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Por que precisamos, ou não, de um cérebro | Jack Lyons | TEDxHendrixCollege

  • 0:01 - 0:02
    Obrigado.
  • 0:03 - 0:07
    É uma honra participar do primeiro TEDx...
  • 0:07 - 0:10
    Estão sacudindo a cabeça.
    Não conseguem me ouvir?
  • 0:10 - 0:12
    Melhorou?
  • 0:13 - 0:18
    É uma honra participar do primeiro
    evento TEDx no Arkansas.
  • 0:19 - 0:23
    Fico feliz por terem convidado um filósofo
  • 0:23 - 0:28
    para participar desta série de palestras
    sobre a mente e o cérebro.
  • 0:29 - 0:34
    Talvez seja como chamar um poeta
    para palestrar numa conferência de química
  • 0:34 - 0:37
    e espero que não se arrependam.
  • 0:38 - 0:44
    Gostaria de discorrer a respeito
    de certa ambivalência sobre o cérebro,
  • 0:45 - 0:47
    daí o título da palestra:
  • 0:47 - 0:51
    "Por que precisamos, ou não,
    de um cérebro".
  • 0:52 - 0:55
    Relaxem, gosto do cérebro,
    só não sou louco por ele.
  • 0:55 - 0:59
    Gosto dele, mas não com a mesma
    intensidade que outras pessoas.
  • 1:01 - 1:07
    Falarei sobre uma questão
    antiga da filosofia.
  • 1:07 - 1:10
    Já devem ter ouvido falar
    sobre o problema mente-corpo,
  • 1:10 - 1:13
    que tem a ver com a relação
    entre a mente e o corpo,
  • 1:13 - 1:17
    especificamente de como a mente
    está relacionada ao cérebro.
  • 1:20 - 1:23
    A perspectiva mais antiga,
  • 1:23 - 1:27
    e talvez a mais conhecida
    pelo nome sobre essa relação,
  • 1:27 - 1:29
    é a que chamamos de "dualismo",
  • 1:29 - 1:32
    que defende que a mente
    e o cérebro são distintos.
  • 1:32 - 1:37
    Dualismo é a teoria de que a mente
    é o "fantasma na máquina".
  • 1:37 - 1:41
    Isso já foi amplamente desacreditado.
  • 1:41 - 1:43
    Algumas pessoas ainda acreditam nisso,
  • 1:43 - 1:45
    mas a maioria, não.
  • 1:45 - 1:49
    Isso porque há simplesmente
    muitas correlações mente-cérebro.
  • 1:49 - 1:52
    Acontece que tudo que tem uma mente,
  • 1:52 - 1:55
    no geral, tem um cérebro,
  • 1:55 - 1:57
    e vice-versa.
  • 1:57 - 2:00
    E que, quando certas partes
    do cérebro são danificadas,
  • 2:00 - 2:03
    certas capacidades mentais desaparecem.
  • 2:03 - 2:06
    [Inaudível] capacidades
  • 2:06 - 2:10
    e certas alterações
    cerebrais as acompanham.
  • 2:10 - 2:14
    Portanto, as pessoas não concordam
    muito com o dualismo,
  • 2:14 - 2:18
    então precisamos de um tipo
    aceitável de fisicalismo.
  • 2:19 - 2:20
    Reducionismo,
  • 2:20 - 2:23
    às vezes conhecido
    como "teoria da identidade".
  • 2:23 - 2:25
    é a visão de que a mente é o cérebro.
  • 2:25 - 2:28
    É uma perspectiva
    simples, direta e agradável.
  • 2:28 - 2:31
    Essas são as pessoas que amam o cérebro.
  • 2:32 - 2:36
    A mente é o cérebro,
    segundo o reducionismo,
  • 2:36 - 2:41
    e isso é uma perspectiva boa,
    sólida e cientificamente respeitável.
  • 2:42 - 2:47
    Mas eu quero endossar o funcionalismo.
  • 2:47 - 2:51
    Segundo uma versão do funcionalismo,
  • 2:51 - 2:53
    é a ideia de que a mente é
    o "software" do cérebro.
  • 2:53 - 2:57
    Então, o funcionalista é a pessoa
    ambivalente sobre o cérebro.
  • 2:57 - 3:00
    Ele pensa que o cérebro é importante,
  • 3:00 - 3:04
    mas que não é exatamente
    o que os reducionistas acham que é.
  • 3:04 - 3:07
    Então, ao longo da palestra,
  • 3:07 - 3:11
    não falarei mais sobre o dualismo.
  • 3:11 - 3:13
    Iremos supor que o cérebro é importante
  • 3:13 - 3:15
    e o que queremos entender
  • 3:15 - 3:19
    é como, por que e onde
    exatamente ele é importante.
  • 3:21 - 3:27
    Então, a diferença entre o funcionalismo
    e o reducionismo é sutil, mas importante;
  • 3:27 - 3:31
    por isso, quero falar mais
    sobre o que o reducionismo defende.
  • 3:31 - 3:33
    Ele diz que a mente é idêntica ao cérebro
  • 3:33 - 3:35
    e que certas competências mentais
  • 3:35 - 3:40
    são idênticas a certas
    competências cerebrais.
  • 3:40 - 3:43
    Por exemplo,
  • 3:43 - 3:46
    o reducionista diz que a dor
  • 3:46 - 3:52
    é apenas um evento
    cerebral do tipo tal e tal.
  • 3:54 - 3:57
    Então o reducionista diz que a dor
  • 3:57 - 4:03
    e o evento cerebral de tipo... acabei
    de inventar esse número 71325,
  • 4:03 - 4:05
    são literalmente a mesma coisa.
  • 4:05 - 4:07
    E o exemplo padrão
  • 4:07 - 4:11
    é que isso seria como a identificação
    teórica da água com H2O.
  • 4:11 - 4:14
    Não é algo que sabemos
    só de pensar a respeito;
  • 4:14 - 4:15
    alguém teve que investigar o mundo
  • 4:15 - 4:19
    e descobrir que água e H2O
    são a mesma coisa.
  • 4:19 - 4:22
    Mas, quando dizemos isso,
  • 4:22 - 4:25
    é uma declaração muito forte.
  • 4:25 - 4:29
    É declarar que Deus
    não poderia ter feito um mundo
  • 4:29 - 4:31
    que contivesse água e não contivesse H2O
  • 4:31 - 4:35
    e que não poderia ter feito um mundo
    que contivesse H2O e não contivesse água.
  • 4:35 - 4:37
    São literalmente a mesma coisa.
  • 4:37 - 4:43
    E o reducionista diz que o mesmo
    se aplica às correlações mente-cérebro.
  • 4:43 - 4:46
    É isso que o funcionalista rejeita
  • 4:46 - 4:49
    e é sobre isso que vou falar com vocês.
  • 4:52 - 4:55
    Porque o reducionista terá que dizer
  • 4:55 - 4:58
    que não poderíamos ter uma dor
  • 4:58 - 5:01
    sem que tivéssemos eventos
    cerebrais de determinado tipo.
  • 5:01 - 5:04
    Então, a dor nos humanos envolve a ínsula.
  • 5:04 - 5:06
    É uma estrutura que os peixes não têm.
  • 5:06 - 5:07
    Que conveniente.
  • 5:07 - 5:09
    Portanto peixes não sentem dor
  • 5:09 - 5:12
    e não precisamos
    nos sentir mal por comê-los.
  • 5:12 - 5:14
    Isso seria bom,
  • 5:15 - 5:16
    mas parece fácil demais.
  • 5:16 - 5:19
    E o funcionalista afirma
    que é fácil demais
  • 5:19 - 5:23
    e que precisamos pensar um pouco mais.
  • 5:23 - 5:24
    Então, o funcionalismo
  • 5:24 - 5:28
    defenderá que os estados mentais
    são de "múltipla realizabilidade".
  • 5:28 - 5:29
    Isso significa
  • 5:29 - 5:33
    que conseguimos essas coisas em tipos
    de sistemas fisicamente diferentes,
  • 5:33 - 5:36
    contanto que esses sistemas
    estejam adequadamente organizados.
  • 5:38 - 5:39
    O funcionalismo alega
  • 5:39 - 5:42
    que o importante é a estrutura do cérebro,
  • 5:42 - 5:44
    não a matéria dele.
  • 5:45 - 5:50
    E uma das várias razões para a atração
    das pessoas pelo funcionalismo
  • 5:50 - 5:55
    é que ele permite a possibilidade
    de inteligência artificial de verdade;
  • 5:55 - 6:00
    ou seja, poderiam existir coisas
    completamente artificiais,
  • 6:00 - 6:04
    computadores, redes
    conexionistas artificiais, etc.,
  • 6:04 - 6:07
    que tivessem mentalidade real.
  • 6:09 - 6:11
    Aqui está um problema para o funcionalismo
  • 6:11 - 6:15
    que se tornou importante nos últimos anos.
  • 6:17 - 6:23
    Há pouca evidência direta
    da múltipla realizabilidade genuína.
  • 6:24 - 6:29
    A visão parece um excelente exemplo.
  • 6:29 - 6:34
    A visão é realizada na sexta camada
    do neocórtex nos mamíferos.
  • 6:34 - 6:37
    E é realizada no hiperpallium nas aves,
  • 6:37 - 6:44
    que é um amontoado de neurônios
  • 6:49 - 6:50
    e tem uma estrutura nuclearizada
  • 6:50 - 6:54
    em vez da estrutura laminada
    do córtex dos mamíferos,
  • 6:54 - 6:57
    então é de um tipo bastante diferente.
  • 6:57 - 7:00
    Já os moluscos têm gânglios,
    e não um cérebro de verdade;
  • 7:00 - 7:04
    são coisas que podemos chamar
    de cérebro, mas que estão espalhadas.
  • 7:04 - 7:09
    Temos sistemas artificiais acionados
    em alguns tipos de tarefas visuais
  • 7:09 - 7:10
    e, à primeira vista,
  • 7:10 - 7:15
    parecem tipos radicalmente diferentes
    de execução da mesma função.
  • 7:15 - 7:16
    O problema,
  • 7:16 - 7:22
    e o reducionista gosta de usar isso
    para constranger funcionalistas,
  • 7:22 - 7:24
    é que há diferenças funcionais,
  • 7:24 - 7:26
    e não temos nenhuma razão para achar
  • 7:26 - 7:30
    que a visão das aves
    seja como a dos mamíferos,
  • 7:30 - 7:33
    ou que a visão dos moluscos
  • 7:33 - 7:37
    seja como a das aves
    ou a dos mamíferos, etc.
  • 7:37 - 7:42
    Então acabamos ficando presos a um
    argumento sobre a múltipla realizabilidade
  • 7:42 - 7:44
    em vez das realizações múltiplas.
  • 7:44 - 7:48
    Ou seja, o funcionalista ainda não provou
  • 7:48 - 7:54
    que algumas capacidades cognitivas são,
    de fato, realizadas multiplamente.
  • 7:54 - 7:58
    Só lhes sobra o argumento
    de que são realizáveis multiplamente.
  • 8:00 - 8:05
    Eu defendo que a mera possibilidade
    é, sim, importante,
  • 8:06 - 8:09
    e isso é algo que a maioria
    dos não filósofos
  • 8:09 - 8:10
    realmente detesta na filosofia
  • 8:10 - 8:14
    e que os reducionistas, que são filósofos,
  • 8:14 - 8:18
    não gostam na filosofia
    e no funcionalismo,
  • 8:18 - 8:20
    ou seja, que gostamos
    de discutir possibilidades.
  • 8:20 - 8:22
    E, se algum de vocês
    já fez uma aula de filosofia,
  • 8:22 - 8:25
    conhecem essas discussões
    sobre possibilidades:
  • 8:25 - 8:27
    por exemplo, lá está você,
    diante de um ônibus,
  • 8:27 - 8:31
    e se ele virar para um lado,
    mata cinco pessoas, e se desviar, etc.
  • 8:32 - 8:35
    Discutir possibilidades cansa as pessoas,
  • 8:35 - 8:39
    mas eu defendo pensar sobre isso,
  • 8:39 - 8:41
    porque a mera possibilidade é importante.
  • 8:41 - 8:47
    E acho isso porque as alternativas
    à múltipla realizabilidade
  • 8:48 - 8:50
    são, no meu entender, duas.
  • 8:50 - 8:54
    Uma é o argumento
    de que existe algo mágico
  • 8:54 - 9:01
    sobre certas correlações
    neurais cognitivas,
  • 9:01 - 9:04
    e a outra o argumento
    de que se trata de necessidade bruta.
  • 9:04 - 9:05
    Explico:
  • 9:06 - 9:12
    ao falar sobre magia, há uns 100 anos,
    parece que havia uma opinião popular
  • 9:12 - 9:15
    de que o importante sobre o cérebro
  • 9:15 - 9:19
    é que ele conteria mais fósforo
    do que outros órgãos.
  • 9:19 - 9:24
    E isso supostamente explicaria
    por que o cérebro é a sede do pensamento
  • 9:24 - 9:26
    em vez dos rins, por exemplo:
  • 9:26 - 9:28
    o cérebro tem mais fósforo.
  • 9:28 - 9:30
    As pessoas diziam coisas como:
  • 9:30 - 9:34
    "O cérebro secreta pensamento
    assim como o fígado secreta bile".
  • 9:34 - 9:39
    Não sei se era uma piada,
    uma admissão de ignorância
  • 9:39 - 9:42
    ou se era uma explicação séria para eles,
  • 9:42 - 9:44
    mas isso parece magia, não?
  • 9:44 - 9:49
    Dizer que o cérebro secreta pensamento
    por conter muito fósforo
  • 9:49 - 9:51
    não parece uma explicação.
  • 9:53 - 9:56
    Mais recentemente, como alguns
    de vocês devem se lembrar,
  • 9:56 - 10:01
    nos anos 90, as teorias quânticas
    da consciência eram populares.
  • 10:01 - 10:04
    O argumento tácito, aquele
    que ninguém nunca afirmou de fato,
  • 10:04 - 10:09
    é que a mecânica quântica
    e a consciência são misteriosas
  • 10:09 - 10:13
    logo, a consciência é mecânica quântica.
  • 10:13 - 10:17
    Mas pessoas como Stuart Hameroff,
    que são muito inteligentes,
  • 10:17 - 10:24
    afirmaram que os microtúbulos
    nos neurônios no cérebro
  • 10:24 - 10:26
    são do tamanho certo
  • 10:26 - 10:29
    para influenciar a redução objetiva
    da coerência quântica.
  • 10:29 - 10:32
    Também não sei o que essa frase significa.
  • 10:33 - 10:36
    Mas isso de algum modo
    produziria a consciência.
  • 10:36 - 10:39
    Novamente, parece magia.
  • 10:39 - 10:43
    Acontece que ninguém
    encontrou evidências diretas
  • 10:43 - 10:45
    de nada envolvendo microtúbulos,
  • 10:45 - 10:48
    então essa ideia acabou morrendo.
  • 10:49 - 10:50
    É isso que chamo de magia,
  • 10:50 - 10:52
    mas a maioria dos reducionistas
  • 10:52 - 10:56
    invocarão a noção de necessidade
    bruta em vez de magia.
  • 10:56 - 10:59
    Voltando a uma assertiva anterior,
  • 10:59 - 11:05
    se a dor e o evento cerebral
    de tipo 71235 são idênticos,
  • 11:05 - 11:08
    não há como explicar esse fato.
  • 11:08 - 11:13
    É como a alegação de que a água é H2O.
  • 11:13 - 11:16
    Não há razão nenhuma para a água ser H2O.
  • 11:16 - 11:21
    Pode haver alguma razão
    para chamarmos aquilo de água,
  • 11:21 - 11:23
    mas a afirmação de que água é H2O
  • 11:23 - 11:26
    é a afirmação de que
    aquela coisa é aquela coisa,
  • 11:26 - 11:29
    e não há explicação para isso.
  • 11:30 - 11:33
    Então o que o funcionalismo promete fazer
    que o reducionismo não consegue
  • 11:33 - 11:36
    é explicar correlações mente-cérebro,
  • 11:36 - 11:41
    e isso é atraente no funcionalismo.
  • 11:41 - 11:45
    Então, quais são os fatores
    explicativos relevantes?
  • 11:46 - 11:48
    Vejamos uma lista parcial.
  • 11:48 - 11:53
    Um deles será a conectividade:
    de onde a região recebe dados.
  • 11:53 - 11:59
    Essa região tem suas capacidades mentais;
  • 11:59 - 12:01
    uma coisa física que tem
    essas capacidades mentais
  • 12:01 - 12:03
    devido ao lugar de onde recebe os dados
  • 12:03 - 12:06
    e para onde manda seu produto.
  • 12:06 - 12:07
    E, claro,
  • 12:07 - 12:12
    a intraconectividade dentro da região
    terá muito a ver com isso.
  • 12:12 - 12:17
    Imagino que o cerebelo tenha várias
    conexões internas muito ricas
  • 12:17 - 12:20
    que o tornam adequado
    para o tipo de trabalho que ele faz.
  • 12:21 - 12:24
    Outra coisa sobre a qual falarei em breve
  • 12:24 - 12:30
    é quais funções são ligadas
    por um substrato neural específico.
  • 12:30 - 12:34
    Vejamos alguns exemplos
    rápidos: a conectividade.
  • 12:34 - 12:37
    O hipocampo:
  • 12:37 - 12:41
    uma das razões que o tornam
    adequado à memória,
  • 12:41 - 12:44
    e Jim falou sobre o hipocampo
    em outra palestra,
  • 12:44 - 12:47
    é sua localização central.
  • 12:47 - 12:53
    É uma estrutura mediana
    e espacialmente bem posicionada
  • 12:53 - 12:58
    para conectar vários
    corticais sensoriais e motores
  • 12:58 - 13:01
    e está posicionada
  • 13:01 - 13:06
    para conectar a impressão visual
    da mulher de blusa verde
  • 13:06 - 13:11
    e a imagem auditiva, uma falsa imagem,
  • 13:11 - 13:17
    da mulher dizendo "dormir", ou algo assim,
  • 13:17 - 13:21
    ou "cheirar"; pensei no exemplo errado.
  • 13:22 - 13:25
    O lobo occipital é o córtex visual
  • 13:25 - 13:30
    e isso deve ter muito a ver
    com o fato de que ele recebe dados
  • 13:30 - 13:35
    dos músculos oculares
    e dos esquemas motores
  • 13:35 - 13:37
    que dizem aos olhos para onde ir
  • 13:37 - 13:40
    e para os outros córtices
    sensoriais e motores.
  • 13:40 - 13:43
    Quais outros córtices são relevantes?
  • 13:43 - 13:45
    É uma pergunta interessante:
  • 13:45 - 13:49
    "Será que vemos as coisas porque
    as nossas experiências occipitais,
  • 13:49 - 13:54
    estão conectadas a alguns
    esquemas motores ou não?
  • 13:54 - 13:58
    Esse assunto recebe muita atenção
    nas pesquisas atuais.
  • 13:59 - 14:04
    Deixem-me explicar o que quis dizer
    ao falar em "conectar" várias coisas.
  • 14:05 - 14:07
    Todo mundo associa a adrenalina
  • 14:07 - 14:12
    à reação de lutar ou fugir, certo?
  • 14:12 - 14:17
    A adrenalina é um dos hormônios
    e neurotransmissores mais conhecidos.
  • 14:18 - 14:22
    E é tentador pensar que existe
    algo especial na adrenalina
  • 14:22 - 14:26
    que a torne a substância química
    adequada para isso.
  • 14:26 - 14:27
    Mas não há nada mágico,
  • 14:27 - 14:31
    nada intrínseco à adrenalina
    que faça isso.
  • 14:33 - 14:35
    Há vários componentes independentes
  • 14:35 - 14:37
    que formam a resposta simpática.
  • 14:37 - 14:42
    Há o aumento da frequência cardíaca,
    a dilatação das pupilas, etc.,
  • 14:42 - 14:47
    ao menos essa é a suposição
    dos funcionalistas,
  • 14:47 - 14:50
    a hipótese funcionalista é:
  • 14:50 - 14:53
    no decorrer da evolução
  • 14:53 - 14:56
    alguns desses componentes
  • 14:56 - 15:00
    usaram a adrenalina, a noradrenalina
    e outras substâncias químicas,
  • 15:00 - 15:05
    e outros componentes que eram
    funcionalmente apropriados nesse contexto
  • 15:05 - 15:07
    simplesmente se ligaram ao mesmo sistema.
  • 15:07 - 15:11
    Nas situações em que é conveniente
    dilatar suas pupilas,
  • 15:11 - 15:15
    também é conveniente suspender a digestão,
  • 15:15 - 15:20
    então a substância que age sobre
    o primeiro também age sobre o outro.
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    Mas, se a evolução
    ocorresse de outro modo,
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    a adrenalina poderia ter mediado
    facilmente tanto a resposta parassimpática
  • 15:26 - 15:28
    como a simpática.
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    Novamente, temos uma identidade
    entre mente e cérebro
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    e, se o funcionalismo estiver correto,
    podemos explicar isso.
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    Então por que há tantas
    realizações unitárias?
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    Por que há pouquíssimas
    realizações múltiplas?
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    Um funcionalista explicaria isso
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    recorrendo à conservação
    de traços ancestrais.
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    Muito tempo atrás, a visão
    foi ligada ao lobo occipital.
  • 15:55 - 15:59
    O custo para mudar essa configuração
    teria sido muito elevado,
  • 15:59 - 16:01
    então continua assim.
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    A evolução age segundo o princípio
    de não consertar o que não está quebrado,
  • 16:05 - 16:11
    por isso vemos a conservação
    de vários traços ancestrais.
  • 16:11 - 16:14
    Pode até haver uma convergência
    com o design ideal
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    e, até certo ponto,
    nossa resposta a isso dependerá
  • 16:17 - 16:23
    de como pensamos no adaptacionismo
    na filosofia da biologia:
  • 16:23 - 16:26
    de quanto poder damos à evolução
  • 16:26 - 16:30
    e até que ponto há entraves
    externos à evolução.
  • 16:30 - 16:33
    Mas pode-se defender
    que o hipocampo, por exemplo,
  • 16:34 - 16:39
    ou qualquer estrutura que sirva à memória,
    precisará ter uma localização central
  • 16:39 - 16:42
    pois, do contrário,
    o design não seria o ideal.
  • 16:42 - 16:44
    Não sei o que pensar disso.
  • 16:45 - 16:46
    Mas essas explicações
  • 16:46 - 16:51
    dependem da realização múltipla
    ser uma possibilidade legítima.
  • 16:51 - 16:55
    O reducionismo, ou a teoria
    da identidade, nega isso.
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    Então o funcionalismo pode explicar
    correlações de mente-cérebro,
  • 17:00 - 17:06
    e as correlações mente-cérebro que o
    reducionismo postula como fatos brutos.
  • 17:07 - 17:10
    Consequentemente, o cérebro
    é importante de certa maneira,
  • 17:10 - 17:11
    mas de uma única maneira:
  • 17:11 - 17:14
    só é especial em um tipo
    de alto nível de abstração
  • 17:14 - 17:18
    em que outras coisas poderiam
    fazer o mesmo trabalho.
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    Essa é a ambivalência com a qual iniciei,
  • 17:22 - 17:24
    que o cérebro é especial.
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    Fico feliz por ter um.
  • 17:26 - 17:28
    Ele não é especial devido
    a suas propriedades químicas,
  • 17:28 - 17:30
    como diria a tese do fósforo,
  • 17:30 - 17:33
    nem devido às propriedades subatômicas,
  • 17:33 - 17:36
    como diria a tese da consciência quântica,
  • 17:36 - 17:39
    mas sim por causa
    de suas propriedades funcionais.
  • 17:39 - 17:43
    Mas se é isso que torna o cérebro
    especial, então ele não é especial,
  • 17:43 - 17:48
    e isso porque outros órgãos poderiam
    ter também essas propriedades funcionais.
  • 17:49 - 17:53
    Então é por isso que não
    precisamos do cérebro:
  • 17:53 - 17:56
    porque o funcionalismo está correto
  • 17:56 - 18:01
    e defende que qualquer mecanismo
    de entrada e saída complexo o bastante
  • 18:01 - 18:03
    funcionaria igualmente bem.
  • 18:05 - 18:07
    E é por isso que precisamos do cérebro:
  • 18:07 - 18:09
    por causa de obstáculos evolucionários,
  • 18:09 - 18:14
    porque outros mecanismos de entrada
    e saída não estavam disponíveis para nós.
  • 18:15 - 18:19
    Sempre leio que, em 40 anos,
    eles estarão disponíveis,
  • 18:19 - 18:24
    teremos um cérebro artificial
    e tudo será ótimo.
  • 18:24 - 18:26
    Ocorrerá a singularidade.
  • 18:27 - 18:30
    Até lá, o cérebro é o que temos.
  • 18:30 - 18:33
    E é por isso que precisamos
    ou não de um cérebro.
  • 18:33 - 18:35
    Obrigado.
  • 18:35 - 18:36
    (Aplausos)
Title:
Por que precisamos, ou não, de um cérebro | Jack Lyons | TEDxHendrixCollege
Description:

Nesta interessante palestra, o filósofo Dr. Jack Lyons esboça sua versão do funcionalismo e pergunta às pessoas na plateia se realmente precisam de um cérebro.

O Dr. Jack Lyons é professor adjunto de filosofia na Universidade do Arkansas em Fayetteville. Ele trabalha principalmente com epistemologia, ciência cognitiva e filosofia da mente. Seus projetos recentes tratam de várias questões sobre os fundamentos da ciência cognitiva, incluindo modularidade, a natureza da representação, realizabilidade múltipla e o recente movimento neorreducionista na filosofia da mente. Publicou vários artigos acadêmicos de epistemologia e filosofia da psicologia e ciência cognitiva e lançou um livro recente pela Oxford University Press, com o título "Perception and Basic Beliefs". É editor associado do periódico "Episteme: A Journal of Individual and Social Epistemology".

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
18:37

Portuguese, Brazilian subtitles

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