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Desenvolver a confiança | Dan Ariely | TEDxPorto

  • 0:13 - 0:17
    Estou muito feliz por estar aqui
    mas também um pouco triste.
  • 0:18 - 0:20
    Estou muito feliz por estar aqui
  • 0:20 - 0:23
    porque é uma cidade maravilhosa
    e um evento maravilhoso.
  • 0:23 - 0:25
    E estou um pouco triste por estar aqui
  • 0:25 - 0:28
    porque o Ron, que está sentado lá atrás,
  • 0:28 - 0:30
    o Moran e eu
  • 0:30 - 0:35
    decidimos há uns anos que íamos passar
    um mês a viajar juntos todos os anos
  • 0:35 - 0:38
    e este é o final da nossa viagem juntos.
  • 0:38 - 0:41
    Então é um pouco triste
    que tenhamos de esperar um ano
  • 0:41 - 0:44
    para começar a nossa próxima viagem.
  • 0:46 - 0:51
    Outro comentário: Podem ter reparado
    que eu tenho só meia barba
  • 0:52 - 0:54
    E talvez tenham pensado porquê.
  • 0:54 - 0:57
    Não é por ter acordado atrasado.
  • 0:58 - 1:00
    Há uns anos fiquei gravemente queimado
  • 1:00 - 1:03
    e grande parte do meu corpo
    está coberto de tecido queimado
  • 1:03 - 1:05
    incluindo o lado direito da minha cara
  • 1:05 - 1:07
    Portanto, não tenho pelo
    neste lado da cara.
  • 1:07 - 1:09
    Isto não foi planeado.
  • 1:09 - 1:13
    Parece simétrico porque foi assim
    que a explosão aconteceu,
  • 1:13 - 1:17
    e se se estão a questionar,
    não recomendo meias barbas.
  • 1:18 - 1:20
    Vamos falar um pouco de confiança.
  • 1:22 - 1:27
    Uma das coisas incríveis acerca
    da confiança é quanta confiança temos
  • 1:27 - 1:30
    e quão pouco reparamos nela.
  • 1:31 - 1:33
    Pensem nos bancos.
  • 1:33 - 1:35
    Colocam o vosso dinheiro no banco
  • 1:35 - 1:38
    e pensam que vão receber
    o vosso dinheiro de volta.
  • 1:38 - 1:40
    Arranjam uma "babysitter"
    para o vosso filho,
  • 1:40 - 1:44
    uma pessoa de 15 anos que nunca viram
    e entregam-lhe o vosso filho.
  • 1:44 - 1:47
    E esperam que ele esteja são e salvo
    quando regressam a casa.
  • 1:48 - 1:51
    O meu telemóvel está numa sala ali atrás,
  • 1:52 - 1:55
    o meu passaporte e dinheiro
    estão num quarto num hotel,
  • 1:55 - 1:57
    Não vou dizer qual é.
  • 1:58 - 2:02
    Temos uma confiança tremenda
    e, como muitas outras coisas,
  • 2:02 - 2:05
    quando a confiança funciona,
    tomamo-la como garantida.
  • 2:05 - 2:09
    Só reparamos quando corre mal.
  • 2:10 - 2:13
    Dou-vos um exemplo de algo
    que correu mal comigo.
  • 2:14 - 2:17
    Estava num país da América do Sul
    — não vos vou dizer qual —
  • 2:18 - 2:20
    e ia comprar uma caneta.
  • 2:20 - 2:24
    Fui a uma loja e lá havia
    um mostruário de vidro
  • 2:24 - 2:26
    e debaixo estavam pequenas canetas.
  • 2:26 - 2:29
    Eu apontei para a caneta que queria
  • 2:29 - 2:34
    e a pessoa atrás do balcão
    escreveu uma nota
  • 2:34 - 2:37
    e apontou para outro canto da loja.
  • 2:37 - 2:40
    Fui a esse canto da loja com a nota
  • 2:40 - 2:42
    e dei a nota a uma pessoa
  • 2:42 - 2:44
    que me disse quanto tinha de pagar.
  • 2:44 - 2:46
    Eram cerca de 12 dólares.
  • 2:46 - 2:48
    Paguei-lhe os 12 dólares
    e ele deu-me outra nota
  • 2:48 - 2:51
    e apontou para outro canto da loja.
  • 2:51 - 2:54
    Vou a esse terceiro local
    e encontro outra pessoa.
  • 2:54 - 2:57
    Dou-lhe a segunda nota
    e recebo a caneta.
  • 2:58 - 3:00
    Porque acham que são necessárias
  • 3:00 - 3:05
    três pessoas para vender uma caneta
    de 12 dólares numa loja vazia?
  • 3:05 - 3:07
    Eu era o único cliente.
  • 3:07 - 3:11
    Porque o dono da loja
    não confiava em ninguém.
  • 3:11 - 3:15
    Ele não queria que nenhum deles tivesse
    o dinheiro e a caneta ao mesmo tempo,
  • 3:15 - 3:20
    e então criou este sistema
    incrivelmente elaborado e caro.
  • 3:20 - 3:22
    Se pensarem nisso,
  • 3:22 - 3:26
    de cada vez que temos confiança,
    a sociedade beneficia
  • 3:26 - 3:30
    e de cada vez que a confiança é quebrada
    pagamos um preço enorme por isso.
  • 3:31 - 3:35
    Vou dar-vos a minha analogia
    preferida acerca da confiança.
  • 3:36 - 3:40
    Esta analogia chama-se
    "Jogo de Bens Públicos".
  • 3:40 - 3:43
    O Jogo de Bens Públicos não é bem um jogo,
  • 3:43 - 3:45
    é uma experiência
    que os economistas realIzam
  • 3:45 - 3:47
    e é assim que funciona:
  • 3:47 - 3:53
    Imaginem que aplicamos o jogo no Porto
    e escolhemos dez pessoas aleatoriamente.
  • 3:53 - 3:56
    Acordamos essas pessoas
    de manhã e dizemos:
  • 3:56 - 4:00
    "Você é um dos jogadores,
    um dos 10 jogadores deste jogo.
  • 4:01 - 4:05
    "Todas as manhãs vamos acordá-lo
    e dar-lhe 10 euros.
  • 4:06 - 4:09
    "Pode fazer uma de duas coisas
    com esses 10 euros:
  • 4:09 - 4:11
    "Pode guardar o dinheiro para si
  • 4:11 - 4:15
    "ou pode colocá-lo
    num pote público, um pote central.
  • 4:16 - 4:19
    "Todo o dinheiro que todos
    colocam no pote central
  • 4:19 - 4:22
    crescerá cinco vezes ao longo do dia.
  • 4:23 - 4:26
    "À noite será dividido
    igualmente por todos.
  • 4:27 - 4:29
    "Você não conhece os outros jogadores,
  • 4:29 - 4:32
    "nunca irá descobrir quem são.
  • 4:32 - 4:35
    "E jogaremos este jogo dia após dia."
  • 4:36 - 4:38
    Imaginem que jogamos este jogo.
  • 4:38 - 4:40
    Começamos no primeiro dia,
  • 4:40 - 4:43
    acordamos 10 pessoas
    e dizemos as regras do jogo.
  • 4:44 - 4:49
    O que acontece? Normalmente todos
    decidem pôr o dinheiro no pote central.
  • 4:49 - 4:55
    Dez pessoas, cada uma recebe 10 euros,
    multiplicando isso dá 100 euros.
  • 4:55 - 4:57
    Durante o dia cresce cinco vezes.
  • 4:57 - 5:02
    À noite temos 500 euros,
    dividimos igualmente por todos,
  • 5:02 - 5:04
    cada um recebe 50 euros.
  • 5:04 - 5:09
    A vida corre bem! Acordam com
    10 euros e vão dormir com 50.
  • 5:09 - 5:13
    Isto continua e continua
    e continua até que um dia
  • 5:14 - 5:18
    uma pessoa decide trair o bem comum.
  • 5:18 - 5:21
    Uma pessoa escolhe ficar
    com o dinheiro para si.
  • 5:21 - 5:23
    O que aconteceu nesse dia?
  • 5:23 - 5:28
    Nesse dia nove pessoas colocaram
    10 euros a totalizar 90 euros
  • 5:28 - 5:32
    Multiplicam cinco vezes
    e ficam com 450 euros.
  • 5:32 - 5:36
    À noite dividem igualmente por todos,
  • 5:36 - 5:39
    incluindo o vigarista que não colocou
    a parte dele no pote.
  • 5:40 - 5:43
    Todos recebem 45 euros, certo?
  • 5:43 - 5:45
    Mas o vigarista tem 55 euros.
  • 5:45 - 5:50
    Ele tem os seus 10 euros da manhã
    e recebe o dinheiro do bem público.
  • 5:52 - 5:57
    Essa pessoa traiu o bem público
    para seu benefício egoísta.
  • 5:58 - 6:00
    Mas agora surge a questão:
  • 6:00 - 6:03
    O que acontece no dia seguinte?
  • 6:04 - 6:05
    O que pensam?
  • 6:06 - 6:08
    Ninguém coloca dinheiro no pote.
  • 6:08 - 6:14
    Esta é a situação, este é um jogo
    com dois equilíbrios.
  • 6:14 - 6:17
    Há um equilíbrio bom:
  • 6:17 - 6:20
    Todos participam, todos beneficiam.
  • 6:21 - 6:26
    E isto é o que uma boa sociedade é:
    todos colocamos dinheiro, voluntariamente,
  • 6:27 - 6:30
    as pessoas participam, as pessoas ajudam
    e todos colhem os benefícios.
  • 6:31 - 6:35
    Mas quando alguém começa a trair
    o bem comum o que acontece?
  • 6:36 - 6:38
    Cada vez mais pessoas
    traem o bem comum.
  • 6:38 - 6:43
    Não há equilíbrio no qual cinco pessoas
    participam e cinco não participam.
  • 6:43 - 6:46
    Ou participam todos ou nenhum.
  • 6:47 - 6:51
    Se ninguém participar,
    o equilíbrio é terrível.
  • 6:51 - 6:53
    Mas há outra conclusão.
  • 6:53 - 6:59
    O equilíbrio bom, aquele no qual todos
    participam, é muito frágil.
  • 6:59 - 7:02
    Basta uma pessoa trair o bem comum
  • 7:03 - 7:05
    e tudo se deteriora.
  • 7:05 - 7:08
    O mau equilíbrio é muito estável.
  • 7:08 - 7:11
    Imaginem que ninguém coloca dinheiro.
  • 7:11 - 7:14
    Depois, um dia, três pessoas
    colocam dinheiro.
  • 7:14 - 7:16
    O que acontece no dia seguinte?
  • 7:16 - 7:18
    O valor sobe? Não.
  • 7:18 - 7:20
    Regressa ao zero.
  • 7:20 - 7:23
    Para mim este é o problema
    com a confiança.
  • 7:23 - 7:27
    Quando temos confiança
    conseguimos criar um bom equilíbrio,
  • 7:27 - 7:32
    mas aí as coisas podem-se deteriorar
    e aí todos sofremos.
  • 7:33 - 7:36
    Portanto agora a questão é,
    como aumentamos a confiança?
  • 7:36 - 7:41
    Como desenvolvemos coisas na sociedade
    para aumentar a confiança?
  • 7:41 - 7:43
    Dou-vos um par de exemplos.
  • 7:43 - 7:47
    No primeiro exemplo,
    vou falar de um seguro.
  • 7:47 - 7:50
    Pensem nos seguros
  • 7:50 - 7:54
    Temos uma seguradora e temos os clientes.
  • 7:54 - 7:58
    Os clientes pagam à seguradora.
  • 7:59 - 8:02
    A dada altura algo de mau acontece.
  • 8:02 - 8:04
    O que querem os clientes?
  • 8:04 - 8:08
    Eles querem que a seguradora
    lhes pague os estragos.
  • 8:08 - 8:11
    E a seguradora quer o quê?
  • 8:12 - 8:15
    Não quer pagar, certo? É muito simples.
  • 8:16 - 8:22
    Há um pote de dinheiro, se eles pagam
    mais aos clientes ficam com menos.
  • 8:22 - 8:27
    Como clientes, nós sabemos
    que a seguradora não nos quer pagar.
  • 8:27 - 8:29
    Então o que fazemos?
  • 8:30 - 8:31
    Exageramos.
  • 8:31 - 8:33
    Declaramos um maior prejuízo.
  • 8:33 - 8:37
    A seguradora sabe que exageramos
    no nosso prejuízo.
  • 8:37 - 8:40
    Então, tornamos todo o processo
    difícil e complexo.
  • 8:40 - 8:43
    Se pensarem neste sistema,
  • 8:43 - 8:47
    é um sistema baseado
    em conflito de interesses
  • 8:47 - 8:50
    — a companhia de seguros
    prefere não pagar em vez de pagar —
  • 8:50 - 8:52
    e na desconfiança.
  • 8:52 - 8:56
    Uma terrível ideia. Quem desenvolveria
    um sistema como este?
  • 8:57 - 9:00
    Então na Lemonade
    — uma companhia de seguros nova —
  • 9:01 - 9:03
    eles disseram:
    "Vamos resolver este problema".
  • 9:03 - 9:06
    Como podemos resolver este problema?
  • 9:06 - 9:11
    Vamos mudar isto de um jogo com dois
    jogadores para um jogo com três jogadores.
  • 9:12 - 9:15
    Como é que isto ajuda? Funciona assim:
  • 9:15 - 9:18
    Quando se tornam clientes Lemonade
    — imaginem que nos juntamos à Lemonade —
  • 9:19 - 9:24
    podem escolher uma instituição que adorem,
    por exemplo a World Wildlife Fund.
  • 9:24 - 9:27
    Todos escolhemos
    uma instituição que adoramos.
  • 9:27 - 9:31
    Pagamos todos os meses
    à Lemonade, pagamos o seguro.
  • 9:32 - 9:36
    A Lemonade guarda uma quantia
    fixa e paga os prejuízos.
  • 9:36 - 9:40
    Se houver algum dinheiro
    que sobre na conta de ambos,
  • 9:40 - 9:43
    essa quantia vai para a instituição.
  • 9:44 - 9:48
    Assim, a Lemonade removeu
    o conflito de interesses.
  • 9:48 - 9:51
    Eles dizem: "Não nos interessa
    se vos pagamos ou não.
  • 9:51 - 9:55
    "Isso é entre vocês e a instituição.
  • 9:55 - 9:58
    "Se nos estiverem a mentir,
    estão a mentir a quem?
  • 9:59 - 10:01
    "À vossa instituição favorita."
  • 10:03 - 10:05
    A Lemonade começou há uns anos.
  • 10:05 - 10:07
    Cerca de duas semanas
    depois de começarmos
  • 10:07 - 10:10
    chega-nos o primeiro "email" interessante.
  • 10:10 - 10:15
    O "email" diz: "Tenho o meu
    apartamento segurado convosco.
  • 10:15 - 10:18
    "Disse-vos que alguém
    roubou o meu portátil.
  • 10:18 - 10:20
    "Vocês pagaram.
  • 10:20 - 10:24
    "Mas, afinal, tinha perdido
    o portátil, ninguém o roubou.
  • 10:25 - 10:28
    "Fiz um erro. Como vos posso
    devolver o dinheiro?"
  • 10:29 - 10:30
    Este era o "email".
  • 10:31 - 10:34
    Nesse dia liguei a todos os meus
    amigos de diferentes seguradoras
  • 10:34 - 10:38
    e perguntei como lidavam com estes casos.
  • 10:39 - 10:42
    Nunca tinha acontecido.
  • 10:43 - 10:46
    Este, para mim, é um
    óptimo ponto de partida.
  • 10:46 - 10:50
    Diz-nos que se criarmos
    um sistema que cria confiança
  • 10:50 - 10:52
    e se confiarmos nas pessoas,
  • 10:52 - 10:56
    há uma boa probabilidade
    de essa confiança regressar a nós.
  • 10:56 - 11:00
    Outro truque para aumentar a confiança.
  • 11:00 - 11:02
    Imaginem que sou empregado de mesa.
  • 11:02 - 11:05
    Aproximo-me de quatro pessoas
    e pergunto à primeira:
  • 11:06 - 11:07
    "O que deseja?"
  • 11:07 - 11:10
    E essa pessoa diz: "Quero o peixe."
  • 11:10 - 11:14
    E eu digo: "Ah o peixe hoje
    não é assim muito bom.
  • 11:14 - 11:19
    "Não peça o peixe, peça frango.
    O frango é mais barato e melhor".
  • 11:19 - 11:21
    Mais barato e melhor.
  • 11:21 - 11:25
    E aí medimos se a segunda, a terceira
  • 11:25 - 11:28
    e a quarta pessoa
    aceitam a minha sugestão,
  • 11:28 - 11:32
    quantas desta mesa aceitam a minha
    sugestão para escolher o vinho.
  • 11:33 - 11:35
    Este é o primeiro caso.
  • 11:35 - 11:36
    Caso número dois.
  • 11:36 - 11:38
    Chego à primeira pessoa
    e digo: "O que deseja?"
  • 11:38 - 11:40
    Ela diz: "Quero o peixe."
  • 11:40 - 11:44
    Eu digo: "O peixe hoje não está
    muito bom, escolha antes a lagosta.
  • 11:45 - 11:49
    "É só três vezes mais cara
    mas é incrível."
  • 11:49 - 11:53
    Qual a probabilidade de a segunda,
    a terceira e a quarta pessoa
  • 11:53 - 11:55
    aceitarem a minha sugestão?
  • 11:55 - 11:56
    Nenhuma.
  • 11:56 - 11:59
    Qual a probabilidade de aceitarem
    a minha sugestão de vinho?
  • 11:59 - 12:00
    Nenhuma.
  • 12:00 - 12:04
    Qual é a diferença entre o primeiro
    empregado de mesa e o segundo?
  • 12:05 - 12:09
    A diferença é que o primeiro
    empregado mostrou-nos
  • 12:09 - 12:12
    que prefere o nosso benefício
    do que o benefício próprio.
  • 12:13 - 12:17
    Houve a oportunidade de dizer:
    "Escolha algo melhor e mais barato."
  • 12:17 - 12:20
    Quanto ao segundo empregado,
    não sabemos.
  • 12:20 - 12:24
    Talvez aquela seja
    a melhor lagosta do mundo,
  • 12:24 - 12:27
    talvez sonhemos com ela
    até ao dia da nossa morte,
  • 12:27 - 12:32
    talvez seja uma escolha maravilhosa,
    mas nunca saberemos.
  • 12:32 - 12:36
    Nunca sabemos se o empregado
    procura o próprio benefício ou o nosso.
  • 12:37 - 12:42
    Portanto, o segundo conselho
    para criar confiança
  • 12:42 - 12:44
    é pensar nos casos
  • 12:44 - 12:48
    em que conseguimos mostrar a alguém
    que realmente nos importamos
  • 12:48 - 12:52
    e que preferimos o benefício alheio
    do que o nosso próprio benefício.
  • 12:53 - 12:57
    Há uma piada com pouca piada que diz:
  • 12:58 - 13:01
    "Porque é que as mulheres gostam
    de anéis de diamante?"
  • 13:02 - 13:05
    Porque é que as mulheres gostam
    de anéis de diamante?
  • 13:05 - 13:08
    A resposta é:
    "Porque os homens odeiam comprá-los."
  • 13:08 - 13:11
    (Risos)
  • 13:12 - 13:14
    Qual é a conclusão disto?
  • 13:15 - 13:19
    A conclusão é: imaginem
    que compram ao vosso amor
  • 13:19 - 13:21
    uma máquina fotográfica digital.
  • 13:21 - 13:22
    Chegam a casa e dizem:
  • 13:22 - 13:26
    "Querido, amo-te muito. Cá está
    uma máquina fotográfica digital."
  • 13:27 - 13:29
    Para quem estão a comprá-la?
  • 13:29 - 13:30
    Não é claro.
  • 13:30 - 13:34
    São como o empregado da lagosta,
    não é claro quem vai beneficiar.
  • 13:34 - 13:38
    Mas se compram algo
    que claramente odeiam
  • 13:38 - 13:40
    aí está um bom sinal de puro amor.
  • 13:40 - 13:42
    Não há outra explicação para isto.
  • 13:42 - 13:43
    (Risos)
  • 13:44 - 13:46
    Portanto, quando tiverem a oportunidade,
  • 13:46 - 13:49
    pensem como mostrar amor e carinho
  • 13:49 - 13:53
    com algo cuja mensagem não é confusa.
  • 13:55 - 13:57
    Dissemos que a confiança é importante
  • 13:57 - 14:01
    e que queremos criar
    um alto nível de confiança.
  • 14:01 - 14:05
    Mas de vez em quando,
    as coisas correm mal.
  • 14:06 - 14:10
    A questão é, como não deixamos
    as coisas deteriorarem-se?
  • 14:11 - 14:14
    Vou contar uma história pessoal.
  • 14:15 - 14:19
    Eu confiava profundamente
    em todos os que trabalhavam comigo.
  • 14:19 - 14:22
    Fiz um projecto com uma pessoa
  • 14:23 - 14:25
    e, já perto da conclusão,
  • 14:25 - 14:29
    decidi que o projecto não estava
    a ir numa boa direcção
  • 14:29 - 14:31
    e parei-o.
  • 14:32 - 14:38
    Essa pessoa disse-me que já tinha
    incorrido em despesas que tivera de pagar
  • 14:38 - 14:42
    e que gastara muito tempo
    e dinheiro nisso.
  • 14:43 - 14:47
    Apresentou-me uma factura bastante
    grande para a compensar.
  • 14:47 - 14:49
    E eu paguei
  • 14:49 - 14:53
    mas depois descobri que ela tinha pago
    muito menos dinheiro do que me tinha dito
  • 14:54 - 14:58
    e depois descobri que o contrato que ela
    tinha era diferente do que me tinha dito.
  • 14:58 - 15:04
    Essas coisas incomodaram-me
    e ofenderam-me.
  • 15:06 - 15:10
    O meu primeiro instinto foi:
    "Não quero voltar a sentir-me assim."
  • 15:10 - 15:13
    Não quero voltar a sentir-me assim
  • 15:13 - 15:17
    e pensei: "Devia começar a fazer
    contratos com toda a gente"-
  • 15:17 - 15:19
    Porque, quando comecei
    a trabalhar com ela
  • 15:19 - 15:22
    não fazia contratos,
    era tudo por aperto de mão.
  • 15:22 - 15:25
    Eu adoro trabalhar
    com acordos de aperto de mão.
  • 15:25 - 15:29
    Pensei: "Devia começar a ter contratos?"
  • 15:29 - 15:32
    Pensem no que significava
    ter contratos com toda a gente.
  • 15:32 - 15:35
    Significaria que, apenas
    por causa de um mau incidente,
  • 15:35 - 15:40
    eu iria começar a duvidar
    de todos que trabalhavam comigo.
  • 15:40 - 15:45
    A coisa curiosa sobre a confiança
    é que, quando ela funciona,
  • 15:45 - 15:47
    não reparamos muito nela.
  • 15:47 - 15:50
    Pensei em todas as relações
    maravilhosas que tenho
  • 15:50 - 15:53
    e em todas as pessoas maravilhosas
    com quem trabalho
  • 15:53 - 15:57
    e quanto se deve à confiança
    para nos portarmos melhor
  • 15:57 - 16:02
    quanto se deve à confiança
    para chegarmos a um melhor equilíbrio.
  • 16:02 - 16:06
    Decidi que, de vez em quando,
    as coisas vão correr mal
  • 16:06 - 16:09
    e terei o instinto de me proteger
  • 16:09 - 16:12
    e dizer que nunca mais
    me quero sentir assim
  • 16:12 - 16:15
    e quero rodear-me de segurança,
    de cobertores e de contratos,
  • 16:15 - 16:18
    mas vou tentar resistir a isso.
  • 16:18 - 16:20
    Porque a confiança é maravilhosa.
  • 16:20 - 16:23
    A confiança é maravilhosa,
    temos de o reconhecer.
  • 16:23 - 16:25
    Temos de trabalhar para ela,
  • 16:25 - 16:30
    temos de criar mecanismos que
    nos permitam criar confiança.
  • 16:31 - 16:34
    E, de vez em quando,
    as coisas vão correr mal
  • 16:34 - 16:38
    e temos de combater
    o nosso instinto de nos protegermos.
  • 16:38 - 16:42
    Felizmente, se conseguirmos
    desenvolver mais confiança,
  • 16:42 - 16:44
    valerá a pena.
  • 16:44 - 16:45
    Muito obrigado
  • 16:45 - 16:48
    (Aplausos)
Title:
Desenvolver a confiança | Dan Ariely | TEDxPorto
Description:

Isto é acerca da compreensão da importância da confiança. Quanto afecta a sociedade. Quanto nos move. E qual a sua função.
Como aumentamos a confiança? Quais são as coisas que podem aumentar a confiança e quais as que a podem reduzir na sociedade e como podemos acrescentar confiança? E finalmente, alguns exemplos para tentar aumentar a confiança e melhorar o mundo.
Dan Ariely, Professor de Psicologia e Economia Comportamental na Universidade de Duke, dedica-se a responder a estas questões e outras para auxiliar as pessoas a viverem uma vida mais sensível — quiçá racional. Os seus interesses alargam-se para várias comportamentos e as suas experiências por vezes invulgares são consistentemente interessantes, divertidas e informativas demonstrando ideias profundas que pairam sobre a cara do conhecimento comum. É membro fundador do "Center for Advanced Hindsight", co-criador do documentário "(Dis)honesty: The Truth About Lies" e três vezes "bestseller" do New York Times. Entre os seus livros estão: "Predictably Irrational", "The Upside of Irrationality", "The Honest Truth About Disnohesty", "Irrationally Yours", "Payoff", "Dollars and Sense." Em 2013 a Bloomberg reconheceu Dan como um dos 50 pensadores mais influentes do mundo. Tem também uma coluna bi-semanal no Wall Street Journal chamada "Ask Ariely." Dan pode ser encontrado em www.danariely.com.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
17:03

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