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Title:
A prisão de procrastinação da internet | Le Dong Hai "DoHa" Nguyen |
TEDxCATSAcademyBoston
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Description:
DoHa Nguyen, um "ex-procrastinador crônico", fala sobre como novas tecnologias nos apanharam em um ciclo vicioso de procrastinação e como escapar desse ciclo.
Nesta palestra esclarecedora e divertida, DoHa visualiza os efeitos negativos na nossa economia e sociedade devido à procrastinação. Baseando-se na sua experiência, apresenta possíveis soluções para romper o ciclo de dependência da distração tecnológica.
Le Dong Hai "DoHa" Nguyen FRSA é um ativista social vietnamita, programador de software e aspirante a economista. Estudante do ensino médio, ele é cofundador da Global Association of Economics Education (Associação Global de Educação Econômica) e um dos membros mais jovens do Royal Society of Arts.
Esta palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferências TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite https://www.ted.com/tedx
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Olá, pessoal.
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Antes de começarmos, gostaria
de fazer um pequeno experimento.
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Quantos de vocês ficam extremamente
irritados quando isto acontece?
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(Risos)
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De fato, muitos de vocês.
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Antes de explicar o motivo
pelo qual perguntei isso,
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vou apresentar um conceito
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que me impressionou, que chamo
de "paradoxo da produtividade".
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De 1971 até 2015, a chamada
era da Revolução Digital,
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marcada pelo nascimento da internet,
do computador pessoal,
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smartphone e outras ferramentas,
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o número de transistores
por microprocessador,
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um indicador confiável
de capacidade tecnológica,
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duplica a cada dois anos.
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No mesmo período,
a produtividade no trabalho
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diminui cada vez mais em vez de aumentar.
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Esse paradoxo nos diz que enquanto
a tecnologia se torna mais avançada
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e mais disponível,
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o que deveria tornar nosso trabalho
mais fácil e eficiente,
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o ganho marginal na produtividade
na verdade diminui.
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Então, o que aconteceu
com o aumento da produtividade?
¶
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Apesar de haver fatores
responsáveis por esse declínio,
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como o envelhecimento dos trabalhadores,
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um fator chama a minha atenção,
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do qual também já fui "vítima",
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que é o vício causado
pelas distrações tecnológicas.
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Com o excesso de informação
bem na palma da mão,
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a tentação dos cliques em links como:
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"As 17 verdades mais chocantes
sobre blá blá blá... ",
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"Você não vai acreditar
na número nove!",
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discussões do Reddit, vídeos do YouTube,
hashtags do Facebook
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e sugestões tipo “veja também”
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no fim de cada artigo,
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somos direcionados a um fornecimento
ilimitado de informações inúteis.
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E antes de você se dar conta,
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são 23hs e o prazo de entrega
do trabalho é à meia-noite!
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(Risos)
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Você se sente mal,
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trabalha muito pra cumprir o prazo
com um trabalho medíocre,
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promete a si mesmo que isso
nunca mais irá acontecer.
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E logo faz tudo de novo.
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(Risos)
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A notícia ruim é que não para por aqui.
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Depois que me livrei da prisão
que é o vício da Internet,
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às vezes me vejo perseguido por imagens
das quais, antes, eu fazia parte.
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Imagens de um grupo
de amigos indo a um café.
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Eles tiram uma selfie, postam no Instagram
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e então, silêncio… todos estão
percorrendo o telefone
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enquanto tomam um gole de café.
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Imagens como a do meu colega de classe
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que reclamou sobre os 15 segundos
de carregamento e espera
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por seu vídeo da Netflix.
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Imagens de uma garota chorando por causa
da "resposta demorada" do namorado:
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"Já faz 10 minutos e ele ainda
não me respondeu", ela disse.
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(Risos)
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Ou um garoto gritando por um anúncio
de 15 segundos no YouTube
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e apertando o botão "pular anúncio"
até quebrar a tela.
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(Risos)
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O problema é que não é culpa nossa.
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Cada site e aplicativo,
do YouTube ao Facebook,
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é deliberadamente e intencionalmente
projetado para ser viciante.
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"Se não está pagando por ele,
você se torna o produto."
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Diferente da assinatura de um jornal,
aplicativos de redes sociais, sites online
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não te cobram um centavo
pelos seus produtos.
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É claro que você tem
que pagar as tarifas da internet.
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(Risos)
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Eles têm toda uma equipe de I&D
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dedicada a maximizar o tempo
que você gasta nesses aplicativos.
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Como Aza Raskin, o inventor
do rolar infinito, mesmo disse:
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"Por trás de cada tela
de telefone existem geralmente
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milhares de engenheiros
que trabalharam nisso
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para torná-lo o mais o viciante possível.
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É como se pegassem cocaína comportamental
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e polvilhassem por toda a sua interface
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e isso faz com que você volte
uma vez, outra vez e outra vez."
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De fato, recursos como o rolar infinito,
em vez de passar por páginas,
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ou notificações de tudo em tempo real,
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desde curtidas, comentários, menções,
tendências de hashtag, mensagens, etc.,
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são feitos para que você fique
em um ciclo vicioso de impulsos
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e permaneça nos aplicativos
o maior tempo possível.
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Quanto mais você os usa,
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mais dados eles têm sobre você
para vender aos anunciantes.
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Por isso você vê anúncios
de pacote de férias no Facebook
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depois de buscar por um vôo no Google.
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Ao não dar tempo ao cérebro
de alcançar esses impulsos,
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sites online e redes sociais
são, na verdade,
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mais eficazes do que a cocaína e o álcool
em fazer com que você dependa deles,
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de acordo com um estudo
feito pela ASU em 2015.
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Do mesmo modo, estudos
recentes realizados pela MSU
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também indicaram que o uso
excessivo das redes sociais
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pode comprometer a capacidade de tomar
decisões, assim como a drogadição.
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Isso é extremamente preocupante
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considerando que muitas crianças hoje
têm acesso à internet desde muito jovens.
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A capacidade tecnológica
de prender os jovens
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através da liberação constante
de dopamina no cérebro
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pode criar uma nova geração
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tóxica, impaciente e improdutiva.
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A boa notícia é que nunca é tarde
demais para a reabilitação.
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Embora eu não esteja na posição
de dar conselhos médicos específicos,
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uma abordagem que funcionou
muito bem comigo
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é planejar um tempo
determinado livre de telas.
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Inicialmente, vai parecer
bem difícil e contraintuitivo,
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até mesmo fútil resistir à tentação.
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Então pode ser útil começar aos poucos,
talvez uns 30 minutos ao dia
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e depois aumentar gradualmente.
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Eu aconselharia deixar todos os aparelhos
eletrônicos com um amigo de confiança.
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Durante esse tempo "livre de telas",
você pode tentar ler um livro,
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fazer uma caminhada,
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ou até passar uns minutos meditando
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e permitir que seu cérebro
se acalme e se recupere.
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O primeiro passo em cada
processo de reabilitação,
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seja de substâncias
ou de desvio comportamental,
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é aceitar o fato de que você tem um vício.
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Será um percurso difícil, mas lembre-se,
as recompensas valem a pena.
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Ganhar de novo o controle da mente
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e escapar da prisão
de distrações constantes
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construídas pela tecnologia,
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nos permite também recuperar
tempo e energia,
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que podem ser utilizados
para terminar o trabalho a tempo,
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dormir mais, ir à academia,
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ligar para sua avó ou contemplar a vida.
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Obrigado!
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(Aplausos)
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(Vivas)