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Os lugares fascinantes e perigosos que os cientistas deixam de explorar

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    Tenho vergonha de admitir uma coisa.
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    Aos 17 anos de idade,
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    como criacionista,
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    decidi ir para a universidade
    estudar a evolução,
  • 0:13 - 0:14
    para poder destruí-la.
  • 0:14 - 0:16
    (Risos)
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    E fracassei.
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    Falhei tão extraordinariamente que acabei
    me tornando bióloga evolucionista.
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    (Aplausos)
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    Então, sou paleoantropóloga,
    e sou uma National Geographic Explorer,
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    especializada em descoberta
    de fósseis em cavernas
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    em territórios instáveis,
    hostis e sob disputa.
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    Sabemos que, se eu fosse
    homem, e não mulher,
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    essa não seria a descrição de um trabalho,
    mas uma boa cantada.
  • 0:41 - 0:43
    (Risos)
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    E tem uma coisa: não tenho desejo morrer.
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    Não sou viciada em adrenalina.
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    Eu simplesmente olhei para um mapa.
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    Vejam, ciência exploratória de ponta
    não acontece tanto
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    em territórios politicamente instáveis.
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    Este é o mapa dos lugares que o
    Ministério das Relações Exteriores inglês
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    declarou conter zonas vermelhas e laranja
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    ou zonas com algum sinal de alerta.
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    Vou correr o risco de dar a cara a tapa
    e dizer que é uma tragédia
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    se não estivermos fazendo
    exploração científica de ponta
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    em uma grande parte do planeta.
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    Portanto, a ciência tem
    um problema geográfico.
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    Além disso, como paleoantropóloga,
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    este é basicamente o mapa
    de alguns dos lugares mais importantes
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    da jornada humana.
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    Ali certamente existem fósseis
    fascinantes a serem descobertos.
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    Mas estamos procurando por eles?
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    Quando era estudante de graduação,
    ouvi repetidamente
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    que os humanos, sejam nós mesmos,
    "homo sapiens", ou espécies anteriores,
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    deixamos a África
    através do Sinai, no Egito.
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    Sou inglesa, como provavelmente
    dá pra notar pelo sotaque,
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    mas sou de descendência árabe,
  • 1:54 - 1:56
    e sempre digo que, externamente,
    sou muitíssimo árabe.
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    Posso ser muito passional.
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    Tipo: "Você é incrível! Eu te amo!"
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    Mas, por dentro, sou muito inglesa,
    então, tudo me irrita.
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    (Risos)
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    É verdade.
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    Minha família é árabe do Iêmen,
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    e eu sabia que atravessar aquele canal,
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    o Bab-el-Mandeb,
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    não era uma grande façanha.
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    E eu ficava me perguntando
    uma coisa muito simples:
  • 2:25 - 2:27
    se os ancestrais dos macacos do Novo Mundo
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    conseguiram atravessar o Oceano Atlântico,
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    por que os humanos não podiam cruzar
    aquele pequeno trecho de água?
  • 2:35 - 2:36
    Mas o problema é que o Iêmen,
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    em comparação com, digamos, a Europa,
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    foi tão pouco estudado
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    que parece quase um território virgem.
  • 2:45 - 2:51
    Mas isso, junto com sua localização,
    tornava o enorme potencial de descoberta
  • 2:51 - 2:53
    muito emocionante,
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    e eu tinha tantas perguntas.
  • 2:56 - 2:59
    Quando foi que começamos
    a usar Bab-el-Mandeb?
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    Mas, também, quais espécies de humanos
    além de nós mesmos chegaram ao Iêmen?
  • 3:04 - 3:08
    Será que havia uma espécie
    ainda desconhecida para a ciência?
  • 3:08 - 3:13
    E ocorre que eu não era a única
    que tinha notado o potencial do Iêmen.
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    Havia, na verdade, outros estudiosos.
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    Mas, infelizmente, devido à instabilidade
    política, eles desistiram, e eu entrei.
  • 3:20 - 3:24
    E eu estava procurando por cavernas,
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    pois elas são o principal imóvel original.
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    Mas também porque, se estamos
    procurando fósseis num lugar tão quente,
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    a melhor chance de encontrar fósseis
    preservados é sempre nas cavernas.
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    Mas, aí, o Iêmen sofreu uma virada
    realmente triste para o pior,
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    e apenas alguns dias
    antes de eu voar para lá,
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    a guerra civil se alastrou
    para um conflito regional,
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    o aeroporto da capital foi bombardeado
  • 3:51 - 3:54
    e o Iêmen se tornou
    uma zona de exclusão aérea.
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    Bem, meus pais tomaram
    esta decisão antes de eu nascer:
  • 4:01 - 4:03
    que eu nasceria britânica.
  • 4:04 - 4:09
    Eu não tenho nada a ver
    com a melhor decisão da minha vida.
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    E agora...
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    os sortudos na minha família escaparam,
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    e os outros estão sendo bombardeados
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    e enviam mensagens de WhatsApp
    que nos fazem odiar a própria existência.
  • 4:28 - 4:30
    Essa guerra acontece há quatro anos.
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    Vem acontecendo há mais de quatro anos,
    e isso levou a uma crise humanitária.
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    Há fome lá,
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    uma fome provocada pelo homem
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    e não por causas naturais,
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    uma fome inteiramente provocada
    pelo homem, que a ONU avisou
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    que poderia ser a pior fome
    jamais vista em 100 anos.
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    Essa guerra deixou claro
    pra mim, mais do que nunca,
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    que nenhum lugar e nenhum povo
    merecem ser abandonados.
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    Então eu estava participando
    de outras equipes, de novas colaborações,
  • 5:05 - 5:07
    em outros lugares instáveis.
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    Mas eu estava desesperada
    para voltar ao Iêmen,
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    porque, pra mim, o país
    tinha um significado pessoal.
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    Então continuei a pensar
    num projeto para fazer lá
  • 5:20 - 5:23
    que poderia ajudar a divulgar
    a situação do lugar.
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    E toda ideia que eu tinha acabava falhando
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    ou envolvia alto risco,
    porque, vamos ser honestos,
  • 5:31 - 5:35
    a maior parte do Iêmen é muito perigosa
    para uma equipe ocidental.
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    Mas então me disseram
    que Socotra, uma ilha iemenita,
  • 5:42 - 5:45
    era segura uma vez que se chegasse lá.
  • 5:45 - 5:49
    Na verdade, havia alguns estudiosos
    locais e internacionais
  • 5:49 - 5:51
    que ainda estavam trabalhando lá.
  • 5:51 - 5:54
    E isso me deixou muito animada,
  • 5:55 - 5:59
    porque vejam a proximidade
    de Socotra com a África.
  • 6:00 - 6:05
    E ainda não temos ideia
    de quando os humanos chegaram àquela ilha.
  • 6:07 - 6:09
    Mas Socotra, para aqueles
    que já ouviram falar,
  • 6:10 - 6:13
    digamos que provavelmente a conheçam
    por um motivo completamente diferente.
  • 6:13 - 6:16
    Provavelmente a conheçam
    como as Galápagos do Oceano Índico,
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    porque é um dos lugares
    mais biodiversos na Terra.
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    Mas nós também estávamos
    recebendo informações
  • 6:24 - 6:29
    de que esse ambiente incrivelmente
    delicado e seu povo estavam ameaçados,
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    por estarem na linha de frente
    tanto da política do Oriente Médio
  • 6:33 - 6:35
    quanto da mudança climática.
  • 6:35 - 6:40
    E lentamente despertou em mim
    que Socotra era meu projeto no Iêmen.
  • 6:40 - 6:45
    Assim, eu queria montar
    uma enorme equipe multidisciplinar.
  • 6:45 - 6:49
    Queríamos atravessar o arquipélago
    a pé, de camelo e de veleiro dhow
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    para checar a saúde do local.
  • 6:52 - 6:56
    Isso só tinha sido tentado
    uma vez antes, em 1999.
  • 6:56 - 7:00
    Mas o problema é que isso não é fácil.
  • 7:00 - 7:03
    E daí precisávamos
    desesperadamente de um "recce".
  • 7:03 - 7:05
    Para quem não está
    acostumado com o inglês britânico,
  • 7:05 - 7:07
    "recce" é uma expedição.
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    É um reconhecimento.
  • 7:10 - 7:15
    Costumo dizer que uma expedição
    grande sem reconhecimento
  • 7:15 - 7:19
    é um pouco como ir ao primeiro encontro
    sem espiar o Facebook da pessoa.
  • 7:19 - 7:21
    (Risos)
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    Tipo, é possível, mas é sensato?
  • 7:23 - 7:26
    (Risos)
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    Ouvi muitas risadas cúmplices na plateia.
  • 7:32 - 7:37
    Nossa equipe de reconhecimento felizmente
    não era novata em lugares instáveis,
  • 7:37 - 7:39
    o que, sejamos honestos,
    é algo importante,
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    pois estávamos tentando chegar
    a um lugar entre o Iêmen e a Somália.
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    E depois de pedir o que parecia
    ser um milhão de favores,
  • 7:47 - 7:49
    inclusive ao vice-governador,
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    finalmente começamos a nos movimentar,
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    mesmo que num navio de madeira
    de carga de cimento,
  • 7:57 - 8:00
    navegando por águas piratas
    no Oceano Índico,
  • 8:00 - 8:02
    tendo isso como banheiro.
  • 8:02 - 8:03
    (Risos)
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    Vocês conseguem ver?
  • 8:07 - 8:11
    Todo mundo tem sua pior
    história com banheiros.
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    Bem, eu nunca tinha nadado
    com golfinhos antes.
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    Eu já fui logo fazendo cocô neles.
  • 8:19 - 8:21
    (Risos)
  • 8:23 - 8:30
    E descobri que navegar em águas piratas
  • 8:30 - 8:32
    me deixam menos estressada
  • 8:32 - 8:35
    do que estar no meio
    de uma infestação de baratas,
  • 8:35 - 8:37
    que era tão grande
  • 8:37 - 8:40
    que, num dado momento, debaixo do convés,
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    o chão estava preto, e se movia.
  • 8:42 - 8:44
    (Audiência geme)
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    Sim, e à noite havia três plataformas
    suspensas para dormir,
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    mas havia quatro membros na equipe,
  • 8:52 - 8:54
    e quem dormia na plataforma elevada
  • 8:54 - 8:58
    tinha de competir apenas
    com algumas baratas durante a noite,
  • 8:58 - 9:01
    enquanto que, para quem dormisse
    no chão, "boa sorte".
  • 9:01 - 9:05
    E eu era única mulher na equipe
    e no navio inteiro,
  • 9:05 - 9:08
    então escapei de dormir no chão.
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    Daí, na quarta ou quinta noite,
  • 9:10 - 9:15
    Martin Edström vira pra mim e diz:
    "Ella, acredito realmente em igualdade".
  • 9:15 - 9:18
    (Risos)
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    Então, estávamos navegando naquele
    navio de carga de cimento havia três dias,
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    e lentamente começamos a ver a terra.
  • 9:29 - 9:32
    E depois de três anos de fracasso,
  • 9:32 - 9:34
    finalmente eu estava vendo o Iêmen.
  • 9:35 - 9:40
    E não há sentimento melhor no mundo
    do que o começo de uma expedição.
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    É aquele momento
    em que você pula de um jipe
  • 9:43 - 9:45
    ou você procura um barco
  • 9:45 - 9:48
    e sabe que existe essa possibilidade.
  • 9:48 - 9:50
    É pequena, mas está lá,
  • 9:50 - 9:52
    que você está prestes a encontrar algo
  • 9:52 - 9:57
    que poderia alterar nosso conhecimento
    sobre quem somos e de onde viemos.
  • 9:58 - 10:01
    É algo que não tem preço,
  • 10:01 - 10:04
    e é um sentimento
    que tantos cientistas têm,
  • 10:04 - 10:08
    mas raramente em lugares
    politicamente instáveis.
  • 10:08 - 10:13
    Porque os cientistas ocidentais
    são desencorajados ou barrados
  • 10:13 - 10:16
    de trabalhar em lugares instáveis.
  • 10:17 - 10:18
    Mas é o seguinte:
  • 10:18 - 10:22
    os cientistas se especializam na selva.
  • 10:22 - 10:26
    Eles trabalham em sistemas
    de cavernas profundas,
  • 10:26 - 10:30
    se amarram a foguetes
    e se lançam no espaço sideral.
  • 10:30 - 10:33
    Mas, aparentemente,
    trabalhar num lugar instável
  • 10:33 - 10:35
    é considerado arriscado demais.
  • 10:35 - 10:38
    É completamente arbitrário.
  • 10:38 - 10:43
    Quem aqui não cresceu
    com histórias de aventura?
  • 10:43 - 10:48
    E a maioria dos nossos heróis
    eram na verdade cientistas e acadêmicos.
  • 10:49 - 10:52
    A ciência tinha a ver com o desconhecido.
  • 10:52 - 10:57
    Tinha a ver com exploração realmente
    global, mesmo que houvesse riscos.
  • 10:57 - 11:04
    Quando se tornou aceitável dificultar
    fazer ciência em lugares instáveis?
  • 11:06 - 11:09
    Não estou dizendo que todos
    cientistas devam se aventurar
  • 11:09 - 11:11
    a trabalhar em lugares instáveis.
  • 11:11 - 11:13
    Este não é um convite sedutor.
  • 11:13 - 11:14
    Mas é o seguinte:
  • 11:16 - 11:20
    aqueles que fazem pesquisa,
    entendem o protocolo de segurança
  • 11:21 - 11:22
    e são treinados,
  • 11:22 - 11:25
    parem de deter aqueles que querem.
  • 11:25 - 11:26
    Mais ainda:
  • 11:27 - 11:32
    só porque uma parte de um país
    é uma zona ativa de guerra
  • 11:32 - 11:33
    não significa que o país inteiro seja.
  • 11:34 - 11:37
    Não estou dizendo que devemos ir
    a zonas de guerra ativas.
  • 11:37 - 11:41
    Mas o Curdistão iraquiano
    parece muito diferente de Faluja.
  • 11:41 - 11:45
    E, na verdade, alguns meses
    depois de não conseguir entrar no Iêmen,
  • 11:45 - 11:47
    outra equipe me adotou.
  • 11:47 - 11:52
    A equipe do professor Graeme Barker
    estava trabalhando no Curdistão iraquiano,
  • 11:52 - 11:55
    cavando a caverna de Shanidar.
  • 11:55 - 11:58
    A caverna de Shanidar,
    algumas décadas antes,
  • 11:58 - 12:03
    tinha revelado um neandertal
    conhecido como Shanidar 1.
  • 12:04 - 12:08
    E apresentamos Shanidar 1
    numa série de TV da BBC/PBS,
  • 12:08 - 12:12
    e quero que conheçam o Ned, o neandertal.
  • 12:14 - 12:16
    E eis a coisa mais legal sobre o Ned:
  • 12:16 - 12:18
    Ned, este cara,
  • 12:18 - 12:22
    este é ele antes dos ferimentos.
  • 12:22 - 12:26
    Acontece que Ned estava
    gravemente incapacitado,
  • 12:26 - 12:33
    tanto que não poderia ter sobrevivido
    sem ajuda de outros neandertais.
  • 12:33 - 12:35
    E essa foi a prova
  • 12:35 - 12:39
    de que, pelo menos para essa população
    dos neandertais naquele momento,
  • 12:39 - 12:41
    neandertais eram como nós,
  • 12:41 - 12:45
    e às vezes cuidavam daqueles
    que não podiam cuidar de si mesmos.
  • 12:46 - 12:49
    Ned é um neandertal iraquiano.
  • 12:49 - 12:51
    Então, o que mais estamos perdendo?
  • 12:51 - 12:54
    Que incríveis descobertas científicas
  • 12:54 - 12:57
    estamos deixando de fazer
    porque não estamos pesquisando?
  • 12:58 - 13:02
    E a propósito, esses lugares
    merecem narrativas de esperança,
  • 13:02 - 13:05
    e a ciência e a exploração
    podem colaborar para isso.
  • 13:05 - 13:09
    Eu diria que podem ajudar
    de forma tangível o desenvolvimento,
  • 13:09 - 13:14
    e essas descobertas se tornam
    uma enorme fonte de orgulho local.
  • 13:14 - 13:19
    E isso me leva ao segundo motivo por que
    a ciência tem um problema geográfico.
  • 13:20 - 13:24
    Vejam, nós não empoderamos
    estudiosos locais, não é mesmo?
  • 13:24 - 13:26
    Não sou insensível
  • 13:26 - 13:29
    ao fato de que, no meu campo
    específico da paleoantropologia,
  • 13:30 - 13:32
    estudamos as origens humanas,
  • 13:32 - 13:36
    mas temos tão poucos cientistas diversos.
  • 13:36 - 13:40
    E esses lugares estão cheios
    de estudantes e estudiosos
  • 13:40 - 13:43
    desesperados para colaborar.
  • 13:43 - 13:44
    E a verdade é
  • 13:44 - 13:46
    que, para eles,
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    há menos problemas de segurança
    do que para nós.
  • 13:50 - 13:54
    Acho que esquecemos constantemente
    que para eles não é um ambiente hostil;
  • 13:54 - 13:56
    é o lar deles.
  • 13:57 - 13:59
    Estou dizendo
  • 13:59 - 14:04
    que pesquisa feita em lugares instáveis
    com colaboradores locais
  • 14:04 - 14:07
    pode levar a descobertas incríveis,
  • 14:07 - 14:12
    e isso é o que esperamos fazer em Socotra.
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    Eles chamam Socotra
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    o lugar com a aparência
    mais alienígena da Terra,
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    e eu, Leon McCarron, Martin Edström
    e Rhys Thwaites-Jones vimos por quê.
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    Vejam só esse lugar.
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    Esses lugares não são infernos,
    não estão liquidados,
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    eles são a futura linha de frente
    da ciência e da exploração.
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    Vejam, 90% dos répteis nesta ilha
  • 14:38 - 14:43
    e 37% das espécies vegetais só existem
    ali, e em nenhum outro lugar do planeta,
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    e isso inclui esta espécie
    da árvore sangue de dragão,
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    que "sangra" uma resina vermelha.
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    E tem outra coisa.
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    Algumas das pessoas em Socotra
    ainda vivem em cavernas,
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    e isso é empolgante,
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    pois significa que, se uma caverna
    é o imóvel principal deste século,
  • 15:00 - 15:03
    talvez tenha sido
    há alguns milhares de anos.
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    Mas precisamos dos dados para provar isso,
    os fósseis, as ferramentas de pedra.
  • 15:07 - 15:10
    Então nossa equipe de escoteiros
    se uniu a outros cientistas,
  • 15:10 - 15:12
    antropólogos e contadores de histórias,
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    tanto internacionais quanto locais,
    como Ahmed Alarqbi,
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    e estamos desesperados
    para mostrar ao mundo este lugar
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    antes que seja tarde demais.
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    E, agora, nós temos de voltar
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    para aquela expedição realmente grande,
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    porque a ciência tem
    um problema geográfico.
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    Vocês são uma plateia realmente adorável.
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    Obrigada.
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    (Aplausos) (Vivas)
Title:
Os lugares fascinantes e perigosos que os cientistas deixam de explorar
Speaker:
Ella Al-Shamahi
Description:

Estamos deixando de fazer ciência exploratória de linha de frente em uma grande parte do mundo, em lugares que os governos consideram muito hostis ou sob disputa. O que podemos estar perdendo por não estarmos pesquisando lá? Nesta palestra destemida, inesperadamente engraçada, a paleoantropóloga Ella Al-Shamahi nos leva em uma expedição à ilha iemenita de Socotra, um dos lugares mais biodiversos da Terra, e defende que os cientistas explorem as regiões instáveis ​​que poderiam ser o lar de descobertas incríveis.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:53

Portuguese, Brazilian subtitles

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