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Combatendo a desigualdade | Max Lawson | TEDxPorto

  • 0:14 - 0:18
    Gostaria de apresentar duas pessoas
    que conheci recentemente,
  • 0:18 - 0:20
    dois jovens incríveis
    que arriscaram suas vidas
  • 0:20 - 0:23
    combatendo injustiças
    e lutando pela liberdade.
  • 0:23 - 0:29
    À esquerda está Ayach, da Tunísia,
    e à direita está Lamin, da Gâmbia.
  • 0:29 - 0:34
    Eles participaram ativamente
    de revoluções pacíficas em seus países,
  • 0:34 - 0:39
    lutando para superar ditaduras
    e governos corruptos.
  • 0:39 - 0:42
    Quando nos conhecemos,
    conversamos sobre a desigualdade,
  • 0:42 - 0:46
    e a paixão deles ia além
    de mudar o governo,
  • 0:46 - 0:48
    esse era apenas o começo.
  • 0:48 - 0:51
    Eles queriam construir
    um mundo melhor e mais justo.
  • 0:51 - 0:54
    É sobre essa inspiração
    que eu gostaria de falar hoje.
  • 0:57 - 1:01
    Não tenha dúvida; enfrentamos
    uma crise de desigualdade.
  • 1:01 - 1:05
    Vemos níveis de extrema riqueza
    que nunca vimos antes.
  • 1:06 - 1:09
    Oito pessoas, aliás, oito homens,
  • 1:09 - 1:13
    possuem a mesma riqueza
    que os 3,6 bilhões de pessoas mais pobres.
  • 1:14 - 1:17
    Quando a organização Oxfam
    começou a calcular, há quatro anos,
  • 1:17 - 1:21
    350 bilionários dividiam esse valor.
  • 1:21 - 1:23
    Eles cabiam num avião.
  • 1:24 - 1:27
    Mais tarde, eram 62 bilionários.
    Agora cabiam num ônibus de 2 andares.
  • 1:27 - 1:29
    Este ano, são apenas oito.
  • 1:29 - 1:33
    Quanto mais esse número pode diminuir?
    Quão desigual o mundo pode se tornar?
  • 1:33 - 1:36
    Os fatos são bem sérios.
  • 1:36 - 1:40
    Na maioria dos países,
    tanto nos pobres quanto nos ricos,
  • 1:40 - 1:47
    a diferença entre as pessoas mais ricas
    e o resto de nós está crescendo rápido.
  • 1:47 - 1:49
    Em nações ricas,
  • 1:49 - 1:55
    era convencional a ideia econômica
    de que, à medida que o país enriquecia,
  • 1:56 - 2:00
    a desigualdade diminuiria
    e a sociedade se tornaria mais igual.
  • 2:00 - 2:04
    Mas, no final dos anos 70,
    algo aconteceu que mudou isso
  • 2:04 - 2:10
    e agora, na maioria dos países ricos,
    a desigualdade cresce sem piedade.
  • 2:13 - 2:15
    Por que devemos nos preocupar?
  • 2:15 - 2:19
    Por que é relevante o fato de que os ricos
    têm mais dinheiro que nunca?
  • 2:19 - 2:21
    Existe uma série de motivos.
  • 2:21 - 2:24
    Na Oxfam, nos importamos
    profundamente em acabar com a pobreza,
  • 2:24 - 2:28
    e é impossível acabar
    com a pobreza no mundo
  • 2:28 - 2:31
    sem enfrentar a diferença
    entre ricos e pobres.
  • 2:31 - 2:33
    Vou dar um exemplo.
  • 2:33 - 2:36
    Na Nigéria, houve um crescimento econômico
  • 2:36 - 2:40
    de 7% ao ano durante a década de 2000.
  • 2:40 - 2:44
    Mas quem ganhou mais com isso?
    Você pode ver neste gráfico.
  • 2:44 - 2:50
    A maior parte, ou melhor,
    quase todo o crescimento econômico
  • 2:50 - 2:53
    foi para os 10% mais ricos
    da sociedade nigeriana,
  • 2:53 - 2:57
    num país onde 10 milhões de crianças
    ainda não têm a oportunidade de estudar
  • 2:57 - 3:01
    e muitas crianças morrem
    antes dos 5 anos de idade.
  • 3:03 - 3:07
    O crescimento econômico foi forte,
    mas a pobreza aumentou,
  • 3:07 - 3:09
    e o número de milionários quase dobrou.
  • 3:10 - 3:13
    É muito importante dar atenção
    à desigualdade também,
  • 3:13 - 3:14
    não só ao crescimento econômico.
  • 3:15 - 3:19
    Existem diversas outras razões
    pelas quais a desigualdade importa.
  • 3:19 - 3:21
    Sou da Inglaterra, Reino Unido.
  • 3:21 - 3:26
    Cresci no Sul, e estudei
    numa escola pública.
  • 3:27 - 3:29
    No meu caminho para a escola,
    eu passava de bicicleta
  • 3:29 - 3:33
    por uma das escolas particulares
    mais caras do país.
  • 3:33 - 3:35
    Eu era pequeno e não sabia
    que havia uma diferença.
  • 3:35 - 3:37
    Eu nem conhecia aquelas pessoas.
  • 3:37 - 3:40
    Lembro que eu achava
    o campo de críquete deles legal
  • 3:40 - 3:42
    e que a escola era bonita.
  • 3:42 - 3:45
    Mas nunca me ocorreu
    que aquilo era um grande problema.
  • 3:45 - 3:47
    Até que entrei na universidade
  • 3:47 - 3:51
    e descobri que a maioria das pessoas
    que foram para a universidade comigo
  • 3:51 - 3:53
    havia estudado em escolas particulares.
  • 3:53 - 3:55
    De acordo com as estatísticas,
  • 3:55 - 4:00
    apenas 7% das crianças britânicas
    estudam em escola particular.
  • 4:01 - 4:04
    Porém 50% dos nossos jornalistas
    estudaram em escola particular,
  • 4:05 - 4:09
    assim como 70% dos nossos juízes.
  • 4:09 - 4:11
    E, talvez, a parte mais triste
  • 4:11 - 4:14
    é que mais da metade
    das nossas bandas de rock
  • 4:14 - 4:15
    estudou em escola particular.
  • 4:15 - 4:16
    (Risos)
  • 4:16 - 4:19
    Até a banda Coldplay.
  • 4:19 - 4:20
    (Risos)
  • 4:20 - 4:25
    As antigas bandas da classe trabalhadora,
    The Clash, The Jam, até os Beatles,
  • 4:25 - 4:26
    pode esquecer.
  • 4:26 - 4:29
    Hoje em dia, só pode ficar famoso
    quem estudou em escola particular.
  • 4:29 - 4:30
    (Risos)
  • 4:31 - 4:34
    Por que isso é tão importante?
    Porque é uma questão de mobilidade social.
  • 4:34 - 4:36
    Todos sabem sobre o sonho americano,
  • 4:36 - 4:39
    a ideia de que quem for
    talentoso e se esforçar
  • 4:39 - 4:43
    tem algo para oferecer
    à sociedade e pode subir na vida.
  • 4:43 - 4:47
    Mas o sonho americano se tornou
    o pesadelo americano.
  • 4:47 - 4:51
    Quem nasce pobre morre pobre,
    principalmente nos EUA, mas no mundo todo.
  • 4:51 - 4:56
    Ter mobilidade na sociedade
    está cada vez mais difícil,
  • 4:56 - 4:58
    e isso é muito ruim para a humanidade.
  • 4:59 - 5:01
    Pense em todos os desafios
    que enfrentamos,
  • 5:01 - 5:05
    mudanças climáticas,
    enormes problemas de saúde...
  • 5:05 - 5:07
    Precisamos das pessoas mais talentosas.
  • 5:08 - 5:11
    Trabalhei em escolas na África,
  • 5:11 - 5:13
    onde se veem crianças,
    principalmente meninas,
  • 5:13 - 5:16
    abandonando a escola
    aos sete ou oito anos de idade,
  • 5:16 - 5:17
    não tendo aprendido quase nada.
  • 5:18 - 5:21
    Pense no desperdício de talentos.
  • 5:21 - 5:25
    Pense nos cientistas,
    professores e engenheiros
  • 5:25 - 5:30
    que, neste exato momento,
    não podem mais ir à escola,
  • 5:30 - 5:31
    talvez estejam trabalhando em lavouras.
  • 5:31 - 5:33
    Nunca aproveitaremos esses talentos.
  • 5:33 - 5:35
    Então é muito importante.
  • 5:37 - 5:39
    Outro problema da desigualdade
  • 5:39 - 5:44
    é que, se um rico comprar
    um iate ou um carro de luxo,
  • 5:44 - 5:46
    não faz tanta diferença.
  • 5:46 - 5:50
    O pior é quando compram
    a política e a mídia,
  • 5:50 - 5:54
    e quando compram a impunidade da justiça,
  • 5:54 - 5:57
    coisas que vemos no mundo todo
    e não só nos países pobres.
  • 5:57 - 6:00
    Basta olhar para o gabinete
    de Donald Trump
  • 6:00 - 6:05
    para ver que o problema de bilionários
    no governo comprando poder
  • 6:05 - 6:08
    é uma situação séria no mundo todo.
  • 6:08 - 6:14
    Franklin Roosevelt foi presidente dos EUA
    logo após a Grande Depressão,
  • 6:14 - 6:17
    uma época em que se percebeu
    que o dinheiro organizado
  • 6:17 - 6:21
    havia dominado a sociedade estadunidense
    e era preciso lutar contra isso.
  • 6:21 - 6:24
    Isso continua sendo verdade.
  • 6:24 - 6:29
    A riqueza extrema provoca
    a corrupção da política e da economia,
  • 6:29 - 6:31
    por isso a economia
    favorece o 1% mais rico
  • 6:31 - 6:33
    em vez do resto de nós.
  • 6:36 - 6:39
    Alguns podem dizer
    que a desigualdade é inevitável
  • 6:39 - 6:43
    e que, como a chuva e o tempo,
    não podemos fazer nada a respeito.
  • 6:44 - 6:47
    Quando dizem isso,
    gosto de mostrar esta imagem.
  • 6:47 - 6:50
    A Guiné Equatorial,
    um pequeno país na África,
  • 6:51 - 6:53
    é, na verdade, um país de alta renda.
  • 6:54 - 7:00
    Sua renda per capita é mais alta
    que a de países como Portugal e Espanha,
  • 7:00 - 7:04
    mas sua mortalidade infantil
    é mais alta que a do Haiti.
  • 7:04 - 7:07
    Então sua desigualdade é incrível.
  • 7:07 - 7:12
    Estes carros pertenciam ao filho
    do presidente da Guiné Equatorial.
  • 7:12 - 7:14
    Não sou especialista em carros,
  • 7:14 - 7:17
    mas havia um Maserati,
    um Mercedes-Benz...
  • 7:17 - 7:19
    Os carros foram confiscados
  • 7:19 - 7:24
    numa ação judicial gerada
    contra ele nos Estados Unidos
  • 7:24 - 7:26
    por crimes contra o povo
    da Guiné Equatorial.
  • 7:27 - 7:29
    Tomaram também sua propriedade em Malibu.
  • 7:29 - 7:34
    Aparentemente, ele possuía a luva branca
    que pertencia a Michael Jackson.
  • 7:34 - 7:35
    Eles a tomaram também.
  • 7:36 - 7:41
    A moral da história é que, até nos lugares
    mais corruptos e difíceis,
  • 7:41 - 7:43
    existe o poder de lutar contra isso.
  • 7:43 - 7:46
    Aquele dinheiro foi devolvido
    ao povo da Guiné Equatorial.
  • 7:48 - 7:49
    Na América Latina,
  • 7:49 - 7:55
    vimos uma tendência positiva
    nos últimos 10 a 15 anos.
  • 7:55 - 7:58
    Países por todo aquele continente
    resistem à tendência mundial,
  • 7:58 - 8:02
    indo numa direção diferente
    e reduzindo a desigualdade.
  • 8:02 - 8:05
    A diferença entre ricos e pobres
    está ficando menor.
  • 8:05 - 8:07
    Então é possível evitar isso.
  • 8:07 - 8:09
    Quando países tomam as decisões certas,
  • 8:09 - 8:12
    podemos reduzir as diferenças
    e aproveitar os benefícios que isso traz.
  • 8:15 - 8:21
    Existem quatro ingredientes principais
    para reduzir a desigualdade.
  • 8:22 - 8:25
    Warren Buffett é o segundo homem
    mais rico do mundo.
  • 8:26 - 8:31
    Todo ano, ele calcula
    sua alíquota de imposto,
  • 8:31 - 8:35
    ou seja, qual porcentagem ele paga,
  • 8:35 - 8:39
    e a compara com a alíquota
    paga por sua secretária.
  • 8:39 - 8:45
    Nos últimos dez anos, ele pagou anualmente
    uma alíquota menor que a secretária.
  • 8:45 - 8:47
    Vivemos num mundo virado
    de cabeça para baixo,
  • 8:47 - 8:50
    onde os ricos não pagam mais impostos.
  • 8:50 - 8:54
    As corporações mais ricas
    quase não pagam mais impostos.
  • 8:54 - 8:58
    Quem os paga são cidadãos comuns.
  • 8:58 - 9:03
    Vemos uma sucção de riqueza
    subindo para o topo.
  • 9:03 - 9:06
    Uma das coisas que deve ser
    mudada é o sistema de impostos.
  • 9:06 - 9:09
    Devemos fazer os mais ricos
    e as empresas mais ricas
  • 9:09 - 9:11
    pagar sua parte justa.
  • 9:12 - 9:14
    A educação é crucial,
  • 9:14 - 9:17
    assim como serviços públicos de saúde,
    como vimos na América Latina.
  • 9:17 - 9:22
    Vimos um grande investimento
    nos serviços que pessoas pobres precisam,
  • 9:22 - 9:25
    pelas razões que resumi
    a respeito da mobilidade social,
  • 9:25 - 9:30
    e também por quanto custa aos pobres
    sem acesso a cuidados de saúde gratuitos,
  • 9:30 - 9:35
    que vivem com medo de ficar doentes
    porque não têm condições de ver um médico.
  • 9:35 - 9:38
    Investir nessas coisas
    pode transformar a desigualdade.
  • 9:39 - 9:40
    Outra questão são os salários.
  • 9:40 - 9:45
    Vimos os salários estagnar
    para pessoas comuns,
  • 9:45 - 9:49
    pela Europa e muitas partes do mundo,
  • 9:49 - 9:51
    enquanto os salários mais altos
    estão aumentando.
  • 9:52 - 9:54
    Algo que se pode fazer
    é aumentar o salário-mínimo,
  • 9:54 - 9:57
    como fizeram no Brasil,
    para tentar diminuir as diferenças.
  • 9:59 - 10:04
    Finalmente, qual o quarto ingrediente?
    Acho que esse é o mais importante.
  • 10:06 - 10:10
    Me envolvi em muitas campanhas na vida.
  • 10:10 - 10:14
    Tive o privilégio de trabalhar
    com pessoas incríveis,
  • 10:14 - 10:17
    e estamos sobre o ombro de gigantes,
  • 10:17 - 10:20
    seguindo os incríveis
    movimentos do passado
  • 10:20 - 10:23
    que deram direito ao voto às mulheres,
    acabaram com a escravidão,
  • 10:23 - 10:25
    acabaram com o Apartheid...
  • 10:26 - 10:29
    Toda vez que vimos
    mudanças progressivas na história
  • 10:29 - 10:31
    foi através do poder do povo.
  • 10:31 - 10:36
    Foi pelo poder da comunidade
    e de cidadãos comuns de se manifestar
  • 10:36 - 10:41
    e fazer o governo trabalhar
    para o povo, não para os privilegiados.
  • 10:42 - 10:47
    O poder do povo é crucial.
  • 10:47 - 10:50
    Se vamos combater a crise de desigualdade,
  • 10:50 - 10:53
    se queremos imaginar
    um mundo melhor e mais justo,
  • 10:53 - 10:57
    precisamos nos unir mais que nunca
    para eliminar as diferenças
  • 10:57 - 10:59
    e lutar por um mundo mais igual.
  • 11:00 - 11:02
    Pessoas pelo mundo
    estão se unindo para fazer isso.
  • 11:02 - 11:06
    Esta imagem é das Filipinas,
    onde estive recentemente.
  • 11:06 - 11:13
    Eles elegeram um ditador terrível
    que está ordenando assassinatos no país.
  • 11:13 - 11:16
    Estão nas ruas arriscando suas vidas,
  • 11:16 - 11:21
    lutando por uma sociedade justa
    e um mundo melhor,
  • 11:21 - 11:23
    algo que acho que todos
    conseguimos imaginar
  • 11:23 - 11:26
    e cremos que podemos e devemos alcançar.
  • 11:26 - 11:32
    É importante entender que, sim,
    sabemos o que precisa ser feito.
  • 11:32 - 11:34
    Precisamos taxar os ricos,
  • 11:34 - 11:37
    investir em serviços
    que beneficiam toda a comunidade
  • 11:37 - 11:39
    e pagar às pessoas um salário digno.
  • 11:39 - 11:42
    Não é tão complicado.
    Sabemos que isso funciona.
  • 11:42 - 11:48
    E, mais que tudo, nós, você e eu,
    precisamos lutar por essas coisas,
  • 11:48 - 11:50
    caso contrário, não vamos conquistá-las.
  • 11:50 - 11:53
    Nós somos as pessoas
    por quem estamos esperando.
  • 11:54 - 11:57
    (Aplausos)
Title:
Combatendo a desigualdade | Max Lawson | TEDxPorto
Description:

A diferença econômica entre ricos e pobres atingiu um nível sem precedentes. Oito homens possuem a mesma riqueza que 3,6 bilhões de pessoas. A desigualdade corrói a estrutura da sociedade, corrompe a política e impossibilita o fim da pobreza. Porém podemos evitá-la, e sociedades mais iguais são possíveis. Para eliminar essa disparidade, pessoas pelo mundo estão se mobilizando e exigindo que líderes construam uma economia mais humana, que sirva à maioria, não só aos poucos privilegiados. A hora de agir é agora.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx, que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite http://ted.com/tedx

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDxTalks
Duration:
12:04

Portuguese, Brazilian subtitles

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