Return to Video

A beleza das redes de florestas — Suzanne Simard

  • 0:06 - 0:08
    No outro dia, andava a passear
    na montanha
  • 0:08 - 0:11
    e sentia-me em casa na floresta.
  • 0:11 - 0:13
    E senti-me muito agradecida
  • 0:13 - 0:16
    por me mostrar que as florestas
    são formadas por relações
  • 0:16 - 0:18
    que formam redes,
  • 0:18 - 0:20
    como estas belas redes de rios.
  • 0:20 - 0:22
    E pensei:
  • 0:22 - 0:25
    "Uau! As florestas são
    como as famílias humanas".
  • 0:25 - 0:28
    Fiquei tão fascinada
    com a beleza desta ideia
  • 0:28 - 0:30
    que caí e estampei-me no chão.
  • 0:30 - 0:32
    Bati com a cabeça num cepo recente.
  • 0:32 - 0:34
    Fiquei danada!
  • 0:34 - 0:36
    Fiquei desesperada
  • 0:37 - 0:40
    porque tinham cortado
    uma família de árvores inteira.
  • 0:41 - 0:44
    Eu sou do Canadá ocidental
  • 0:44 - 0:46
    onde há clareiras como esta
    escondidas por toda a parte.
  • 0:46 - 0:48
    Só depois de o Google Earth
  • 0:48 - 0:50
    começar a enviar imagens como esta,
  • 0:50 - 0:52
    é que percebemos que o mundo inteiro
  • 0:52 - 0:55
    estava a meter o nariz
    nas nossas florestas ancestrais.
  • 0:55 - 0:59
    Sabiam que esta deflorestação
    em todo o mundo
  • 0:59 - 1:01
    provoca mais emissões de gases de estufa
  • 1:01 - 1:04
    do que todos os comboios, aviões
    e automóveis juntos?
  • 1:05 - 1:07
    Fico muito preocupada com isto,
  • 1:07 - 1:09
    mas também tenho muita esperança
  • 1:09 - 1:13
    porque também descobri
    na minha investigação
  • 1:13 - 1:16
    que as redes de florestas
    estão organizadas da mesma forma
  • 1:16 - 1:18
    que as nossas redes de neurónios
  • 1:18 - 1:20
    e as nossas redes sociais.
  • 1:20 - 1:24
    Penso que, se aprendermos
    a integrar isso num todo,
  • 1:24 - 1:28
    podemos alterar esta perigosa via
    de aquecimento global
  • 1:28 - 1:31
    porque acredito
    que estamos programados para curar.
  • 1:31 - 1:33
    A ciência é esta:
  • 1:33 - 1:35
    A mais antiga destas redes
  • 1:35 - 1:40
    é esta rede subterrânea de fungos,
    ou rede de cogumelos.
  • 1:40 - 1:42
    Foi evoluindo desde há mil milhões de anos
  • 1:42 - 1:46
    e permitiu que os organismos
    migrassem do oceano para terra firme.
  • 1:46 - 1:49
    Por fim, associaram-se às plantas
    nesta simbiose.
  • 1:50 - 1:54
    Isso permitiu que as plantas
    fizessem a fotossíntese,
  • 1:54 - 1:57
    absorvendo o CO2 da atmosfera,
    o pior gás com efeito de estufa,
  • 1:57 - 1:59
    e libertando o oxigénio,
  • 1:59 - 2:01
    que nos permite respirar
  • 2:01 - 2:04
    e permitiu que os seres humanos evoluíssem.
  • 2:04 - 2:08
    Chamamos a esta simbiose uma micorriza,
  • 2:08 - 2:10
    "mico" de fungo, "riza" de raiz.
  • 2:10 - 2:13
    O fungo e as raízes associam-se
  • 2:13 - 2:15
    e trocam benefícios mútuos.
  • 2:15 - 2:19
    Todas as florestas pelo mundo inteiro
  • 2:19 - 2:22
    dependem destas micorrizas
    para a sua sobrevivência.
  • 2:22 - 2:24
    Não podem viver sem elas.
  • 2:24 - 2:26
    Funcionam assim:
  • 2:26 - 2:29
    Uma semente que cai
    no solo da floresta, germina,
  • 2:29 - 2:31
    envia uma raiz para o solo,
  • 2:31 - 2:34
    e começa a enviar sinais químicos
  • 2:34 - 2:36
    para que os fungos cresçam
    na direção da raiz.
  • 2:36 - 2:40
    Os fungos respondem
    com os seus sinais
  • 2:40 - 2:41
    e dizem à raiz:
  • 2:41 - 2:44
    "Tens que crescer na minha direção,
    ramificar e ficar mais flexível".
  • 2:44 - 2:46
    Através desta comunicação,
  • 2:46 - 2:49
    crescem juntos nesta simbiose mágica.
  • 2:50 - 2:52
    Esta simbiose funciona assim:
  • 2:52 - 2:55
    a planta obtém o carbono, arduamente,
    através da fotossíntese
  • 2:56 - 2:58
    e leva-o ao fungo,
  • 2:58 - 3:00
    porque o fungo não faz fotossíntese.
  • 3:00 - 3:03
    E o fungo obtém nutrientes e água do solo
  • 3:03 - 3:06
    nos locais em que as raízes das plantas
    não podem crescer
  • 3:06 - 3:08
    e dão-nos à planta.
  • 3:08 - 3:11
    Portanto, beneficiam os dois
    desta cooperação
  • 3:11 - 3:13
    À medida que o fungo cresce no solo,
  • 3:13 - 3:16
    começa a ligar as plantas umas às outras
  • 3:16 - 3:17
    e as árvores umas às outras,
  • 3:17 - 3:20
    até que toda a floresta está ligada.
  • 3:20 - 3:22
    Sabiam que uma única árvore
  • 3:22 - 3:25
    pode estar ligada a centenas
    de outras árvores
  • 3:25 - 3:28
    até onde os nossos olhos alcançam?
  • 3:28 - 3:31
    Enquanto caminhamos pela floresta
  • 3:31 - 3:35
    as árvores, as raízes
    e os cogumelos que vemos
  • 3:35 - 3:37
    são apenas a ponta do icebergue.
  • 3:38 - 3:40
    Por baixo duma única passada,
  • 3:40 - 3:44
    há 500 km de células de fungos
  • 3:44 - 3:46
    aglomeradas, com as extremidades juntas.
  • 3:46 - 3:48
    Se pudéssemos observar o subsolo
  • 3:48 - 3:50
    seria como uma autoestrada
  • 3:50 - 3:52
    com carros em todas as direções.
  • 3:52 - 3:55
    Todas as redes são feitas
    de nós e ligações.
  • 3:55 - 3:57
    Nas florestas, esses nós seriam as árvores
  • 3:57 - 3:59
    e os fungos seriam as ligações.
  • 3:59 - 4:01
    É parecido com a rede do Facebook,
  • 4:01 - 4:03
    em que os nós são os amigos
  • 4:03 - 4:06
    e as ligações são as amizades.
  • 4:06 - 4:08
    Todos sabemos que alguns desses nós
    — ou amigos —
  • 4:08 - 4:10
    são mais atarefados do que outros,
  • 4:10 - 4:13
    como o amigo que está sempre
    a enviar mensagens de grupo.
  • 4:13 - 4:15
    Com as florestas, acontece o mesmo
  • 4:15 - 4:18
    e chamamos eixos
    a esses nós nas florestas.
  • 4:18 - 4:20
    São as grandes árvores das florestas
  • 4:20 - 4:22
    com raízes em todas as direções.
  • 4:22 - 4:24
    Também aprendemos
  • 4:24 - 4:27
    que os sistemas se organizam
    em volta desses eixos,
  • 4:27 - 4:29
    estas grandes árvores ancestrais,
  • 4:29 - 4:32
    por isso, é nas florestas
    que ocorre a regeneração.
  • 4:32 - 4:33
    Na nossa rede do Facebook,
  • 4:33 - 4:35
    será assim que os grupos se organizam,
  • 4:35 - 4:38
    em volta do eixo que envia
    mensagens de grupo.
  • 4:38 - 4:40
    A esses eixos nas florestas,
    chamamos as árvores-mães;
  • 4:40 - 4:43
    são as grandes árvores
    ancestrais da floresta.
  • 4:43 - 4:45
    Fixam o carbono nas folhas
  • 4:45 - 4:48
    e enviam-no através dos troncos enormes
  • 4:48 - 4:51
    para as redes à sua volta
  • 4:51 - 4:53
    que estão ligadas
    a todas as outras árvores
  • 4:53 - 4:55
    e às plantas jovens.
  • 4:55 - 4:58
    Começam a enviar esse carbono
    para todos os lados.
  • 4:58 - 5:00
    Quanto mais dificuldades sente uma planta,
  • 5:00 - 5:02
    por causa da seca ou da sombra,
  • 5:02 - 5:04
    mais recebem da árvore-mãe.
  • 5:04 - 5:06
    É um pouco como nas nossas famílias.
  • 5:07 - 5:09
    Se estivermos com dificuldades,
  • 5:09 - 5:11
    os nossos pais intervêm
    e ajudam-nos, não é?
  • 5:11 - 5:14
    Acontece o mesmo com as florestas.
  • 5:14 - 5:16
    A outra coisa que descobrimos há pouco
  • 5:16 - 5:19
    é que as árvores-mães
    enviam de preferência
  • 5:19 - 5:23
    mais sinais às suas filhas.
  • 5:23 - 5:26
    Desta forma, ajudam-nas a viver melhor
  • 5:26 - 5:28
    elas sobrevivem mais tempo
  • 5:28 - 5:30
    e podem passar os seus genes
    para as gerações seguintes.
  • 5:30 - 5:33
    É assim que funciona a seleção natural.
  • 5:33 - 5:35
    A forma como estas florestas se organizam
  • 5:35 - 5:39
    torna-as simultaneamente
    resilientes e vulneráveis
  • 5:39 - 5:41
    São resilientes
    porque há muitas árvores-mães,
  • 5:41 - 5:44
    e há muitas espécies de fungos
    que as ligam umas às outras.
  • 5:45 - 5:47
    Essa rede é muito difícil de quebrar.
  • 5:47 - 5:49
    É terrivelmente resistente.
  • 5:49 - 5:52
    Mas, claro, os seres humanos
    encontraram uma forma de o fazer.
  • 5:52 - 5:54
    Deitamos abaixo as árvores-mães.
  • 5:54 - 5:57
    Deitar abaixo só uma,
    não faria grande diferença
  • 5:57 - 5:59
    mas, quando são umas atrás das outras
  • 5:59 - 6:01
    e se cortam cada vez mais clareiras,
  • 6:01 - 6:04
    podemos chegar ao ponto
    de o sistema se desmoronar,
  • 6:04 - 6:07
    em cadeia, como os dominós.
  • 6:07 - 6:09
    Podemos passar dos limites críticos
  • 6:09 - 6:12
    e causar a morte de florestas
    e agravar o aquecimento global.
  • 6:12 - 6:14
    É o que estamos a fazer.
  • 6:14 - 6:16
    O que fazemos,
    as escolhas que fazemos,
  • 6:16 - 6:20
    podem levar-nos à saúde global
    ou à doença global.
  • 6:20 - 6:22
    Temos opções.
  • 6:22 - 6:24
    Vou terminar com quatro ideias
  • 6:24 - 6:26
    que penso que vale a pena divulgar.
  • 6:26 - 6:27
    Primeira:
  • 6:27 - 6:29
    Para amar a floresta
    temos que passar tempo nela.
  • 6:29 - 6:31
    Vão a uma floresta, liguem-se a ela.
  • 6:31 - 6:34
    Aí, lutarão a sério para a proteger.
  • 6:34 - 6:35
    Segunda:
  • 6:35 - 6:37
    Aprendam como é que ela funciona,
  • 6:37 - 6:38
    como é que essas redes se ligam
  • 6:38 - 6:40
    nas florestas organizadas.
  • 6:40 - 6:42
    Para isso, têm que lá ir,
    correr riscos, errar.
  • 6:42 - 6:43
    Terceira:
  • 6:43 - 6:45
    Protejam as florestas.
  • 6:45 - 6:48
    Elas precisam que façamos isso
    porque não podem fazê-lo sozinhas.
  • 6:48 - 6:49
    Estão presas num local.
  • 6:49 - 6:51
    Não podem fugir dos seres humanos,
  • 6:51 - 6:53
    não podem fugir do aquecimento global.
  • 6:53 - 6:55
    Precisam de nós.
  • 6:55 - 6:57
    E por fim, o mais importante:
  • 6:58 - 7:01
    usem as vossas redes neurais e sociais
  • 7:01 - 7:04
    inteligentes e brilhantes,
    para criar mensagens fascinantes
  • 7:04 - 7:08
    e passar a palavra de que vale a pena
    salvar as florestas
  • 7:08 - 7:10
    porque vale a pena salvarmo-nos.
  • 7:10 - 7:11
    Acredito que, em conjunto,
  • 7:11 - 7:13
    estamos todos programados para curar.
Title:
A beleza das redes de florestas — Suzanne Simard
Description:

Vejam a lição completa: http://ed.ted.com/lessons/the-networked-beauty-of-forests-suzanne-simard

A deflorestação causa mais emissões de gases de estufa do que todos os comboios, aviões e automóveis juntos. O que é que podemos fazer para alterar esta contribuição para o aquecimento global? Suzanne Simard examina como as redes complexas e simbióticas das nossas florestas imitam as nossas redes neurais e sociais — e como essas ligações podem fazer toda a diferença.

Palestra de Suzanne Simard.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TED-Ed
Duration:
07:24

Portuguese subtitles

Revisions Compare revisions