Por que precisamos, ou não, de um cérebro | Jack Lyons | TEDxHendrixCollege
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0:01 - 0:02Obrigado.
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0:03 - 0:07É uma honra participar do primeiro TEDx...
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0:07 - 0:10Estão sacudindo a cabeça.
Não conseguem me ouvir? -
0:10 - 0:12Melhorou?
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0:13 - 0:18É uma honra participar do primeiro
evento TEDx no Arkansas. -
0:19 - 0:23Fico feliz por terem convidado um filósofo
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0:23 - 0:28para participar desta série de palestras
sobre a mente e o cérebro. -
0:29 - 0:34Talvez seja como chamar um poeta
para palestrar numa conferência de química -
0:34 - 0:37e espero que não se arrependam.
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0:38 - 0:44Gostaria de discorrer a respeito
de certa ambivalência sobre o cérebro, -
0:45 - 0:47daí o título da palestra:
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0:47 - 0:51"Por que precisamos, ou não,
de um cérebro". -
0:52 - 0:55Relaxem, gosto do cérebro,
só não sou louco por ele. -
0:55 - 0:59Gosto dele, mas não com a mesma
intensidade que outras pessoas. -
1:01 - 1:07Falarei sobre uma questão
antiga da filosofia. -
1:07 - 1:10Já devem ter ouvido falar
sobre o problema mente-corpo, -
1:10 - 1:13que tem a ver com a relação
entre a mente e o corpo, -
1:13 - 1:17especificamente de como a mente
está relacionada ao cérebro. -
1:20 - 1:23A perspectiva mais antiga,
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1:23 - 1:27e talvez a mais conhecida
pelo nome sobre essa relação, -
1:27 - 1:29é a que chamamos de "dualismo",
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1:29 - 1:32que defende que a mente
e o cérebro são distintos. -
1:32 - 1:37Dualismo é a teoria de que a mente
é o "fantasma na máquina". -
1:37 - 1:41Isso já foi amplamente desacreditado.
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1:41 - 1:43Algumas pessoas ainda acreditam nisso,
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1:43 - 1:45mas a maioria, não.
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1:45 - 1:49Isso porque há simplesmente
muitas correlações mente-cérebro. -
1:49 - 1:52Acontece que tudo que tem uma mente,
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1:52 - 1:55no geral, tem um cérebro,
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1:55 - 1:57e vice-versa.
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1:57 - 2:00E que, quando certas partes
do cérebro são danificadas, -
2:00 - 2:03certas capacidades mentais desaparecem.
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2:03 - 2:06[Inaudível] capacidades
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2:06 - 2:10e certas alterações
cerebrais as acompanham. -
2:10 - 2:14Portanto, as pessoas não concordam
muito com o dualismo, -
2:14 - 2:18então precisamos de um tipo
aceitável de fisicalismo. -
2:19 - 2:20Reducionismo,
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2:20 - 2:23às vezes conhecido
como "teoria da identidade". -
2:23 - 2:25é a visão de que a mente é o cérebro.
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2:25 - 2:28É uma perspectiva
simples, direta e agradável. -
2:28 - 2:31Essas são as pessoas que amam o cérebro.
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2:32 - 2:36A mente é o cérebro,
segundo o reducionismo, -
2:36 - 2:41e isso é uma perspectiva boa,
sólida e cientificamente respeitável. -
2:42 - 2:47Mas eu quero endossar o funcionalismo.
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2:47 - 2:51Segundo uma versão do funcionalismo,
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2:51 - 2:53é a ideia de que a mente é
o "software" do cérebro. -
2:53 - 2:57Então, o funcionalista é a pessoa
ambivalente sobre o cérebro. -
2:57 - 3:00Ele pensa que o cérebro é importante,
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3:00 - 3:04mas que não é exatamente
o que os reducionistas acham que é. -
3:04 - 3:07Então, ao longo da palestra,
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3:07 - 3:11não falarei mais sobre o dualismo.
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3:11 - 3:13Iremos supor que o cérebro é importante
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3:13 - 3:15e o que queremos entender
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3:15 - 3:19é como, por que e onde
exatamente ele é importante. -
3:21 - 3:27Então, a diferença entre o funcionalismo
e o reducionismo é sutil, mas importante; -
3:27 - 3:31por isso, quero falar mais
sobre o que o reducionismo defende. -
3:31 - 3:33Ele diz que a mente é idêntica ao cérebro
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3:33 - 3:35e que certas competências mentais
-
3:35 - 3:40são idênticas a certas
competências cerebrais. -
3:40 - 3:43Por exemplo,
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3:43 - 3:46o reducionista diz que a dor
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3:46 - 3:52é apenas um evento
cerebral do tipo tal e tal. -
3:54 - 3:57Então o reducionista diz que a dor
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3:57 - 4:03e o evento cerebral de tipo... acabei
de inventar esse número 71325, -
4:03 - 4:05são literalmente a mesma coisa.
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4:05 - 4:07E o exemplo padrão
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4:07 - 4:11é que isso seria como a identificação
teórica da água com H2O. -
4:11 - 4:14Não é algo que sabemos
só de pensar a respeito; -
4:14 - 4:15alguém teve que investigar o mundo
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4:15 - 4:19e descobrir que água e H2O
são a mesma coisa. -
4:19 - 4:22Mas, quando dizemos isso,
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4:22 - 4:25é uma declaração muito forte.
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4:25 - 4:29É declarar que Deus
não poderia ter feito um mundo -
4:29 - 4:31que contivesse água e não contivesse H2O
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4:31 - 4:35e que não poderia ter feito um mundo
que contivesse H2O e não contivesse água. -
4:35 - 4:37São literalmente a mesma coisa.
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4:37 - 4:43E o reducionista diz que o mesmo
se aplica às correlações mente-cérebro. -
4:43 - 4:46É isso que o funcionalista rejeita
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4:46 - 4:49e é sobre isso que vou falar com vocês.
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4:52 - 4:55Porque o reducionista terá que dizer
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4:55 - 4:58que não poderíamos ter uma dor
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4:58 - 5:01sem que tivéssemos eventos
cerebrais de determinado tipo. -
5:01 - 5:04Então, a dor nos humanos envolve a ínsula.
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5:04 - 5:06É uma estrutura que os peixes não têm.
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5:06 - 5:07Que conveniente.
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5:07 - 5:09Portanto peixes não sentem dor
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5:09 - 5:12e não precisamos
nos sentir mal por comê-los. -
5:12 - 5:14Isso seria bom,
-
5:15 - 5:16mas parece fácil demais.
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5:16 - 5:19E o funcionalista afirma
que é fácil demais -
5:19 - 5:23e que precisamos pensar um pouco mais.
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5:23 - 5:24Então, o funcionalismo
-
5:24 - 5:28defenderá que os estados mentais
são de "múltipla realizabilidade". -
5:28 - 5:29Isso significa
-
5:29 - 5:33que conseguimos essas coisas em tipos
de sistemas fisicamente diferentes, -
5:33 - 5:36contanto que esses sistemas
estejam adequadamente organizados. -
5:38 - 5:39O funcionalismo alega
-
5:39 - 5:42que o importante é a estrutura do cérebro,
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5:42 - 5:44não a matéria dele.
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5:45 - 5:50E uma das várias razões para a atração
das pessoas pelo funcionalismo -
5:50 - 5:55é que ele permite a possibilidade
de inteligência artificial de verdade; -
5:55 - 6:00ou seja, poderiam existir coisas
completamente artificiais, -
6:00 - 6:04computadores, redes
conexionistas artificiais, etc., -
6:04 - 6:07que tivessem mentalidade real.
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6:09 - 6:11Aqui está um problema para o funcionalismo
-
6:11 - 6:15que se tornou importante nos últimos anos.
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6:17 - 6:23Há pouca evidência direta
da múltipla realizabilidade genuína. -
6:24 - 6:29A visão parece um excelente exemplo.
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6:29 - 6:34A visão é realizada na sexta camada
do neocórtex nos mamíferos. -
6:34 - 6:37E é realizada no hiperpallium nas aves,
-
6:37 - 6:44que é um amontoado de neurônios
-
6:49 - 6:50e tem uma estrutura nuclearizada
-
6:50 - 6:54em vez da estrutura laminada
do córtex dos mamíferos, -
6:54 - 6:57então é de um tipo bastante diferente.
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6:57 - 7:00Já os moluscos têm gânglios,
e não um cérebro de verdade; -
7:00 - 7:04são coisas que podemos chamar
de cérebro, mas que estão espalhadas. -
7:04 - 7:09Temos sistemas artificiais acionados
em alguns tipos de tarefas visuais -
7:09 - 7:10e, à primeira vista,
-
7:10 - 7:15parecem tipos radicalmente diferentes
de execução da mesma função. -
7:15 - 7:16O problema,
-
7:16 - 7:22e o reducionista gosta de usar isso
para constranger funcionalistas, -
7:22 - 7:24é que há diferenças funcionais,
-
7:24 - 7:26e não temos nenhuma razão para achar
-
7:26 - 7:30que a visão das aves
seja como a dos mamíferos, -
7:30 - 7:33ou que a visão dos moluscos
-
7:33 - 7:37seja como a das aves
ou a dos mamíferos, etc. -
7:37 - 7:42Então acabamos ficando presos a um
argumento sobre a múltipla realizabilidade -
7:42 - 7:44em vez das realizações múltiplas.
-
7:44 - 7:48Ou seja, o funcionalista ainda não provou
-
7:48 - 7:54que algumas capacidades cognitivas são,
de fato, realizadas multiplamente. -
7:54 - 7:58Só lhes sobra o argumento
de que são realizáveis multiplamente. -
8:00 - 8:05Eu defendo que a mera possibilidade
é, sim, importante, -
8:06 - 8:09e isso é algo que a maioria
dos não filósofos -
8:09 - 8:10realmente detesta na filosofia
-
8:10 - 8:14e que os reducionistas, que são filósofos,
-
8:14 - 8:18não gostam na filosofia
e no funcionalismo, -
8:18 - 8:20ou seja, que gostamos
de discutir possibilidades. -
8:20 - 8:22E, se algum de vocês
já fez uma aula de filosofia, -
8:22 - 8:25conhecem essas discussões
sobre possibilidades: -
8:25 - 8:27por exemplo, lá está você,
diante de um ônibus, -
8:27 - 8:31e se ele virar para um lado,
mata cinco pessoas, e se desviar, etc. -
8:32 - 8:35Discutir possibilidades cansa as pessoas,
-
8:35 - 8:39mas eu defendo pensar sobre isso,
-
8:39 - 8:41porque a mera possibilidade é importante.
-
8:41 - 8:47E acho isso porque as alternativas
à múltipla realizabilidade -
8:48 - 8:50são, no meu entender, duas.
-
8:50 - 8:54Uma é o argumento
de que existe algo mágico -
8:54 - 9:01sobre certas correlações
neurais cognitivas, -
9:01 - 9:04e a outra o argumento
de que se trata de necessidade bruta. -
9:04 - 9:05Explico:
-
9:06 - 9:12ao falar sobre magia, há uns 100 anos,
parece que havia uma opinião popular -
9:12 - 9:15de que o importante sobre o cérebro
-
9:15 - 9:19é que ele conteria mais fósforo
do que outros órgãos. -
9:19 - 9:24E isso supostamente explicaria
por que o cérebro é a sede do pensamento -
9:24 - 9:26em vez dos rins, por exemplo:
-
9:26 - 9:28o cérebro tem mais fósforo.
-
9:28 - 9:30As pessoas diziam coisas como:
-
9:30 - 9:34"O cérebro secreta pensamento
assim como o fígado secreta bile". -
9:34 - 9:39Não sei se era uma piada,
uma admissão de ignorância -
9:39 - 9:42ou se era uma explicação séria para eles,
-
9:42 - 9:44mas isso parece magia, não?
-
9:44 - 9:49Dizer que o cérebro secreta pensamento
por conter muito fósforo -
9:49 - 9:51não parece uma explicação.
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9:53 - 9:56Mais recentemente, como alguns
de vocês devem se lembrar, -
9:56 - 10:01nos anos 90, as teorias quânticas
da consciência eram populares. -
10:01 - 10:04O argumento tácito, aquele
que ninguém nunca afirmou de fato, -
10:04 - 10:09é que a mecânica quântica
e a consciência são misteriosas -
10:09 - 10:13logo, a consciência é mecânica quântica.
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10:13 - 10:17Mas pessoas como Stuart Hameroff,
que são muito inteligentes, -
10:17 - 10:24afirmaram que os microtúbulos
nos neurônios no cérebro -
10:24 - 10:26são do tamanho certo
-
10:26 - 10:29para influenciar a redução objetiva
da coerência quântica. -
10:29 - 10:32Também não sei o que essa frase significa.
-
10:33 - 10:36Mas isso de algum modo
produziria a consciência. -
10:36 - 10:39Novamente, parece magia.
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10:39 - 10:43Acontece que ninguém
encontrou evidências diretas -
10:43 - 10:45de nada envolvendo microtúbulos,
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10:45 - 10:48então essa ideia acabou morrendo.
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10:49 - 10:50É isso que chamo de magia,
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10:50 - 10:52mas a maioria dos reducionistas
-
10:52 - 10:56invocarão a noção de necessidade
bruta em vez de magia. -
10:56 - 10:59Voltando a uma assertiva anterior,
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10:59 - 11:05se a dor e o evento cerebral
de tipo 71235 são idênticos, -
11:05 - 11:08não há como explicar esse fato.
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11:08 - 11:13É como a alegação de que a água é H2O.
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11:13 - 11:16Não há razão nenhuma para a água ser H2O.
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11:16 - 11:21Pode haver alguma razão
para chamarmos aquilo de água, -
11:21 - 11:23mas a afirmação de que água é H2O
-
11:23 - 11:26é a afirmação de que
aquela coisa é aquela coisa, -
11:26 - 11:29e não há explicação para isso.
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11:30 - 11:33Então o que o funcionalismo promete fazer
que o reducionismo não consegue -
11:33 - 11:36é explicar correlações mente-cérebro,
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11:36 - 11:41e isso é atraente no funcionalismo.
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11:41 - 11:45Então, quais são os fatores
explicativos relevantes? -
11:46 - 11:48Vejamos uma lista parcial.
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11:48 - 11:53Um deles será a conectividade:
de onde a região recebe dados. -
11:53 - 11:59Essa região tem suas capacidades mentais;
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11:59 - 12:01uma coisa física que tem
essas capacidades mentais -
12:01 - 12:03devido ao lugar de onde recebe os dados
-
12:03 - 12:06e para onde manda seu produto.
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12:06 - 12:07E, claro,
-
12:07 - 12:12a intraconectividade dentro da região
terá muito a ver com isso. -
12:12 - 12:17Imagino que o cerebelo tenha várias
conexões internas muito ricas -
12:17 - 12:20que o tornam adequado
para o tipo de trabalho que ele faz. -
12:21 - 12:24Outra coisa sobre a qual falarei em breve
-
12:24 - 12:30é quais funções são ligadas
por um substrato neural específico. -
12:30 - 12:34Vejamos alguns exemplos
rápidos: a conectividade. -
12:34 - 12:37O hipocampo:
-
12:37 - 12:41uma das razões que o tornam
adequado à memória, -
12:41 - 12:44e Jim falou sobre o hipocampo
em outra palestra, -
12:44 - 12:47é sua localização central.
-
12:47 - 12:53É uma estrutura mediana
e espacialmente bem posicionada -
12:53 - 12:58para conectar vários
corticais sensoriais e motores -
12:58 - 13:01e está posicionada
-
13:01 - 13:06para conectar a impressão visual
da mulher de blusa verde -
13:06 - 13:11e a imagem auditiva, uma falsa imagem,
-
13:11 - 13:17da mulher dizendo "dormir", ou algo assim,
-
13:17 - 13:21ou "cheirar"; pensei no exemplo errado.
-
13:22 - 13:25O lobo occipital é o córtex visual
-
13:25 - 13:30e isso deve ter muito a ver
com o fato de que ele recebe dados -
13:30 - 13:35dos músculos oculares
e dos esquemas motores -
13:35 - 13:37que dizem aos olhos para onde ir
-
13:37 - 13:40e para os outros córtices
sensoriais e motores. -
13:40 - 13:43Quais outros córtices são relevantes?
-
13:43 - 13:45É uma pergunta interessante:
-
13:45 - 13:49"Será que vemos as coisas porque
as nossas experiências occipitais, -
13:49 - 13:54estão conectadas a alguns
esquemas motores ou não? -
13:54 - 13:58Esse assunto recebe muita atenção
nas pesquisas atuais. -
13:59 - 14:04Deixem-me explicar o que quis dizer
ao falar em "conectar" várias coisas. -
14:05 - 14:07Todo mundo associa a adrenalina
-
14:07 - 14:12à reação de lutar ou fugir, certo?
-
14:12 - 14:17A adrenalina é um dos hormônios
e neurotransmissores mais conhecidos. -
14:18 - 14:22E é tentador pensar que existe
algo especial na adrenalina -
14:22 - 14:26que a torne a substância química
adequada para isso. -
14:26 - 14:27Mas não há nada mágico,
-
14:27 - 14:31nada intrínseco à adrenalina
que faça isso. -
14:33 - 14:35Há vários componentes independentes
-
14:35 - 14:37que formam a resposta simpática.
-
14:37 - 14:42Há o aumento da frequência cardíaca,
a dilatação das pupilas, etc., -
14:42 - 14:47ao menos essa é a suposição
dos funcionalistas, -
14:47 - 14:50a hipótese funcionalista é:
-
14:50 - 14:53no decorrer da evolução
-
14:53 - 14:56alguns desses componentes
-
14:56 - 15:00usaram a adrenalina, a noradrenalina
e outras substâncias químicas, -
15:00 - 15:05e outros componentes que eram
funcionalmente apropriados nesse contexto -
15:05 - 15:07simplesmente se ligaram ao mesmo sistema.
-
15:07 - 15:11Nas situações em que é conveniente
dilatar suas pupilas, -
15:11 - 15:15também é conveniente suspender a digestão,
-
15:15 - 15:20então a substância que age sobre
o primeiro também age sobre o outro. -
15:20 - 15:22Mas, se a evolução
ocorresse de outro modo, -
15:22 - 15:26a adrenalina poderia ter mediado
facilmente tanto a resposta parassimpática -
15:26 - 15:28como a simpática.
-
15:28 - 15:31Novamente, temos uma identidade
entre mente e cérebro -
15:31 - 15:35e, se o funcionalismo estiver correto,
podemos explicar isso. -
15:37 - 15:40Então por que há tantas
realizações unitárias? -
15:40 - 15:45Por que há pouquíssimas
realizações múltiplas? -
15:46 - 15:48Um funcionalista explicaria isso
-
15:48 - 15:51recorrendo à conservação
de traços ancestrais. -
15:51 - 15:55Muito tempo atrás, a visão
foi ligada ao lobo occipital. -
15:55 - 15:59O custo para mudar essa configuração
teria sido muito elevado, -
15:59 - 16:01então continua assim.
-
16:01 - 16:05A evolução age segundo o princípio
de não consertar o que não está quebrado, -
16:05 - 16:11por isso vemos a conservação
de vários traços ancestrais. -
16:11 - 16:14Pode até haver uma convergência
com o design ideal -
16:14 - 16:17e, até certo ponto,
nossa resposta a isso dependerá -
16:17 - 16:23de como pensamos no adaptacionismo
na filosofia da biologia: -
16:23 - 16:26de quanto poder damos à evolução
-
16:26 - 16:30e até que ponto há entraves
externos à evolução. -
16:30 - 16:33Mas pode-se defender
que o hipocampo, por exemplo, -
16:34 - 16:39ou qualquer estrutura que sirva à memória,
precisará ter uma localização central -
16:39 - 16:42pois, do contrário,
o design não seria o ideal. -
16:42 - 16:44Não sei o que pensar disso.
-
16:45 - 16:46Mas essas explicações
-
16:46 - 16:51dependem da realização múltipla
ser uma possibilidade legítima. -
16:51 - 16:55O reducionismo, ou a teoria
da identidade, nega isso. -
16:56 - 17:00Então o funcionalismo pode explicar
correlações de mente-cérebro, -
17:00 - 17:06e as correlações mente-cérebro que o
reducionismo postula como fatos brutos. -
17:07 - 17:10Consequentemente, o cérebro
é importante de certa maneira, -
17:10 - 17:11mas de uma única maneira:
-
17:11 - 17:14só é especial em um tipo
de alto nível de abstração -
17:14 - 17:18em que outras coisas poderiam
fazer o mesmo trabalho. -
17:18 - 17:22Essa é a ambivalência com a qual iniciei,
-
17:22 - 17:24que o cérebro é especial.
-
17:24 - 17:26Fico feliz por ter um.
-
17:26 - 17:28Ele não é especial devido
a suas propriedades químicas, -
17:28 - 17:30como diria a tese do fósforo,
-
17:30 - 17:33nem devido às propriedades subatômicas,
-
17:33 - 17:36como diria a tese da consciência quântica,
-
17:36 - 17:39mas sim por causa
de suas propriedades funcionais. -
17:39 - 17:43Mas se é isso que torna o cérebro
especial, então ele não é especial, -
17:43 - 17:48e isso porque outros órgãos poderiam
ter também essas propriedades funcionais. -
17:49 - 17:53Então é por isso que não
precisamos do cérebro: -
17:53 - 17:56porque o funcionalismo está correto
-
17:56 - 18:01e defende que qualquer mecanismo
de entrada e saída complexo o bastante -
18:01 - 18:03funcionaria igualmente bem.
-
18:05 - 18:07E é por isso que precisamos do cérebro:
-
18:07 - 18:09por causa de obstáculos evolucionários,
-
18:09 - 18:14porque outros mecanismos de entrada
e saída não estavam disponíveis para nós. -
18:15 - 18:19Sempre leio que, em 40 anos,
eles estarão disponíveis, -
18:19 - 18:24teremos um cérebro artificial
e tudo será ótimo. -
18:24 - 18:26Ocorrerá a singularidade.
-
18:27 - 18:30Até lá, o cérebro é o que temos.
-
18:30 - 18:33E é por isso que precisamos
ou não de um cérebro. -
18:33 - 18:35Obrigado.
-
18:35 - 18:36(Aplausos)
- Title:
- Por que precisamos, ou não, de um cérebro | Jack Lyons | TEDxHendrixCollege
- Description:
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Nesta interessante palestra, o filósofo Dr. Jack Lyons esboça sua versão do funcionalismo e pergunta às pessoas na plateia se realmente precisam de um cérebro.
O Dr. Jack Lyons é professor adjunto de filosofia na Universidade do Arkansas em Fayetteville. Ele trabalha principalmente com epistemologia, ciência cognitiva e filosofia da mente. Seus projetos recentes tratam de várias questões sobre os fundamentos da ciência cognitiva, incluindo modularidade, a natureza da representação, realizabilidade múltipla e o recente movimento neorreducionista na filosofia da mente. Publicou vários artigos acadêmicos de epistemologia e filosofia da psicologia e ciência cognitiva e lançou um livro recente pela Oxford University Press, com o título "Perception and Basic Beliefs". É editor associado do periódico "Episteme: A Journal of Individual and Social Epistemology".
Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx
- Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 18:37