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Mostrando os custos ocultos das coisas que compramos | J Henry Fair | TEDxBerlin

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    Eu fotografo dinheiro.
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    É dinheiro que subtraímos aos nossos netos
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    e gastamos connosco.
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    Todos os produtos, tudo o que compramos,
    tudo aquilo em que gastamos dinheiro,
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    tem custos invisíveis.
  • 0:29 - 0:31
    Esses custos são custos ocultos
  • 0:31 - 0:34
    que habitualmente resultam
    numa degradação do ambiente.
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    Até o Jesus de plástico.
  • 0:39 - 0:42
    Um rolo de papel higiénico,
    por mais banal que seja,
  • 0:43 - 0:45
    é um exemplo perfeito.
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    Pensa-se: "Quem se preocupa
    com o papel higiénico?"
  • 0:49 - 0:52
    Esse rolo de papel higiénico
    é a causa da desflorestação
  • 0:52 - 0:55
    que, claro, significa alteração climática,
  • 0:55 - 0:57
    e é causa de poluição enorme.
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    Mas não tem de ser assim.
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    Com os mesmos euros,
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    podemos comprar um rolo
    de papel higiénico diferente
  • 1:04 - 1:06
    e apoiar outra linha de produtos.
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    Podemos apoiar produtos
    de reciclagem, reutilizáveis.
  • 1:12 - 1:16
    O alumínio é o que mais contribui
    para a degradação do ambiente,
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    utiliza muitíssima eletricidade
  • 1:19 - 1:24
    — penso que é o utilizador número um
    da eletricidade industrial —
  • 1:24 - 1:27
    e é outro produto.
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    Se reciclarmos uma lata de alumínio,
  • 1:30 - 1:32
    poupamos eletricidade suficiente
  • 1:32 - 1:34
    para alimentar o computador
    durante três horas.
  • 1:34 - 1:37
    Vemos aqui o desperdício
    do fabrico de alumínio.
  • 1:37 - 1:41
    Talvez se lembrem que, no ano passado,
    foram derramados no Danúbio
  • 1:41 - 1:45
    um milhão de metros cúbicos
    de desperdício tóxico
  • 1:45 - 1:48
    numa fábrica de alumínio na Hungria.
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    O que eu faço exige
    uma série de parceiros.
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    Geralmente, vou observar estas coisas
    e tenho pilotos que me levam lá,
  • 1:57 - 2:00
    e tenho grupos ambientalistas
    que me fornecem informações
  • 2:00 - 2:03
    de que preciso para perceber
    o que estou a ver.
  • 2:03 - 2:08
    Depois, eles usam as fotos que eu faço
    na esperança de provocarem uma mudança.
  • 2:10 - 2:13
    Na minha opinião,
    vivemos numa pequena rocha,
  • 2:13 - 2:15
    que partilhamos com uma série
    de plantas e animais
  • 2:15 - 2:20
    num sistema muito complexo
    que está cuidadosamente equilibrado.
  • 2:21 - 2:24
    Claro, enquanto seres humanos,
    temos grande inteligência
  • 2:24 - 2:28
    que nos permite iludir o sistema.
  • 2:28 - 2:31
    Permite-nos arrebanhar
    mais do que o nosso quinhão.
  • 2:31 - 2:36
    Ao fazer isso,
    desequilibramos esses sistemas,
  • 2:37 - 2:41
    por isso, esses sistemas que nos fornecem
    essencialmente, serviços gratuitos
  • 2:42 - 2:44
    — ar puro, água potável —
  • 2:44 - 2:49
    quando levamos esses sistemas à ruína,
    acabamos por ter de pagar
  • 2:49 - 2:51
    — ou os nossos filhos terão de pagar —
  • 2:51 - 2:53
    para substituir esses serviços.
  • 2:53 - 2:58
    Na realidade, estamos a transferir
    uma quantidade enorme de riquezas
  • 2:58 - 3:02
    entre as pessoas que lucram
    com esses processos de extração
  • 3:03 - 3:04
    e os nossos netos.
  • 3:05 - 3:07
    Como estamos a falar de energia,
  • 3:07 - 3:09
    vou falar de alguns
    dos projetos que tenho feito,
  • 3:09 - 3:11
    especificamente,
    os relacionados com energia.
  • 3:12 - 3:15
    Vamos começar nos EUA,
    na Virgínia Ocidental.
  • 3:15 - 3:19
    Esta é uma das regiões
    de maior biodiversidade do mundo.
  • 3:19 - 3:22
    Chama-se Planalto Cumberland,
  • 3:23 - 3:28
    e é também a fonte de água potável
    para milhões de norte-americanos.
  • 3:28 - 3:32
    Vemos aqui o local
    onde a montanha foi removida
  • 3:32 - 3:35
    — a montanha que estava a barrar o carvão.
  • 3:36 - 3:40
    Fizemos explodir a montanha
    para apanhar o carvão.
  • 3:41 - 3:45
    Infelizmente, só recolhemos 6% do carvão,
    mas quem se preocupa com isso?
  • 3:45 - 3:47
    Os nossos netos é que vão pagar.
  • 3:49 - 3:53
    Tenho muitas fotos para mostrar,
    por isso desculpem, vou andar depressa.
  • 3:55 - 3:59
    Este é um ribeiro que foi envenenado
    com a drenagem ácida de uma mina.
  • 4:00 - 4:04
    E aqui vemos o desperdício
    da lavagem do carvão.
  • 4:05 - 4:06
    Depois de tudo acabado,
  • 4:06 - 4:10
    depois de destruída a montanha
    e recolhido o carvão,
  • 4:10 - 4:15
    a única compensação exigida
    é que as empresas nivelem o solo
  • 4:15 - 4:19
    e espalhem sementes de ervas invasivas
    misturadas com fertilizantes.
  • 4:21 - 4:25
    Uma das coisas interessantes
    nestes processos de extração
  • 4:25 - 4:29
    é que nunca enriquecem
    as comunidades onde ocorrem,
  • 4:29 - 4:31
    só as empobrecem.
  • 4:31 - 4:36
    Aqui é Twilight, na Virgínia Ocidental,
    um nome muito apropriado.
  • 4:36 - 4:38
    Esta é a estação dos correios,
    se conseguem imaginar,
  • 4:38 - 4:40
    em Twilight, na Virgínia Ocidental.
  • 4:40 - 4:44
    Já ninguém ali vive e, certamente,
    ninguém usa a estação dos correios.
  • 4:46 - 4:50
    Iniciei este projeto,
    fotografando coisas industriais.
  • 4:50 - 4:54
    Tinha a intenção de fazer arte
    que emocionasse as pessoas,
  • 4:54 - 4:57
    porque eu via que havia um problema.
  • 4:57 - 5:00
    Acho que hoje muitos de nós
    veem que há um problema,
  • 5:00 - 5:02
    exceto os 50% dos norte-americanos
  • 5:02 - 5:06
    que ainda não acreditam
    na alteração climática.
  • 5:06 - 5:09
    Peço desculpa por isso.
  • 5:11 - 5:14
    Embora eu ainda hoje
    goste muito destas fotos
  • 5:14 - 5:17
    — isto é uma fábrica
    de cimento no Senegal —
  • 5:17 - 5:21
    elas não transmitiram
    a mensagem que eu queria
  • 5:21 - 5:23
    e não abalaram as pessoas.
  • 5:24 - 5:27
    Fui detido e expulso muitas vezes,
  • 5:27 - 5:32
    até tinha o hábito de levar
    um rolo de filme extra na algibeira,
  • 5:32 - 5:34
    e, quando a polícia chegava,
  • 5:34 - 5:37
    eu mudava rapidamente o rolo
    na câmara e dizia:
  • 5:37 - 5:41
    "Ok, eu deixo isto aqui,
    tomem lá o filme, eu vou-me embora,
  • 5:41 - 5:43
    "mas, por favor, não me prendam!"
  • 5:43 - 5:45
    Normalmente, funcionava.
  • 5:46 - 5:50
    Mesmo assim, as fotos
    não funcionavam como eu queria.
  • 5:50 - 5:53
    Esta foto que veem é muito importante,
  • 5:53 - 5:56
    é a desflorestação
    para o fabrico de papel,
  • 5:56 - 6:00
    mas não vos comove,
    não altera o vosso comportamento,
  • 6:00 - 6:03
    e é isso o que eu quero,
    uma alteração de comportamento.
  • 6:04 - 6:07
    Aqui estou eu num avião
    num voo comercial.
  • 6:07 - 6:11
    Olhei lá para baixo e vi
    aquela central de energia
  • 6:11 - 6:13
    que estava rodeada
    por um rio enevoado
  • 6:13 - 6:16
    e, de repente, ocorreu-me
    que era aquela a resposta:
  • 6:16 - 6:17
    fotografar lá do alto.
  • 6:17 - 6:19
    Tornou-se uma questão de logística
  • 6:19 - 6:23
    de contratar um avião
    e sobrevoar aquelas coisas.
  • 6:24 - 6:26
    Comecei pelo Rio Mississippi,
  • 6:26 - 6:29
    que tem um lugar especial
    no património americano.
  • 6:29 - 6:34
    Vemos aqui uma fábrica
    onde fazem fluorocarbonos
  • 6:34 - 6:37
    que foram a causa
    do buraco na camada do ozono,
  • 6:37 - 6:41
    os combustíveis para as lacas
    e muitas outras coisas.
  • 6:42 - 6:46
    Este é o desperdício
    do fabrico de toalhas de papel.
  • 6:47 - 6:51
    Talvez nunca tenham ouvido falar
    dos donos desta fábrica
  • 6:51 - 6:53
    — são os irmãos Koch —
  • 6:53 - 6:57
    mas certamente já ouviram falar
    de um dos seus projetos preferidos.
  • 6:57 - 7:00
    São eles o dinheiro
    por detrás do Tea Party.
  • 7:00 - 7:03
    Assim, eu percebi
  • 7:03 - 7:07
    que, se comprar esta marca
    de toalhas de papel,
  • 7:07 - 7:10
    estou a apoiar o Tea Party,
  • 7:10 - 7:14
    e, depois de perceber isso,
    comecei a mudar o meu comportamento.
  • 7:15 - 7:18
    Vou deixar de comprar toalhas de papel.
  • 7:18 - 7:20
    Só compro papel higiénico.
  • 7:21 - 7:22
    (Risos)
  • 7:23 - 7:28
    Comecei a pensar noutras formas
    em que podia efetuar uma mudança.
  • 7:28 - 7:33
    Depois desta ideia de fazer arte,
    de fazer estas fotos,
  • 7:34 - 7:37
    passei para as cinzas do carvão.
  • 7:38 - 7:42
    Provavelmente, vocês não passam
    muito tempo a pensar nas cinzas do carvão.
  • 7:42 - 7:44
    Nos EUA, só pensamos nisso
  • 7:44 - 7:47
    porque tivemos um grande derrame
    industrial no Tennessee.
  • 7:48 - 7:51
    Mas as cinzas do carvão
    são muito tóxicas
  • 7:51 - 7:57
    e, na Alemanha, fazemos 46%
    da nossa eletricidade, queimando carvão.
  • 7:58 - 8:01
    É praticamente o mesmo nos EUA
  • 8:01 - 8:04
    e as cinzas do carvão contêm
    inúmeras coisas muito tóxicas:
  • 8:04 - 8:07
    mercúrio, a que chamamos "quicksilver",
  • 8:08 - 8:13
    chumbo, arsénico, urânio,
    crómio que é muito tóxico.
  • 8:13 - 8:16
    Vemos aqui um reservatório
    de cinzas de carvão
  • 8:16 - 8:19
    que está a ameaçar estas casas.
  • 8:19 - 8:21
    Se este reservatório ceder
  • 8:21 - 8:25
    — o que acontece, de dois em dois meses
    há uma nova fuga —
  • 8:25 - 8:29
    estas casas serão arrastadas
    dado o volume das cinzas de carvão.
  • 8:30 - 8:33
    Nos EUA, queimamos mil milhões
    de toneladas de carvão, por ano
  • 8:34 - 8:38
    e produzimos cerca de
    130 milhões de toneladas de cinzas.
  • 8:38 - 8:41
    É quase inconcebível
    imaginar este volume.
  • 8:43 - 8:48
    Estas são diversas cinzas de carvão
    em diversas fábricas, nos EUA.
  • 8:48 - 8:51
    Esta fica na região de Lausitz.
  • 8:51 - 8:55
    Temos este problema aqui na Alemanha,
    embora eu não oiça falar muito disso.
  • 8:55 - 8:57
    Provavelmente, acabarão por falar.
  • 8:57 - 8:59
    Porque o que acontece é que,
  • 8:59 - 9:01
    quando as cinzas de carvão
    entram em contacto com a água,
  • 9:01 - 9:04
    essas toxinas lixiviam para a água no solo
  • 9:04 - 9:08
    e, claro, o arsénico,
    que é solúvel na água,
  • 9:08 - 9:10
    é um verdadeiro problema
    com as cinzas de carvão,
  • 9:10 - 9:12
    e é uma coisa que não queremos beber.
  • 9:12 - 9:16
    Estas são cinzas de carvão em Garzweiler.
  • 9:16 - 9:19
    Vemos um trabalhador
    a regar as cinzas quentes com água.
  • 9:22 - 9:25
    Agora, vamos voltar
    ao continente norte-americano.
  • 9:26 - 9:30
    Estas são as areias betuminosas,
    talvez nunca tenham ouvido falar nelas,
  • 9:30 - 9:33
    mas são a segunda maior reserva
    de petróleo do mundo,
  • 9:33 - 9:35
    depois da Arábia Saudita.
  • 9:35 - 9:38
    Todas as companhias petrolíferas
    internacionais estão envolvidas
  • 9:38 - 9:41
    na extração das areias betuminosas.
  • 9:41 - 9:43
    Acontece que também são
  • 9:43 - 9:46
    uma das zonas húmidas
    mais valiosas do mundo,
  • 9:46 - 9:49
    e é o armazém duma quantidade
    enorme de carbono
  • 9:49 - 9:52
    que é libertado no processo de extração.
  • 9:53 - 9:57
    É um processo de extração
    muito banal e típico
  • 9:57 - 10:01
    exceto quanto à dimensão, que é enorme.
  • 10:01 - 10:06
    Vemos aqui as máquinas
    a raspar o carbono para camiões
  • 10:06 - 10:09
    que depois o levam para a refinaria.
  • 10:10 - 10:13
    Curiosamente, as máquinas
    são alimentadas a eletricidade.
  • 10:14 - 10:18
    Esta é uma das refinarias,
    é um processo de refinação muito poluente.
  • 10:18 - 10:23
    Um dos principais subprodutos
    é o enxofre, que é extraído
  • 10:23 - 10:26
    porque não é permitido
    ter enxofre na gasolina.
  • 10:27 - 10:30
    Curiosamente, muito
    do que eu faço é investigação.
  • 10:30 - 10:33
    Levei muito tempo até perceber
    o que era o vermelho.
  • 10:33 - 10:36
    É especial, parece o sangue da Terra.
  • 10:37 - 10:39
    O vermelho é enxofre derretido.
  • 10:39 - 10:43
    O enxofre é, segundo creio,
    o único mineral
  • 10:43 - 10:46
    que muda de viscosidade quando aquece.
  • 10:47 - 10:51
    O outro subproduto do processo
    das areias betuminosas
  • 10:51 - 10:56
    são grandes lagos de líquido poluído,
    a que chamam as bacias de decantação.
  • 10:58 - 11:03
    Tantas aves aquáticas migratórias
    poisavam nestas bacias e morriam
  • 11:03 - 11:08
    que as empresas petrolíferas
    começaram a pôr canhões de ar
  • 11:08 - 11:12
    na esperança de impedir
    as aves aquáticas de poisarem.
  • 11:13 - 11:16
    Estas são populações das Primeiras Nações
    que vivem no topo deste rio
  • 11:16 - 11:18
    — chama-se o Rio Athabasca —
  • 11:18 - 11:20
    e, obviamente, estão a sofrer
  • 11:20 - 11:24
    de numerosos tipos de cancro,
    muito raros, na sua população.
  • 11:25 - 11:29
    Vamos mudar agora
    para o sul dos EUA.
  • 11:29 - 11:32
    Talvez se lembrem do derrame
    no Golfo do ano passado
  • 11:32 - 11:35
    — nos EUA, quase nos esquecemos disso —
  • 11:35 - 11:37
    e vemos aqui um dos aviões
  • 11:37 - 11:39
    a lançar dispersantes
    sobre o derrame do Golfo.
  • 11:39 - 11:43
    O nome verdadeiro é o derrame Macondo,
  • 11:43 - 11:45
    embora seja mais conhecido
    por derrame Deepwater,
  • 11:45 - 11:49
    o nome do equipamento de perfuração
    que se espatifou e ardeu.
  • 11:52 - 11:53
    A fotografar...
  • 11:53 - 11:56
    Primeiro, quando aquilo aconteceu,
    pensei, enquanto artista:
  • 11:56 - 11:58
    "Posso fazer alguma coisa?
    Valerá a pena lá ir?
  • 11:58 - 12:01
    "Posso fazer algo
    que ainda não tenha sido feito?"
  • 12:01 - 12:03
    Porque, claro, havia uma enorme cobertura.
  • 12:03 - 12:05
    Decidi experimentar,
  • 12:05 - 12:09
    por isso contactei com um piloto de lá
  • 12:09 - 12:12
    — Tom Hutchings, um dos meus heróis —
  • 12:12 - 12:16
    e sobrevoámos sete vezes o derrame.
  • 12:16 - 12:19
    Era como estar numa zona de guerra.
  • 12:19 - 12:22
    Voltava para Nova Iorque
    e as pessoas perguntavam: "Como era?"
  • 12:23 - 12:24
    E não conseguíamos descrever.
  • 12:24 - 12:28
    Tive uma perceção de como será
    ser um jornalista de guerra
  • 12:28 - 12:32
    porque aquele horror
    — e era, de facto, horrível —
  • 12:32 - 12:36
    sentia-se nas entranhas
    e nem conseguíamos falar disso.
  • 12:36 - 12:41
    Quando voltei para Nova Iorque,
    tinha de telefonar a Tom todos os dias
  • 12:41 - 12:45
    para saber o que é que ele via
    naquele dia, quais eram as notícias,
  • 12:45 - 12:48
    e quando é que eu devia voltar.
  • 12:49 - 12:53
    Claro, talvez não saibam,
    mas está a haver fugas, de novo.
  • 12:53 - 12:56
    Não aparece muito nas notícias.
  • 12:59 - 13:02
    Há diversos óleos na água
    que vemos ali,
  • 13:02 - 13:05
    muitos óleos de diferentes densidades
    a sair daquele local.
  • 13:06 - 13:09
    Uma das coisas que,
    para mim, são importantes,
  • 13:09 - 13:12
    é que todos fazemos parte
    destes processos.
  • 13:12 - 13:16
    Fiquei fascinado com a palestra anterior
    sobre o homem
  • 13:16 - 13:20
    que tentava reduzir a sua pegada
    de carbono para... já esqueci o número.
  • 13:21 - 13:23
    Eu alterei o meu estilo de vida
  • 13:23 - 13:27
    para tentar reduzir a minha pegada
    de todas as formas possíveis.
  • 13:28 - 13:32
    Esta é uma das plataformas de perfuração
    que está a perfurar o poço de segurança.
  • 13:32 - 13:36
    Mais uma vez, o poço
    está a ter fugas, enquanto falamos.
  • 13:37 - 13:40
    Embora a British Petroleum tenha dito
  • 13:40 - 13:44
    que vão tapá-lo e abandoná-lo,
    suspeito que vão extrair aquele petróleo.
  • 13:46 - 13:49
    É importante? Não sei se é importante.
  • 13:50 - 13:51
    O petróleo atingiu primeiro
  • 13:51 - 13:56
    o lado ocidental
    do delta do Rio Mississippi
  • 13:57 - 14:00
    no local que se chama Baía Barataria
  • 14:00 - 14:03
    que, claro, é um refúgio
    de vida selvagem muito valioso.
  • 14:03 - 14:06
    Nascem ali muitos pelicanos
  • 14:06 - 14:09
    — eu gosto muito de pelicanos.
  • 14:09 - 14:13
    Isto é na borda
    de uma colónia de pelicanos.
  • 14:14 - 14:18
    Fiquei muito triste e magoado
    por ver estas coisas,
  • 14:18 - 14:22
    quase temos de reprimir
    as nossas emoções.
  • 14:23 - 14:25
    Agora, voltamos à Alemanha
  • 14:25 - 14:28
    porque, claro, vocês tomaram
    recentemente a decisão
  • 14:28 - 14:30
    de abandonar a energia nuclear
  • 14:31 - 14:33
    e penso que foi uma boa decisão,
  • 14:33 - 14:37
    mas isso força-nos
    a depender mais do carvão.
  • 14:38 - 14:41
    Portanto, o número de 46% deve aumentar,
  • 14:41 - 14:44
    a não ser que a Alemanha decida
    comprar a energia aos franceses
  • 14:44 - 14:47
    que estão a construir
    centrais nucleares ali na fronteira.
  • 14:48 - 14:50
    Abençoados sejam.
  • 14:50 - 14:52
    Provavelmente conhecem os processos.
  • 14:52 - 14:56
    Estas escavadoras, primeiro
    removem a terra sobre o carvão,
  • 14:56 - 15:02
    depois retiram o carvão e colocam-no
    em transportadores para o "kraftwerk"
  • 15:03 - 15:05
    — desculpem-me, mas não falo alemão —
  • 15:05 - 15:08
    e estes são os dentes do Bagger.
  • 15:08 - 15:11
    Eu considero estas máquinas fascinantes.
  • 15:11 - 15:14
    De certo modo, são o pináculo
    da nossa capacidade enquanto humanos,
  • 15:14 - 15:17
    de fabricar estas máquinas gigantescas.
  • 15:17 - 15:18
    São muito especiais,
  • 15:18 - 15:21
    tal como as plataformas de perfuração
    que vimos há bocado.
  • 15:21 - 15:24
    Fico maravilhado com estas coisas.
  • 15:24 - 15:29
    Esta máquina está a espalhar
    o excesso de terra que cobre o carvão,
  • 15:30 - 15:33
    têm de a retirar do caminho
    para chegar ao carvão,
  • 15:33 - 15:36
    por isso está a espalhá-la
    num padrão muito bonito,
  • 15:36 - 15:39
    no lado esgotado da mina.
  • 15:40 - 15:42
    É isto que eu procuro,
    procuro padrões.
  • 15:42 - 15:47
    Como é que posso fazer uma foto bonita
    de uma coisa horrível?
  • 15:47 - 15:51
    Porque a dissonância
    que eu crio com este trabalho
  • 15:51 - 15:54
    faz-nos parar e pensar nisso.
  • 15:54 - 15:59
    Se não fosse uma foto bonita
    duma coisa horrível,
  • 15:59 - 16:02
    penso que não seria eficaz,
    ninguém pararia
  • 16:02 - 16:07
    e ninguém pensaria:
    "Qual é a minha relação com isto?"
  • 16:08 - 16:10
    Vamos voltar a saltar
    para outro tópico.
  • 16:11 - 16:15
    Eu sei que, na Alemanha, preocupam-se
    muito com o gás natural, da Rússia,
  • 16:15 - 16:19
    o gás natural de que a Alemanha
    depende, proveniente da Rússia
  • 16:19 - 16:22
    e em breve vos dirão que devem perfurar
  • 16:22 - 16:25
    para obter o gás natural
    que está preso nas camadas de xisto
  • 16:25 - 16:27
    no subsolo da Alemanha.
  • 16:27 - 16:31
    Fica a dois quilómetros da superfície.
  • 16:32 - 16:37
    Estamos a travar essa batalha nos EUA,
    especificamente em volta de Nova Iorque,
  • 16:37 - 16:42
    onde as companhias de gás querem
    perfurar nas áreas da bacia hidrográfica.
  • 16:42 - 16:44
    Isto é Catskills,
  • 16:44 - 16:48
    e é a fonte da água que abastece
    a cidade de Nova Iorque.
  • 16:48 - 16:50
    As companhias de gás andam a dizer:
  • 16:50 - 16:53
    "Podemos perfurar ali, com segurança,
    não se preocupem".
  • 16:53 - 16:57
    A forma como isso funciona
    — podem ver nesta foto —
  • 16:58 - 17:02
    é que ocupa-se uma área natural
  • 17:02 - 17:04
    e transforma-se essa área
    numa área industrial.
  • 17:04 - 17:08
    Dizem-nos que não faz mal,
    ela repara-se a si mesma,
  • 17:08 - 17:11
    mas estas áreas nunca
    se reparam a si mesmas.
  • 17:12 - 17:16
    A forma como funciona este processo
    é que perfura-se até à camada de xisto,
  • 17:16 - 17:19
    depois perfura-se horizontalmente
    na camada de xisto
  • 17:19 - 17:23
    e depois bomba-se milhões
    de litros de água
  • 17:23 - 17:29
    para fraturar essa camada de xisto
    e libertar o gás que lá está preso.
  • 17:29 - 17:33
    A água mistura-se com muitos químicos,
    muitos dos quais são tóxicos.
  • 17:33 - 17:39
    Graças a Halliburton
    e ao governo anterior a este,
  • 17:40 - 17:46
    essa receita tóxica mantém-se secreta
    e não é só isso,
  • 17:46 - 17:49
    há isenção de regulamentações
    da água potável.
  • 17:49 - 17:52
    Temos muitas coisas a agradecer
    à administração Bush.
  • 17:53 - 17:55
    Vemos aqui o desperdício da perfuração.
  • 17:55 - 17:59
    Estes são os cortes e, a propósito,
    estas camadas de xisto são radioativas
  • 17:59 - 18:01
    portanto, estes cortes
  • 18:01 - 18:07
    — para não falar das lamas de perfuração
    com metais pesados —
  • 18:07 - 18:11
    são muito tóxicos e radioativos.
  • 18:12 - 18:16
    Depois de perfurarem,
    têm de fraturar a camada de rocha
  • 18:16 - 18:18
    e esta foto dá-vos uma ideia
  • 18:18 - 18:22
    do volume de água necessária
    para cada fratura hidráulica,
  • 18:22 - 18:24
    milhões de litros de água,
  • 18:24 - 18:29
    ou melhor, milhões e milhões
    de litros de água por poço.
  • 18:33 - 18:35
    Vemos aqui os camiões,
    são camiões de compressão.
  • 18:35 - 18:39
    que se colocam em volta do poço
    para fazer a fratura hidráulica.
  • 18:40 - 18:42
    Voltando atrás,
  • 18:42 - 18:44
    vocês vão ser pressionados
    aqui na Alemanha
  • 18:44 - 18:47
    para se envolverem neste processo.
  • 18:47 - 18:49
    Aconselho-vos a pensarem
    muito cuidadosamente nisso
  • 18:49 - 18:52
    porque não é um procedimento seguro.
  • 18:53 - 18:57
    A indústria do gás tem muito dinheiro
    e controla os "media"
  • 18:57 - 19:00
    por isso, os acidentes que ocorrem
  • 19:00 - 19:03
    quase duas vezes por mês,
    ou uma vez por mês
  • 19:03 - 19:05
    não são muito bem noticiados.
  • 19:05 - 19:08
    Mas isso não significa que não aconteçam,
  • 19:08 - 19:11
    e isso não significa
    que não haja consequências.
  • 19:12 - 19:14
    Podem ver aqui que esta operação
    de fratura hidráulica
  • 19:14 - 19:16
    é feita perto duma zona húmida,
  • 19:16 - 19:17
    portanto, eu diria que,
  • 19:17 - 19:22
    dados os milhões de bars de pressão
    aplicados àquele líquido tóxico,
  • 19:22 - 19:25
    não é possível que ele não migre
  • 19:25 - 19:29
    — a lógica diz-nos que vai migrar
    para aquelas massas de água.
  • 19:31 - 19:32
    Aqui vemos uma chama
  • 19:32 - 19:35
    Quando vemos uma chama
    sabemos que houve um problema.
  • 19:35 - 19:38
    Este era um local
    onde houve uma explosão.
  • 19:38 - 19:41
    Mas, claro, nunca ouvimos falar disso.
  • 19:43 - 19:47
    Em conclusão, eu diria que rejeito...
  • 19:47 - 19:49
    Muitas pessoas dizem:
    "O que é que eu posso fazer?
  • 19:49 - 19:53
    "Eu sou só uma pessoa,
    não posso fazer nada que faça diferença.
  • 19:53 - 19:57
    "Porque é que devo
    mudar de comportamento?"
  • 19:57 - 20:03
    Mas eu rejeito essa noção,
    porque penso que as ações de uma pessoa,
  • 20:03 - 20:05
    para além de fazerem
    uma diferença quantitativa,
  • 20:05 - 20:11
    o exemplo que uma pessoa pode dar
    pode afetar muitos à nossa volta.
  • 20:11 - 20:13
    Por isso, aconselho-vos
    a pensar muito cuidadosamente
  • 20:13 - 20:16
    nas coisas que fazemos todos os dias.
  • 20:16 - 20:20
    na esperança de podermos reduzir
    a nossa pegada
  • 20:20 - 20:24
    e reduzir esses custos
    que estamos a passar para os nossos netos.
  • 20:25 - 20:26
    Obrigado.
  • 20:26 - 20:28
    (Aplausos)
Title:
Mostrando os custos ocultos das coisas que compramos | J Henry Fair | TEDxBerlin
Description:

O fotógrafo J Henry Fair faz fotografia aéreas de áreas em crise ambiental em todo o mundo, para mostrar como a indústria e o consumidor afetam o planeta. Nesta palestra, faz uma visita anotada desta obra bela e chocante, explicando como estas fotografias mostram os "custos ocultos" das coisas que compramos, coisas como papel higiénico, laca para o cabelo, gasolina, até mesmo a energia para as nossas casas.

Esta palestra foi feita num evento TEDx usando o formato de palestras TED, mas organizado independentemente por uma comunidade local. Saiba mais em http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
20:35

Portuguese subtitles

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