Três razões pelas quais você não está fazendo o que diz que fará | Amanda Crowell | TEDxHarrisburg

Amanda Crowell explora como ir além do fracasso defensivo orientado pela mentalidade e do fracasso produtivo para que você possa ter sucesso nos problemas com os quais mais tem dificuldade.

Amanda Crowell é psicóloga cognitiva e professora universitária na Hunter College School of Education, palestrante e treinadora. A Dr. Crowell trabalha com professores, terapeutas e empreendedores de missão para eliminar os bloqueios de mentalidade e entrar em ação.

Esta palestra foi dada em um evento TEDx que usa o formato de conferência TED, mas é organizado de forma independente por uma comunidade local. Para saber mais, visite https://www.ted.com/tedx

Quando eu estava crescendo,
eu jamais me exercitava.

Eu não tinha nenhum hobby ativo.

Eu não praticava nenhum esporte.

Nada.

Eu era muito conhecida por dizer:

"Eu vou correr quando um urso estiver
me perseguindo e nunca antes disso."

Isso durou por mais ou menos 34 anos

até que um dia eu acordei com uma criança,

de dois anos e meio,

e uma dor nas costas o tempo todo.

E eu percebi naquele momento
que se algo não mudasse,

se eu não me tornasse
mais forte e mais flexível,

eu não seria o tipo de mãe
que eu gostaria de ser,

o tipo de mãe que consegue
correr atrás de seus filhos no parque

ou pegar seus filhos e girá-los,

ou sentar no chão por cinco minutos
para brincar de Lego.

Agora, a única opção para ser mais forte
e mais flexível era se exercitar.

Mas isso simplesmente não era quem eu era.

E todos nós temos alguma coisa
desse tipo, não temos?

Algo que nós sabemos,

que se vamos nos tornar
a pessoa que queremos ser,

o inovador que queremos ser,

essa coisa tem que mudar.

Mas apesar de pensarmos
nisso o tempo todo,

nós nunca progredimos.

Esse fenômeno é o que eu chamo
"fracasso defensivo,"

e funciona mais ou menos assim.

É domingo.

Você diz ao seu marido ou esposa:

"Essa semana, eu irei
à academia três vezes."

Então é sexta-feira,

e você não foi à academia de forma alguma.

É tão misterioso, certo?

Você pensa: "Eu queria ir à academia.

Eu tinha a intenção de ir à academia.

Por que eu não estou indo à academia?"

Agora, eu sou uma psicóloga cognitiva,
então eu fiz o que nós fazemos melhor.

Eu passei os três anos seguintes

pesquisando obsessivamente
a resposta a essa pergunta:

"Por que eu não estou indo à academia?"

E o que eu descobri

é que a razão de você não fazer
o que diz que quer

está na sua mente.

Descobri que há três
poderosos bloqueios mentais

que mantém você preso
no fracasso defensivo.

Se algum deles acontece,

seu cérebro te defende
contra o real fracasso -

que é onde você o faz
mas você o faz muito mal -

ao te redirecionar e distrair,

e você nunca progride.

Vamos falar sobre cada um deles.

A primeira razão para estar preso
num ciclo de fracasso defensivo

é que você pensa,

em algum lugar do seu coração,

que você não consegue.

Você pensa que alguns têm talento
ou genética para fazer isso

e você, especificamente, não tem.

Vamos falar de se exercitar

porque eu tenho muita
experiência com isso.

Quando eu comecei a me exercitar,

decidi que me tornaria corredora.

Na primeira vez que saí para correr

Saí com calças de ioga bem folgadas.

Não sei se alguns de vocês são corredores,

mas há uma razão pela qual
corredores usam tanto elastano.

Pois eu estava correndo
há apenas dois minutos

antes de estar segurando minhas calças
enquanto eu corria.

Eu também não tinha nenhum equipamento,

e precisava do meu celular, pois tinha
o aplicativo do Sofá aos 5K nele.

Eu não tinha onde colocá-lo.

Estou correndo, segurando as calças
com uma mão e o celular na outra,

e minhas calças caindo
agora nessa direção,

e eu tenho que pegar, então eu pego,

e o celular cai -
"ah" - pegar meu celular...

Uma bagunça.

E a pior parte de tudo -

isso tudo aconteceu numa pista
de escola do ensino médio.

Isso, meus amigos, é o fracasso.

Eu tentei fazer algo pela primeira vez,

e eu fiz errado.

Certo?

O que acontece nesse momento
está no cerne do bloqueio mental.

Se você acredita que no cerne do sucesso
está o talento e a genética,

então esse erro
de principiante importa muito.

É a prova que faltava de que você
não tem o que é preciso, certo?

Mas se você puder, em vez disso,

desenvolver o que Carol Dweck chamou
"mentalidade de crescimento" sobre isso,

então esses erros de principiantes
perdem seu valor.

Eles não são mais a prova
de que você nunca deveria ter tentado;

eles são oportunidades para aprender.

Porque você sabe que no cerne
do sucesso não está o talento;

está o esforço.

É esforço, ao longo do tempo,
que produz o resultado;

é o esforço que cria a inovação.

E se você for capaz
de mudar seu estado mental

de crer que algumas
pessoas têm e você não

para um no qual que você reconheça

que seus erros de novatos são apenas
sinalizações no caminho para o sucesso,

então você será capaz de abandonar
esse ciclo de fracasso defensivo.

Essa é a primeira razão para estar preso
nesse ciclo de fracasso defensivo.

A segunda razão para estar preso
nesse ciclo de fracasso defensivo

é que você pensa que pessoas
como você não fazem coisas desse tipo.

E isso se resume à sua própria identidade.

E nós nos importamos muito
com nossas identidades, certo?

E parte da razão pela qual você
se importa tanto com sua identidade

é porque foi difícil de conquistá-la.

Vamos falar sobre como
você forma uma identidade.

Agora, olhando para essa sala,

parece que todos saíram
da adolescência com sucesso.

É verdade?

Esse homem lá atrás está pensando:
"Ah ... defina sucesso"

(Risos)

Isso é o que acontece na adolescência.

Você tinha uma identidade antes disso,

mas você absorveu isso
das pessoas ao seu redor, certo?

Como: "Minha mãe diz que sou criativo."

Certo.

"Meu pai diz que sou uma pessoa atlética."

Sim, tudo bem. Parece certo.

Mas isso muda na adolescência.

Você começa a perguntar
perguntas difíceis sobre quem você é,

e você faz isso socialmente.

Você se pergunta:

"Eu sou como essa pessoa?

Sou como você?

Sou como você?

Sou como você?"

E você pega um pedacinho
das identidades deles,

e você vê como se sente.

Você pode começar a mentir
aos pais e matar aula, por exemplo,

ou você pode experimentar
um delineador bem carregado

e pintar seu cabelo de preto,

fechar sua porta,

e ouvir a música emo
repetidamente no seu quarto.

Você pega pedaços e pedaços
das pessoas ao seu redor,

e ao fazê-lo,

você faz o que Erik Erikson chama
de "fraturamento de identidade"

É bem desconfortável;

Isso cria muita atrito em sua mente
porque você não sabe quem você é.

Mas a boa notícia é que finalmente -

em algum momento entre o início
e o fim do ensino médio -

você começa a liberar os pedaços
de identidade que não te servem mais.

Talvez você pare de sair
com aqueles que estão matando aula.

Talvez decida: "Eu não gosto de futebol,

e não vou mais sair
com o pessoal do futebol."

Cada pedaço dessa identidade
que você libera são uma perda para você.

Aqueles amigos com quem
você saía e matava aula,

podem ter significado muito -

você pode se sentir um verdadeiro traidor.

O time de futebol
com quem você parou de sair -

isso pode te fazer perder
credibilidade na sua escola.

E o processo que Erik Erikson
chama de "coesão de identidade"

é muito difícil.

Mas isso resulta em uma identidade,

uma crença sobre quem você realmente é.

E isso é muito importante para você

e você não fará nada
que ameace essa identidade.

Eu vejo alguns de vocês dizendo:

"Isso é muito interessante,

mas o que tem a ver
com perseguir meus objetivos?"

Bem, quando me tornei coach,

lutei muito para conseguir clientes

porque eu me considerava
uma ajudante centrada no coração

e eu vou estar me promovendo
e vendendo meus serviços -

pareceu muito inautêntico e forçado.

Eu vou fazer algo
que parece inautêntico e forçado?

Não!

Nunca.

E é assim que você fica preso
num ciclo de fracasso defensivo.

Você diz: "Vou a um
evento de networking -

um em cada semana desse mês."

Então chega o dia
do evento de networking,

e o seu cérebro diz:

"É, não. Não faremos isso.
Isso ameaça nossa identidade.

E de qualquer jeito, Amanda,
você está tão cansada.

Você tem estado tão ocupada.

Você devia tomar conta de si mesma."

E antes de perceber,

o evento de networking
está acontecendo,

mas você não está lá.

Você está em casa no sofá
em suas calças elásticas,

mergulhado no episódio 13
da primeira temporada de "Friends".

(Risos)

De novo.

Agora, sem julgamentos -
todos já fizemos isso.

Mas isso explica porque
você não está progredindo.

Então se isso se parece com você,

se pode ser um bloqueio mental
com o qual você está lutando,

o que você deve fazer é encontrar
pessoas como você fazendo coisas assim,

e você tem que compartilhar
suas preocupações com eles.

Tive que encontrar
uma ajudante centrada no coração

que era ótima em promover seu negócio

e aprender com ela
como eu poderia alinhar essas coisas.

E se você puder encontrar um jeito

de alinhar o que você quer fazer
com a sua identidade,

você vai achar que
ir ao evento de networking

será muito mais fácil.

Essa foi a segunda razão de estar preso
num ciclo de fracasso defensivo.

A terceira razão para estar preso
no ciclo de fracasso defensivo

é que secretamente
você não quer fazer isso.

Você apenas pensa que deveria
querer fazer isso.

Basicamente, você valoriza
isso pelas razões erradas.

Agora, há dois jeitos
de valorizar as coisas.

Por um lado,

você pode valorizá-las
pelo que chamamos "razões intrínsecas" -

razões que vêm de dentro de você -

interesse,

curiosidade,

ou você desenhou uma linha,
reta e brilhante

da coisa que você quer fazer até
seus sonhos e esperanças de longo prazo.

Mas você também pode valorizar coisas
por razões exteriores a você.

Razões extrínsecas como:

"As pessoas legais fazem,"

ou "Minha mãe ficaria orgulhosa"

ou "Gostaria de ser admirado."

Vamos imaginar por um segundo,
para fins de exemplificar,

que você disse:

"Eu tenho que manter um orçamento.

E a coisa que mais faço que está
custando a maior parte do dinheiro

é comprar meu almoço
todos os dias no trabalho."

Então você decide:

"Não farei mais isso;
vou levar meu almoço."

Num dia, você está
na metade do seu caminho,

e percebe que seu almoço
ficou sobre o balcão da cozinha

ao lado do seu celular.

Esse é um dia difícil.

Você não tem nada para comer
e nem Candy Crush.

(Risos)

O que você vai fazer?

Você conversa com um colega,
assim: "Estou tendo um dia difícil."

E ela diz: "Nem se preocupe com isso.

Vamos tomar como um sinal do universo;
e sair e almoçar de verdade.

Vai ser incrível."

Então você tem duas opções.

Você poder ir com ela
e ter um "almoço de verdade"

gastar R$25 num sanduíche,

ou você pode ir à máquina de vendas

e pegar uma barra de cereal
horrorosa de R$ 1,99.

O que você vai fazer?

Bom, isso depende do porquê você está
tentando se manter num orçamento.

Se você está tentando isso

porque você acabou de noivar
e está tentando comprar uma casa

e você tem esses sonhos

de seus filhos sentados próximos
a uma fogueira na véspera de Natal,

então você irá à máquina de vendas.

Mas se você está tentando economizar
porque pessoas ricas são admiradas,

e sim, seria legal ser admirado -

isso não é suficiente.

Não é suficiente contrabalançar
o anseio, o desejo do momento,

de ir a um restaurante com seu amigo.

E isso vale para qualquer coisa
com a qual você está lutando.

Se o trabalho que você
quer fazer é difícil,

haverá anseios no momento de desistir.

E é o interesse intrínseco

que te mantêm focado
nos passos que você deve dar

e não naqueles anseios do momento
de ir com seu amigo ao restaurante.

Então se isso se parece com você,

se parece com algo com
o qual você possa estar lutando,

você deve construir
o interesse intrínseco.

Você deve encontrar um jeito
de estar interessado ou curioso

sobre aquilo que você quer fazer.

Você tem que ler os blogs;
tem que folhear as revistas.

E se você não puder,

se não há nada do seu interesse -

por exemplo, sobre impostos -

então você deve traçar a linha brilhante

entre o que você quer fazer e seus
sonhos e expectativas de longo prazo.

Quando chegar o momento
de você querer deixar, desistir,

pegue aquele pedaço de papel do seu bolso

e leia para si mesmo

para que você retorne e se volte
ao seu interesse intrínseco.

E assim, meus amigos,

é como você se libertaria
do terceiro ciclo de fracasso defensivo.

Agora,

se você tem ao menos
um desses acontecendo,

você vai lutar pra progredir
no seu objetivo.

Se você lutou com algo a sua vida toda,

é provável que todos os três
estejam acontecendo

como foi para mim com exercícios.

Mas como eu fui capaz
de aceitar os erros de principiantes

como parte do processo de me tornar melhor

e reconhecer

que há pessoas não competitivas
como eu que também se exercitam

e aceitar -

sabe, eu me interessei muito
pela ciência de se exercitar;

é bem fascinante -

eu fui capaz, incrivelmente,
de começar a progredir.

Agora, não quero que pense
que estou aqui dizendo:

"Coloque sua mente em ordem, e você será
um tremendo sucesso da noite para o dia,"

porque não é assim que funciona.

Mas o que você faz

é trocar aquele ciclo
de fracasso defensivo

por ações práticas,

com percepção,

fracasso produtivo.

Fracasso onde você erra,

mas então você se torna um pouco melhor.

E então você melhora com o tempo

até que de repente, você está fazendo
o que achava que nunca seria possível.

Para mim, o que aconteceu

é que ao longo de uns três anos

me ensinei a correr -

comprei os equipamentos.

Me ensinei a andar de bicicleta.

Me ensinei a nadar.

Em um dia louco de agosto,

eu juntei esses três e fiz um triathlon.

Eu sei - eu fiquei surpresa também.

(Risos)

E mais ou menos dois meses depois,

eu completei uma meia-maratona.

O mais importante, meu filho -

que agora tem seis anos,
e é pesado e agitado -

eu consigo carregá-lo.

E não estou dizendo isso
porque sou algum tipo de atleta,

porque, claramente,
não é o que acontece aqui.

Estou dizendo isso

porque aquele dia
que fiz aquele triathlon

foi o dia mais emocionante da minha vida.

Porque nunca deveria
ter sido a minha história;

não deveria ter sido possível.

E o que isso me ajudou
a perceber naquele dia

foi que eu,

que você,

que todos nós -

nós podemos ser o que quisermos.

Nós ficamos com a cabeça limpa,

e começamos a dar passos.

E se você está fazendo essas duas coisas,

nada pode te impedir.

Obrigada.

(Aplausos)