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Confissões de um microgestor em recuperação

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    Estou aqui hoje para falar
    sobre microgestão
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    e o que aprendi sobre microgestão,
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    por ser um microgestor durante
    os últimos anos da minha vida.
  • 0:09 - 0:12
    Mas, em primeiro lugar,
    o que é a microgestão?
  • 0:12 - 0:14
    Como é que a definimos?
  • 0:14 - 0:18
    Eu digo que é ter pessoas boas,
    maravilhosas e imaginativas.
  • 0:18 - 0:19
    como todos vocês,
  • 0:19 - 0:21
    levá-las para uma organização
  • 0:21 - 0:23
    e esmagar-lhes as almas...
  • 0:23 - 0:24
    (Risos)
  • 0:24 - 0:26
    dizendo-lhes que tipo
    de letra devem usar.
  • 0:26 - 0:29
    Na história da Humanidade,
    alguém disse isto?
  • 0:30 - 0:34
    "John, nós nunca vamos fechar o negócio
    utilizando o Times New Roman,
  • 0:34 - 0:37
    "mas como insististe
    em usar o Helvetica...
  • 0:37 - 0:38
    "bum!
  • 0:38 - 0:39
    "Linha tracejada
  • 0:39 - 0:41
    "— milhões de dólares a entrar!
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    "Era a peça que faltava!"
  • 0:43 - 0:44
    Nunca ninguém disse isto, pois não?
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    Há manifestações físicas
    que provavelmente vemos em nós mesmos
  • 0:47 - 0:49
    ao estarmos sob microgestão.
  • 0:49 - 0:52
    Pensem quando estiveram
    mais cansados na vida.
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    Provavelmente não foi quando
    ficaram até tarde no trabalho
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    ou quando chegaram
    a casa de uma viagem.
  • 0:57 - 1:01
    Provavelmente foi quando tiveram
    alguém a olhar por cima do vosso ombro
  • 1:01 - 1:04
    a observar todos os vossos movimentos.
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    Como a minha sogra
    quando está por perto.
  • 1:07 - 1:08
    (Risos)
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    Eu penso: " Eu trato disto".
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    Há mesmo dados que validam isto.
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    Houve um estudo recente no Reino Unido,
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    em que escolheram
    100 funcionários de hospitais,
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    colocaram-lhes
    um controlador de atividade,
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    e deixaram-nos sozinhos
    durante um turno de 12 horas,
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    um turno normal de 12 horas.
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    No final do turno, perguntaram-lhes:
    "Sente-se cansado?"
  • 1:27 - 1:29
    Descobriram uma coisa
    realmente interessante.
  • 1:29 - 1:31
    Não foram as pessoas
    que mais se movimentaram
  • 1:32 - 1:33
    as que se sentiram mais cansadas,
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    mas foram as que não tinham
    controlo sobre as suas tarefas.
  • 1:37 - 1:40
    Então, se sabemos que
    a microgestão não é funcional
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    porque é que a fazemos?
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    Será que a definição está errada?
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    Eu suponho que a microgestão
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    vai buscar pessoas boas,
    maravilhosas, imaginativas
  • 1:49 - 1:51
    e depois esmaga-lhes as almas.
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    Então, será que queremos contratar
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    — cá bem no fundo —
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    pessoas enfadonhas e sem imaginação?
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    Esta é uma das perguntas
    que nem precisam de fazer.
  • 2:00 - 2:03
    É como: "Quer que a sua bagagem
    seja roubada no aeroporto?"
  • 2:03 - 2:05
    Provavelmente não,
    mas nunca me perguntaram isso.
  • 2:05 - 2:08
    Portanto, alguém já vos perguntou,
    enquanto gestor:
  • 2:08 - 2:11
    "Quer contratar pessoas enfadonhas
    e sem imaginação?"
  • 2:11 - 2:14
    Não sei, isto é o TED,
    é melhor apresentarmos dados.
  • 2:14 - 2:17
    Na verdade, perguntámos
    a centenas de pessoas de todo o país,
  • 2:17 - 2:19
    centenas de gestores por todo o país:
  • 2:19 - 2:22
    "Quer contratar pessoas enfadonhas
    e sem imaginação?"
  • 2:22 - 2:24
    OK, é uma pergunta interessante.
  • 2:24 - 2:26
    E os resultados também são.
  • 2:26 - 2:27
    Bem, 94% disseram que não.
  • 2:27 - 2:28
    (Risos)
  • 2:28 - 2:31
    "Não queremos contratar
    pessoas enfadonhas e sem imaginação."
  • 2:31 - 2:34
    Uns 6% provavelmente não
    perceberam a pergunta
  • 2:34 - 2:35
    (Risos)
  • 2:35 - 2:37
    mas, abençoados sejam,
  • 2:37 - 2:39
    talvez queiram contratar essas pessoas.
  • 2:39 - 2:43
    Mas 94% disseram que não queriam,
    e então porque é que ainda o fazemos?
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    Eu suponho que seja
    algo mesmo, mesmo simples
  • 2:46 - 2:49
    que todos nós, bem cá no fundo,
    sabemos e sentimos.
  • 2:49 - 2:52
    Por isso, quando somos contratados
    para uma organização
  • 2:52 - 2:55
    — pode ser um clube,
    pode ser um escritório de advogados,
  • 2:55 - 2:58
    pode ser uma organização escolar,
    pode ser qualquer coisa —
  • 2:58 - 3:00
    ninguém salta logo para o topo
    da hierarquia, pois não?
  • 3:00 - 3:02
    Começa-se na base.
  • 3:02 - 3:03
    A fazer o quê?
  • 3:03 - 3:05
    A trabalhar.
  • 3:05 - 3:07
    Vocês trabalham, não é?
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    E se forem muito bons a trabalhar,
    como que é que são recompensados?
  • 3:10 - 3:12
    Com mais trabalho, certo?
  • 3:12 - 3:14
    Sim, isso mesmo, vocês são todos
    excelentes microgestores.
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    (Risos)
  • 3:16 - 3:17
    Vocês trabalham mais
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    e. em breve,
    se forem realmente bons nisso,
  • 3:19 - 3:21
    ainda trabalham um pouco mais
  • 3:21 - 3:24
    mas, na realidade, começam a gerir
    as pessoas que fazem o trabalho.
  • 3:24 - 3:27
    E se forem realmente bons nisso,
    o que acontece depois?
  • 3:27 - 3:31
    Começam a gerir as pessoas
    que gerem aqueles que fazem o trabalho.
  • 3:31 - 3:33
    É nesse momento,
  • 3:33 - 3:37
    que vocês começam a perder o controlo
    sobre o resultado final do vosso trabalho.
  • 3:37 - 3:40
    Eu presenciei isto diretamente.
  • 3:40 - 3:42
    Lancei uma empresa
    chamada Boxed, na nossa garagem,
  • 3:42 - 3:45
    e era isto — eu sei
    que não parece grande coisa —
  • 3:45 - 3:48
    mas há uma lavadora de alta pressão
    nas traseiras —
  • 3:48 - 3:50
    isto é "viver o sonho."
  • 3:50 - 3:53
    A minha esposa orgulhou-se de mim
    quando começámos isto.
  • 3:53 - 3:55
    Era o que ela dizia,
    que tinha orgulho em mim.
  • 3:55 - 3:59
    Abraçava-me e eu tinha a certeza
    de que ela estava a olhar para o telefone
  • 3:59 - 4:01
    e a pensar: "Será que o John
    de Harvard ainda é solteiro?"
  • 4:01 - 4:05
    Foi como se uma banca de limonada
    desse para o torto, logo de início.
  • 4:05 - 4:08
    Mas superámo-nos e dissemos
    que o comércio móvel ia ser grande,
  • 4:08 - 4:11
    e que os bens de consumo embalados
    mudariam com o tempo,
  • 4:11 - 4:14
    iríamos utilizar embalagens grandes,
    que ninguém quer levar para casa
  • 4:14 - 4:17
    — não a embalagem de 2 pacotes
    de bolachas Oreo, mas a de 24.
  • 4:17 - 4:20
    e não a embalagem de 24 rolos
    de papel higiénico mas a de 48 rolos —
  • 4:20 - 4:22
    e enviamo-la como faria
    uma cooperativa de consumo
  • 4:22 - 4:24
    exceto que ela não a enviariam.
  • 4:24 - 4:26
    Foi isto que fizemos basicamente.
  • 4:26 - 4:28
    Tínhamos uma impressora
    muito lenta e pensámos:
  • 4:28 - 4:31
    "OK, esta impressora demora séculos.
  • 4:31 - 4:33
    "Vamos inventar algo
    que deixará o cliente feliz
  • 4:33 - 4:35
    "na parte de trás destas faturas."
  • 4:35 - 4:37
    Então diríamos: "Continue a sorrir".
  • 4:37 - 4:39
    "Você é fantástico."
  • 4:39 - 4:41
    Ou "Desfrutem os Doritos,"
  • 4:41 - 4:42
    ou "Nós também adoramos Gatorade."
  • 4:42 - 4:44
    Algo do género.
  • 4:44 - 4:48
    Então aquilo também começou
    a quebrar a monotonia do trabalho
  • 4:48 - 4:50
    porque eu pegava
    e enchia todas as caixas,
  • 4:50 - 4:54
    e basicamente é tudo o que se faz
    durante 8, 9, 10, 12 horas por dia,
  • 4:54 - 4:55
    enquanto se está sentado na garagem.
  • 4:55 - 4:58
    Então, aconteceu algo interessante.
  • 4:58 - 5:00
    Começámos a crescer.
  • 5:00 - 5:02
    E então, vocês sabem,
    durante os últimos...
  • 5:02 - 5:05
    na verdade apenas 36 meses depois disso,
  • 5:05 - 5:08
    acabámos por vender
    centenas de milhões de dólares de artigos,
  • 5:08 - 5:11
    e crescemos mesmo, mesmo depressa.
  • 5:11 - 5:13
    Mas, durante esse tempo,
    o meu papel começou a mudar.
  • 5:13 - 5:16
    Sim, eu era o CEO na garagem.
  • 5:16 - 5:18
    Recolhia, empacotava,
    fazia todo o trabalho,
  • 5:18 - 5:19
    mas depois evoluí
  • 5:19 - 5:22
    e comecei a gerir as pessoas
    que recolhiam e empacotavam
  • 5:22 - 5:24
    e, em pouco tempo, eu chefiava as pessoas
  • 5:24 - 5:26
    que chefiavam
    os que recolhiam e empacotavam.
  • 5:26 - 5:30
    Ainda hoje, eu chefio a equipa de chefes
    que chefiam os departamentos
  • 5:30 - 5:33
    que chefiam as pessoas que chefiam
    as pessoas que recolhem e empacotam.
  • 5:33 - 5:36
    Foi nesse preciso momento
    que perdi o controlo.
  • 5:36 - 5:40
    Pensei: "OK, estamos a satisfazer
    todos os clientes com estas frases.
  • 5:40 - 5:42
    "Eles adoram-nas, mas não posso
    continuar a escrevê-las.
  • 5:42 - 5:44
    "O que é que vou fazer?
  • 5:44 - 5:47
    "Vou ensinar estas pessoas
    a escrever estas frases,
  • 5:47 - 5:51
    "que caneta utilizar, que cor usar,
    o que devem escrever,
  • 5:51 - 5:52
    "que capa devem usar,
  • 5:52 - 5:54
    "não desrespeitem as margens.
  • 5:54 - 5:56
    "Isto deste tamanho,
    isto daquele tamanho.
  • 5:56 - 5:59
    "E em pouco tempo,
    este objetivo de aumentar a moral,
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    "quebrando a monotonia
    no centro de satisfação,
  • 6:01 - 6:02
    "tornou-se em microgestão,
  • 6:02 - 6:05
    e as pessoas começaram a queixar-se:
  • 6:05 - 6:07
    "Meu, este CEO tem
    de me deixar em paz, OK?
  • 6:07 - 6:09
    "Eu sei como escrever
    o raio de uma frase."
  • 6:09 - 6:10
    (Risos)
  • 6:10 - 6:13
    Foi nesse momento que dissemos:
  • 6:13 - 6:16
    "OK. Contratámos estas pessoas
    excelentes, fantásticas,
  • 6:17 - 6:19
    "vamos dar-lhes a missão,
    de fazer feliz o consumidor,
  • 6:19 - 6:22
    "dar-lhes a ferramenta para fazê-lo,
    que são estes apontamentos
  • 6:22 - 6:24
    "— tomem-nos lá."
  • 6:24 - 6:26
    Então descobrimos uma coisa surpreendente.
  • 6:26 - 6:28
    Algumas pessoas pegaram nos apontamentos
  • 6:28 - 6:31
    e começaram a desenhar neles
    uns mini-murais ornamentais.
  • 6:31 - 6:35
    Quando as pessoas pediam fraldas
    apareciam apontamentos muito engraçados:
  • 6:35 - 6:37
    "Diga 'olá' ao bebé por nós!"
  • 6:37 - 6:39
    E se, posteriormente,
    compravam um tamanho maior,
  • 6:39 - 6:42
    escreviam:
    "Está a crescer muito depressa."
  • 6:42 - 6:45
    As pessoas levavam
    aquilo mesmo a sério.
  • 6:45 - 6:49
    Mas foi nessa altura que as coisas
    começaram a descarrilar.
  • 6:49 - 6:52
    Havia quem escrevesse sempre,
    simplesmente: "Obg, Obg",
  • 6:52 - 6:55
    do género: "Era o que o meu chefe
    costumava escrever-me sempre"
  • 6:55 - 6:57
    por isso, não vamos
    continuar a escrever "Obg".
  • 6:57 - 7:00
    Mas também apareciam coisas interessantes.
  • 7:00 - 7:02
    As pessoas tornavam-se criativas demais.
  • 7:02 - 7:05
    Como disse antes,
    vendemos tudo por atacado:
  • 7:05 - 7:08
    embalagens grandes de fraldas,
    embalagens grandes de papel higiénico,
  • 7:08 - 7:11
    embalagens grandes de Doritos
    e de bolachas Oreo.
  • 7:11 - 7:14
    Também vendemos
    embalagens grandes de contracetivos,
  • 7:14 - 7:16
    por isso
  • 7:16 - 7:18
    — isto está a ficar um pouco esquisito.
  • 7:18 - 7:19
    (Risos)
  • 7:20 - 7:22
    Vendemos embalagens
    de 40 preservativos.
  • 7:23 - 7:25
    Somos todos adultos aqui
    — embalagens de 40 preservativos.
  • 7:25 - 7:29
    Então, alguém encomendou
    quatro embalagens de 40 preservativos.
  • 7:29 - 7:30
    (Risos)
  • 7:30 - 7:33
    E só encomendaram isso,
  • 7:33 - 7:35
    portanto, 160 preservativos.
  • 7:35 - 7:38
    O embalador pensou:
    "Sei como deixar satisfeito o cliente."
  • 7:38 - 7:39
    (Risos)
  • 7:39 - 7:41
    "Este tipo..."
  • 7:41 - 7:43
    Isto foi aquilo que eles escreveram:
  • 7:43 - 7:44
    [todos adoram um otimista]
  • 7:44 - 7:46
    (Risos)
  • 7:46 - 7:49
    (Aplausos)
  • 7:49 - 7:52
    Não sabíamos se o devíamos despedir
    ou promovê-lo, mas ele ainda está lá.
  • 7:52 - 7:55
    Portanto, "Todos adoram um otimista."
  • 7:55 - 8:00
    Mas aqui é que aquilo
    descarrilou um bocado
  • 8:00 - 8:03
    e senti-me um pouco
    em conflito no meio disto.
  • 8:03 - 8:04
    [Conflic]
  • 8:04 - 8:06
    Oh, aqui há um erro
    ortográfico muito mau,
  • 8:07 - 8:11
    por isso, se apenas houvesse um único
    T-E-D no palco que eu contasse estar aqui,
  • 8:11 - 8:13
    não seria um erro, pois não?
  • 8:13 - 8:13
    (Risos)
  • 8:13 - 8:15
    (Aplausos)
  • 8:15 - 8:17
    Garanti-vos que tinha
    um péssimo sentido de humor,
  • 8:17 - 8:19
    e agora estou a mostrá-lo.
  • 8:19 - 8:21
    Como vos disse,
    eu estava realmente em conflito.
  • 8:21 - 8:23
    Nesse momento,
    começámos a fazer coisas
  • 8:23 - 8:26
    que não faziam parte
    da nossa missão principal
  • 8:26 - 8:28
    e as pessoas começaram a falhar.
  • 8:28 - 8:31
    Então, pensei:
    "Devemos deixá-las falhar?
  • 8:31 - 8:34
    "Devemos continuar
    a deixá-las fazer isso?"
  • 8:34 - 8:35
    Não sei.
  • 8:35 - 8:37
    Não sabia nessa altura,
  • 8:37 - 8:39
    mas pensei o seguinte:
  • 8:39 - 8:41
    o fracasso será assim tão mau?
  • 8:41 - 8:44
    Não estou a dizer
    que devemos festejar os fracassos.
  • 8:44 - 8:47
    Há um grande debate em Silicon Valley
    quanto a "Vamos festejar o fracasso."
  • 8:47 - 8:49
    Não, eu não sei
    se iríamos por esse caminho,
  • 8:50 - 8:52
    porque, tal como
    nas nossas reuniões de direção,
  • 8:52 - 8:55
    as pessoas nunca dizem:
    "Chieh, falhaste no último trimestre,
  • 8:55 - 8:56
    "continua assim colega, OK?"
  • 8:56 - 8:58
    Jamais alguém disse isso.
  • 8:58 - 9:00
    Se pertencem a uma organização
    desse tipo, liguem-me,
  • 9:00 - 9:02
    quero ir a uma reunião dessas.
  • 9:02 - 9:05
    Penso que não existem
    muitas pessoas a festejar o fracasso,
  • 9:05 - 9:07
    mas suponho que o fracasso é necessário
  • 9:07 - 9:09
    a longo prazo, para os indivíduos,
  • 9:09 - 9:12
    para as pessoas inteligentes e criativas
  • 9:12 - 9:15
    que estão a tentar cumprir
    a missão que lhes é atribuída.
  • 9:15 - 9:18
    Assim, o fracasso pode ser visto
    como uma etapa
  • 9:18 - 9:21
    ao longo da missão na direção do sucesso.
  • 9:21 - 9:24
    E se o lado negativo
    de não fazer microgestão
  • 9:24 - 9:27
    é potencialmente a noção
    de que se pode falhar frequentemente,
  • 9:27 - 9:29
    e, se não é assim tão mau,
  • 9:29 - 9:31
    qual é o lado positivo?
  • 9:31 - 9:33
    Já vimos o lado positivo,
    que é bastante bom.
  • 9:33 - 9:35
    Dissemos aos nossos engenheiros:
  • 9:35 - 9:37
    "A construção dos nossos
    centros de abastecimento
  • 9:37 - 9:38
    "custa milhões de dólares.
  • 9:38 - 9:41
    "Há muitos quilómetros
    de tapetes transportadores,
  • 9:41 - 9:42
    "e vocês conseguem
    fazer a mesma coisa?
  • 9:42 - 9:46
    "Conseguem torná-los eficientes
    sem gastarem milhões de dólares?"
  • 9:46 - 9:47
    Eles começaram a trabalhar.
  • 9:47 - 9:48
    Fizeram isto — não é Photoshop,
  • 9:48 - 9:50
    o tipo está mesmo a dar no duro.
  • 9:50 - 9:52
    Construíram um veículo
    guiado autonomamente.
  • 9:52 - 9:55
    Não lhes dissemos o que construir,
    que formato devia ter.
  • 9:55 - 9:57
    Em 90 dias produziram
    o primeiro protótipo:
  • 9:57 - 10:00
    alimentado por baterias Tesla,
    câmaras estereoscópicas, sistemas LIDAR.
  • 10:00 - 10:03
    Basicamente reproduz
    a eficiência de um tapete transportador
  • 10:03 - 10:06
    sem as despesas de capital
    de um tapete transportador.
  • 10:06 - 10:08
    Isto não acaba com os engenheiros.
  • 10:08 - 10:11
    Dissemos ao nosso departamento
    de "marketing":
  • 10:11 - 10:13
    "Espalhem a palavra.
    Façam o que está correto."
  • 10:13 - 10:16
    Temos uma mulher fantástica, Nitasha,
    na equipa de "marketing".
  • 10:16 - 10:18
    Uma manhã disse-me:
  • 10:18 - 10:21
    "Chieh, o que vamos fazer
    quanto ao imposto cor-de-rosa?"
  • 10:21 - 10:23
    Fui buscar o meu café,
    sentei-me e disse:
  • 10:23 - 10:25
    "OK Nitasha,
    o que é o imposto cor-de-rosa?"
  • 10:25 - 10:27
    Ela explicou-me, é muito interessante.
  • 10:27 - 10:29
    Alguns de vocês devem saber
    que em 32 estados dos EUA,
  • 10:29 - 10:32
    cobramos o imposto de produtos de luxo
    sobre produtos para mulheres,
  • 10:32 - 10:34
    tais como produtos de higiene feminina.
  • 10:34 - 10:38
    Os tampões e os pensos higiénicos
    pagam imposto de artigos de luxo.
  • 10:38 - 10:41
    Nunca me atreveria a dizer
    à minha esposa, quando ela me pedisse:
  • 10:41 - 10:43
    "Querido, traz-me pensos higiénicos",
  • 10:43 - 10:44
    "Querida,há uma guerra comercial,
  • 10:44 - 10:46
    "a economia não está favorável,
  • 10:46 - 10:49
    "por isso nada de bens de luxo este mês,
    mas no próximo mês, prometo...
  • 10:49 - 10:50
    "vou olhar para isso."
  • 10:50 - 10:51
    (Risos)
  • 10:51 - 10:53
    Ficaria solteiro rapidamente, não é?
  • 10:53 - 10:55
    Mas o que é super interessante
    é que agora
  • 10:55 - 10:57
    — não lhes dissemos o que fazer —
  • 10:57 - 11:00
    através do departamento financeiro,
    é abatido o imposto.
  • 11:00 - 11:03
    para clientes de todo o país,
    que injustamente temos de cobrar.
  • 11:03 - 11:06
    Então, neste momento,
    podem estar a pensar:
  • 11:06 - 11:10
    "OK, qual é o verdadeiro lado positivo
    de não praticar a microgestão?
  • 11:10 - 11:11
    e é este:
  • 11:11 - 11:14
    Eu não fiz nenhum destes projetos,
    eu não fiz o AGV.
  • 11:14 - 11:17
    Eu não fiz a campanha
    "Rethink the Pink Tax",
  • 11:17 - 11:18
    Não fiz nada disto,
  • 11:18 - 11:22
    mas estou aqui presente num palco de TED
    a obter todo o crédito por isso.
  • 11:22 - 11:24
    (Risos)
  • 11:25 - 11:28
    "Este indivíduo não faz nada
    e fica com o crédito todo.
  • 11:28 - 11:30
    "Ele é um verdadeiro CEO, este tipo.
    Ele sabe-a toda."
  • 11:30 - 11:31
    (Risos)
  • 11:31 - 11:33
    Mas a realidade é esta.
  • 11:33 - 11:36
    Não tenho as características
    de um CEO 100% assimiladas
  • 11:36 - 11:40
    mas aprendi a lição
    mais fundamentalmente desafiante.
  • 11:40 - 11:43
    que alguma vez tive de aprender,
  • 11:43 - 11:44
    e é esta.
  • 11:44 - 11:48
    Só há uma solução para a microgestão...
  • 11:48 - 11:49
    que é confiar.
  • 11:49 - 11:51
    Obrigado.
  • 11:51 - 11:55
    (Aplausos)
Title:
Confissões de um microgestor em recuperação
Speaker:
Chieh Huang
Description:

Pensem no momento em que se sentiram mais cansados no trabalho. Provavelmente não foi quando ficaram até tarde ou voltaram a casa de uma viagem na estrada — o mais provável é que tenha sido quando houve alguém a olhar por cima do vosso ombro, atento a cada movimento vosso. "Se sabemos que a microgestão não é funcional, porque é que a fazemos?" pergunta o empresário Chieh Huang. Numa conversa animada carregada de sabedoria e humildade, Huang partilha a cura para a loucura da microgestão — e como impulsionar a inovação e a felicidade no trabalho.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
12:07

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