Cuidados paliativos: Ciência com coração e confiança | Cátia Ferreira | TEDxPorto
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0:12 - 0:15No último domingo do mês de março
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0:15 - 0:20a minha família materna organiza
aquilo que é o evento do ano. -
0:21 - 0:24É o almoço de aniversário da avó Filomena.
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0:26 - 0:28Há o cheiro da cozinha a fogão de lenha,
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0:28 - 0:30os doces tradicionais,
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0:31 - 0:34risos e, em vozes desafinadas,
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0:34 - 0:37cantamos os parabéns
com uma alegria imensa. -
0:39 - 0:44Em março de 2018, o almoço
deu lugar a um lanche. -
0:45 - 0:49A minha avó já não ocupava
o lugar do centro da mesa. -
0:49 - 0:53Estava sentada na cadeira de rodas
ao lado da lareira. -
0:55 - 0:59E com forças que ia buscar
onde nós não imaginávamos, -
1:00 - 1:02cumprimentava cada um.
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1:03 - 1:05Perguntava pelos ausentes,
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1:05 - 1:08dava-nos abraços ternurentos.
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1:08 - 1:12Nessa mesma tarde,
com as mesmas vozes desafinadas, -
1:13 - 1:17cantámos os "parabéns a você,
por muitos anos de vida". -
1:18 - 1:20Mas ela, melhor que ninguém, sabia.
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1:21 - 1:25Nos últimos meses,
a sua insuficiência cardíaca -
1:25 - 1:28tornava-a mais debilitada e frágil.
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1:29 - 1:32Precisava de ajuda total
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1:32 - 1:36para aquilo que eram
as coisas simples e básicas da vida. -
1:37 - 1:39Beber um copo de água,
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1:39 - 1:41poder ir à casa de banho,
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1:41 - 1:44cuidar da sua higiene pessoal.
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1:45 - 1:46Vivemos mais.
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1:47 - 1:50mas será que vivemos
com a mesma qualidade -
1:50 - 1:53ao longo dos anos que
acrescentamos à vida? -
1:54 - 1:57Há dias, uma jovem questionava:
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1:58 - 2:03"As enfermeiras dizem que a minha avó
tem uma doença incurável. -
2:03 - 2:05"tem uma doença terminal.
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2:06 - 2:08"Imagina que, ontem ao jantar,
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2:09 - 2:11"o meu avô resolveu falar
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2:11 - 2:14"daquilo que ela dizia
que eram as suas vontades. -
2:15 - 2:17"Não me faz sentido.
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2:17 - 2:19"Nunca perdi ninguém.
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2:19 - 2:21"Estou revoltada, triste,
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2:21 - 2:23"Não sei como lidar com isto.
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2:24 - 2:27"Então, e a medicina
não tem resposta para tudo? -
2:28 - 2:31"Dizem que há tratamentos, investigação.
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2:31 - 2:35"A minha avó não pode ser submetida
a esses mesmos tratamentos?" -
2:37 - 2:40A morte é considerada um tabu.
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2:41 - 2:46As conversas sobre a mortalidade
foram desenraizadas do nosso dia-a-dia. -
2:47 - 2:50Nós vivemos todos com prazo de validade,
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2:51 - 2:56pelo envelhecimento, pelo confronto
com uma doença incurável avançada. -
2:56 - 2:58Mais cedo ou mais tarde
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2:58 - 3:01teremos de lidar com esta realidade
na primeira pessoa. -
3:03 - 3:06E verdade que,
como li num artigo, há dias, -
3:06 - 3:10a taxa de mortalidade,
nesta sala, é de 100%. -
3:11 - 3:14Estou a chamar a vossa atenção, por certo.
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3:16 - 3:19Gostaria de falar-vos
de cuidados paliativos. -
3:20 - 3:23São cuidados de saúde especializados
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3:23 - 3:26prestados por equipas multiprofissionais.
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3:26 - 3:29Não é uma área menor da medicina.
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3:30 - 3:34Exigem treino, formação e prática.
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3:36 - 3:39Mas, hoje é cada vez mais importante,
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3:39 - 3:43desmistificar conceitos errados
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3:44 - 3:46sobre o que são os cuidados
em fim de vida -
3:46 - 3:48e a medicina paliativa.
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3:49 - 3:53É frequente termos receio e medo
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3:53 - 3:56do contacto com esta área do saber.
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3:56 - 3:59E não acontece só na população em geral,
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3:59 - 4:02também os profissionais de saúde o têm.
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4:02 - 4:04A ideia de que os cuidados paliativos
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4:04 - 4:09só se aplicam
quando já não há nada a fazer -
4:09 - 4:12tem de ser desmistificada.
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4:12 - 4:16Os cuidados paliativos
afirmam a vida. -
4:16 - 4:19consideram a morte como uma etapa natural
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4:19 - 4:22e, por isso, o nosso "gold standard"
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4:22 - 4:27é colocar, no centro da intervenção,
o doente e a família. -
4:29 - 4:33É frequente associarmos
cuidados paliativos -
4:33 - 4:35às doenças oncológicas.
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4:36 - 4:41Os cuidados paliativos aplicam-se
às doenças cardíacas, -
4:41 - 4:45respiratórias, neurológicas,
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4:46 - 4:49Portugal, neste aspeto.
ocupa o quarto lugar -
4:49 - 4:51do "ranking" da OCDE
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4:51 - 4:55no que diz respeito
à prevalência das demências. -
4:55 - 5:00Por isso, é imperativo
que, a partir de hoje, -
5:01 - 5:04nos próximos anos,
comecemos a preparar o futuro -
5:04 - 5:08daquilo que serão os cuidados
para cada um de nós -
5:08 - 5:10que hoje aqui estamos.
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5:10 - 5:16É fundamental restituirmos,
enquanto sociedade, esta terminologia. -
5:18 - 5:20Os cuidados paliativos não se aplicam só
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5:20 - 5:23às pessoas que se aproximam
do envelhecimento. -
5:24 - 5:27Serão aplicados
em qualquer fase do ciclo vital. -
5:27 - 5:31desde a pediatria aos jovens adultos
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5:31 - 5:34e às pessoas que se aproximam da finitude
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5:34 - 5:38pela fragilidade e vulnerabilidade
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5:38 - 5:41do processo de encerramento
do ciclo vital. -
5:42 - 5:47O alvo e a atenção dos cuidados paliativos
não é só o doente. -
5:47 - 5:49é também a família
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5:50 - 5:55porque lidamos com a fragilidade
de cada agregado familiar. -
5:56 - 6:02E neste respeito, cada um de nós
encerra uma biografia única e pessoal. -
6:03 - 6:06Não podemos ser substituídos
neste processo -
6:06 - 6:11Por isso, o foco e a atenção
é a comunicação. -
6:12 - 6:16É fundamental desmontarmos
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6:16 - 6:21aquilo que pode ser
um ato de amor mal organizado, -
6:21 - 6:25quando eu impeço as pessoas
que amo e de que mais gosto, -
6:25 - 6:30de falar sobre os seus sentimentos
e sobre as suas vivências. -
6:32 - 6:36Os cuidados paliativos são
uma resposta humanizada, -
6:36 - 6:40científica, baseada na medicina.
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6:40 - 6:41e na evidência.
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6:42 - 6:48Permitem que o doente e a família
readquiram dignidade. -
6:49 - 6:53O nosso foco não é tanto
dar mais dias à vida, -
6:53 - 6:58mas dar mais vida aos dias
que o doente e a família têm. -
6:59 - 7:02porque o prognóstico
não é mais do que uma incerteza. -
7:02 - 7:06e a vida das pessoas
não se mede só pelo tempo -
7:06 - 7:08mas também pela qualidade
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7:09 - 7:12e nunca diz respeito à terminalidade
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7:12 - 7:15só temos uma oportunidade para fazer
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7:15 - 7:17e, por isso, temos que o fazer bem
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7:18 - 7:21com o melhor das nossas competências
e capacidades. -
7:23 - 7:26Enquanto pessoa e enquanto enfermeira
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7:26 - 7:28fiz formação avançada,
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7:28 - 7:30e os anos de experiência
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7:30 - 7:33permitiram-me capacitar
para lidar melhor -
7:33 - 7:35com esta realidade.
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7:36 - 7:40Mas os doentes e as famílias
são os meus verdadeiros mestres. -
7:41 - 7:45"Senhora enfermeira, eu sinto e sei
que estou a morrer, -
7:45 - 7:47"e preciso da sua ajuda,
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7:47 - 7:50"porque a minha filha
precisa de saber isso. -
7:51 - 7:54"A minha filha precisa de se reorganizar
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7:54 - 7:58"e, para mim, é importante
deixar uma mensagem -
7:58 - 8:02"e perceber que ela tem os recursos
de que necessita -
8:02 - 8:05"para continuar a sua vida".
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8:06 - 8:11É importante, mais do que saber
se a pessoa sabe ou não -
8:11 - 8:13o que está a acontecer,
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8:13 - 8:16se eu estou capacitada
para ouvir esta mensagem. -
8:16 - 8:21e se permito que haja um espaço
de comunicação sincero e verdadeiro -
8:21 - 8:25entre o doente, família
e profissional de saúde. -
8:27 - 8:29Os cuidados paliativos,
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8:29 - 8:32através de intervenções
rigorosas e estruturadas, -
8:32 - 8:37permitem que as pessoas
sejam o motor principal, -
8:37 - 8:41escrevam o seu guião
nesta fase única da vida. -
8:41 - 8:46E pensemos que lidar com a morte
de alguém que nos é querido, -
8:47 - 8:49não influencia só os que estão próximos
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8:49 - 8:53mas até aquela comunidade local.
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8:55 - 8:59Desta forma, gostava de vos dizer hoje
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9:00 - 9:03que não é possível viver esta etapa
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9:03 - 9:05sem olhá-la frontalmente
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9:05 - 9:08e sem fazer aquilo que, para mim,
são o centro e o coração -
9:08 - 9:11dos cuidados de enfermagem.
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9:11 - 9:16Permitir que as pessoas,
que deixam este mundo, -
9:16 - 9:19tenham acesso aos mesmos direitos
e cuidados daqueles que nascem. -
9:20 - 9:23Esta é uma tarefa de todos e de cada um.
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9:23 - 9:27Sabemos que, em saúde,
os recursos são escassos, -
9:28 - 9:30Temos hoje, num panorama nacional,
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9:30 - 9:33equipas especializadas nesta área
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9:33 - 9:36e em todos os distritos,
há, pelo menos, uma tipologia -
9:36 - 9:40de cuidados de saúde, integrada
no Sistema Nacional de Saúde, -
9:40 - 9:45que se dedica de forma especial
aos cuidados paliativos. -
9:45 - 9:48Esta é já uma evolução social.
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9:49 - 9:53Mas há um conjunto de cuidados
que dependem de nós, -
9:53 - 9:57enquanto sociedade,
enquanto comunidade, -
9:57 - 10:01organizarmo-nos para que as pessoas
tenham acesso aos mesmos direitos -
10:01 - 10:03e aos mesmos cuidados.
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10:05 - 10:10A minha avó morreu a 31 de julho de 2018.
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10:11 - 10:16No seu percurso de doença,
fizemos duas reuniões familiares. -
10:17 - 10:22contratámos pessoas para que pudesse
escolher o seu local de cuidados, -
10:22 - 10:23que foi a casa.
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10:24 - 10:27Pedimos ajuda a profissionais de saúde.
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10:28 - 10:30Reinventámos o tempo
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10:30 - 10:34Aprendemos a lidar
com as dificuldades do dia a dia -
10:34 - 10:37quando temos de cuidar
daqueles que mais amamos -
10:37 - 10:42e de substituí-los naquilo que são
as atividades básicas da vida. -
10:42 - 10:45e tivemos que pedir ajuda
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10:46 - 10:50Gostava hoje de poder inquietar-vos,
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10:50 - 10:54que levassem daqui aquilo
que cada um pode fazer -
10:54 - 10:56para ser a diferença.
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10:57 - 11:01E a diferença passa
por desbloquear a comunicação. -
11:02 - 11:06Falarmos abertamente desta temática.
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11:07 - 11:10Abordarmos aquilo que é
o planeamento avançado de cuidados -
11:11 - 11:14Procurarmos ajuda
com um profissional de saúde -
11:16 - 11:19e, de alguma forma,
conseguirmos falar disto -
11:20 - 11:22com aqueles que nos são próximos,
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11:23 - 11:27o meu amigo, o meu filho, o meu pai.
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11:29 - 11:33A segunda grande mensagem
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11:33 - 11:36a segunda mensagem e interpelação
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11:36 - 11:39vou buscá-la às palavras
de Camilo Castelo Branco. -
11:40 - 11:44"Amigos, 110 ou talvez mais, eu já contei.
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11:44 - 11:47"tão zelosos das leis da cortesia,
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11:47 - 11:50"que já fartos de os vermos, escapulia
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11:50 - 11:52"às suas curvaturas vertebrais.
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11:54 - 11:56"Um dia, adoeci profundamente.
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11:57 - 11:58"Ceguei.
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11:59 - 12:04"Dos 110 houve um somente
que não desfez os laços quase rotos. -
12:05 - 12:07" 'Que vamos nós — diziam — lá fazer?'
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12:07 - 12:10" 'Se ele está cego e não nos pode ver'.
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12:10 - 12:13"Que 109 impávidos, marotos".
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12:14 - 12:18É difícil estar perante alguém
que está doente e debilitado. -
12:19 - 12:21Mas, de todo não é impossível.
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12:22 - 12:24E é interessante perceber
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12:24 - 12:28que os doentes procuram
a normalização do dia, -
12:28 - 12:32que lhes levemos notícias
sobre o resultado do futebol, -
12:32 - 12:34sobre o último TEDx,
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12:34 - 12:36sobre o tempo que faz lá fora,
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12:36 - 12:39sobre o cheiro das flores na primavera.
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12:39 - 12:41É isto que eles nos pedem.
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12:41 - 12:44E se não soubermos nada disto dizer
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12:45 - 12:49pedem-nos uma presença
solícita e atenta de silêncio, -
12:49 - 12:54para que eles se possam dizer
ou não dizer. -
12:55 - 12:58E a terceira grande mensagem
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12:58 - 13:02é dizer-vos que só temos
uma oportunidade para o fazer, -
13:02 - 13:05por isso, temos de o fazer bem.
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13:05 - 13:08Convido-vos então, a partilhar
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13:08 - 13:10e a procurar aquele que foi o mote
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13:10 - 13:13do dia internacional
de cuidados paliativos -
13:13 - 13:16o #porqueeuimporto
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13:16 - 13:20E é porque eu importo,
cada um de nós importa, -
13:20 - 13:23que faz sentido, enquanto sociedade,
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13:23 - 13:27pensarmos a forma
como vamos cuidar das pessoas -
13:27 - 13:30que atravessam a última fase da vida.
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13:31 - 13:34(Aplausos)
- Title:
- Cuidados paliativos: Ciência com coração e confiança | Cátia Ferreira | TEDxPorto
- Description:
-
Os cuidados paliativos são os cuidados de saúde especializados, prestados por equipas multiprofissionais, destinados às pessoas (e suas famílias) portadoras de doenças avançadas, progressivas, com necessidades complexas, a partir do momento do diagnóstico. Após a morte do doente, estendem-se aos familiares próximos durante o processo de luto. Têm como objetivo principal minimizar o sofrimento na máxima promoção da dignidade.
São as perguntas e os medos que perturbam o nosso pensamento quando confrontados com a doença, a sua irreversibilidade, a terminalidade. O que queremos para nós próprios e para aqueles de quem gostamos? Perante a incerteza será possível adquirir confiança para aceitar e encontrar sentido para a vida na irreversibilidade do processo de doença? Como podemos, enquanto sociedade, possibilitar melhores cuidados para as pessoas na fase final de vida? Cátia Ferreira é enfermeira no serviço de cuidados paliativos do Centro Hospitalar Universitário de São João desde 2008. É docente convidada para as áreas da ética em fim de vida e cuidados paliativos em várias instituições de ensino, colaborando na formação avançada nestas áreas de saúde. Com um mestrado em cuidados paliativos e especializada em bioética, é também pós-graduada em gestão da qualidade na saúde.Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx
- Video Language:
- Portuguese
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDxTalks
- Duration:
- 13:55