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A verdadeira relação entre idade e chance de sucesso

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    Hoje é um dia muito especial para mim,
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    porque é meu aniversário.
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    (Aplausos)
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    Obrigado a todos vocês
    por participarem da festa.
  • 0:12 - 0:13
    (Risos)
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    Mas toda vez que damos uma festa,
    tem alguém lá para estragar tudo, não é?
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    (Risos)
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    Sou físico.
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    Desta vez, trouxe outro físico
    para fazer isso.
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    O nome dele é Albert Einstein, meu xará,
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    e foi ele quem disse
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    que uma pessoa que não fez
    contribuições importantes à ciência
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    até os 30 anos de idade
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    nunca fará.
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    (Risos)
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    Vocês não precisam consultar a Wikipédia
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    para saber que tenho mais de 30.
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    (Risos)
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    Na realidade, ele está nos dizendo
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    que, quando se trata de minha ciência,
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    sou inútil.
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    Felizmente, tive minha quota
    de sorte na carreira.
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    Por volta dos 28 anos,
    fiquei muito interessado por redes
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    e, alguns anos depois, conseguimos
    publicar alguns artigos importantes
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    que informaram a descoberta
    de redes sem escala
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    e deram origem a uma nova disciplina
    que chamamos hoje de ciência das redes.
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    Se vocês se importarem com isso,
    poderão obter um PhD em ciência das redes
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    em Budapeste, em Boston,
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    e estudar no mundo todo.
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    Alguns anos mais tarde,
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    quando me mudei para Harvard
    primeiro como um ano sabático,
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    eu me interessei por outro tipo de rede:
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    naquela época, as redes
    dentro de nós mesmos,
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    como os genes, as proteínas
    e os metabólitos se ligam uns aos outros
  • 1:38 - 1:41
    e como se conectam a doenças.
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    Esse interesse levou a um crescimento
    importante dentro da medicina,
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    que inclui a Network Medicine
    Division de Harvard,
  • 1:50 - 1:53
    com mais de 300 pesquisadores
    que usam essa perspectiva
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    para tratar pacientes
    e desenvolver novas curas.
  • 1:57 - 1:59
    Alguns anos atrás,
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    pensei em aproveitar essa ideia de redes
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    e nosso conhecimento em redes
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    em uma área diferente,
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    isto é, para entender o sucesso.
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    Por que fizemos isso?
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    Pensamos que, até certo ponto,
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    nosso sucesso é determinado
    pelas redes das quais fazemos parte,
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    que nossas redes podem
    nos impulsionar ou nos deter.
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    Eu estava curioso
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    se poderíamos usar o conhecimento,
    o "big data" e a competência
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    do desenvolvimento das redes
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    para quantificar
    como essas coisas acontecem.
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    Este é um resultado disso.
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    Vemos aqui uma rede de galerias em museus
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    que se conectam entre si.
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    Por meio deste mapa,
    elaborado no ano passado,
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    podemos prever com muita precisão
    o sucesso de um artista
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    se tivermos as primeiras
    cinco exposições de sua carreira.
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    Quando pensamos em sucesso,
  • 2:52 - 2:55
    percebemos que o sucesso
    não se trata apenas de redes;
  • 2:55 - 2:58
    há muitas outras dimensões envolvidas.
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    Uma das coisas que precisamos
    para o sucesso, obviamente,
  • 3:01 - 3:03
    é o desempenho.
  • 3:03 - 3:06
    Vamos definir qual é a diferença
    entre desempenho e sucesso.
  • 3:06 - 3:08
    Desempenho é o que você faz:
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    a velocidade a que você corre,
    o tipo de quadros que você pinta,
  • 3:12 - 3:14
    o tipo de artigos que você publica.
  • 3:14 - 3:16
    Contudo, em nossa definição de trabalho,
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    o sucesso se trata do que a comunidade
    percebe a partir do que você fez,
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    do seu desempenho:
  • 3:22 - 3:26
    como ela reconhece
    e recompensa você por isso.
  • 3:26 - 3:28
    Em outros termos,
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    seu desempenho trata-se de você,
    mas seu sucesso trata-se de todos nós.
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    Essa foi uma mudança
    muito importante para nós,
  • 3:37 - 3:39
    porque, quando definimos o sucesso
  • 3:39 - 3:43
    como uma medida coletiva
    que a comunidade nos fornece,
  • 3:43 - 3:44
    ele se tornou mensurável,
  • 3:44 - 3:49
    porque, se estiver na comunidade,
    haverá vários pontos de dados a respeito.
  • 3:49 - 3:54
    Então, vamos à escola,
    fazemos exercícios, praticamos,
  • 3:54 - 3:57
    porque acreditamos
    que o desempenho leva ao sucesso.
  • 3:58 - 4:00
    Mas, da maneira que começamos a explorar,
  • 4:00 - 4:03
    percebemos que desempenho e sucesso
    são coisas muito diferentes
  • 4:03 - 4:06
    quando se trata da matemática do problema.
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    Darei um exemplo.
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    Vemos aqui o homem
    mais rápido do mundo, Usain Bolt.
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    É claro que ele vence a maioria
    das competições das quais participa.
  • 4:18 - 4:20
    Sabemos que ele é o mais rápido
  • 4:20 - 4:23
    porque temos um cronômetro
    para medir a velocidade.
  • 4:23 - 4:27
    O interessante sobre ele
    é que, quando vence,
  • 4:27 - 4:32
    ele não vence superando os adversários
    de modo significativo.
  • 4:32 - 4:37
    Ele corre, no máximo, 1% mais rápido
    do que quem perde a corrida.
  • 4:38 - 4:41
    Não só corre 1% mais rápido
    do que o segundo lugar,
  • 4:41 - 4:44
    como também não corre dez vezes
    mais rápido do que eu.
  • 4:44 - 4:46
    E não sou bom corredor, acreditem.
  • 4:46 - 4:48
    (Risos)
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    Sempre que conseguimos medir o desempenho,
  • 4:51 - 4:53
    notamos algo muito interessante:
  • 4:53 - 4:56
    o desempenho é limitado.
  • 4:56 - 4:59
    Isso significa que não há grandes
    variações no desempenho humano.
  • 5:00 - 5:03
    Varia apenas em um intervalo estreito,
  • 5:03 - 5:06
    e precisamos do cronômetro
    para medir as diferenças.
  • 5:06 - 5:09
    Não significa que não conseguimos
    diferenciar os bons dos melhores,
  • 5:09 - 5:12
    mas é muito difícil
    distinguir os melhores.
  • 5:12 - 5:14
    O problema é que a maioria de nós
  • 5:14 - 5:19
    trabalha em áreas sem cronômetro
    para medir nosso desempenho.
  • 5:19 - 5:21
    Tudo bem, o desempenho é limitado.
  • 5:21 - 5:24
    Não há grandes diferenças entre nós
    quando se trata de nosso desempenho.
  • 5:24 - 5:25
    E quanto ao sucesso?
  • 5:26 - 5:29
    Vamos mudar para um assunto
    diferente, como livros.
  • 5:29 - 5:34
    Uma medida de sucesso para os escritores
    é a quantidade de leitores de sua obra.
  • 5:35 - 5:39
    Quando meu livro anterior
    foi lançado, em 2009,
  • 5:39 - 5:41
    eu estava na Europa falando com o editor
  • 5:41 - 5:43
    e fiquei interessado:
    "Quem eram meus concorrentes?"
  • 5:44 - 5:47
    Havia alguns incríveis.
  • 5:47 - 5:48
    Naquela semana...
  • 5:48 - 5:49
    (Risos)
  • 5:49 - 5:52
    Dan Brown lançou "O Símbolo Perdido",
  • 5:52 - 5:56
    e "A Última Música" também foi lançado,
  • 5:56 - 5:57
    de Nicholas Sparks.
  • 5:57 - 6:00
    Quando analisamos a lista,
  • 6:00 - 6:02
    percebemos que, em termos de desempenho,
  • 6:02 - 6:05
    quase não há diferença
    entre esses livros ou os meus.
  • 6:05 - 6:07
    Certo?
  • 6:08 - 6:11
    Talvez se a equipe de Nicholas Sparks
    trabalhasse um pouco mais,
  • 6:11 - 6:13
    ele poderia facilmente ficar em primeiro,
  • 6:13 - 6:16
    porque é quase por acidente
    acabar no topo da lista.
  • 6:16 - 6:20
    Eu disse: "Vamos analisar os números",
    pois sou uma pessoa de dados.
  • 6:20 - 6:24
    Vejamos quais foram as vendas
    para Nicholas Sparks.
  • 6:24 - 6:26
    Acontece que, no fim de semana inicial,
  • 6:26 - 6:29
    Nicholas Sparks vendeu
    mais de 100 mil cópias,
  • 6:29 - 6:31
    o que é um número incrível.
  • 6:31 - 6:34
    É possível chegar ao topo da lista
    dos mais vendidos do "New York Times"
  • 6:34 - 6:36
    com a venda de 10 mil cópias por semana.
  • 6:36 - 6:40
    Ele superou em dez vezes
    o necessário para ficar em primeiro.
  • 6:40 - 6:42
    Mas ele não ficou em primeiro.
  • 6:42 - 6:43
    Por quê?
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    Porque Dan Brown tinha vendido 1,2 milhão
    de cópias naquele final de semana.
  • 6:47 - 6:49
    (Risos)
  • 6:49 - 6:53
    Gosto dessas quantidades
    porque mostram que, realmente,
  • 6:53 - 6:57
    quando se trata de sucesso,
    ele é ilimitado,
  • 6:57 - 7:03
    que o melhor não é apenas
    um pouco maior do que o segundo melhor,
  • 7:03 - 7:06
    mas recebe mais ordens de grandeza,
  • 7:06 - 7:08
    porque o sucesso é uma medida coletiva.
  • 7:08 - 7:13
    Nós o atribuímos a elas,
    em vez de merecê-lo por nosso desempenho.
  • 7:13 - 7:18
    Percebemos que desempenho,
    que é o que fazemos, é limitado,
  • 7:18 - 7:21
    mas sucesso, que é coletivo, é ilimitado,
  • 7:21 - 7:22
    o que nos faz pensar:
  • 7:22 - 7:25
    "Como obtemos essas enormes
    diferenças de sucesso
  • 7:25 - 7:28
    quando temos diferenças
    tão pequenas no desempenho?"
  • 7:29 - 7:32
    Recentemente lancei um livro
    dedicado a essa mesma pergunta.
  • 7:32 - 7:35
    Eles não me deram tempo suficiente
    para examinar tudo isso.
  • 7:35 - 7:37
    Voltarei à pergunta:
  • 7:37 - 7:40
    certo, você tem sucesso;
    quando isso deveria aparecer?
  • 7:40 - 7:44
    Vamos voltar ao "spoiler"
    do grupo e nos perguntar:
  • 7:45 - 7:49
    "Por que Einstein
    fez essa declaração ridícula,
  • 7:49 - 7:52
    de que, somente antes dos 30 anos,
    poderíamos ser criativos?"
  • 7:52 - 7:56
    Porque ele se viu rodeado
    de todos esses físicos incríveis
  • 7:56 - 7:59
    que criaram a mecânica quântica
    e a física moderna,
  • 7:59 - 8:03
    e estavam todos na faixa dos 20
    e início dos 30 anos quando fizeram isso.
  • 8:04 - 8:05
    E não é apenas ele.
  • 8:05 - 8:07
    Não é só um viés de observação,
  • 8:07 - 8:11
    porque há uma área completa
    de pesquisa sobre gênios
  • 8:11 - 8:13
    que documentou o fato
  • 8:13 - 8:16
    de que, se analisarmos as pessoas
    que admiramos no passado,
  • 8:16 - 8:19
    e depois examinarmos a idade
    em que fizeram sua maior contribuição,
  • 8:19 - 8:22
    seja na música, na ciência
  • 8:22 - 8:23
    ou na engenharia,
  • 8:23 - 8:29
    a maioria delas estava na faixa dos 20,
    30, início dos 40 anos, no máximo.
  • 8:30 - 8:33
    Mas há um problema
    com essa pesquisa sobre gênios.
  • 8:33 - 8:36
    Em primeiro lugar, ela nos deu a impressão
  • 8:37 - 8:40
    de que criatividade é igual a juventude,
  • 8:40 - 8:42
    o que é doloroso, não é mesmo?
  • 8:42 - 8:44
    (Risos)
  • 8:44 - 8:48
    Também tem um viés de observação,
  • 8:48 - 8:53
    porque só analisa gênios
    e não cientistas comuns
  • 8:53 - 8:55
    e não analisa todos nós e pergunta:
  • 8:55 - 8:58
    "É verdade que a criatividade desaparece
    à medida que envelhecemos?"
  • 8:58 - 9:00
    É exatamente o que tentamos fazer,
  • 9:00 - 9:04
    e é importante ter referências.
  • 9:04 - 9:07
    Vamos analisar
    um cientista comum, como eu,
  • 9:07 - 9:08
    e minha carreira.
  • 9:08 - 9:12
    Vemos aqui todos os artigos que publiquei
  • 9:12 - 9:17
    desde meu primeiro, em 1989,
    quando eu ainda estava na Romênia,
  • 9:17 - 9:18
    até este ano.
  • 9:19 - 9:21
    Verticalmente, vemos o impacto do artigo,
  • 9:21 - 9:23
    ou seja, quantas citações,
  • 9:23 - 9:27
    quantos outros artigos escritos
    citaram esse trabalho.
  • 9:27 - 9:31
    Nessa análise, vemos que minha carreira
    tem cerca de três fases diferentes.
  • 9:31 - 9:34
    Nos primeiros dez anos,
    tive que trabalhar muito
  • 9:34 - 9:35
    e não consegui muito.
  • 9:35 - 9:37
    Ninguém parece se importar com o que faço.
  • 9:37 - 9:39
    Quase não há impacto.
  • 9:39 - 9:41
    (Risos)
  • 9:41 - 9:43
    Naquela época, eu estava fazendo
    ciência dos materiais,
  • 9:44 - 9:47
    e então descobri redes por mim mesmo
  • 9:47 - 9:49
    e comecei a publicar em redes.
  • 9:49 - 9:52
    Isso levou de um artigo
    de alto impacto para outro.
  • 9:52 - 9:55
    Eu me senti bem
    nessa fase de minha carreira.
  • 9:55 - 9:57
    (Risos)
  • 9:57 - 10:00
    A pergunta é: "E agora?"
  • 10:01 - 10:03
    Não sabemos, porque ainda
    não houve tempo suficiente
  • 10:03 - 10:06
    para descobrir o impacto desses artigos.
  • 10:06 - 10:07
    Leva tempo para saber.
  • 10:08 - 10:09
    Quando analisamos os dados,
  • 10:09 - 10:13
    parece que Einstein e a pesquisa
    sobre gênios estavam certos,
  • 10:13 - 10:14
    e estou nessa fase de minha carreira.
  • 10:14 - 10:16
    (Risos)
  • 10:19 - 10:23
    Dissemos: "Tudo bem, vamos descobrir
    como isso realmente acontece,
  • 10:23 - 10:25
    primeiro na ciência".
  • 10:25 - 10:28
    Para não ter o viés de seleção,
  • 10:28 - 10:30
    analisar apenas gênios,
  • 10:30 - 10:33
    acabamos reconstruindo
    a carreira de cada cientista
  • 10:33 - 10:36
    de 1900 até hoje
  • 10:36 - 10:40
    e descobrindo para todos eles
    sua melhor conquista,
  • 10:40 - 10:42
    se ganharam o Prêmio Nobel ou não,
  • 10:42 - 10:46
    ou ninguém sabe o que fizeram,
    nem mesmo sua melhor conquista.
  • 10:46 - 10:48
    É o que vemos neste slide.
  • 10:48 - 10:49
    Cada linha é uma carreira,
  • 10:49 - 10:54
    e um ponto azul claro no topo da carreira
    indica a melhor conquista.
  • 10:54 - 10:56
    A pergunta é:
  • 10:56 - 10:59
    "Quando eles, na verdade,
    fizeram sua maior descoberta?"
  • 10:59 - 11:00
    Para quantificar,
  • 11:00 - 11:03
    analisamos a probabilidade
    de fazermos nossa maior descoberta
  • 11:03 - 11:06
    em, digamos, um, dois, três
    ou dez anos em nossa carreira?
  • 11:07 - 11:10
    Não estamos analisando a idade real,
    mas o que chamamos de "idade acadêmica".
  • 11:10 - 11:14
    Nossa idade acadêmica começa
    ao publicarmos nossos primeiros artigos.
  • 11:14 - 11:15
    Sei que alguns de vocês ainda são bebês.
  • 11:15 - 11:17
    (Risos)
  • 11:17 - 11:19
    Vamos analisar a probabilidade
  • 11:19 - 11:22
    de publicarmos nosso artigo
    de maior impacto.
  • 11:22 - 11:25
    Vemos que, de fato,
    a pesquisa sobre gênios está certa.
  • 11:25 - 11:28
    A maioria dos cientistas tende a publicar
    seu artigo de maior impacto
  • 11:28 - 11:31
    nos primeiros 10, 15 anos de carreira,
  • 11:31 - 11:34
    e há um declínio após esse período.
  • 11:34 - 11:39
    É tão rápido que estou prestes...
    tenho exatamente 30 anos de carreira,
  • 11:39 - 11:41
    e a chance de eu publicar um artigo
  • 11:41 - 11:44
    que tenha um impacto maior
    do que qualquer coisa que fiz antes
  • 11:44 - 11:46
    é de menos de 1%.
  • 11:46 - 11:49
    Estou nessa fase de minha carreira,
    segundo esses dados.
  • 11:50 - 11:51
    Mas há um problema.
  • 11:52 - 11:55
    Não estamos controlando adequadamente.
  • 11:55 - 11:56
    O controle seria:
  • 11:56 - 12:01
    "Como seria um cientista que faz
    contribuições aleatórias para a ciência?"
  • 12:01 - 12:04
    "Ou qual é a produtividade do cientista?"
  • 12:04 - 12:06
    "Quando eles escrevem artigos?"
  • 12:06 - 12:09
    Assim medimos a produtividade
  • 12:09 - 12:11
    e, surpreendentemente, a produtividade,
  • 12:11 - 12:13
    a probabilidade de escrever um artigo
  • 12:13 - 12:15
    no primeiro, décimo
    ou vigésimo ano de carreira
  • 12:15 - 12:19
    é indistinguível da probabilidade
    de ter o impacto
  • 12:19 - 12:20
    naquela parte de nossa carreira.
  • 12:21 - 12:23
    Para encurtar a história,
  • 12:23 - 12:27
    depois de muitos testes estatísticos,
    só há uma explicação para isso:
  • 12:27 - 12:30
    nós, cientistas, trabalhamos
  • 12:30 - 12:34
    de modo que cada artigo que escrevemos,
    cada projeto que fazemos,
  • 12:34 - 12:37
    tenha exatamente a mesma chance
    de ser nossa melhor conquista.
  • 12:38 - 12:43
    Ou seja, a descoberta
    é como um bilhete de loteria.
  • 12:43 - 12:47
    Quanto mais bilhetes de loteria compramos,
    maiores são nossas chances,
  • 12:47 - 12:51
    tanto que a maioria dos cientistas
    compra a maioria dos bilhetes de loteria
  • 12:51 - 12:54
    nos primeiros 10, 15 anos de carreira.
  • 12:54 - 12:57
    Depois disso, sua produtividade diminui.
  • 12:57 - 12:59
    Eles deixam de comprar bilhetes de loteria
  • 12:59 - 13:03
    e parece que não são criativos.
  • 13:03 - 13:05
    Na realidade, eles pararam de tentar.
  • 13:06 - 13:09
    Quando reunimos os dados,
    a conclusão é muito simples:
  • 13:09 - 13:12
    "O sucesso pode vir a qualquer momento".
  • 13:12 - 13:16
    Pode ser o primeiro ou o último
    artigo de sua carreira.
  • 13:16 - 13:20
    É totalmente aleatório
    no espaço dos projetos.
  • 13:20 - 13:22
    É a produtividade que muda.
  • 13:22 - 13:23
    Darei um exemplo.
  • 13:23 - 13:26
    Este é Frank Wilczek,
    que recebeu o Prêmio Nobel de Física
  • 13:26 - 13:30
    pelo primeiro artigo que escreveu
    na carreira como aluno de pós-graduação.
  • 13:31 - 13:32
    (Risos)
  • 13:32 - 13:35
    Mais interessante é John Fenn,
  • 13:35 - 13:39
    que, aos 70 anos, foi aposentado à força
    pela Universidade Yale.
  • 13:39 - 13:41
    Fecharam o laboratório dele
  • 13:41 - 13:45
    e, naquele momento, ele se mudou
    para a Virginia Commonwealth University,
  • 13:45 - 13:47
    abriu outro laboratório,
  • 13:47 - 13:50
    e foi lá, aos 72 anos,
    que publicou um artigo
  • 13:50 - 13:54
    pelo qual, 15 anos depois,
    recebeu o Prêmio Nobel de Química.
  • 13:55 - 13:58
    Pensamos: "Tudo bem, a ciência é especial,
  • 13:58 - 14:01
    mas e quanto a outras áreas
    em que precisamos ser criativos?"
  • 14:01 - 14:05
    Darei outro exemplo típico:
  • 14:05 - 14:07
    empreendedorismo.
  • 14:07 - 14:08
    Vale do Silício,
  • 14:08 - 14:11
    a terra da juventude, não é mesmo?
  • 14:11 - 14:12
    De fato, ao analisarmos,
  • 14:12 - 14:17
    percebemos que os maiores prêmios,
    como o TechCrunch Awards, e outros,
  • 14:17 - 14:18
    estão todos destinados a pessoas
  • 14:18 - 14:24
    com idade média no final dos 20
    e bem no início dos 30 anos.
  • 14:24 - 14:28
    Analisamos a quem os capitalistas
    de risco dão o dinheiro,
  • 14:28 - 14:30
    algumas das maiores empresas
    de capital de risco,
  • 14:30 - 14:32
    todas as pessoas
    com pouco mais de 30 anos.
  • 14:33 - 14:34
    Sabemos, é claro,
  • 14:34 - 14:39
    que há uma crença no Vale do Silício
    de que juventude é igual a sucesso.
  • 14:40 - 14:42
    Isso não ocorre
    quando analisamos os dados,
  • 14:42 - 14:45
    porque não se trata apenas
    de formar uma empresa,
  • 14:45 - 14:47
    que é semelhante à produtividade:
    tentar, tentar, tentar,
  • 14:47 - 14:50
    quando analisamos quais desses indivíduos
  • 14:50 - 14:54
    criam uma empresa e uma saída de sucesso.
  • 14:54 - 14:57
    Recentemente, alguns de nossos colegas
    analisaram exatamente essa questão.
  • 14:57 - 15:01
    Acontece que pessoas
    na faixa dos 20 e 30 anos
  • 15:01 - 15:04
    criam um número enorme de empresas,
  • 15:04 - 15:06
    mas a maioria delas quebra.
  • 15:06 - 15:10
    Quando analisamos as saídas bem-sucedidas,
    vemos, nesse enredo em particular,
  • 15:10 - 15:14
    que, quanto maior a idade, maior a chance
    de conquistar o mercado de ações
  • 15:14 - 15:16
    ou a venda da empresa com sucesso.
  • 15:17 - 15:20
    Isso é tão forte que, se você
    estiver na faixa dos 50 anos,
  • 15:20 - 15:24
    terá duas vezes mais chances
    de ter uma saída bem-sucedida
  • 15:24 - 15:25
    do que se estiver na faixa dos 30 anos.
  • 15:27 - 15:29
    (Aplausos)
  • 15:32 - 15:35
    Finalmente, o que vemos na verdade?
  • 15:35 - 15:39
    Vemos que criatividade não tem idade.
  • 15:39 - 15:41
    Produtividade sim, certo?
  • 15:41 - 15:46
    Isso me diz que, no final,
  • 15:46 - 15:48
    se continuarmos tentando,
  • 15:48 - 15:50
    (Risos)
  • 15:50 - 15:54
    ainda podemos ter cada vez mais sucesso.
  • 15:54 - 15:56
    Minha conclusão é muito simples:
  • 15:56 - 15:58
    saio do palco,
    de volta ao meu laboratório.
  • 15:58 - 15:59
    Obrigado.
  • 15:59 - 16:01
    (Aplausos)
Title:
A verdadeira relação entre idade e chance de sucesso
Speaker:
Albert-László Barabási
Description:

Apoiado pela análise matemática, o teórico de redes Albert-László Barabási explora os mecanismos ocultos que levam ao sucesso, não importa a área, e revela uma relação intrigante entre idade e chance de sucesso.

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:16

Portuguese, Brazilian subtitles

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