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De opositor a aliado: como uma amiga me ensinou sobre tolerância | Mark Schiller | TEDxYouth@HPA

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    Gostaria de compartilhar
    uma história com vocês hoje,
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    a história sobre um evento
    transformador em minha vida
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    que me trouxe aonde estou hoje,
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    me ajudando a superar
    alguns dos meus preconceitos.
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    Preciso avisar que vou falar
    sobre conteúdo adulto
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    e linguajar depreciativo,
  • 0:18 - 0:20
    inclusive xingamentos homofóbicos.
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    Se você se incomoda
    com esse tipo de conteúdo
  • 0:23 - 0:24
    ou se estiver com crianças pequenas,
  • 0:24 - 0:29
    fique à vontade para sair da sala
    durante essa apresentação.
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    Não ficarei ofendido,
  • 0:30 - 0:35
    pois compreendo que nem todos se sentem
    confortáveis com esse tipo de conteúdo.
  • 0:37 - 0:39
    Passei meus primeiros 14 anos
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    sem conhecer ninguém abertamente LGBT,
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    ou seja, alguém que fosse lésbica,
    gay, bissexual ou transgênero.
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    Hoje, talvez eu considere homofóbica
    a comunidade onde cresci,
  • 0:53 - 0:56
    mas, na época, bem,
    para mim ela era normal.
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    Cresci num bairro onde não havia
    nenhum casal gay,
  • 1:00 - 1:05
    e a maioria das pessoas que eu conhecia
    tinha opiniões bem fortes contra os LGBT.
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    Na minha escola, muitos alunos
    usavam xingamentos homofóbicos.
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    Na minha igreja, muitas pessoas se opunham
    à legalização do casamento igualitário
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    por acreditarem ser imoral.
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    Os adultos me diziam que eu não devia ser
    amigo de rapazes abertamente gays,
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    pois poderiam ser
    estupradores ou pedófilos.
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    Eu também não estava livre
    de tendências homofóbicas.
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    Eu usava a palavra "gay" como insulto.
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    Eu era contra o casamento igualitário.
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    Me sentia desconfortável com pessoas LGBT
    porque as via como depravadas sexuais.
  • 1:40 - 1:45
    Hoje entendo que meus pensamentos
    e ações no passado foram e são errados.
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    Desde então, tive experiências
    que ampliaram meus horizontes
  • 1:49 - 1:53
    e permitiram que eu me tornasse
    mais tolerante e mais compreensivo.
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    Em 2014, me mudei
    e fui para uma nova escola.
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    Fiquei empolgado e mal podia esperar
    pra fazer novos amigos.
  • 2:02 - 2:04
    A primeira amiga que fiz na nova escola
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    foi uma menina que se sentava
    ao meu lado na aula de inglês.
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    Ela era e continua sendo uma pessoa
    extremamente gentil e inteligente,
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    e rapidamente nos tornamos amigos íntimos.
  • 2:13 - 2:15
    Infelizmente,
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    nem todas as minhas
    amizades eram tão saudáveis.
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    Nessa escola, como na anterior,
    os insultos homofóbicos eram desenfreados.
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    Muitos alunos usavam xingamentos
    homofóbicos uns contra os outros.
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    Além disso, naquela época,
    estávamos no sétimo ano.
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    Tínhamos 12 ou 13 anos.
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    A maioria dos meus amigos
    já tinham começado a ver pornografia,
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    e muitos me contaram
    que preferiam pornô lésbico.
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    Fiquei chocado - e, pensando bem,
    talvez eu não devesse -
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    com fato de que as mesmas pessoas
    que insultavam e desumanizavam gays
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    também sexualizavam e tinham como fetiche
    as relações sexuais entre mulheres.
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    Admito que eu basicamente ignorava
    a flagrante homofobia em minha escola,
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    pois não me importava o suficiente.
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    Simplesmente não me manifestava.
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    "Por que me importar se meus amigos
    chamam os outros de bicha?", eu pensava.
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    "Não tenho nada com isso."
  • 3:11 - 3:13
    Hoje me arrependo da minha inércia
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    porque compreendo que,
    como disse Desmond Tutu,
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    ativista sul-africano anti-apartheid:
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    "Ao se abster em situações de injustiça,
    você escolhe o lado do opressor".
  • 3:27 - 3:31
    Mas, um ano depois, algo aconteceu
    que revolucionou minha visão de mundo.
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    A primeira amiga
    que eu tinha feito nessa escola
  • 3:35 - 3:37
    e que era minha amiga mais achegada,
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    se assumiu bissexual.
  • 3:39 - 3:41
    Fiquei chocado.
  • 3:41 - 3:45
    A vida inteira, fui ensinado a temer
    e a odiar pessoas LGBT,
  • 3:45 - 3:49
    mas, de repente, uma amiga querida
    assumiu ser parte "daquela gente".
  • 3:50 - 3:52
    E eu?
  • 3:52 - 3:53
    Não sabia como reagir.
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    Antes de saber que ela era gay,
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    era muito fácil para mim demonizar
    a comunidade LGBT com discursos de ódio.
  • 4:01 - 4:04
    Enquanto a comunidade LGBT
    não passava de um grupo de desconhecidos,
  • 4:04 - 4:08
    era muito fácil estereotipá-los,
    odiá-los e temê-los.
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    Mas é bem diferente tentar apontar o dedo
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    contra alguém que você ama
    e com quem se preocupa.
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    Só falei com minha amiga
    sobre a sexualidade dela
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    muito tempo depois que ela se assumiu.
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    Ainda queria ser amigo dela,
    mas não sabia como lidar com a questão.
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    Ao mesmo tempo em que queria dizer
    que a amava e a apoiava,
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    também queria dizer que ela era
    pecadora e iria pro inferno.
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    Pena que não fui maduro
    o bastante pra apoiá-la.
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    Infelizmente, meus preconceitos
    internalizados eram fortes demais,
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    e eu não conseguia
    aceitar aquilo totalmente.
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    Na verdade, guardei minha opinião pra mim
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    e tentei ignorar essa parte
    da identidade dela.
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    Por fim, consegui ser mais aberto.
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    Embora essa situação não tenha
    mudado imediatamente minha visão,
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    foi o primeiro passo
    para me tornar mais tolerante.
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    Após conhecer alguém
    abertamente gay pela primeira vez,
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    lentamente consegui ficar mais à vontade
    para conhecer mais pessoas LGBT,
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    e quanto mais amizades
    fui fazendo com elas,
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    mais disposto a aceitá-las
    e apoiá-las fui me tornando.
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    Fui deixando de ser alguém
    que sequer podia imaginar
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    ser amigo de uma pessoa gay
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    e me tornei fundador e presidente
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    do primeiro grêmio de gênero
    e sexualidade da minha escola,
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    um grupo que trabalha para unir
    pessoas LGBT e aliados hétero
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    na luta por direitos e proteções
    para alunos LGBT.
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    Quando fiquei amigo
    de pessoas da comunidade LGBT,
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    consegui entender melhor
    quem elas eram como pessoas.
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    Fazendo isso, consegui deixar
    de lado o que aprendi
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    sobre temer homens gays
    e ter fetiche por mulheres lésbicas,
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    e consegui aprender
    a aceitar as diferenças.
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    Demorou um pouco,
    mas, um ano após ela se assumir,
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    finalmente consegui falar cordialmente
    com minha amiga sobre a sexualidade dela.
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    Hoje ela se identifica como lésbica,
    assumida e com orgulho.
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    Ela me disse que está feliz com sua vida
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    e que, se pudesse fazer tudo
    de novo, não mudaria nada.
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    Muito tempo se passou,
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    e não sou mais a mesma pessoa
    que eu era quatro anos atrás.
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    Melhorei muito como pessoa,
    mas não vou parar.
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    Agora que fiz meu melhor
    pra me livrar dos meus preconceitos,
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    estou tentando fazer algo contra
    a falta de conhecimento da sociedade.
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    Minha experiência não é a única.
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    Quantos aqui já tiveram medo
    de alguma coisa
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    por não compreendê-la?
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    Temer o desconhecido faz parte
    da natureza humana...
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    E...
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    (Tosse)
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    Temer o desconhecido
    faz parte da natureza humana
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    e estereótipos negativos
    e discursos de ódio
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    surgem do desconhecimento
    em relação a determinado grupo.
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    Conhecimento é a chave,
  • 6:43 - 6:47
    e que melhor maneira de ganhá-lo
    do que por vivência própria?
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    Então, quero desafiar cada um de vocês
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    a saírem esta semana
    e fazerem uma coisa simples:
  • 6:52 - 6:54
    fazer um novo amigo.
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    Conheça essa pessoa
    e descubra o que a torna única,
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    seja o gênero dela, a sexualidade dela,
  • 7:01 - 7:04
    a etnia, a raça, a religião dela,
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    ou outras centenas de coisas.
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    Da mesma forma, mostre a ela
    o que te torna único.
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    Descubra o que torna
    essa pessoa diferente de você,
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    mas, principalmente, descubra
    o que essa pessoa tem em comum com você.
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    Compreendendo o quanto você tem
    em comum com aqueles ao seu redor,
  • 7:22 - 7:25
    você ajuda a criar um mundo
    mais diverso e compreensivo.
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    Como disse o poeta inglês John Donne:
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    "Homem algum é uma ilha, autossuficiente.
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    Todo homem é parte
    do continente, parte do todo".
  • 7:36 - 7:39
    Acredito que nenhum gênero, sexualidade,
  • 7:39 - 7:43
    etnia, raça ou religião seja uma ilha.
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    Cada um é parte do grande
    continente da raça humana.
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    Só reconhecendo nossas semelhanças
    e aceitando nossas diferenças
  • 7:50 - 7:52
    alcançamos nosso pleno potencial.
  • 7:52 - 7:53
    Obrigado.
  • 7:53 - 7:54
    (Aplausos)
Title:
De opositor a aliado: como uma amiga me ensinou sobre tolerância | Mark Schiller | TEDxYouth@HPA
Description:

Mark explica como a representatividade nos ajuda a superar nossos preconceitos e a nos tornar mais compreensivos com os outros. Esta palestra contém temas adultos e linguajar depreciativo, inclusive insultos homofóbicos. Não é recomendada para crianças pequenas ou pessoas que se sentem desconfortáveis com esse tipo de conteúdo.

Mark é calouro na Hawaiʻi Preparatory Academy. Ele é fundador e presidente do Grêmio de Gênero e Sexualidade da HPA, e é um aluno ativista atuante em prol dos direitos LGBT.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
07:56

Portuguese, Brazilian subtitles

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