Return to Video

Por que a ciência inovadora exige um mergulho no desconhecido.

  • 0:00 - 0:02
    No meio do meu doutorado,
  • 0:02 - 0:06
    eu estava irremediavelmente emperrado.
  • 0:06 - 0:08
    Cada direção de pesquisa que eu tentei,
  • 0:08 - 0:09
    levou a um beco sem saída.
  • 0:09 - 0:11
    Parecia que meus pressupostos básicos,
  • 0:11 - 0:13
    simplesmente pararam de funcionar.
  • 0:13 - 0:16
    Eu me sentia como um piloto
    voando através da neblina,
  • 0:16 - 0:19
    e eu perdi todo o senso de direção.
  • 0:19 - 0:20
    Eu parei de fazer a barba.
  • 0:20 - 0:23
    Eu não conseguia sair da cama, pela manhã.
  • 0:23 - 0:25
    Eu me sentia indigno
  • 0:25 - 0:28
    de cruzar os portões da universidade,
  • 0:28 - 0:30
    porque eu não era como Einstein ou Newton,
  • 0:30 - 0:32
    ou qualquer outro cientista
  • 0:32 - 0:34
    que eu tinha estudado, porque na ciência
  • 0:34 - 0:37
    nós só aprendemos sobre os resultados,
    mas não sobre o processo.
  • 0:37 - 0:42
    E obviamente, eu não
    poderia ser um cientista.
  • 0:42 - 0:44
    Mas eu tive bastante apoio,
  • 0:44 - 0:45
    e eu perseverei,
  • 0:45 - 0:47
    e descobri algo novo sobre a natureza.
  • 0:47 - 0:50
    Esta é uma incrível sensação de calma,
  • 0:50 - 0:51
    ser a única pessoa no mundo,
  • 0:51 - 0:53
    que sabe uma nova lei da natureza.
  • 0:53 - 0:57
    E eu comecei o segundo projeto
    do meu doutorado,
  • 0:57 - 0:58
    e aconteceu novamente.
  • 0:58 - 1:00
    Eu fiquei emperrado, e eu perseverei.
  • 1:00 - 1:01
    E eu comecei a pensar:
  • 1:01 - 1:03
    "Talvez haja um padrão aqui".
  • 1:03 - 1:05
    Falei com outros doutorandos,
    e eles disseram:
  • 1:05 - 1:07
    "Sim, foi exatamente isso que
    aconteceu conosco,
  • 1:07 - 1:09
    só que ninguém nos falou disso".
  • 1:09 - 1:11
    Estudamos a ciência,
    como se fosse uma série
  • 1:11 - 1:14
    de etapas lógicas,
    entre pergunta e resposta,
  • 1:14 - 1:17
    mas fazer pesquisa, não é nada disso.
  • 1:17 - 1:20
    Ao mesmo tempo, eu também estava estudando
  • 1:20 - 1:22
    para ser um ator de teatro
    de improvisação.
  • 1:22 - 1:23
    Então, física de dia,
  • 1:23 - 1:25
    e à noite, sorrir, pular, cantar,
  • 1:25 - 1:26
    e tocar meu violão.
  • 1:26 - 1:28
    Teatro de improvisação,
  • 1:28 - 1:30
    Assim como a ciência,
    te leva ao desconhecido,
  • 1:30 - 1:32
    porque você tem que fazer uma cena,
  • 1:32 - 1:34
    sem um diretor, sem um script,
  • 1:34 - 1:36
    sem a mínima ideia do que
    você vai representar,
  • 1:36 - 1:39
    ou o que os outros personagens vão fazer.
  • 1:39 - 1:41
    Mas, ao contrário da ciência,
  • 1:41 - 1:44
    no teatro de improvisação, eles
    te avisam desde o primeiro dia,
  • 1:44 - 1:46
    o que vai acontecer
    quando você estiver no palco.
  • 1:46 - 1:49
    Você vai falhar feio.
  • 1:49 - 1:50
    Você vai ficar travado.
  • 1:50 - 1:52
    E tínhamos que praticar a criatividade,
  • 1:52 - 1:53
    sob aquela pressão.
  • 1:53 - 1:55
    Por exemplo, tivemos um exercício
  • 1:55 - 1:56
    onde formamos um círculo,
  • 1:56 - 1:59
    e cada pessoa tinha que fazer
    o pior sapateado do mundo,
  • 1:59 - 2:01
    e todos aplaudiam
  • 2:01 - 2:02
    e incentivavam,
  • 2:02 - 2:04
    dando suporte no palco.
  • 2:04 - 2:06
    Quando tornei-me um professor,
  • 2:06 - 2:08
    e tive que orientar meus próprios alunos
  • 2:08 - 2:10
    em seus projetos de pesquisa,
  • 2:10 - 2:11
    eu percebi novamente.
  • 2:11 - 2:13
    Eu não sei o que fazer.
  • 2:13 - 2:15
    Eu tinha estudado milhares
    de horas de física,
  • 2:15 - 2:17
    biologia, química,
  • 2:17 - 2:19
    mas nenhuma hora, nenhum conceito
  • 2:19 - 2:21
    de como orientar, como guiar alguém,
  • 2:21 - 2:23
    ir junto rumo ao desconhecido,
  • 2:23 - 2:25
    ou sobre motivação.
  • 2:25 - 2:27
    Então lembrei-me da improvisação teatral,
  • 2:27 - 2:30
    e eu disse a meus alunos
    desde o primeiro dia,
  • 2:30 - 2:32
    o que vai acontecer quando
    começarem a pesquisa,
  • 2:32 - 2:34
    e isso tem a ver com o
    nosso esquema mental
  • 2:34 - 2:36
    de como será a pesquisa.
  • 2:36 - 2:38
    Porque, vejam, quando
    se faz qualquer coisa,
  • 2:38 - 2:40
    por exemplo, se eu quero
    tocar este quadro,
  • 2:40 - 2:42
    primeiro, meu cérebro
    cria um esquema,
  • 2:42 - 2:44
    prevê o que meus músculos
    vão fazer exatamente,
  • 2:44 - 2:47
    antes mesmo de eu começar
    a mover minha mão,
  • 2:47 - 2:48
    e se eu ficar travado,
  • 2:48 - 2:50
    se meu esquema não
    corresponde à realidade,
  • 2:50 - 2:53
    causa uma tensão
    chamada dissonância cognitiva.
  • 2:53 - 2:56
    Por isso é melhor que seus
    esquemas condigam com a realidade.
  • 2:56 - 2:59
    Mas se você acredita no modo
    como a ciência é ensinada,
  • 2:59 - 3:01
    e acredita em livros didáticos,
    você está sujeito
  • 3:01 - 3:04
    ao seguinte esquema de pesquisa.
  • 3:07 - 3:10
    Se "A" é a pergunta,
  • 3:10 - 3:13
    e "B" é a resposta,
  • 3:14 - 3:17
    a pesquisa é um caminho reto.
  • 3:18 - 3:21
    O problema é que, se
    um experimento não funcionar,
  • 3:21 - 3:25
    ou o estudante ficar deprimido,
  • 3:25 - 3:27
    isso é considerado
    algo totalmente errado,
  • 3:27 - 3:30
    e causa uma enorme tensão.
  • 3:30 - 3:32
    E é por isso que eu ensino
    aos meus alunos
  • 3:32 - 3:35
    um esquema mais realista.
  • 3:39 - 3:40
    Eis um exemplo
  • 3:40 - 3:44
    onde as coisas não condizem
    com seu esquema.
  • 3:46 - 3:50
    (Risos)
  • 3:50 - 3:53
    (Aplausos)
  • 4:02 - 4:05
    Então, eu ensino aos meus alunos,
    um esquema diferente.
  • 4:05 - 4:07
    Se "A" é a pergunta,
  • 4:07 - 4:09
    "B" é a resposta,
  • 4:13 - 4:15
    mantenha-se criativo na nuvem,
  • 4:15 - 4:17
    e você começa a caminhar,
  • 4:17 - 4:19
    e as experiências não funcionam,
    e não funcionam,
  • 4:19 - 4:21
    e não funcionam,
    e não funcionam,
  • 4:21 - 4:24
    até que você chega a um lugar
    ligado as emoções negativas,
  • 4:24 - 4:27
    onde parece que os seus
    pressupostos básicos
  • 4:27 - 4:28
    deixaram de fazer sentido,
  • 4:28 - 4:31
    como se alguém puxasse o
    tapete debaixo dos seus pés.
  • 4:31 - 4:34
    E eu chamo este lugar de "a nuvem".
  • 4:48 - 4:50
    Você pode ficar perdido na nuvem
  • 4:50 - 4:53
    por um dia, uma semana, um mês, um ano,
  • 4:53 - 4:54
    por toda a sua carreira,
  • 4:54 - 4:57
    mas às vezes, se você
    tiver sorte o suficiente
  • 4:57 - 4:58
    e tiver apoio suficiente,
  • 4:58 - 5:00
    você pode ver no material que tem à mão,
  • 5:00 - 5:04
    ou talvez meditando
    sobre a forma da nuvem,
  • 5:04 - 5:06
    uma nova resposta,
  • 5:07 - 5:11
    "C", e você decide ir atrás disso.
  • 5:11 - 5:13
    E as experiências não funcionam,
    e não funcionam,
  • 5:13 - 5:15
    mas você chega lá,
  • 5:15 - 5:17
    e então, você conta a todos sobre isso,
  • 5:17 - 5:20
    publicando um artigo
    que diz "A" flecha "C",
  • 5:20 - 5:21
    que é uma ótima maneira de se comunicar,
  • 5:21 - 5:24
    contanto que você não
    se esqueça do caminho
  • 5:24 - 5:26
    que o levou até lá.
  • 5:26 - 5:28
    Agora, esta nuvem é uma parte inerente
  • 5:28 - 5:30
    à pesquisa, uma parte inerente
    ao nosso ofício,
  • 5:30 - 5:33
    porque a nuvem
    fica de guarda na fronteira.
  • 5:38 - 5:40
    Ela fica de guarda na fronteira,
  • 5:40 - 5:43
    entre o conhecido
  • 5:46 - 5:49
    e o desconhecido,
  • 5:53 - 5:55
    porque, a fim de descobrir
    algo realmente novo,
  • 5:55 - 5:58
    pelo menos uma de nossas suposições
    básicas tem que mudar,
  • 5:58 - 6:00
    e isso significa que, em ciência
  • 6:00 - 6:02
    fazemos algo bastante heroico.
  • 6:02 - 6:04
    Todos os dias, nós tentamos nos levar
  • 6:04 - 6:06
    à fronteira entre o conhecido
    e o desconhecido,
  • 6:06 - 6:08
    e enfrentar a nuvem.
  • 6:08 - 6:10
    Percebam que eu coloquei "B"
    no lado do conhecido,
  • 6:10 - 6:12
    porque sabíamos sobre ele desde o começo,
  • 6:12 - 6:16
    mas "C" é sempre mais interessante
  • 6:16 - 6:18
    e mais importante do que "B".
  • 6:18 - 6:20
    "B" é essencial, para
    que se possa continuar,
  • 6:20 - 6:22
    mas "C" é muito mais profundo,
  • 6:22 - 6:26
    e é isso que é surpreendente
    sobre a pesquisa.
  • 6:27 - 6:29
    Só conhecer aquela palavra: a nuvem,
  • 6:29 - 6:32
    foi transformador no
    meu grupo de pesquisa,
  • 6:32 - 6:33
    porque os alunos vieram me dizer,
  • 6:33 - 6:35
    "Uri, estou na nuvem,"
  • 6:35 - 6:38
    e eu disse: "Ótimo, você deve
    estar se sentindo terrível."
  • 6:38 - 6:40
    (Risos)
  • 6:40 - 6:42
    Mas eu fico feliz,
  • 6:42 - 6:44
    porque talvez estejamos perto da fronteira
  • 6:44 - 6:46
    entre o conhecido e o desconhecido,
  • 6:46 - 6:47
    e temos uma chance de descobrir
  • 6:47 - 6:49
    algo realmente novo,
  • 6:49 - 6:51
    já que para o funcionamento
    de nossa mente,
  • 6:51 - 6:54
    basta saber que a nuvem
  • 6:54 - 6:58
    é normal, é essencial,
  • 6:58 - 6:59
    e de fato, bela,
  • 6:59 - 7:03
    podemos nos juntar à Sociedade
    de Apreciação das Nuvens,
  • 7:03 - 7:05
    e isso desintoxica a sensação de que algo
  • 7:05 - 7:07
    está profundamente errado comigo.
  • 7:07 - 7:10
    E como um mentor, eu sei o que fazer,
  • 7:10 - 7:12
    que é intensificar o meu apoio ao aluno,
  • 7:12 - 7:14
    porque pesquisas em psicologia mostram
  • 7:14 - 7:17
    que se você está sentindo
    medo e desespero,
  • 7:17 - 7:18
    sua mente se reduz
  • 7:18 - 7:20
    a formas seguras e
    conservadores de pensar.
  • 7:20 - 7:23
    Se quiser explorar os caminhos arriscados,
  • 7:23 - 7:24
    vai ter que sair da nuvem,
  • 7:24 - 7:26
    precisa de outras emoções,
  • 7:26 - 7:28
    solidariedade, apoio, esperança,
  • 7:28 - 7:30
    que vêm do relacionamento
    com outra pessoa,
  • 7:30 - 7:32
    então, como no teatro de improvisação,
  • 7:32 - 7:33
    na ciência, é melhor caminhar
  • 7:33 - 7:35
    juntos para o desconhecido.
  • 7:35 - 7:38
    Então, tendo conhecimento da nuvem,
  • 7:38 - 7:41
    a improvisação teatral também te ensina
  • 7:41 - 7:44
    uma forma bem efetiva de ter conversas
  • 7:44 - 7:46
    dentro da nuvem.
  • 7:46 - 7:48
    Ela é baseada no princípio central
  • 7:48 - 7:49
    do teatro de improvisação,
  • 7:49 - 7:50
    e o teatro de improvisação
  • 7:50 - 7:52
    me ajudou novamente.
  • 7:52 - 7:54
    Chama-se dizer "Sim, e",
  • 7:54 - 7:57
    às ofertas feitas por outros atores.
  • 8:04 - 8:07
    Isso significa aceitar as ofertas
  • 8:07 - 8:09
    e contribuir com elas, dizendo: "Sim, e".
  • 8:09 - 8:11
    Por exemplo, se um ator diz:
  • 8:11 - 8:12
    "Eis uma piscina de água",
  • 8:12 - 8:15
    e o outro ator diz,
    "Não, isso é só um palco",
  • 8:15 - 8:17
    este é o fim da improvisação.
  • 8:17 - 8:21
    É o fim, e todos sentem-se frustrados.
  • 8:21 - 8:22
    Isso é chamado de bloqueio.
  • 8:22 - 8:24
    Se não estiver consciente
    das comunicações,
  • 8:24 - 8:27
    conversas científicas podem
    ter vários bloqueios.
  • 8:27 - 8:29
    Dizer "Sim, e", é mais ou menos assim.
  • 8:29 - 8:31
    "Eis uma piscina de água."
    "Sim, vamos entrar nela"
  • 8:31 - 8:34
    "Olha, é uma baleia!
    Vamos agarrá-la pelo rabo.
  • 8:34 - 8:36
    Ela está nos puxando para a lua!"
  • 8:36 - 8:39
    Dizer "Sim, e", ignora nosso
    criticismo interior.
  • 8:39 - 8:41
    Todos temos um criticismo interior
  • 8:41 - 8:42
    que vigia o que dizemos,
  • 8:42 - 8:45
    para que não pensem que somos
    obscenos ou loucos ou não originais,
  • 8:45 - 8:48
    e a ciência está cheia de medo
    de parecer não original.
  • 8:48 - 8:50
    Dizer "Sim, e" ignora o criticismo
  • 8:50 - 8:53
    e libera vozes ocultas da criatividade
  • 8:53 - 8:54
    que você nem sabia que tinha,
  • 8:54 - 8:56
    e elas muitas vezes carregam a resposta
  • 8:56 - 8:59
    a respeito da nuvem.
  • 8:59 - 9:01
    Então vejam, saber sobre a nuvem
  • 9:01 - 9:03
    e sobre dizer "Sim, e"
  • 9:03 - 9:05
    tornou meu laboratório muito criativo.
  • 9:05 - 9:08
    Os alunos começaram a brincar
    com as ideias uns dos outros,
  • 9:08 - 9:10
    e fizemos descobertas surpreendentes,
  • 9:10 - 9:13
    na interface entre a física e a biologia.
  • 9:13 - 9:16
    Por exemplo, ficamos presos por um ano
  • 9:16 - 9:17
    tentando entender as intrincadas
  • 9:17 - 9:20
    redes bioquímicas dentro
    de nossas células,
  • 9:20 - 9:22
    e nós dissemos: "Estamos
    profundamente na nuvem",
  • 9:22 - 9:24
    e tivemos uma conversa divertida,
  • 9:24 - 9:26
    onde meu aluno Shai Shen Orr disse,
  • 9:26 - 9:29
    "Vamos desenhar isso em um
    pedaço de papel, esta rede",
  • 9:29 - 9:31
    e em vez de dizer,
  • 9:31 - 9:33
    "Mas nós fizemos isso tantas vezes
  • 9:33 - 9:34
    e não funcionou",
  • 9:34 - 9:36
    Eu disse "Sim, e
  • 9:36 - 9:38
    vamos usar um grande pedaço de papel",
  • 9:38 - 9:40
    e então, o Ron Milo disse,
  • 9:40 - 9:42
    "Vamos usar uma planta
    de arquitetura gigantesca,
  • 9:42 - 9:44
    e eu sei onde imprimi-la",
  • 9:44 - 9:46
    e nós imprimimos a rede
    e olhamos para ela,
  • 9:46 - 9:49
    e foi aí que fizemos nossa
    descoberta mais importante,
  • 9:49 - 9:51
    que aquela rede complicada, é feita apenas
  • 9:51 - 9:54
    de um punhado de simples repetições
    de padrões de interação,
  • 9:54 - 9:58
    como motivos em um vitral.
  • 9:58 - 10:00
    Nós os chamamos de motivos de rede,
  • 10:00 - 10:02
    e eles são os circuitos elementares
  • 10:02 - 10:03
    que nos ajudam a compreender
  • 10:03 - 10:06
    a lógica de como as células tomam decisões
  • 10:06 - 10:09
    em todos os organismos,
    incluindo o nosso corpo.
  • 10:09 - 10:10
    Logo depois disso,
  • 10:10 - 10:12
    eu comecei a ser convidado a dar palestras
  • 10:12 - 10:15
    para milhares de cientistas
    em todo o mundo,
  • 10:15 - 10:17
    mas saber sobre a nuvem
  • 10:17 - 10:18
    e sobre dizer "Sim, e"
  • 10:18 - 10:20
    ficou dentro do meu laboratório,
  • 10:20 - 10:23
    porque, sabem, na ciência
    não falamos do processo,
  • 10:23 - 10:25
    nem sobre nada subjetivo ou emocional.
  • 10:25 - 10:26
    Nós falamos sobre os resultados.
  • 10:26 - 10:29
    Não tinha como falar
    sobre isso em conferências.
  • 10:29 - 10:31
    Era impensável.
  • 10:31 - 10:33
    E eu via cientistas
    de outros grupos travados,
  • 10:33 - 10:35
    sem sequer uma palavra para descrever
  • 10:35 - 10:36
    o que estavam vendo,
  • 10:36 - 10:39
    e suas formas de pensar
    reduzidas a caminhos seguros,
  • 10:39 - 10:41
    sua ciência não atingiu
    todo seu potencial,
  • 10:41 - 10:42
    e eles estavam arrasados.
  • 10:42 - 10:44
    Eu pensei: "é assim que as coisas são".
  • 10:44 - 10:47
    Vou tentar deixar meu laboratório
    o mais criativo possível,
  • 10:47 - 10:48
    e se todos fizerem o mesmo,
  • 10:48 - 10:50
    a ciência acabará por se tornar
  • 10:50 - 10:51
    cada vez melhor.
  • 10:51 - 10:54
    Essa forma de pensar foi virada
    de cabeça para baixo,
  • 10:54 - 10:57
    quando por acaso, fui ouvir
    a Evelyn Fox Keller
  • 10:57 - 10:59
    dar uma palestra sobre sua experiência
  • 10:59 - 11:00
    como uma mulher na ciência.
  • 11:00 - 11:02
    E ela perguntou:
  • 11:02 - 11:04
    "Por que é que nós não
    falamos sobre os aspectos
  • 11:04 - 11:06
    subjetivo e emocional, de fazer ciência?
  • 11:06 - 11:10
    Não é por acaso. É uma
    questão de valores".
  • 11:10 - 11:12
    Vejam, a ciência busca o conhecimento
  • 11:12 - 11:14
    que é objetivo e racional.
  • 11:14 - 11:16
    Essa é a beleza da ciência.
  • 11:16 - 11:18
    Mas também temos um mito cultural
  • 11:18 - 11:20
    de que a prática da ciência,
  • 11:20 - 11:22
    o que fazemos todos os dias
    para obter esse conhecimento,
  • 11:22 - 11:24
    também é apenas objetivo e racional,
  • 11:24 - 11:27
    como o Sr. Spock.
  • 11:27 - 11:28
    E quando definimos algo
  • 11:28 - 11:30
    como objetivo e racional,
  • 11:30 - 11:32
    automaticamente, o outro lado,
  • 11:32 - 11:33
    o subjetivo e o emocional,
  • 11:33 - 11:35
    fica definido como não-ciência,
  • 11:35 - 11:37
    ou anti-científico, ou uma
    ameaça à ciência,
  • 11:37 - 11:39
    só que a gente não fala sobre isso.
  • 11:39 - 11:41
    E quando eu ouvi aquilo,
  • 11:41 - 11:43
    que a ciência tem uma cultura,
  • 11:43 - 11:45
    tudo se encaixou para mim,
  • 11:45 - 11:46
    porque, se a ciência tem uma cultura,
  • 11:46 - 11:48
    a cultura pode ser mudada,
  • 11:48 - 11:50
    e eu posso ser um agente de mudança,
  • 11:50 - 11:52
    para mudar a cultura
    da ciência, onde for possível.
  • 11:52 - 11:55
    E depois disso, assim que dei
    uma palestra em uma conferência,
  • 11:55 - 11:58
    eu falei sobre a minha ciência
    e falei sobre a importância
  • 11:58 - 12:00
    dos aspectos subjetivos e
    emocionais da ciência,
  • 12:00 - 12:02
    e como deveríamos falar deles,
  • 12:02 - 12:03
    e eu olhei para a platéia,
  • 12:03 - 12:05
    e eles estavam distraídos.
  • 12:05 - 12:08
    Eles não conseguiam ouvir
    o que eu estava dizendo
  • 12:08 - 12:09
    no contexto de uma apresentação de
  • 12:09 - 12:11
    dez slides de PowerPoint
    numa conferência.
  • 12:11 - 12:14
    E eu tentei de novo,
    conferência após conferência,
  • 12:14 - 12:16
    mas eu não estava conseguindo.
  • 12:16 - 12:19
    Eu estava na nuvem.
  • 12:19 - 12:23
    E finalmente, eu consegui sair da nuvem
  • 12:23 - 12:26
    usando improvisação e música.
  • 12:26 - 12:28
    Desde então, para todas as
    conferências que eu vou,
  • 12:28 - 12:30
    eu dou uma palestra científica,
  • 12:30 - 12:33
    e uma outra palestra especial chamada
    "Amor e medo no laboratório",
  • 12:33 - 12:35
    e eu começo tocando uma canção,
  • 12:35 - 12:38
    sobre o maior medo dos cientistas,
  • 12:38 - 12:41
    que é, quando nós trabalhamos duro,
  • 12:41 - 12:43
    descobrimos algo novo,
  • 12:43 - 12:47
    e alguém o publica antes de nós.
  • 12:47 - 12:49
    Nós chamamos isso de "ser escavado",
  • 12:49 - 12:52
    e ser escavado é horrível.
  • 12:52 - 12:54
    Faz-nos ter medo de falar
    uns com os outros,
  • 12:54 - 12:55
    o que não é legal,
  • 12:55 - 12:58
    porque viemos para a ciência
    para compartilhar nossas ideias,
  • 12:58 - 13:00
    e aprender uns com os outros,
  • 13:00 - 13:03
    e então eu toco um "blues",
  • 13:05 - 13:11
    que -- (Aplausos) --
  • 13:11 - 13:14
    chamado "Escavado Novamente",
  • 13:14 - 13:16
    e peço a platéia para serem meu coral,
  • 13:16 - 13:20
    e eu digo a eles, "Sua parte é
    'Escavado! Escavado!'"
  • 13:20 - 13:23
    Soa desse jeito: "Escavado! Escavado!"
  • 13:23 - 13:24
    Soa desse jeito.
  • 13:24 - 13:26
    ♪ Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:26 - 13:28
    ♪ Escavado! Escavado! ♪
  • 13:28 - 13:29
    E assim, começamos.
  • 13:29 - 13:31
    ♪ Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:31 - 13:33
    ♪ Escavado! Escavado! ♪
  • 13:33 - 13:34
    ♪ Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:34 - 13:36
    ♪ Escavado! Escavado! ♪
  • 13:36 - 13:38
    ♪ Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:38 - 13:39
    ♪ Escavado! Escavado! ♪
  • 13:39 - 13:41
    ♪ Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:41 - 13:43
    ♪ Escavado! Escavado! ♪
  • 13:43 - 13:46
    ♪ Oh mama, você não consegue
    sentir a minha dor ♪
  • 13:46 - 13:50
    ♪ Céus, ajudem-me!
    Eu fui escavado novamente ♪
  • 13:51 - 13:57
    (Aplausos)
  • 13:57 - 13:58
    Obrigado.
  • 13:58 - 14:00
    Obrigado por serem meu vocal de apoio.
  • 14:00 - 14:02
    E todos começam a rir, começam a inspirar,
  • 14:02 - 14:04
    percebem que há
    outros cientistas ao redor,
  • 14:04 - 14:06
    com problemas em comum,
  • 14:06 - 14:08
    e começamos a falar
    sobre as coisas emocionais
  • 14:08 - 14:10
    e subjetivas, que ocorrem na pesquisa.
  • 14:10 - 14:12
    É como se um enorme tabu fosse quebrado.
  • 14:12 - 14:15
    Finalmente, podemos falar disso
    numa conferência científica.
  • 14:15 - 14:17
    E os cientistas passaram a
    formar grupos,
  • 14:17 - 14:18
    onde se reúnem regularmente,
  • 14:18 - 14:20
    e criam um espaço para falar das coisas
  • 14:20 - 14:22
    emocionais e subjetivas
    de quando estão orientando,
  • 14:22 - 14:24
    entrando no desconhecido,
  • 14:24 - 14:25
    e até começaram cursos
  • 14:25 - 14:27
    sobre o processo de fazer ciência,
  • 14:27 - 14:29
    sobre entrar no desconhecido juntos,
  • 14:29 - 14:30
    e muitas outras coisas.
  • 14:30 - 14:31
    A minha visão é a seguinte,
  • 14:31 - 14:35
    assim como todo cientista
    conhece a palavra "átomo",
  • 14:35 - 14:36
    e sabe que a matéria é feita de átomos,
  • 14:36 - 14:38
    todo cientista deveria conhecer palavras
  • 14:38 - 14:41
    como "a nuvem", dizer "Sim, e",
  • 14:41 - 14:44
    e a ciência vai se tornar
    muito mais criativa,
  • 14:44 - 14:47
    fazer muitas outras
    descobertas inesperadas
  • 14:47 - 14:49
    em benefício de todos nós,
  • 14:49 - 14:52
    e também será muito mais divertida.
  • 14:52 - 14:54
    E o que eu lhes peço para
    guardarem desta palestra,
  • 14:54 - 14:56
    é que da próxima vez que enfrentarem
  • 14:56 - 14:59
    um problema que não conseguirem resolver,
  • 14:59 - 15:01
    no trabalho ou na vida,
  • 15:01 - 15:03
    há uma palavra para o que você vai ver:
  • 15:03 - 15:04
    a nuvem.
  • 15:04 - 15:06
    E você pode atravessar a nuvem
  • 15:06 - 15:07
    não sozinho, mas junto
  • 15:07 - 15:09
    com alguém que seja sua fonte ou suporte,
  • 15:09 - 15:11
    para dizer "Sim, e" para suas ideias,
  • 15:11 - 15:14
    para ajudá-lo a dizer "Sim, e"
    para suas próprias ideias,
  • 15:14 - 15:15
    para aumentar a chance de,
  • 15:15 - 15:17
    através dos pedaços de nuvem,
  • 15:17 - 15:19
    encontra aquele momento de calma,
  • 15:19 - 15:20
    onde você terá o primeiro vislumbre
  • 15:20 - 15:24
    de sua descoberta inesperada,
  • 15:24 - 15:26
    o seu "C".
  • 15:26 - 15:29
    Obrigado.
  • 15:29 - 15:33
    (Aplausos)
Title:
Por que a ciência inovadora exige um mergulho no desconhecido.
Speaker:
Uri Alon
Description:

Enquanto estudava para seu doutorado em Física, Uri Alon achava que ele era um fracasso, porque todos os caminhos de sua pesquisa levavam a becos sem saída. Mas, com a ajuda da improvisação teatral, ele percebeu que poderia haver alegria em ficar perdido. Um convite aos cientistas para que parem de pensar em pesquisa como uma linha direta da pergunta para a resposta, mas como algo mais criativo. É uma mensagem que vai ressoar, não importa o seu campo de trabalho ou pesquisa.

more » « less
Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
15:52
  • Tradução muito boa, porém a velocidade de leitura estava acima dos 21 caracteres por segundo em muitas legendas. Por favor, atente-se a essa limitação. Para diminuir a velocidade de leitura, pode-se parafrasear o discurso, excluir alguns trechos retóricos e reajustar a sincronia e a divisão das frases.
    Para mais informações sobre isso dê uma olhada na wiki: http://translations.ted.org/wiki/How_to_Compress_Subtitles

  • Gustavo, obrigada pelo feedback. Estou começando nesse projeto TED de traduções e sua dica foi muito valiosa. Com certeza nas próxima traduções atentarei para essa questão da velocidade.

    Gostaria de deixar duas questões para o aprovador:

    (00:00:47,174 --> 00:00:49,917 This is an amazing feeling of calmness).

    Eu: (Esta é uma incrível sensação de calma, ser a única pessoa no mundo que sabe uma nova lei da natureza)

    Gustavo: (Uma incrível sensação de calma, ser a única pessoa no mundo que sabe uma nova lei da natureza).

    Acho que a revisão ficou sem sentido, pois o que o Uri está dizendo é que "é" ou "dá" uma incrível sensação de calma, ser a única pessoa no mundo que sabe uma nova lei da natureza.

    (00:06:45,777 --> 00:06:47,323 and we stand a chance of discovering something truly new, since the way our mind works it's just knowing that the cloud is normal, it's essential).

    Eu: (e temos uma chance de descobrir algo realmente novo, "da forma como nossa mente funciona" basta saber que a nuvem é normal, é essencial)

    Gustavo: (e temos uma chance de descobrir algo realmente novo, "já que o funcionamento de nossa mente", basta saber que a nuvem é normal, é essencial)

    Acho que a revisão ficou sem sentido.

  • Oi, desculpe realmente não me atentei ao limite de caracteres por segundo. Preciso fazer alguma alteração agora para que possamos publicar o vídeo com legendas em Português do Brasil?

  • Quanto às regras de 42 carac/linha e 21 carac/s tudo OK já, acredito que o Gustavo tenha consertado.

    Quanto à primeira sugestão (aos 00:47.17) eu acho que a alteração feita pelo Gustavo faz sentido, se consideramos a continuidade da fala. Primeiro ele diz que descobriu algo novo sobre a natureza, depois "uma incrível sensação de calma". Além disso a legenda que sucede diz claramente que foi uma pessoa só que passou por isso. Que acham?

    Quanto à segunda, também prefiro a forma do Gustavo. "Since" quer dizer "já que, uma vez que, visto que", ele tenta explicar porque há chance de descobrir algo novo. No entanto acho que a frase faz sentido mesmo com o acréscimo de um "para": "Já que para o funcionamento de nossa mente, basta saber que a nuvem é normal, é essencial...". Concordam?

    Enfim, a legenda está muito boa e gosto dessa discussão do que é melhor, certamente ajuda a tornar o trabalho final excelente.

    Abraços

    PS: Tinham esquecido de colocar o nome do palestrante no título!

  • No primeiro trecho, eu só eliminei o início da frase pra comprimir a legenda. Provavelmente estava acima de 21 char/sec. Acho que o sentido se manteve, e é exatamente o que a Andrea propôs, se conseguirmos inserir novamente o início e manter a velocidade baixa o suficiente, não vejo problema.

    No segundo trecho, ele não formula uma frase inteiramente sensata em inglês tampouco. O sentido do "since", de fato, estava faltando no que a Andrea tinha proposto, mas o resto da frase, eu tentei manter o que a Andrea tinha colocado. Talvez o que ele quis dizer é que nossa mente funciona a partir do momento que sabe que a nuvem é essencial?
    Acho que a adição do "para" resolve esse problema.

  • Quanto ao primeiro trecho, retornei para a sugestão da Andrea então, não violou a regra dos 42:21.

    Quanto ao segundo realmente a frase original estava sem sentido, o para foi o jeito que encontrei para "significá-la" e já o tinha adicionado, então não mudei mais nada nessa revisão.

  • (primeiro trecho, retornei para a sugestão da Andrea) + (Quanto ao segundo realmente a frase original estava sem sentido...) --> Tudo ok então. Abraços.

Portuguese, Brazilian subtitles

Revisions Compare revisions