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Porque é que eu vivo com o pânico mortal de falar em público

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    Quando concordei f-f-fazer isto,
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    não sabia se queriam
    que falasse ou cantasse.
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    Mas quando me disseram
    que o tópico era a linguagem,
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    senti que havia algo que tinha de dizer.
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    Eu tenho um... problema.
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    Não é a pior coisa do mundo.
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    Estou bem.
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    Não estou a arder.
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    Eu sei que outras pessoas no mundo
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    têm que lidar com coisas b-b-bem piores,
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    mas para mim... a linguagem e a m-m-música
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    estão intrinsecamente
    ligadas por uma coisa.
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    Essa coisa é a minha g-g-gaguez.
  • 0:54 - 0:56
    Pode parecer curioso,
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    dado que eu passo muito tempo
    da minha vida no p-p-palco.
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    Talvez achem que me sinto à vontade
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    a falar em público
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    e à vontade aqui, a falar com vocês.
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    Mas a verdade é que
    passei a minha vida até agora
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    — e incluindo agora —
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    no pânico mortal
    de falar em público.
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    Cantar em público,
    é completamente diferente.
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    (Risos)
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    Mas já vamos falar disso.
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    Nunca falei sobre isto tão explicitamente.
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    Acho que é porque
    sempre tive a esperança
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    de que, quando fosse adulta,
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    já não gaguejasse.
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    Sempre vivi com a ideia
    de que, quando fosse crescida,
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    teria aprendido a falar f-f-francês,
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    e que, quando crescesse,
    teria aprendido a gerir o meu dinheiro,
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    e, que quando crescesse,
    não gaguejaria,
  • 1:58 - 2:01
    e conseguiria falar em público
    e talvez ser primeira-ministra,
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    e tudo seria possível e... vocês sabem.
  • 2:04 - 2:06
    (Risos)
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    Eu consigo falar disto agora
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    porque cheguei a um ponto em que
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    — quer dizer, tenho 28 anos.
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    Tenho a certeza de que já sou adulta.
  • 2:20 - 2:22
    (Risos)
  • 2:22 - 2:24
    E sou uma mulher adulta,
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    que vive a sua vida como artista,
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    com problemas de fala.
  • 2:31 - 2:33
    Por isso, mais vale ser sincera.
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    Há lados interessantes
    no que toca à gaguez.
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    Para mim, o pior que pode acontecer
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    é conhecer outro g-g-gago.
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    (Risos)
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    Isto aconteceu-me em Hamburgo,
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    quando um rapaz que conheci disse:
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    "Olá, o m-m-m-meu nome é Joe."
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    e eu disse:
    "Ah, olá, o m-m-m-meu nome é Meg."
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    Imaginem o meu pânico
    quando me apercebi
  • 3:04 - 3:08
    de que ele pensou
    que eu estava a gozar com ele.
  • 3:07 - 3:10
    (Risos)
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    As pessoas pensam
    que eu estou sempre embriagada.
  • 3:17 - 3:20
    (Risos)
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    Pensam que eu me esqueci do nome delas
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    quando hesito antes de o dizer.
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    E é algo muito estranho,
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    porque os nomes próprios são a coisa pior.
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    Se vou usar a palavra
    "quarta-feira" numa frase,
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    quando estou quase a dizê-la
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    e sinto que vou gaguejar,
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    consigo mudar a palavra para "amanhã",
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    ou "o dia depois de terça-feira",
  • 3:51 - 3:53
    ou outra coisa qualquer.
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    É desajeitado, mas dá para me safar,
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    porque, ao longo do tempo,
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    desenvolvi um método alternativo de fala
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    em que, mesmo no último minuto,
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    mudo a palavra e engano o cérebro.
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    Mas não posso mudar o nome das pessoas.
  • 4:16 - 4:18
    (Risos)
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    Quando cantava muito "jazz",
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    trabalhava muito com um pianista
    que se chamava S-s-steve.
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    Como já se devem ter apercebido,
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    os "s" e os "t", juntos ou separados,
  • 4:33 - 4:36
    são o meu ponto fraco.
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    Mas eu tinha de apresentar a banda
  • 4:40 - 4:43
    enquanto eles improvisavam,
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    e quando chegava ao S-s-steve,
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    muitas vezes bloqueava no "st".
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    Era um pouco constrangedor
    e acabava com a energia.
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    Então, depois de alguns
    incidentes como este,
  • 5:00 - 5:03
    o Steve tornou-se no "Seve",
  • 5:03 - 5:05
    (Risos)
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    e ultrapassámos assim a situação.
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    Já fiz muita terapia,
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    e uma forma comum de tratamento
  • 5:15 - 5:18
    é utilizar a técnica chamada "fala suave",
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    que é quando quase cantamos
    tudo o que dizemos.
  • 5:25 - 5:27
    Quase juntamos tudo
  • 5:27 - 5:32
    nesta maneira cantante
    de professora do pré-escolar,
  • 5:32 - 5:35
    que nos faz soar muito serenos,
    como se tivéssemos tomado Valium,
  • 5:35 - 5:36
    (Risos)
  • 5:36 - 5:38
    e tudo estivesse calmo.
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    Eu não sou nada assim.
  • 5:43 - 5:46
    E uso bastante isto. Uso realmente.
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    Uso quando tenho que estar
    em tertúlias na TV
  • 5:53 - 5:56
    ou quando tenho que dar
    entrevistas na rádio,
  • 5:56 - 6:00
    quando é primordial
    a economia de tempo no ar .
  • 6:01 - 6:03
    (Risos)
  • 6:04 - 6:08
    Passo por isto desta forma
    no meu trabalho.
  • 6:08 - 6:12
    Mas como uma artista
    que sente que o seu trabalho
  • 6:12 - 6:17
    é somente baseado
    numa plataforma de honestidade
  • 6:17 - 6:20
    e de ser real,
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    parece que isto é batota.
  • 6:25 - 6:28
    É por isso que, antes de cantar,
    gostaria de vos dizer
  • 6:28 - 6:30
    o que cantar significa para mim.
  • 6:32 - 6:36
    É mais do que emitir sons bonitos,
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    é mais do que criar c-c-canções bonitas.
  • 6:41 - 6:46
    É mais do que se sentir
    conhec-c-cido ou entendido.
  • 6:47 - 6:52
    É mais do que fazer-vos sentir
    o que estou a sentir.
  • 6:53 - 6:55
    Não se trata de mitologia,
  • 6:55 - 6:58
    ou de me mitificar para vocês.
  • 7:01 - 7:02
    De alguma maneira,
  • 7:02 - 7:10
    através de uma função sináptica
    milagrosa do cérebro humano,
  • 7:10 - 7:14
    é impossível gaguejar quando cantamos.
  • 7:16 - 7:20
    Quando eu era mais nova,
    este era um método de tratamento
  • 7:20 - 7:22
    que funcionava muito bem para mim:
  • 7:22 - 7:26
    cantar, então eu cantava muito.
  • 7:28 - 7:32
    É por isso que aqui estou hoje.
  • 7:32 - 7:35
    (Aplausos)
  • 7:37 - 7:38
    Obrigada.
  • 7:42 - 7:46
    Cantar, para mim, é um alívio.
  • 7:47 - 7:53
    É o único momento
    em que me s-s-sinto fluente.
  • 7:55 - 7:59
    É o único momento em que
    o que sai da minha boca
  • 7:59 - 8:01
    é exatamente o que eu queria dizer.
  • 8:02 - 8:04
    (Risos)
  • 8:04 - 8:07
    Então, eu sei que esta é uma palestra TED,
  • 8:07 - 8:10
    mas agora vou fazer um musical TED.
  • 8:10 - 8:13
    Esta é uma canção
    que compus no ano passado.
  • 8:13 - 8:15
    Muito obrigada. Obrigada.
  • 8:15 - 8:18
    (Aplausos)
  • 8:28 - 8:29
    (Piano)
  • 8:43 - 8:45
    ♪ Eu seria linda ♪
  • 8:47 - 8:49
    ♪ mas o meu nariz ♪
  • 8:50 - 8:53
    ♪ é ligeiramente grande demais ♪
  • 8:54 - 8:56
    ♪ para a minha cara ♪
  • 8:57 - 9:00
    ♪ E eu seria uma sonhadora ♪
  • 9:01 - 9:04
    ♪ mas o meu sonho ♪
  • 9:05 - 9:08
    ♪ é ligeiramente grande demais ♪
  • 9:08 - 9:10
    ♪ para este espaço ♪
  • 9:12 - 9:15
    ♪ Eu seria um anjo ♪
  • 9:16 - 9:19
    ♪ mas a minha auréola ♪
  • 9:19 - 9:22
    ♪ fica pálida com o brilho ♪
  • 9:23 - 9:26
    ♪ da tua graça ♪
  • 9:27 - 9:29
    ♪ Eu seria um "joker" ♪
  • 9:30 - 9:34
    ♪ mas essa carta ♪
  • 9:34 - 9:38
    ♪ parece tola
    quando jogamos ♪
  • 9:40 - 9:41
    ♪ o nosso ás ♪
  • 9:56 - 9:59
    ♪ Eu gostaria de saber ♪
  • 10:00 - 10:04
    ♪ Há estrelas no inferno? ♪
  • 10:03 - 10:07
    ♪ E gostaria de saber ♪
  • 10:08 - 10:11
    ♪ saber se percebes ♪
  • 10:11 - 10:17
    ♪ que me fazes perder
    tudo o que conheço ♪
  • 10:18 - 10:21
    ♪ Que não posso escolher ♪
  • 10:22 - 10:24
    ♪ deixar ou não ♪
  • 10:38 - 10:41
    ♪ E eu ficaria aqui para sempre ♪
  • 10:42 - 10:45
    ♪ mas a minha casa ♪
  • 10:46 - 10:49
    ♪ é ligeiramente longe demais ♪
  • 10:49 - 10:51
    ♪ deste lugar ♪
  • 10:52 - 10:55
    ♪ Eu juro que tentei ♪
  • 10:56 - 10:59
    ♪ abrandar♪
  • 11:00 - 11:06
    ♪ quando estou a seguir o teu ritmo ♪
  • 11:07 - 11:09
    ♪ Mas tudo o que eu podia pensar ♪
  • 11:09 - 11:14
    ♪ vagueando pela cidade ♪
  • 11:15 - 11:21
    ♪ era se eu fico bonita à chuva. ♪
  • 11:22 - 11:25
    ♪ Eu não sei como alguém ♪
  • 11:25 - 11:29
    ♪ assim tão encantador ♪
  • 11:29 - 11:32
    ♪ me faz sentir feia ♪
  • 11:35 - 11:38
    ♪ Tanta vergonha ♪
  • 11:44 - 11:47
    ♪ Gostaria de saber ♪
  • 11:48 - 11:51
    ♪ Há estrelas no inferno? ♪
  • 11:51 - 11:55
    ♪ Eu gostaria de saber ♪
  • 11:55 - 11:58
    ♪ saber se tu percebes ♪
  • 11:59 - 12:05
    ♪ que me fazes perder
    tudo que conheço ♪
  • 12:06 - 12:09
    ♪ que eu não posso escolher ♪
  • 12:10 - 12:12
    ♪ deixar ou não ♪
  • 12:41 - 12:43
    Muito obrigada.
  • 12:43 - 12:45
    (Aplausos)
Title:
Porque é que eu vivo com o pânico mortal de falar em público
Speaker:
Megan Washington
Description:

Megan Washington é uma das principais cantoras/compositoras da Austrália. Desde a infância que gagueja. Nesta conversa audaciosa e pessoal, ela revela como lida com este impedimento da fala — evitando a combinação das letras "st" para enganar o cérebro, mudando as palavras no último minuto para, sim, cantar as coisas que ela tem a dizer em vez de falar.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
13:02

Portuguese subtitles

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