Return to Video

Parem de dançar ao som da vossa opressão

  • 0:02 - 0:05
    Às vezes, vou a uma sessão de ginástica,
  • 0:05 - 0:08
    ou vou a um espetáculo musical,
  • 0:08 - 0:11
    ou a qualquer lugar
    que tenha música ambiente
  • 0:11 - 0:14
    e dou por mim a gostar do ritmo,
  • 0:14 - 0:17
    das melodias e das batidas...
  • 0:17 - 0:20
    Paro um segundo para escutar as letras,
  • 0:20 - 0:24
    letras que, por exemplo,
    nos colocam numa posição de subserviência
  • 0:24 - 0:27
    que nunca toleraríamos
    em nenhum outro contexto.
  • 0:27 - 0:31
    Fico chocada por ver até que ponto
    normalizamos o sexismo na nossa cultura.
  • 0:31 - 0:34
    Eu ouço essas músicas e penso:
  • 0:34 - 0:37
    "Eu não quero ter que curtir
    ao som da minha própria opressão".
  • 0:38 - 0:43
    A música é uma das formas
    de comunicação mais poderosas,
  • 0:43 - 0:47
    porque tem o potencial
    para elevar ou para oprimir.
  • 0:48 - 0:51
    A música alimenta as emoções.
    A música alimenta a alma.
  • 0:51 - 0:53
    A música abre a nossa alma.
  • 0:53 - 0:55
    Abre os nossos canais
    para receber informações
  • 0:55 - 0:57
    sobre o modo de vida
    de outras pessoas,
  • 0:57 - 0:59
    para nos informar dos nossos deveres.
  • 0:59 - 1:03
    Embora eu não tenha problemas
    com a fantasia masculina,
  • 1:03 - 1:06
    o que realmente me incomoda
  • 1:06 - 1:11
    é que, de acordo com um estudo recente,
    só 2,6% de todos produtores musicais
  • 1:11 - 1:13
    se identificam como mulheres.
  • 1:13 - 1:16
    Isso significa uma percentagem
    ainda menor de transexuais
  • 1:16 - 1:18
    ou de não conformidade de género.
  • 1:18 - 1:19
    Porque é que isso é importante?
  • 1:20 - 1:22
    Porque, se não possuirmos
    e não controlarmos
  • 1:22 - 1:23
    a nossa própria narrativa,
  • 1:23 - 1:26
    outras pessoas irão contar
    as nossas histórias por nós,
  • 1:26 - 1:28
    e irão perceber tudo mal,
  • 1:28 - 1:31
    perpetuando os mesmos mitos
    que nos prendem.
  • 1:32 - 1:35
    Eu não venho aqui dizer-vos
    como devem fazer a vossa música.
  • 1:36 - 1:40
    Venho aqui para proporcionar
    e conceber a alternativa.
  • 1:40 - 1:43
    Uma estratégia que utilizo na minha música
  • 1:43 - 1:48
    é fazer batidas globais,
    edificantes, enérgicas, percussivas
  • 1:48 - 1:50
    e colocar as letras por cima
  • 1:50 - 1:54
    que genuinamente descrevam
    as experiências da minha vida.
  • 1:54 - 1:57
    sem contribuir para a opressão
    de qualquer outra pessoa.
  • 1:57 - 2:00
    É engraçado, porque é o mesmo motivo
  • 2:00 - 2:03
    que nos leva a desculpamo-nos
    por tantas letras problemáticas;
  • 2:03 - 2:06
    é porque amamos
    o que as batidas nos fazem sentir.
  • 2:07 - 2:11
    Um exemplo disso é a minha música
    "Top Knot Turn Up."
  • 2:14 - 2:17
    (Música: "Top Knot Turn Up")
  • 2:31 - 2:35
    ♪ Eu apaguei as notificações
    do telefone, para ter mais tempo
  • 2:35 - 2:39
    ♪ Sem bolhas para perturbar
    o meu estado de espírito tranquilo
  • 2:39 - 2:41
    ♪ Só para saber,
    não estou aqui para agradar
  • 2:41 - 2:43
    ♪ Cabelo preso, faço-o como deve ser
  • 2:43 - 2:45
    ♪ O meu tempo não é propriedade tua
  • 2:45 - 2:47
    ♪ Quando sou produtiva
    como os meus ovários, hei!
  • 2:47 - 2:50
    ♪ Deixem uma rapariga respirar,
    direitos básicos e liberdade
  • 2:50 - 2:53
    ♪ Livre da insegurança
    que o mundo projeta em mim
  • 2:53 - 2:56
    ♪ Não me incomodem
    quando estou concentrada
  • 2:56 - 2:58
    ♪ O futuro é feminino,
    vocês já sabem disso
  • 2:58 - 3:01
    ♪ Luto contra a corrupção
    no supremo tribunal dos EUA.
  • 3:01 - 3:03
    ♪ Apareceu no meu carrapito
    desde que escrevi isto
  • 3:04 - 3:07
    ♪ É um carrapito virado para cima,
    é um carrapito virado para cima.
  • 3:07 - 3:11
    ♪ É um carrapito virado para cima,
    é um carrapito virado para cima.
  • 3:11 - 3:15
    ♪ É um carrapito virado para cima,
    é um carrapito virado para cima.
  • 3:15 - 3:17
    ♪ É um carrapito virado para cima,
  • 3:18 - 3:22
    Eu quero que continuemos a fazer
    músicas bonitas, sexualmente positivas
  • 3:22 - 3:25
    sobre a alegria e a liberdade.
  • 3:25 - 3:26
    Quero que aceitemos o nosso prazer
  • 3:27 - 3:29
    tal como aceitamos o nosso sofrimento.
  • 3:29 - 3:31
    Quero que celebremos
    os aspetos autênticos,
  • 3:31 - 3:32
    matizados,
  • 3:33 - 3:36
    e multidimensionais
    da nossa existência humana,
  • 3:37 - 3:42
    em vez de realizarmos narrativas falsas
    de sexualidade degradante
  • 3:42 - 3:44
    a fim de nos sentirmos aceites ou amados.
  • 3:44 - 3:47
    Outra estratégia
    que eu utilizo na minha música
  • 3:47 - 3:50
    para combater a misoginia
    que existe nas ondas da rádio
  • 3:50 - 3:54
    é retratar visualmente o mundo
    onde eu gostaria que vivêssemos.
  • 3:54 - 3:56
    No videoclipe da minha música
    "See Me Thru",
  • 3:56 - 4:01
    que é como uma canção R&B
    eletrónica, vibrante e estranha,
  • 4:01 - 4:05
    escolhi duas das minhas
    queridas amigas, Ania e Dejha,
  • 4:05 - 4:09
    para desempenharem o papel de amantes,
    porque elas são casadas ​​na vida real.
  • 4:09 - 4:12
    Mas o que vocês não sabem
    é que elas também estão atrás da câmara
  • 4:12 - 4:15
    a conceber e a realizar todo o vídeo.
  • 4:15 - 4:16
    (Vídeo)
  • 4:18 - 4:19
    Hei! Oh!
  • 4:22 - 4:24
    As minhas emoções estavam cansadas.
  • 4:27 - 4:30
    A música devia ser segura e acessível
    para todos poderem experimentar.
  • 4:30 - 4:33
    Como veem, não se trata
    de perder o "sex appeal" ou a onda
  • 4:33 - 4:35
    que aquela música tem.
  • 4:35 - 4:38
    Trata-se de escrever mensagens
    que infundem ternura e positividade
  • 4:38 - 4:41
    numa música que nos motiva
    e nos desafia.
  • 4:42 - 4:45
    E enquanto nós como músicos
    temos a responsabilidade
  • 4:45 - 4:48
    de fazer música que não marginalize,
  • 4:48 - 4:51
    os consumidores também
    podem fazer parte da mudança.
  • 4:51 - 4:53
    Primeiro, temos de escolher
    que músicas queremos silenciar
  • 4:53 - 4:56
    e que músicas queremos
    tornar mais fortes.
  • 4:56 - 4:59
    Temos de dizer: "Respeito-me o suficiente
    para dizer que não quero ouvir isto,
  • 4:59 - 5:02
    "e também não quero que isto
    esteja em casa de outras pessoas."
  • 5:02 - 5:04
    Em segundo lugar,
    podemos perguntar-nos:
  • 5:04 - 5:06
    "Esta música ou esta mensagem
  • 5:06 - 5:08
    "contribui para a opressão
    de outra pessoa?
  • 5:08 - 5:10
    "Porque é que tolero isto?"
  • 5:10 - 5:14
    Finalmente, todos nós podemos optar
    por fazer listas de músicas
  • 5:14 - 5:17
    que forneçam o clima certo
    que procuramos para cada momento,
  • 5:17 - 5:20
    sem mensagens problemáticas.
  • 5:20 - 5:21
    Porque é que isso é importante?
  • 5:21 - 5:25
    Porque vai ensinar aos algoritmos
    dos nossos "streamings" e do nosso mundo
  • 5:25 - 5:28
    o que é que queremos ouvir,
  • 5:28 - 5:31
    criando mudanças a longo prazo
    e um mecanismo de "feedback"
  • 5:31 - 5:34
    com impacto em toda a indústria.
  • 5:34 - 5:36
    Isto não é uma mensagem
  • 5:36 - 5:39
    apenas para um pequeno grupo de pessoas.
  • 5:39 - 5:41
    É uma mensagem que afeta toda a gente
  • 5:41 - 5:45
    porque, quando protegemos e libertamos
    os nossos géneros mais vulneráveis,
  • 5:45 - 5:47
    libertamos toda a gente.
Title:
Parem de dançar ao som da vossa opressão
Speaker:
Madame Gandhi
Description:

A música popular é frequentemente crivada de letras misóginas que coisificam e rebaixam as mulheres... então porque é que as ouvimos e dançamos? Interpretando uma amostra da sua canção original "Top Knot Turn Up" e partilhando imagens do seu videoclipe realizado por mulheres de "See Me Thru", a ativista e musicista Madame Gandhi explica porque está a fazer música positiva sexualmente que não contribui para a opressão de ninguém — e convida os amantes da música a escolherem músicas que capacitem toda a gente.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
06:03

Portuguese subtitles

Revisions