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A dignidade não é um privilégio. É um direito do trabalhador

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    De todos os personagens
    de todos os filmes da Disney,
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    quem eu mais adoro
    é o Grilo Falante, de "Pinóquio".
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    Minha cena favorita do filme
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    é quando a Fada Azul diz a Pinóquio:
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    "Sempre deixe a consciência
    ser o seu guia".
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    Pinóquio pergunta: "O que é consciência?",
  • 0:18 - 0:20
    e o Grilo Falante fica
    escandalizado com a pergunta.
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    "O que é consciência!
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    O que é consciência!
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    Consciência é aquela voz calma e baixinha
    que ninguém quer ouvir.
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    Esse é o problema do mundo hoje."
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    Adoro a maneira como o Grilo Falante
    está sempre presente
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    com uma coisa nerd e ética,
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    quando Pinóquio surge
    com algum tipo de bom plano.
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    Penso nele falando a verdade a um boneco.
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    Eu sempre me perguntei
    o que havia no Grilo Falante
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    que me fazia adorá-lo tanto
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    e, um dia, entendi.
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    Era porque ele parecia meu avô.
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    Meu avô era um homem
    muito gentil e adorável,
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    e eu o adorava
    mais do que tudo nessa vida.
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    Mas eu o compartilhei com um mundo enorme.
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    O nome dele era Roy O. Disney
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    e, junto com Walt Disney,
    seu irmão mais novo,
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    ele teve uma educação
    muito humilde no Kansas
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    e fundou e dirigiu uma das empresas
    mais famosas do mundo.
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    Eu me lembro de duas coisas
    sobre ir à Disneylândia com meu avô.
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    A primeira era que ele sempre
    me dava um aviso muito sério
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    de que, se eu desrespeitasse
    alguém que trabalhasse lá,
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    eu estaria bem encrencada
    quando chegássemos em casa.
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    Ele dizia: "Essas pessoas trabalham muito,
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    mais do que você imagina,
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    e merecem o seu respeito".
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    A outra coisa é que ele nunca
    avistava lixo no chão,
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    na Disneylândia
    ou em qualquer outro lugar,
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    sem se abaixar para recolher.
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    Ele dizia: "Ninguém é bom demais
    para recolher lixo".
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    Na época do vovô,
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    um emprego na Disneylândia
    não era um bico.
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    Quem trabalhasse lá
    poderia comprar uma casa,
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    formar uma família,
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    ter assistência médica de qualidade,
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    se aposentar com segurança,
    sem preocupações,
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    apenas com o que ganhava lá no parque.
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    Veja bem, o vovô lutou
    contra os sindicatos
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    e lutou muito.
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    Ele dizia que não gostava de ser forçado
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    a fazer algo que queria fazer
    de modo voluntário.
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    Isso era paternalismo, é claro,
    e talvez até papo furado.
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    Ele não era um anjo,
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    e nem todos eram bem tratados
    e de modo justo na empresa.
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    Todos sabiam disso.
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    Mas acho que, no fundo,
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    ele tinha um compromisso muito forte
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    com a ideia de sua obrigação moral
    com cada pessoa que trabalhava para ele.
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    Na verdade, essa não era uma atitude
    tão incomum para os CEOs da época.
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    Mas, quando meu avô morreu em 1971,
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    uma nova mentalidade começava
    a tomar conta dos norte-americanos
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    e, por fim, da imaginação mundial.
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    O Grilo Falante foi convidado a se retirar
    pelo economista Milton Friedman,
  • 3:00 - 3:01
    entre outros,
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    que popularizou a ideia
    de primazia dos acionistas.
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    A primazia dos acionistas é uma ideia
    bem razoável quando pensamos a respeito.
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    Os acionistas são os donos da empresa
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    e querem lucros e crescimento.
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    Portanto, a prioridade
    são lucros e crescimento.
  • 3:21 - 3:22
    Muito sensato.
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    Infelizmente, a primazia dos acionistas
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    foi uma ideia que se tornou
    uma mentalidade,
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    que depois saiu do controle,
  • 3:30 - 3:33
    e chegou para alterar basicamente tudo
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    sobre a forma como empresas
    e até mesmo governos
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    eram liderados e administrados.
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    O editorial crucial de Milton Friedman
    no "New York Times"
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    foi seguido por décadas de organização
    e influências políticas conjuntas
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    de ativistas com foco nos negócios,
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    juntamente com um ataque prolongado
    a todas as leis e regulamentações
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    que antes mantinham os piores impulsos
    das empresas sob controle.
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    E, logo,
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    essa nova mentalidade tomou conta
    de todas as escolas de negócios
  • 4:05 - 4:06
    e de todos os setores.
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    Lucros deviam ser obtidos
    por todos os meios necessários,
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    sindicatos foram atacados,
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    impostos foram reduzidos
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    e, com o mesmo facão,
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    a rede de segurança também foi afetada.
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    Não preciso falar sobre a desigualdade
    resultante dessas mudanças.
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    Todos nós conhecemos bem a história.
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    O mais importante é que tudo
    o que transforma um bico num meio de vida
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    foi retirado do trabalhador
    norte-americano.
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    Segurança no emprego,
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    licença médica,
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    férias,
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    tudo isso acabou,
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    mesmo quando os ricos
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    viam o patrimônio líquido deles
    aumentar a níveis sem precedentes
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    e, sim, imprestáveis.
  • 4:45 - 4:49
    Porém, se você for o Tio Patinhas,
    pode transformar tudo em moedas de ouro
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    e nadar em dinheiro.
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    Vou colocar o elefante Dumbo na sala.
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    Sim, estou criticando a empresa
    que leva o nome de minha família.
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    Sim, acho que a Disney pode fazer melhor.
  • 5:02 - 5:07
    E acredito que muitos dos milhares
    de pessoas magníficas
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    que trabalham na Walt Disney Company
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    desejam que ela faça melhor
    tanto quanto eu.
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    Por quase um século,
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    a Disney lucrou bastante
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    com a ideia de que as famílias
    são uma espécie de magia,
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    que o amor é importante,
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    que a imaginação importa.
  • 5:25 - 5:27
    Por isso, o estômago
    fica um pouco revirado
  • 5:27 - 5:31
    quando digo que a Cinderela
    pode estar dormindo na carruagem.
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    Mas vamos ser muito claros:
    não se trata apenas da Disney.
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    Isso é estrutural e sistêmico.
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    Nenhum CEO sozinho é culpado,
  • 5:42 - 5:45
    e nenhuma empresa sozinha
    tem os recursos para resistir a isso.
  • 5:45 - 5:47
    Os analistas, os especialistas,
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    os políticos,
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    os currículos das escolas de negócios
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    e as normas sociais
  • 5:51 - 5:54
    determinam a forma
    da economia contemporânea.
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    A Disney só está fazendo
    o que todos fazem,
  • 5:57 - 5:59
    e eles nem são os piores infratores.
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    Se eu disser como foi ruim
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    para funcionários da Amazon,
    do McDonald's ou do Walmart,
  • 6:04 - 6:07
    ou de qualquer um dos milhares de lugares
    dos quais você nunca ouviu falar,
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    não vai te tocar tanto
    quanto se eu dissesse que 73%,
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    ou três em cada quatro pessoas
    que sorriem quando você entra,
  • 6:15 - 6:18
    que o ajudam a consolar
    aquele bebê que chora,
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    que talvez o ajudem a ter
    as melhores férias de sua vida,
  • 6:22 - 6:24
    não conseguem colocar comida
    na mesa regularmente.
  • 6:25 - 6:28
    Deveria ser o lugar mais feliz do mundo.
  • 6:29 - 6:32
    E as pessoas que trabalham lá
    têm um orgulho incrível
  • 6:32 - 6:35
    de se dedicar a um propósito maior.
  • 6:35 - 6:36
    É um propósito maior
  • 6:36 - 6:40
    que tanto meu avô quanto meu tio-avô
    construíram de forma muito intencional
  • 6:40 - 6:45
    quando o tornaram um lugar
    que honra interação em vez de transação.
  • 6:46 - 6:51
    Sei que uma palavra como magia
    faz você se perguntar se eu perdi a razão.
  • 6:51 - 6:55
    Sei que é difícil imaginar
    que algo tão efêmero como o amor
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    possa sustentar uma marca
    tão importante como a Disney,
  • 6:58 - 7:00
    e sei que é difícil imaginar
  • 7:00 - 7:05
    que coisas tão inquantificáveis,
    ​​como obrigações morais,
  • 7:05 - 7:07
    devam ter qualquer importância
  • 7:07 - 7:10
    quando procuramos entregar valor
    a nossos investidores.
  • 7:11 - 7:15
    Mas contabilidade e finanças
    não governam o mundo.
  • 7:16 - 7:17
    Crenças,
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    mentalidades,
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    são elas que conduzem a ética empresarial.
  • 7:21 - 7:25
    E, se vamos mudar essas mentalidades
    e sistemas de crenças,
  • 7:25 - 7:28
    teremos que usar
    o maior superpoder da Disney.
  • 7:28 - 7:30
    Teremos que usar nossa imaginação.
  • 7:30 - 7:34
    Você terá que convidar o Grilo Falante
    de volta para a festa.
  • 7:35 - 7:39
    O Grilo Falante pode começar
    com coisas mais fáceis de se alcançar,
  • 7:39 - 7:42
    como: a ganância não é boa,
  • 7:42 - 7:46
    o mundo não é dividido
    em criadores e tomadores,
  • 7:46 - 7:51
    e ninguém jamais, sem qualquer ajuda,
    se tornou um sucesso por esforço próprio.
  • 7:51 - 7:54
    Se você sabe um pouco de física,
    entenderá a razão disso.
  • 7:55 - 7:59
    O Grilo Falante pode nos lembrar
    que toda pessoa que trabalha para nós,
  • 7:59 - 8:01
    sem exceção,
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    seja quem preenche planilhas
  • 8:03 - 8:05
    ou troca os lençóis,
  • 8:05 - 8:09
    merece o respeito e a dignidade
    de um salário digno.
  • 8:09 - 8:10
    É simples assim.
  • 8:11 - 8:15
    E o Grilo Falante pode se perguntar
    como gerentes e funcionários
  • 8:15 - 8:19
    podem ter algum tipo de empatia
    uns pelos outros
  • 8:19 - 8:23
    quando seus locais de trabalho
    se tornaram tão segregados
  • 8:23 - 8:25
    que parece normal e natural
  • 8:25 - 8:29
    que um executivo precise de um lugar
    particularmente chique para estacionar,
  • 8:29 - 8:31
    comer ou ir ao banheiro
  • 8:31 - 8:35
    ou que um executivo seja bom demais
    para recolher lixo.
  • 8:35 - 8:40
    Afinal, somos parte da mesma espécie
    que vive no mesmo planeta.
  • 8:41 - 8:46
    O Grilo Falante pode nos pedir
    para questionar alguns de nossos dogmas.
  • 8:46 - 8:51
    Será que um CEO precisa receber
    tanto ou mais do que qualquer outro CEO,
  • 8:51 - 8:56
    ou isso só cria uma dinâmica competitiva
    que leva os números para a estratosfera?
  • 8:56 - 9:00
    Ele pode se perguntar se os conselhos
    sabem tudo o que realmente precisam saber
  • 9:00 - 9:04
    quando não têm funcionários
    da linha de frente em suas reuniões.
  • 9:05 - 9:08
    Ele pode perguntar
    se existe dinheiro demais.
  • 9:09 - 9:12
    Ou ele pode se perguntar
    se talvez possamos trabalhar
  • 9:12 - 9:14
    junto com consumidores, funcionários,
  • 9:14 - 9:16
    empresas, comunidades,
  • 9:16 - 9:18
    para que todos nós nos unamos
  • 9:18 - 9:22
    para redefinir essa ideia
    incrivelmente estreita
  • 9:22 - 9:25
    de qual é realmente
    o propósito de uma empresa.
  • 9:26 - 9:31
    O Grilo Falante gostaria que lembrássemos
    que ninguém trabalha isoladamente,
  • 9:31 - 9:34
    que os homens e mulheres
    que dirigem empresas
  • 9:34 - 9:38
    cocriam ativamente a realidade
    que todos temos para compartilhar.
  • 9:38 - 9:40
    Assim como acontece
    com o aquecimento global,
  • 9:40 - 9:44
    cada um de nós é responsável
    pelas consequências coletivas
  • 9:44 - 9:47
    de nossas decisões e ações individuais.
  • 9:48 - 9:53
    Acredito que o ecossistema de negócios
    mais lucrativo da história do mundo
  • 9:53 - 9:54
    pode fazer melhor.
  • 9:54 - 9:58
    Creio que podemos tirar
    um pouquinho das vantagens
  • 9:58 - 10:03
    e da pressão da velocidade
    com que as coisas estão acontecendo.
  • 10:03 - 10:06
    Acredito que tudo
    o que perdemos no curto prazo
  • 10:06 - 10:07
    mais do que se compensará
  • 10:07 - 10:13
    em um cenário expandido de prosperidade
    moral, espiritual e financeira.
  • 10:14 - 10:16
    Sei o que os céticos dizem, e é verdade:
  • 10:16 - 10:18
    você não consegue comer seus princípios,
  • 10:18 - 10:21
    mas também não consegue
    respirar margem de lucro,
  • 10:21 - 10:23
    e seus filhos também não.
  • 10:23 - 10:27
    Sei que eu idolatrava meu avô
    provavelmente demais.
  • 10:27 - 10:29
    Ele trabalhou em uma época muito diferente
  • 10:29 - 10:31
    para a qual nenhum de nós quer voltar
  • 10:31 - 10:33
    por uma série de boas razões.
  • 10:34 - 10:36
    Sei que há muitos CEOs hoje
  • 10:36 - 10:40
    tão bem-intencionados
    e honestos quanto meu avô,
  • 10:40 - 10:43
    mas eles trabalham em uma época
    com expectativas muito diferentes
  • 10:43 - 10:45
    e num contexto muito mais implacável.
  • 10:46 - 10:48
    Mas eis a boa notícia.
  • 10:48 - 10:51
    Expectativas e contextos são feitos
  • 10:51 - 10:54
    e também podem ser desfeitos.
  • 10:54 - 10:57
    Há muito a aprender
    com a simples integridade
  • 10:57 - 11:00
    de como meu avô entendia
    o trabalho dele como CEO.
  • 11:01 - 11:04
    Atrás de cada parque temático
    e de cada bicho de pelúcia,
  • 11:04 - 11:07
    uma série de princípios governava tudo.
  • 11:08 - 11:12
    Toda pessoa merece respeito e dignidade.
  • 11:13 - 11:17
    Ninguém é bom demais para recolher lixo,
  • 11:17 - 11:20
    e sempre deixe a consciência
    ser o seu guia.
  • 11:21 - 11:25
    É melhor ouvirmos o Grilo Falante.
  • 11:25 - 11:26
    Obrigada.
Title:
A dignidade não é um privilégio. É um direito do trabalhador
Speaker:
Abigail Disney
Description:

Qual é o propósito de uma empresa? Nesta palestra ousada, a ativista e cineasta Abigail Disney imagina um mundo onde as empresas têm a obrigação moral de colocar seus funcionários acima dos acionistas, conclamando a Disney (e todas as corporações) a oferecer respeito, dignidade e um salário digno a todos que trabalham para elas.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
11:40

Portuguese, Brazilian subtitles

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