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Quando a vida te dá limões | Kendra Gottsleben | TEDxSiouxFalls

  • 0:13 - 0:16
    Existem duas formas de me descrever.
  • 0:17 - 0:20
    A primeira é que me chamo
    Kendra Gottsleben,
  • 0:20 - 0:23
    graduada em 2010
    na Universidade de Augustana
  • 0:23 - 0:27
    formada em Sociologia e Psicologia.
  • 0:27 - 0:30
    A segunda é, sou Kendra Gottsleben,
  • 0:30 - 0:35
    uma pessoa com deficiência,
    em uma cadeira de rodas.
  • 0:35 - 0:40
    portadora de mucopolissacaridose tipo VI,
  • 0:40 - 0:43
    uma doença enzimática rara.
  • 0:44 - 0:47
    Eu prefiro ser descrita da primeira forma,
  • 0:47 - 0:51
    ressaltando os meus feitos e conquistas.
  • 0:52 - 0:56
    Sei que se eu planejar alcançar
    meus objetivos na vida,
  • 0:56 - 1:02
    preciso reconhecer primeiro
    meus pontos fortes e usá-los.
  • 1:03 - 1:06
    A vida pode ser dura,
    não importa quem você seja,
  • 1:06 - 1:08
    como se pareça,
  • 1:08 - 1:11
    ou o que você almeja alcançar.
  • 1:12 - 1:16
    Meu futuro é brilhante
    e cheio de possibilidades.
  • 1:16 - 1:20
    Não importa como outros
    me descrevam ou percebam,
  • 1:20 - 1:25
    eu gosto de viver cultivando
    uma atitude otimista, tipo: "Eu posso!"
  • 1:25 - 1:29
    Eu acredito muito que a vida
    é o que você faz dela.
  • 1:30 - 1:33
    Amo dar risadas, fazer piadas,
    ajudar os outros,
  • 1:33 - 1:36
    e gosto de passar meu tempo
    com a família e amigos.
  • 1:37 - 1:41
    Mas a verdade é que sou
    uma pessoa com deficiência
  • 1:41 - 1:43
    que vive em uma cadeira de rodas,
  • 1:43 - 1:46
    e tenho certeza que é parte do que sou
  • 1:46 - 1:49
    e não há nada que eu possa
    fazer a não ser aceitar.
  • 1:50 - 1:54
    Por isso não deixo que o fato
    de estar em uma cadeira de rodas
  • 1:54 - 1:57
    me impeça de continuar lutando
    para alcançar meus objetivos na vida.
  • 1:58 - 2:03
    Alguns dos objetivos que já alcancei
    foi a graduação na universidade,
  • 2:03 - 2:04
    conseguir um emprego
  • 2:04 - 2:08
    e ser capaz de ajudar os outros
    através da minha experiência de vida.
  • 2:10 - 2:12
    Uma experiência que me orgulha muito
  • 2:12 - 2:17
    foi ter participado de uma pesquisa
    clínica experimental de enzimas
  • 2:17 - 2:20
    em Oakland, Califórnia, em 2002.
  • 2:21 - 2:26
    Essa pesquisa clínica experimental estudou
    a enzima que meu corpo não produz.
  • 2:29 - 2:32
    O objetivo era receber aprovação
    da agência de vigilância sanitária
  • 2:32 - 2:37
    para crianças como eu
    e adultos com MPS tipo VI,
  • 2:37 - 2:41
    para que pudessem também receber
    medicamentos para o tratamento.
  • 2:43 - 2:44
    Como participante,
  • 2:44 - 2:48
    eu me submeti a inúmeros testes
    e infusões semanais para essa pesquisa,
  • 2:48 - 2:52
    e em 2005, a agência concedeu a aprovação.
  • 2:53 - 2:57
    Como paciente, uma das condições
    para esse tratamento
  • 2:57 - 3:01
    é que precisaremos de infusões
    semanais pelo resto de nossas vidas.
  • 3:01 - 3:04
    Nossa corpo nunca produzirá essa enzima,
  • 3:04 - 3:08
    mas o tratamento nos ajuda
    a ter uma vida mais saudável.
  • 3:10 - 3:12
    Estou planejando e trabalhando
  • 3:12 - 3:16
    na compilação de um livro
    para deixar minha marca no mundo.
  • 3:17 - 3:21
    Estou enfrentando muitos obstáculos
    por causa da MPS tipo VI,
  • 3:21 - 3:23
    mas eu aprendi
  • 3:24 - 3:27
    a solucionar esses obstáculos
    à medida que aparecem.
  • 3:27 - 3:30
    Fui diagnosticada aos quatro anos de idade
  • 3:30 - 3:34
    com a doença rara MPS tipo VI.
  • 3:34 - 3:40
    Uma em cada 215 mil pessoas
    é diagnosticada com essa doença.
  • 3:40 - 3:47
    Meu corpo não produz
    a enzima que limpa as células,
  • 3:47 - 3:52
    causando a acumulação de uma substância
    parecida com cola nas minhas células,
  • 3:52 - 3:57
    a qual afeta meu tecido
    conjuntivo e meus órgãos vitais.
  • 3:58 - 4:00
    Apesar de minha condição,
  • 4:00 - 4:03
    comportei-me tradicionalmente
    durante minha jornada escolar
  • 4:03 - 4:04
    como qualquer outro estudante.
  • 4:05 - 4:08
    Como aluna do ensino
    médio, me formei com honra.
  • 4:08 - 4:10
    Sempre trabalhei duro,
  • 4:10 - 4:16
    o que me beneficiou enquanto buscava
    tudo que aprendi a conquistar.
  • 4:16 - 4:18
    Nada me foi dado de mão beijada
  • 4:18 - 4:22
    ou facilitado por causa
    dos meus obstáculos diários.
  • 4:23 - 4:27
    Esses obstáculos me tornaram
    uma pessoa melhor
  • 4:27 - 4:31
    e me ensinaram que, se quero ter sucesso,
  • 4:31 - 4:33
    terei que fazê-lo sem ajuda.
  • 4:34 - 4:37
    Alguns desses obstáculos
    têm sido ir para a faculdade
  • 4:37 - 4:40
    enquanto recebo a infusão semanal,
  • 4:40 - 4:43
    a incapacidade de ser espontânea
  • 4:43 - 4:46
    e a falta de independência total.
  • 4:49 - 4:55
    Somos nós que determinamos
    a postura e abordagem na vida.
  • 4:55 - 4:57
    Eu prefiro ser positiva
  • 4:57 - 5:01
    porque a negatividade
    e ter pena de si mesmo
  • 5:01 - 5:04
    não nos ajuda na jornada da vida.
  • 5:04 - 5:06
    Quando estava no ensino fundamental,
  • 5:06 - 5:09
    olhava para meus amigos e me perguntava:
  • 5:09 - 5:13
    "Como eles podem correr tanto
    sem perder o fôlego?
  • 5:13 - 5:15
    Com certeza, estão crescendo".
  • 5:16 - 5:18
    Eu nunca pensei muito sobre isso.
  • 5:18 - 5:22
    Eu não compreendia a razão
    pela qual eu não podia correr tão rápido
  • 5:22 - 5:26
    e a razão para tanta certeza era
    por causa da minha condição.
  • 5:27 - 5:30
    Eu nem sabia que tinha problema de saúde.
  • 5:30 - 5:33
    Eu não tinha ideia que era
    diferente dos outros estudantes,
  • 5:33 - 5:35
    até a quinta série.
  • 5:36 - 5:39
    Nunca fui zoada.
  • 5:39 - 5:42
    Eu fui aceita do jeito que era.
  • 5:42 - 5:47
    Meus pais nunca focaram
    nas minhas diferenças e nas dificuldades,
  • 5:47 - 5:53
    até que viram que eu estava pronta
    para compreender minha condição.
  • 5:55 - 5:59
    No ensino fundamental, eu não tinha
    uma cadeira de rodas, como hoje.
  • 6:00 - 6:02
    Quando era deixada na escola,
  • 6:02 - 6:05
    eu aguardava do lado de fora
    o horário da primeira aula
  • 6:05 - 6:09
    basicamente em uma cadeira com rodas,
  • 6:10 - 6:12
    esperando a aula começar.
  • 6:13 - 6:16
    Às vezes, meus amigos vinham
    e sentavam comigo
  • 6:16 - 6:19
    quando não estavam correndo,
    conversando uns com os outros.
  • 6:19 - 6:22
    Mas muitas vezes fiquei sozinha,
  • 6:22 - 6:25
    desejando fazer parte do grupo.
  • 6:26 - 6:27
    Era difícil para mim,
  • 6:27 - 6:30
    e ainda mais para meus pais.
  • 6:30 - 6:32
    Ao saírem para ir trabalhar,
  • 6:32 - 6:38
    eles olhavam para trás e me viam
    sentada sozinha no corredor.
  • 6:38 - 6:42
    Eu compreendia a vontade
    dos meus amigos de conversar entre eles.
  • 6:42 - 6:44
    Por isso nunca fiquei chateada com eles,
  • 6:44 - 6:47
    mas às vezes era solitário.
  • 6:48 - 6:50
    No ensino médio,
  • 6:50 - 6:53
    estabeleci a meta de ter aulas
    sobre "American Heritage",
  • 6:53 - 6:55
    que eram aulas de nível avançado,
  • 6:55 - 6:57
    e de Álgebra II.
  • 6:58 - 7:00
    Quando fui falar com a orientadora
  • 7:00 - 7:04
    ela me disse que só os alunos
    que planejam entrar na universidade
  • 7:04 - 7:08
    podem frequentar aquelas aulas.
  • 7:08 - 7:10
    Fiquei chocada e percebi de imediato
  • 7:10 - 7:13
    que ela não me via
    como uma aluna qualificada.
  • 7:14 - 7:16
    Então, ela complementou:
  • 7:16 - 7:18
    "Para você cursar American Heritage,
  • 7:18 - 7:21
    exigimos carta de recomendação
    assinada pelo professor
  • 7:21 - 7:25
    declarando que você está apta
    a acompanhar o curso".
  • 7:26 - 7:29
    Acho que ela pensou
    que estava tudo resolvido.
  • 7:30 - 7:35
    Mas sorri gentilmente,
    mostrando a carta assinada,
  • 7:35 - 7:37
    e disse: " Aqui está!"
  • 7:37 - 7:43
    E continuei: "Planejo entrar
    na universidade".
  • 7:44 - 7:49
    É com orgulho que digo que terminei
    o ensino médio com nota A
  • 7:49 - 7:53
    e como membro da "National Honor Society".
  • 7:55 - 7:56
    Na faculdade,
  • 7:56 - 8:02
    havia dois professores que fizeram
    os seguintes comentários.
  • 8:02 - 8:06
    O primeiro foi que eu estava
    trilhando o caminho mais fácil.
  • 8:06 - 8:13
    Ele não sabia que eu pegava transporte
    especial coletivo de ida e volta
  • 8:13 - 8:17
    por mais de uma hora
    para assistir uma ou duas aulas por dia,
  • 8:17 - 8:22
    mas se eu pudesse dirigir
    levaria 10 minutos.
  • 8:23 - 8:27
    O outro comentário foi que talvez
    não estivesse pronta para pós-graduação.
  • 8:28 - 8:30
    Fui também deixada de lado
  • 8:30 - 8:36
    por um professor que questionou se tinha
    participado de uma atividade em grupo
  • 8:36 - 8:38
    por mais que dissesse que tinha,
  • 8:38 - 8:41
    porque os membros do meu grupo negavam.
  • 8:43 - 8:47
    Fui pega desprevenida
    porque ele acreditou nos outros estudantes
  • 8:47 - 8:49
    antes de falar comigo.
  • 8:49 - 8:54
    Perguntei para mim mesmo
    por que ele acreditou neles
  • 8:54 - 8:56
    antes de falar comigo?
  • 8:57 - 9:03
    Pensei: "Será que a minha altura
    coloca em dúvida minhas habilidades?"
  • 9:05 - 9:07
    Os acontecimentos mencionados
  • 9:07 - 9:11
    não visam o desrespeito aos professores,
  • 9:12 - 9:14
    mas devem ser vistos como exemplos
  • 9:14 - 9:19
    de como seus comentários impactaram
    minha integridade e autoestima.
  • 9:20 - 9:24
    E os comentários geraram também
    um impacto positivo na minha vida.
  • 9:24 - 9:27
    Impulsionaram-me a provar aos outros
  • 9:27 - 9:32
    que eu poderia fazer tudo,
    como qualquer outro estudante.
  • 9:34 - 9:38
    Recentemente comecei a procurar emprego,
  • 9:38 - 9:43
    onde pudesse usar minhas energias
    e expertise ajudando outros.
  • 9:44 - 9:47
    Meu sonho sempre foi poder
    trabalhar com crianças
  • 9:47 - 9:50
    com risco de morte ou deficiência
  • 9:50 - 9:52
    e com suas famílias.
  • 9:52 - 9:57
    Foi desafiador porque encontrei
    inúmeras pessoas
  • 9:57 - 10:01
    com dificuldade para me dar
    uma oportunidade.
  • 10:02 - 10:04
    Ouvi duas vezes o seguinte comentário:
  • 10:04 - 10:06
    "Ah, você é cadeirante?"
  • 10:07 - 10:11
    Eu precisava encontrar um empregador
    que percebesse o meu potencial
  • 10:11 - 10:16
    e enxergasse como meus talentos
    poderiam contribuir com a empresa.
  • 10:17 - 10:20
    Sinto-me extremamente orgulhosa de dizer
  • 10:20 - 10:25
    que estou trabalhando há mais de seis
    meses no Centro para Deficiências
  • 10:25 - 10:30
    na Sanford School of Medicine
    no campi da Universidade de Dakota do Sul.
  • 10:30 - 10:33
    Estou entusiasmada
    em compartilhar com vocês
  • 10:33 - 10:35
    que eu não poderia ter desejado
    um lugar melhor
  • 10:35 - 10:38
    para iniciar minha carreira
    ajudando os outros.
  • 10:39 - 10:43
    Foi um sonho que se tornou
    realidade, trabalhar com eles.
  • 10:44 - 10:47
    A missão da organização declara:
  • 10:47 - 10:50
    "Dedicação à vida sem limites".
  • 10:50 - 10:52
    Sempre vivi
  • 10:52 - 10:56
    sem deixar os outros me imporem limites
  • 10:56 - 10:58
    ou de eu fazer isso comigo.
  • 10:59 - 11:03
    E agora, eu trabalho em uma organização
    que tem o mesmo ponto de vista.
  • 11:06 - 11:09
    Todas essas experiências
    que estou compartilhando
  • 11:09 - 11:11
    são uma pequena parte da minha jornada.
  • 11:12 - 11:16
    Muitas pessoas tiveram
    que superar obstáculos.
  • 11:17 - 11:20
    A vida não é fácil, mas é
    isso o que a torna interessante.
  • 11:21 - 11:26
    Sei que a negatividade
    não me leva a lugar nenhum.
  • 11:26 - 11:30
    Acho também que me permito reservar tempo

  • 11:30 - 11:32
    para me irritar com algumas situações,
  • 11:32 - 11:35
    mas que então, preciso
    reverter o negativo no positivo.
  • 11:36 - 11:40
    Reclamar a respeito das dificuldades
    com que tenho que lidar
  • 11:40 - 11:41
    e das coisas que não posso fazer
  • 11:41 - 11:44
    não é nem saudável nem produtivo.
  • 11:46 - 11:50
    Na verdade, vejo minhas limitações
    físicas como bençãos.
  • 11:51 - 11:55
    Enquanto as pessoas lembrarem
    que somos os únicos
  • 11:55 - 12:00
    que decidimos deixar as ideias
    alheias se tornarem realidade ou ficção,
  • 12:00 - 12:05
    podemos escolher nos render
    às suas crenças sobre nossas habilidades
  • 12:05 - 12:09
    ou decidirmos continuar avançando
  • 12:09 - 12:11
    com nossos sonhos e objetivos na vida.
  • 12:12 - 12:15
    Quero deixá-los com minha frase favorita,
  • 12:15 - 12:18
    que é o lema da minha vida:
  • 12:19 - 12:23
    "Se a vida te der um limão,
    faça uma limonada".
  • 12:23 - 12:25
    Ou minha adaptação especial da frase:
  • 12:25 - 12:27
    "Se a vida te der limões,
  • 12:27 - 12:30
    dê meia volta e esprema esses limões
  • 12:30 - 12:34
    para fazer a melhor limonada possível".
  • 12:34 - 12:35
    Obrigada!
  • 12:35 - 12:37
    (Aplausos)
Title:
Quando a vida te dá limões | Kendra Gottsleben | TEDxSiouxFalls
Description:

A vida de Kendra Gottsleben pode ser definida por sua visão positiva e seu sucesso em superar obstáculos, e não pela MPS, uma doença genética rara com a qual ela nasceu. Formada na Augustana College, Kendra trabalha no Departamento Pediátrico dentro do Centro para Deficiências na Sanford School of Medicine. No momento, ela está trabalhando em seu primeiro livro.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:44

Portuguese, Brazilian subtitles

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