado -
15:59 - 16:04pensando exatamente a mesma coisa
que aquele homem me disse uma vez. -
16:05 - 16:08Não quero sair daqui
deixando generalizações simplistas -
16:08 - 16:12tipo "todos os negros são vitimizados"
ou "todos os brancos são racistas". -
16:12 - 16:17Mas, numa comunidade como Bend,
de maioria branca, -
16:17 - 16:20quero saber: como podemos aprender juntos?
-
16:20 - 16:23Como podemos criar uma comunidade melhor
-
16:23 - 16:27se nunca enxergamos nossas diferenças,
só nossas semelhanças? -
16:27 - 16:32Se reconhecermos nossas diferenças
e enxergarmos uns aos outros por inteiro, -
16:32 - 16:36imaginem o quanto podemos melhorar
não só Bend, mas o mundo. -
16:36 - 16:37Obrigada.
-
16:37 - 16:40(Aplausos) (Vivas)
- Title:
- Negra em Bend: como é ser a esmagadora minoria numa cidade pequena | Anyssa Bohanan | TEDxBend
- Description:
-
Você já se viu num lugar em que era o único diferente? Anyssa Bohanan vivenciou essa sensação num nível extremo, primeiro como uma das únicas afro-americanas morando na Coreia do Sul, e depois como uma das pouquíssimas em Bend, no interior do estado de Oregon. Suas vivências como minoria tanto em seu país quanto no exterior vão de engraçadas a transformadoras. Ela espera que, compartilhando essas experiências, ela possa fazer a diferença na vida de pelo menos uma pessoa que se sinta como ela.
Anyssa Bohanan, repórter do noticiário local em Bend, é uma autoproclamada "futura Oprah". Na verdade, quando criança, ela entrevistava seus ursinhos de pelúcia, e ela atribui o fato de conseguir falar com qualquer um, em qualquer lugar, por ter crescido com filha de pais militares. Passar um período de dois anos na Coreia do Sul ensinando inglês mostrou a Bohanan a importância de sair de sua zona de conforto. Andar pelas ruas de um país completamente diferente e passar por uma experiência de autodescoberta em uma cidade desconhecida pra ela em seu próprio país lhe ensinou que ser diferente não precisa ser uma coisa ruim, independentemente de onde você esteja.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 17:06