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Como vamos reviver a rã de ninhada gástrica e o tigre da Tasmânia

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    Eu realmente quero testar essa questão em que todos estamos interessados:
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    Será que a extinção tem que ser pra sempre?
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    Estou focado em dois projetos
    sobre os quais quero falar.
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    Um é o Projeto Tilacino.
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    O outro é o Projeto Lázaro,
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    e esse está focado na rã de ninhada gástrica.
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    E seria justo perguntar, bem,
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    Por que focamos nesses dois animais?
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    Bem, ponto número um, cada um deles
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    representa uma família única por si só.
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    Nós perdemos uma família inteira.
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    É grande pedaço do genoma global que se foi.
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    Eu gostaria de tê-lo de volta.
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    A segunda razão é que nós matamos esses seres.
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    No caso do tilacino, lamentavelmente,
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    nós atiramos em cada um que vimos.
    Nós os massacramos.
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    No caso da rã de ninhada gástrica,
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    talvez nós a tenhamos "destruído com fungicida".
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    Há um fungo terrível que está meio que se mudando
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    pelo mundo que se chama chytridiomycota,
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    e está destruindo anfíbios em todo o mundo.
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    Achamos que é isso provavelmente que pegou essa rã.
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    E os humanos estão propagando esse fungo.
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    E isto introduz um ponto ético muito importante,
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    e acredito que vocês já terão ouvido isso várias vezes
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    quando esse tópico surgir.
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    O que eu acho que é importante é que,
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    se ficar claro que nós exterminamos esta espécie,
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    então eu acho que não somente temos o dever moral
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    de ver o que podemos fazer
    com relação a isso, mas acho que temos
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    o imperativo moral de tentar fazer algo, se pudermos.
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    Ok. Vou falar para vocês sobre o Projeto Lázaro.
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    É uma rã. E vocês pensam, rã.
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    Sim, mas essa não era somente qualquer rã.
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    Diferente de uma rã normal, que bota seus ovos na água
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    e vai embora desejando bem aos seus sapinhos,
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    essa rã engolia seus ovos fertilizados,
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    engolia-os no estômago onde deveria haver comida,
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    não digeria os ovos,
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    e transformava seu estômago num útero.
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    No estômago, os ovos seguiam
    para se desenvolver em girinos,
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    e no estômago, os girinos seguiam
    para se desenvolver em rãs,
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    e eles cresciam no estômago até que finalmente
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    a pobre rã velha estava em risco de explodir.
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    Ela tinha uma pequena tosse e soluços e então saem
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    jorros de sapinhos.
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    Bem, quando biólogos viram isso,eles ficaram curiosos.
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    Eles pensaram, isso é incrível.
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    Nenhum animal, muito menos uma rã,
    era conhecido por isso,
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    por transformar um órgão de seu corpo em outro.
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    e você pode imaginar que os médicos
    também ficaram loucos com isso.
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    Se pudéssemos entender como aquela rã lidava
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    com a maneira como sua barriga funcionava,
    será que há informação
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    aqui que precisamos para compreender
    ou poderíamos usar
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    para nos ajudar?
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    Bem, não estou sugerindo
    que criemos nossos bebês no estômago,
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    mas estou sugerindo que
    possivelmente podemos querer
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    administrar a secreção gástrica no estômago.
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    E quando todo mundo estava animado com isso, bang!
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    Ela se tornou extinta.
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    Eu liguei para meu amigo, professor Mike Tyler
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    na Universidade de Adelaide.
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    Ele foi a última pessoa que teve essa rã,
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    uma colônia dela, eu sem laboratório.
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    E eu disse, "Mike, por acaso -- "
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    isso foi há 30 ou 40 anos --
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    "por acaso você não guardou
    algum tecido congelado dessa rã?"
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    E ele pensou nisso, e abriu seu superfreezer,
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    menos 20 graus centígrados,
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    ele revirou tudo naquele freezer,
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    e lá no fundo tinha um pote
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    e ele continha tecidos dessas rãs.
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    Foi muito animador, mas não havia nenhuma razão
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    para esperarmos que isso funcionaria,
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    porque esse tecido não tinha
    sido tratado com anticongelante,
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    crioprotetores, para cuidar dele depois de congelado
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    E normalmente, quando a água congela,
    como vocês sabem, ela expande,
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    e a mesma coisa acontece na célula.
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    Se você congelar um tecido, a água de expande,
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    danifica ou rompe as paredes da célula.
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    Bem, nós observamos o tecido com o microscópio.
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    Até que não estava tão ruim.
    As paredes celulares pareciam intactas.
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    Então pensamos, vamos tentar.
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    Fizemos algo chamado
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    transplante núcleo-celular somático.
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    Nós pegamos os ovos
    de uma espécie parente, uma rã viva,
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    e desativamos o núcleo do ovo.
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    Usamos radiação ultravioleta para fazer isso.
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    Então removemos o núcleo morto do tecido morto
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    da rã extinta e inserimos aqueles núcleos no ovo.
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    Agora por direitos, isso é um tipo
    de projeto de clonagem,
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    como o que gerou a Dolly,
    mas é bem diferente, na verdade,
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    porque a Dolly era uma ovelha viva
    em células de ovelhas vivas.
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    Aquilo foi um milagre, mas funcionou.
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    O que estamos tentado fazer é
    pegar o núcleo morto de uma espécie extinta.
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    e colocá-lo em uma espécie completamente
    diferente e esperar que isso funcione.
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    Bem, não tínhamos nenhuma razão
    para esperar que funcionasse,
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    e tentamos centenas e centenas desses.
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    E em fevereiro do ano passado,
    a última vez que realizamos estas tentativas,
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    Eu vi um milagre começar a acontecer.
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    O que nós vimos foi,
    a maioria desses ovos não funcionou,
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    Mas de repente um deles começou a se dividir.
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    Foi muito animador. E então o ovo se dividiu de novo.
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    E de novo. E logo nós tínhamos
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    embriões em estágios primários
    formados por centenas de células.
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    Nós até fizemos teste de DNA
    com algumas daquelas células,
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    e o DNA do sapo extinto estava naquelas células.
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    E estávamos muito animados. Isso não é um girino.
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    Não é uma rã. Mas é um longo caminho pela jornada
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    para produzir, ou trazer de volta, uma espécie extinta.
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    E isso é novidade. Ainda não tínhamos
    anunciado isso publicamente.
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    Estamos animados. Temos que
    conseguir ultrapassar esse ponto.
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    Agora queremos que esse
    bolo de células comece a gastrular,
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    para se transformar, de forma
    que produza os outros tecidos.
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    Vai continuar e produzir um girino e então uma rã.
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    Vejam esse espaço. Eu acho que vamos ter essa rã
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    pulando de alegria por estar de volta nesse mundo.
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    Obrigado. (Aplausos)
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    Ainda não fizemos, mas mantenham
    esses aplausos prontos.
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    O segundo projeto sobre o que
    quero falar com vocês é o Projeto Tilacino.
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    O tilacino lembra um pouco,
    para muitas pessoas, um cachorro
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    ou talvez um tigre, porque ele tem listras.
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    Mas não é parente de nenhum deles.
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    É um marsupial. Criava seus filhotes em uma bolsa,
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    como um coala ou um canguru fazem,
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    e ele tem uma longa história,
    uma história longa e fascinante,
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    que começa há 25 milhões de anos.
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    Mas também é uma história trágica.
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    O primeiro que nós avistamos
    foi nas antigas florestas tropicais
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    da Austrália há 25 milhões de anos,
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    e a National Geographic Society nos está ajudando
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    a explorar esses depósitos fósseis. Este é Riversleigh.
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    Naquelas pedras fósseis estão alguns animais incríveis.
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    Nós encontramos leões marsupiais.
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    Encontramos cangurus carnívoros.
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    Não é o que normalmente
    imaginamos como um canguru,
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    Mas estes são cangurus que comem carne.
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    Encontramos a maior ave do mundo,
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    maior do que aquela coisa que estava em Madagascar,
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    e ela também era carnívora.
    Era um pato gigante e estranho.
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    E os crocodilos também
    não se comportavam naquela época.
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    Você imagina crocodilos fazendo suas coisas feias,
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    nadando numa lagoa.
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    Estes crocodilos, na verdade, estavam na terra
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    e até mesmo subindo em árvorese
    pulando sobre suas presas
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    no chão.
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    Nós tínhamos na Austrália, crocodilos que caíam.
    Eles existem mesmo.
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    Mas aquilo sobre o que caíam não era somente
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    outros animais estranhos, mas também tilacinos.
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    Havia cinco tipos diferentes de tilacino
    naquelas florestas antigas,
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    E elas variavam de muito grande a tamanho mediano
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    a algumas que eram do tamanho de um chihuahua.
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    A Paris Hilton seria capaz de levar
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    uma dessas coisinhas por aí numa bolsa,
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    até que um crocodilo caísse sobre sua cabeça.
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    De qualquer modo, era um lugar fascinante,
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    Mas infelizmente a Austrália não continuou desse jeito.
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    Mudanças no clima afetaram o mundo
    por um grande período de tempo,
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    e gradativamente as florestas foram desaparecendo,
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    o país começou a secar,
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    e a quantidade de tipos de tilacino começou a diminuir,
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    até que há cinco milhões de anos restou somente um.
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    Há 10.000 anos, eles desapareceram
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    da Nova Guiné, e infelizmente
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    há 4.000 anos, alguém,
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    não sabemos quem foi, apresentou os dingos --
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    esse e um tipo muito arcaico de cão -- à Austrália.
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    E como vocês podem ver,
    os dingos são muito parecidos
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    na forma de seu corpo com os tilacinos.
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    Essa similaridade significava
    provavelmente que eles competiam.
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    Eles estavam comendo os mesmos tipos de comida.
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    É até mesmo possível que
    os aborígenes estavam mantendo
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    alguns destes dingos
    como bichos de estimação, e portanto
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    eles podem ter tido uma vantagem
    na batalha pela sobrevivência.
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    Tudo o que sabemos é, logo depois
    que os dingos foram trazidos,
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    os tilacinos foram extintos do continente australiano,
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    e depois disso, eles só sobreviveram na Tasmânia.
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    Então, infelizmente, a próxima
    parte triste da história do tilacino
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    é que os europeus chegaram em 1788, e eles trouxeram
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    consigo as coisas que eles estimavam,
    e isso incluía ovelhas.
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    Eles deram uma olhada no tilacino na Tasmânia,
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    e eles pensaram, espera aí, isso não vai dar certo.
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    Esse cara vai devorar todas as nossas ovelhas.
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    Não foi isso que aconteceu, na verdade.
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    Cães selvagens devoraram algumas ovelhas,
    mas o tilacino levou a má reputação.
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    Mas imediatamente, o governo disse, já chega,
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    vamos nos livrar deles, e pagaram às pessoas
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    para matarem cada um deles que elas vissem.
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    no começo da década de 30, de 3.000 a 4.000 tilacinos
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    foram assassinados. Foi um desastre,
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    e eles estavam prestes a bater na parede.
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    Deem uma olhada nesse pedaço de filmagem.
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    Me deixa muito triste, porque,
    ao mesmo tempo que é um animal fascinante,
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    e é incrível imaginar que tínhamos
    a tecnologia para filmá-lo
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    antes que ele se atirasse
    daquele precipício que é a extinção,
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    infelizmente nós não temos, nesse mesmo tempo,
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    um mínimo de preocupação
    com o bem-estar dessa espécie.
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    Essas são fotos do último
    tilacino sobrevivente, Benjamim,
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    que estava no zoológico Beaumaris em Hobart.
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    Para piorar a situação,
    ter quase eliminado essa espécie
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    do jogo, esse animal, quando morreu por negligência,
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    os donos não o deixaram entrar na cabana
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    numa noite fria em Hobart. Ele morreu de frio,
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    e de manhã, quando encontraram o corpo de Benjamin,
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    eles ainda se importavam tão pouco com esse animal
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    que o jogaram no depósito de lixo.
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    Será que dá pra continuar assim?
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    Em 1990, eu estava no Australian Museum.
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    Eu fiquei fascinado com os tilacinos.
    Sempre fui obcecado com esses animais.
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    E eu estava estudando crânios, tentando entender
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    Sua relação com outros tipos de animais,
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    e eu vi esse pote, e aqui, no pote,
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    estava um pequeno filhote fêmea de tilacino,
    talvez com seis meses de idade.
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    O cara que a encontrou e matou sua mãe
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    havia conservado o filhote e conservou em álcool.
  • 10:16 - 10:20
    Sou um paleontólogo, mas eu ainda sabia
    que o álcool preserva o DNA.
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    Mas isso era em 1990, e eu perguntei
    aos meus amigos geneticistas,
  • 10:24 - 10:26
    Não podíamos pensar em pegar esse filhote
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    e extrair seu DNA, se estiver lá,
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    e então em algum momento no futuro,
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    nós usaremos esse DNA para trazer de volta o tilacino?
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    Os geneticistas deram risada.
    Mas isso foi seis anos antes da Dolly.
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    Clonagem era ficção científica. Não havia acontecido.
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    Mas de repente criaram um clone.
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    E eu pensei, quando me tornei diretor
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    do Australian Museum, eu vou dar uma chance a isso.
  • 10:48 - 10:50
    Eu juntei uma equipe.
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    Nós fomos até aquele filhote para ver o que estava ali,
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    e nós encontramos DNA do tilacino.
    Foi um momento eureka.
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    Nós estávamos muito animados.
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    Infelizmente, também encontramos muito DNA humano.
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    Cada um dos velhos curadores
    que passaram por aquele museu
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    haviam visto esse maravilhoso exemplar.
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    colocado sua mão no pote, pegado-o e pensado,
  • 11:08 - 11:10
    "Uau, vejam só", plop, deixado-o de volta no pote,
  • 11:10 - 11:12
    contaminando o exemplar.
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    E isso era uma preocupação.
    Se o objetivo aqui era tirar o DNA
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    e usar o DNA pelo caminho
    para tentar trazer de volta o tilacino,
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    o que não queríamos que
    acontecesse quando a informação
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    fosse colocada na máquina e a roda fosse girada
  • 11:24 - 11:26
    e as luzes piscassem, era que tivéssemos um horrível
  • 11:26 - 11:30
    curador velho e enrugado
    saindo pelo outro lado da máquina. (Risos)
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    O curador ficaria muito feliz,
  • 11:32 - 11:33
    mas nós não ficaríamos muito felizes.
  • 11:33 - 11:37
    Então, nós voltamos aos exemplares
    e começamos a procurar,
  • 11:37 - 11:40
    e particularmente procuramos nos dentes dos crânios,
  • 11:40 - 11:43
    partes rígidas onde serem humanos
    não conseguiram colocar os dedos,
  • 11:43 - 11:45
    e encontramos DNA de qualidade muito melhor.
  • 11:45 - 11:48
    Encontramos genes mitocondriais nucleares.
    Estavam lá.
  • 11:48 - 11:49
    Então conseguimos.
  • 11:49 - 11:52
    Ok. O que poderíamos fazer com essas coisas?
  • 11:52 - 11:54
    Bem, George Church em seu livro, "Regenesis",
  • 11:54 - 11:57
    mencionou muitas das técnicas
    que estão avançando rapidamente
  • 11:57 - 11:59
    para funcionar com DNA fragmentado.
  • 11:59 - 12:02
    Nós esperávamos que
    poderíamos conseguir o DNA de volta
  • 12:02 - 12:06
    em uma forma viável, e então,
    como fizemos no Projeto Lázaro,
  • 12:06 - 12:09
    colocar aquilo tudo no ovo de uma espécie hospedeira.
  • 12:09 - 12:11
    Tem que ser uma espécie diferente.
  • 12:11 - 12:14
    Qual poderia ser? Por que não poderia
    ser o demônio da Tasmânia?
  • 12:14 - 12:16
    Eles são parentes distantes do tilacino.
  • 12:16 - 12:18
    Então o demônio da Tasmânia vai gerar
  • 12:18 - 12:21
    um tilacino da parte de baixo.
  • 12:21 - 12:24
    Os críticos desse projeto dizem, espera aí.
  • 12:24 - 12:28
    Tilacino, demônio da Tasmânia? Isso vai doer.
  • 12:28 - 12:31
    Não, não vai. Esses são marsupiais.
  • 12:31 - 12:33
    Eles dão à luz bebês do tamanho de balas de goma.
  • 12:33 - 12:37
    Esse demônio da Tasmânia não vai saber que deu à luz.
  • 12:37 - 12:40
    Ele vai, em breve, pensar que tem o demônio
  • 12:40 - 12:41
    da Tasmânia mais feio do mundo.
  • 12:41 - 12:46
    daí talvez ele precise de uma ajudinha para continuar.
  • 12:46 - 12:48
    Andrew Pask e seus colegas demonstraram
  • 12:48 - 12:50
    que isso pode não ser uma perda de tempo.
  • 12:50 - 12:52
    E está no futuro, nós simplesmente
    não chegamos lá ainda,
  • 12:52 - 12:54
    Mas é o tipo de coisa sobre a que queremos pensar.
  • 12:54 - 12:58
    Eles pegaram um pouco desse mesmo
    DNA conservado de tilacino
  • 12:58 - 13:01
    e eles o uniram no genoma do rato,
  • 13:01 - 13:04
    mas eles o marcaram para que qualquer coisa
  • 13:04 - 13:06
    que esse DNA de tilacino produzisse
  • 13:06 - 13:10
    apareceria verde azulado no bebê rato.
  • 13:10 - 13:12
    Em outras palavras, se tecido
    de tilacino estava sendo produzido
  • 13:12 - 13:15
    pelo DNA de tilacino, seria possível reconhecê-lo.
  • 13:15 - 13:19
    Quando o bebê surgiu, ele estava
    cheio de tecidos verde azulados.
  • 13:19 - 13:22
    E isso nos mostra, se pudermos remontar o genoma,
  • 13:22 - 13:27
    colocá-lo numa célula viva,
    ele vai produzir coisas de tilacino.
  • 13:27 - 13:29
    Isso é um risco?
  • 13:29 - 13:31
    Você tirou os pedaços de um animal
  • 13:31 - 13:33
    e os misturou nas células de um tipo diferente de animal.
  • 13:33 - 13:35
    Será que vamos ter um Frankenstein?
  • 13:35 - 13:38
    Sabem, algum tipo estranho de quimera híbrida?
  • 13:38 - 13:39
    E a resposta e não.
  • 13:39 - 13:43
    Se o único DNA nuclear que for nessa célula híbrida
  • 13:43 - 13:45
    é DNA de tilacino, essa é a única coisa que pode surgir
  • 13:45 - 13:48
    na outra ponte do demônio.
  • 13:48 - 13:52
    Ok, se pudermos fazer isso,
    podemos colocá-lo de volta?
  • 13:52 - 13:53
    Essa é a questão chave para todos.
  • 13:53 - 13:55
    Ele tem que ficar no laboratório,
  • 13:55 - 13:57
    ou podemos colocá-lo de volta onde ele pertence?
  • 13:57 - 13:59
    Será que poderemos colocá-lo de volta
    no trono do rei das bestas
  • 13:59 - 14:02
    na Tasmânia onde ele pertence,
    restaurar o ecossistema?
  • 14:02 - 14:05
    Ou será que a Tasmânia mudou tanto
  • 14:05 - 14:06
    que isso não seria mais possível?
  • 14:06 - 14:09
    Eu já estive na Tasmânia. Já estive em muitas das áreas
  • 14:09 - 14:11
    onde os tilacinos eram comuns.
  • 14:11 - 14:14
    Eu até já falei com pessoas, como Peter Carter aqui,
  • 14:14 - 14:16
    que, quando conversamos, tinha 90 anos de idade,
  • 14:16 - 14:20
    mas em 1926, este homem e seu pai e seu irmão
  • 14:20 - 14:23
    capturavam tilacinos. Eles os aprisionavam.
  • 14:23 - 14:25
    E simplesmente, quando eu falei com esse homem,
  • 14:25 - 14:27
    Eu olhava nos seus olhos e pensava,
  • 14:27 - 14:30
    por trás destes olhos está um cérebro
  • 14:30 - 14:34
    que tem memórias de como os tilacinos eram,
  • 14:34 - 14:36
    qual seu cheiro, que sons faziam.
  • 14:36 - 14:38
    Ele os levava por aí em uma corda.
  • 14:38 - 14:40
    Ele tem experiências pessoais
  • 14:40 - 14:43
    que eu daria minha perna esquerda
    para tê-las em minha cabeça.
  • 14:43 - 14:46
    Todos nós gostaríamos de ter esse tipo de coisa.
  • 14:46 - 14:48
    Enfim, eu perguntei ao Peter, se por acaso,
  • 14:48 - 14:50
    ele poderia nos levar ao lugar
    onde ele pegou aqueles tilacinos.
  • 14:50 - 14:53
    O meu interesse era se o ambiente tinha mudado.
  • 14:53 - 14:56
    Ele pensou bastante. Quero dizer, eram quase 80 anos antes
  • 14:56 - 14:57
    que ele havia estado nesta cabana.
  • 14:57 - 14:59
    De qualquer modo, ele nos levou
    pela sua trilha de arbustos,
  • 14:59 - 15:03
    E lá, bem onde ele se lembrava, estava a cabana,
  • 15:03 - 15:05
    e seus olhos se encheram de lágrimas.
  • 15:05 - 15:07
    Ele olhou para a cabana. Ele entrou.
  • 15:07 - 15:09
    Havia tábuas de madeira nos lados da cabana
  • 15:09 - 15:12
    onde ele e seu pai e seu irmão dormiam à noite.
  • 15:12 - 15:14
    E ele me disse, enquanto tudo estava
    enchendo suas antigas memórias.
  • 15:14 - 15:17
    Ele disse, "Eu me lembro dos tilacinos rodeando a cabana
  • 15:17 - 15:20
    imaginando o que estaria lá dentro", e ele disse
  • 15:20 - 15:22
    que eles faziam sons como "Yip! Yip! Yip!"
  • 15:22 - 15:25
    Tudo isso é parte de sua vida e do que ele se lembra.
  • 15:25 - 15:29
    E a questão chave para mim era perguntar ao Peter,
  • 15:29 - 15:30
    havia mudado? E ele disse que não.
  • 15:30 - 15:32
    as florestas de faia do sul rodeavam sua cabana
  • 15:32 - 15:35
    exatamente como era quando ele esteve ali em 1926.
  • 15:35 - 15:37
    as pradarias estavam desaparecendo.
  • 15:37 - 15:39
    Esse e o habitat clássico do tilacino.
  • 15:39 - 15:41
    E os animais naquelas áreas eram os mesmos
  • 15:41 - 15:43
    que estavam lá quando os tilacinos ainda estavam.
  • 15:43 - 15:46
    Então, será que poderíamos colocá-lo de volta? Sim.
  • 15:46 - 15:49
    Isso seria tudo o que faríamos?
    E essa é uma pergunta interessante.
  • 15:49 - 15:52
    Às vezes podemos conseguir colocá-lo de volta,
  • 15:52 - 15:54
    mas será que esse é o jeito mais seguro de ter certeza
  • 15:54 - 15:57
    que ele nunca mais entrará em extinção, acho que não.
  • 15:57 - 16:00
    Acho que aos poucos, à medida em que
    vemos espécies por todo o mundo,
  • 16:00 - 16:03
    É como uma mantra que
    a vida selvagem está cada vez menos
  • 16:03 - 16:04
    segura na natureza.
  • 16:04 - 16:06
    Nós adoraríamos pensar que está,
    mas sabemos que não.
  • 16:06 - 16:09
    Precisamos de outras estratégias paralelas.
  • 16:09 - 16:10
    E esta me interessa.
  • 16:10 - 16:13
    Alguns dos tilacinos que foram entregues a zoológicos
  • 16:13 - 16:15
    santuários, até mesmo a museus,
  • 16:15 - 16:17
    tinha colares marcadores nos pescoços.
  • 16:17 - 16:19
    estavam sendo mantidos como bichos de estimação,
  • 16:19 - 16:22
    e conhecemos vários contos e memória
  • 16:22 - 16:23
    de pessoas que os tinham como bichos de estimação,
  • 16:23 - 16:26
    e dizem que eles eram maravilhosos, amigáveis.
  • 16:26 - 16:29
    Este aqui particularmente veio da floresta
  • 16:29 - 16:31
    para lamber esse garoto e se enrolou
  • 16:31 - 16:34
    em torno da lareira para ir dormir. Um animal selvagem.
  • 16:34 - 16:37
    E eu gostaria de fazer a pergunta, todos que --
  • 16:37 - 16:38
    precisamos pensar sobre isso.
  • 16:38 - 16:43
    Se não tivesse sido proibido ter
    esses tilacinos como bichos de estimação,
  • 16:43 - 16:46
    será que eles ainda estariam extintos hoje?
  • 16:46 - 16:48
    Estou positivo que não.
  • 16:48 - 16:51
    Precisamos pensar sobre isso no mundo atual.
  • 16:51 - 16:54
    Será que se trouxermos os animais
    para mais perto de nós
  • 16:54 - 16:57
    para que os valorizemos,
    talvez eles não entrem em extinção?
  • 16:57 - 16:59
    E esse é um assunto tão crítico para nós,
  • 16:59 - 17:01
    porque se não fizermos isso, nós vamos testemunhar
  • 17:01 - 17:05
    mais desses animais saltarem do precipício.
  • 17:05 - 17:07
    Até onde eu sei, é por isso
  • 17:07 - 17:10
    que estamos tentando realizar
    esses projetos de "desextinção".
  • 17:10 - 17:13
    Estamos tentando restaurar o equilíbrio da natureza
  • 17:13 - 17:15
    que nós abalamos
  • 17:15 - 17:16
    Obrigado.
  • 17:16 - 17:19
    (Aplausos)
Title:
Como vamos reviver a rã de ninhada gástrica e o tigre da Tasmânia
Speaker:
Michael Archer
Description:

A rã de ninhada gástrica bota seus ovos como qualquer outra rã -- então os engole para incubar. Quer dizer, engolia até se tornar extinta há 30 anos. O paleontólogo Michael Archer cria um processo para trazer de volta a rã de ninhada gástrica e o tilacino, comumente conhecido como tigre da Tasmânia. (Filmado no TEDxDeExtinction.)

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English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
17:36
  • Please try to break long subtitles (e.g. "Bem, quando biólogos viram isso, eles ficaram curiosos.") into two lines (see http://translations.ted.org/wiki/How_to_break_lines). Sometimes, subtitles can be shortened by rephrasing them - see http://translations.ted.org/wiki/How_to_Compress_Subtitles

Portuguese, Brazilian subtitles

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