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As surpreendentes sementes de uma revolução de megadados na saúde.

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    Existe uma piada, sobre um polícia
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    que está a fazer a sua patrulha
    a meio da noite,
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    e encontra um sujeito
    sob a luz do candeeiro,
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    a olhar para o chão e a andar
    de um lado para o outro.
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    O polícia pergunta-lhe
    o que está a fazer.
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    O sujeito diz que está
    à procura das chaves.
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    Então, o polícia decide ajudar
    e começa a procurar
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    e faz uma espécie de matriz,
    procurando durante dois ou três minutos.
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    Não encontram as chaves.
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    O polícia diz: "Amigo, tem a certeza?
  • 0:23 - 0:25
    "Tem a certeza que perdeu as chaves aqui?"
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    E o sujeito diz:
    "Não, eu perdi-as ali em baixo,
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    "na outra ponta da estrada,
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    "mas a luz aqui é melhor."
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    (Risos)
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    Existe um conceito em voga
    chamado "metadados".
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    Significa toda a informação
    que estamos a gerar
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    através da nossa interacção
    com e através da Internet,
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    tudo desde o Facebook e o Twitter,
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    até "downloads" de músicas,
    filmes, "streaming", tudo isso,
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    como o "stream" em tempo real do TED.
  • 0:52 - 0:54
    As pessoas que trabalham com metadados
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    dizem que o maior problema
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    é que temos demasiada informação.
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    O maior problema é,
    como organizar toda essa informação?
  • 1:01 - 1:04
    Quando trabalhamos
    em programas de saúde mundial,
  • 1:04 - 1:06
    esse não é o nosso maior problema.
  • 1:06 - 1:07
    Porque para nós,
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    apesar de a luz ser melhor na Internet,
  • 1:11 - 1:13
    os dados que nos ajudam
    a resolver os problemas,
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    que queremos resolver,
    não se encontram na Internet.
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    Assim sendo, não sabemos,
    por exemplo,
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    quantas pessoas neste momento
    são afectadas por desastres
  • 1:21 - 1:24
    ou por situações conflituosas.
  • 1:24 - 1:27
    Não sabemos quais as clínicas
  • 1:27 - 1:30
    nos países em desenvolvimento,
    que têm medicamentos,
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    e quais não os têm.
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    Não temos ideia de como é
    a cadeia de abastecimento dessas clínicas.
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    Não sabemos — e isto surpreende-me —
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    não sabemos quantas crianças nasceram,
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    nem quantas crianças existem
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    na Bolívia, no Botsuana ou no Butão.
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    Não sabemos quantas crianças
    morreram a semana passada
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    em qualquer um desses países.
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    Não sabemos quais as necessidades
    dos idosos, dos deficientes mentais.
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    Para todos esses problemas diferentes
    de importância crítica
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    ou áreas de importância crítica
    em que queremos resolver problemas,
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    basicamente não sabemos nada.
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    Parte da razão por que não sabemos nada
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    é que os sistemas de
    tecnologia de informação
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    que usamos nos programas de saúde global,
    para encontrar os dados
  • 2:12 - 2:15
    para resolver estes problemas,
    são o que vêem aqui.
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    Isto é um tecnologia
    com cerca de 5000 anos.
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    Talvez vocês já a tenham usado.
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    O seu reino está a acabar,
    mas nós continuamos a usá-la,
  • 2:21 - 2:24
    para 99 % das nossas coisas.
  • 2:24 - 2:26
    Isto é um formulário em papel.
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    O que vocês estão a ver
    é um formulário em papel,
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    na mão de uma enfermeira
    do Ministério da Saúde,
  • 2:31 - 2:35
    na Indonésia, que percorre
    o interior da Indónesia,
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    num dia muito quente e húmido.
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    Ela vai bater a milhares de portas
  • 2:40 - 2:42
    durante um período de semanas ou meses,
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    bater às portas e dizer:
  • 2:44 - 2:46
    "Peço desculpa, gostaria de fazer
    algumas perguntas.
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    "Tem filhos?
    Os seus filhos foram vacinados?"
  • 2:50 - 2:52
    Porque a única forma de nós descobrirmos
  • 2:52 - 2:55
    quantas crianças na Indonésia
    foram vacinadas,
  • 2:55 - 2:57
    qual a percentagem de crianças vacinadas,
  • 2:57 - 3:00
    na realidade não é na Internet,
    mas sim indo bater às portas,
  • 3:01 - 3:03
    às vezes dezenas de milhares de portas.
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    Às vezes demora meses, ou até mesmo anos,
  • 3:06 - 3:07
    para fazer algo deste género.
  • 3:07 - 3:09
    Sabem, um censo na Indonésia
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    provavelmente demoraria
    dois anos a ser completado.
  • 3:12 - 3:14
    Claro que o problema com tudo isto
  • 3:14 - 3:15
    é com todos estes formulários em papel
  • 3:15 - 3:18
    — e digo-vos, nós temos
    formulários em papel para tudo.
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    Temos formulários em papel
    para estudos de vacinação.
  • 3:21 - 3:24
    Temos formulários em papel para
    saber quais as pessoas que vão às clínicas.
  • 3:24 - 3:27
    Temos formulários em papel para
    acompanhar o fornecimento de medicamentos,
  • 3:27 - 3:30
    o fornecimento de sangue,
    todos esses diferentes formulários
  • 3:30 - 3:31
    para vários tópicos,
  • 3:31 - 3:34
    todos têm em comum o mesmo fim,
  • 3:34 - 3:36
    e o fim parece-se com isto.
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    O que vemos aqui é uma imensidão de dados.
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    Isto são os dados de um único questionário
    sobre a cobertura da vacinação
  • 3:45 - 3:47
    num único distrito da Zâmbia,
  • 3:47 - 3:50
    em que eu participei há uns anos atrás.
  • 3:50 - 3:52
    A única coisa que alguém
    estava a tentar descobrir
  • 3:52 - 3:55
    era qual a percentagem de crianças
    da Zâmbia que são vacinadas.
  • 3:55 - 3:59
    Estes sãos os dados, recolhidos
    em papel durante semanas
  • 3:59 - 4:00
    num único distrito,
  • 4:00 - 4:03
    que é quase como um condado
    nos Estados Unidos.
  • 4:03 - 4:05
    Podem imaginar que, para a Zâmbia completa,
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    responder a essa única questão
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    parece-se algo como isto.
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    Carrinha após carrinha após carrinha,
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    cheia de pilhas atrás de pilhas
    atrás de pilhas de dados.
  • 4:16 - 4:18
    O que torna isto ainda pior
  • 4:18 - 4:20
    é que isso é apenas o começo
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    porque, assim que se colecionam
    todos os dados,
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    é óbvio que alguém terá de
  • 4:23 - 4:25
    — alguma pessoa pouco sortuda —
  • 4:25 - 4:27
    terá de digitar aquilo num computador.
  • 4:27 - 4:28
    Quando eu era um recém-licenciado
  • 4:28 - 4:30
    fui essa pessoa pouco sortuda
    algumas vezes.
  • 4:30 - 4:33
    Posso-vos dizer que às vezes
    não estava a prestar muita atenção.
  • 4:33 - 4:35
    Provavelmente, quando o fiz,
    cometi muitos erros
  • 4:35 - 4:38
    que nunca ninguém descobriu,
    pelo que a qualidade dos dados é menor.
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    Mas, por fim, aqueles dados
    são digitados num computador
  • 4:41 - 4:43
    e alguém pode começar a analisá-los.
  • 4:43 - 4:46
    Assim que têm uma análise e um relatório,
  • 4:46 - 4:49
    esperemos que possamos tirar
    resultados dessa colecção de dados
  • 4:49 - 4:51
    e usá-los para vacinar melhor as crianças.
  • 4:51 - 4:54
    Porque, se existe alguma coisa pior
  • 4:54 - 4:57
    no ramo da saúde pública global,
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    eu não sei o que é pior do que
    permitir que crianças neste planeta
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    morram de doenças
    para as quais existem vacinas,
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    doenças para as quais
    as vacinas custam um dolár.
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    Milhões de crianças morrem
    devido a estas doenças, todos os anos.
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    E milhões são uma estimativa por alto
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    porque não sabemos exactamente
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    quantas crianças morrem por ano,
    com estas doenças.
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    O que torna a situação
    ainda mais frustrante
  • 5:18 - 5:21
    é que a parte da inserção de dados,
    a parte que eu fazia,
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    às vezes pode demorar seis meses.
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    Às vezes pode demorar dois anos
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    a digitar aquela informação num computador,
  • 5:27 - 5:31
    e muitas vezes nunca chega a acabar.
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    Agora tentem compreender isto.
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    Têm equipas de centenas de pessoas.
  • 5:35 - 5:38
    Elas vão para o terreno para
    responder uma certa pergunta.
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    Provavelmente gastaram-se
    centenas de milhares de dólares
  • 5:40 - 5:44
    em combustível e fotocópias por dia.
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    Depois, por alguma razão,
    a dinâmica perde-se
  • 5:46 - 5:47
    ou deixa de haver dinheiro,
  • 5:47 - 5:50
    e tudo isso acaba
  • 5:50 - 5:53
    porque ninguém introduz
    os dados no computador.
  • 5:53 - 5:56
    O processo simplesmente para.
    Acontece muitas vezes.
  • 5:56 - 5:59
    É nisto que baseamos as nossas
    decisões acerca de saúde global:
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    poucos dados, dados antigos, nenhuns dados.
  • 6:04 - 6:06
    Em 1995, comecei a pensar numa forma
  • 6:06 - 6:08
    de melhorar este processo.
  • 6:08 - 6:11
    Obviamente que 1995 já foi há muito tempo.
  • 6:11 - 6:15
    Até me assusto de pensar
    há quanto tempo foi.
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    O melhor filme do ano foi
  • 6:16 - 6:17
    "Die Hard — a Vingança."
  • 6:17 - 6:20
    Como vêem, o Bruce Willis
    tinha mais cabelo nessa altura.
  • 6:20 - 6:23
    Eu estava a trabalhar nos
    Centros para Controlo de Doenças,
  • 6:23 - 6:25
    e também tinha mais cabelo nessa altura.
  • 6:25 - 6:29
    Mas para mim, a coisa
    mais importante que vi em 1995
  • 6:29 - 6:30
    foi isto.
  • 6:30 - 6:33
    É difícil imaginar, mas em 1995,
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    isto era o melhor e mais moderno
    dispositivo móvel.
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    Certo? Não era um IPhone.
    Não era um Galaxy.
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    Era um Palm Pilot.
  • 6:40 - 6:44
    Quando vi o Palm Pilot
    pela primeira vez, pensei:
  • 6:44 - 6:47
    Pporque é que não colocamos
    os formulários nestes Palm Pilots
  • 6:47 - 6:49
    e vamos para o terreno,
    levando apenas um Palm Pilot
  • 6:49 - 6:53
    que pode guardar dezenas de milhares
    de formulários em papel?
  • 6:53 - 6:55

    Porque é que não experimentamos isto?
  • 6:55 - 6:56
    Porque, se pudermos fazer isso,
  • 6:56 - 7:00
    se pudermos recolher os dados
    de modo electrónico, digital,
  • 7:00 - 7:01
    desde o início,
  • 7:01 - 7:05
    fazemos um atalho nesse processo
  • 7:05 - 7:08
    da digitação,
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    ter alguém a escrever as coisas
    no computador.
  • 7:10 - 7:12
    Podemos saltar logo para a análise
  • 7:12 - 7:15
    e depois para a utilização dos dados
    para realmente salvar vidas.
  • 7:15 - 7:18
    Isso foi o que eu comecei a fazer.
  • 7:18 - 7:20
    Ao trabalhar no CCD,
    comecei a viajar pelo mundo fora
  • 7:20 - 7:22
    para programas diferentes
  • 7:22 - 7:25
    e a treinar as pessoas
    para usarem Palm Pilots
  • 7:25 - 7:27
    para recolher os dados,
    em vez de usarem papel.
  • 7:27 - 7:29
    Na verdade, correu bem.
  • 7:29 - 7:32
    Correu exactamente como previsto.
  • 7:32 - 7:33
    Surpresa!
  • 7:33 - 7:35
    A recolha de dados digital
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    é mais eficiente do que a recolha em papel.
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    Enquanto estava a fazê-lo,
    a minha parceira, a Rose,
  • 7:39 - 7:42
    — que está aqui na audiência
    com o seu marido, Matthew —
  • 7:42 - 7:45
    a Rose estava a fazer uma coisa parecida
    para a Cruz Vermelha americana.
  • 7:45 - 7:47
    O problema foi que,
    após alguns anos a fazer isto,
  • 7:47 - 7:49
    percebi que tinha feito
  • 7:49 - 7:52
    — tinha ido a talvez
    a seis ou sete programas —
  • 7:52 - 7:55
    e pensei: se continuar a este ritmo,
  • 7:55 - 7:56
    ao longo de toda a minha carreira,
  • 7:56 - 7:59
    se calhar conseguirei ir
    talvez a 20 ou 30 programas.
  • 7:59 - 8:02
    O problema é que, 20 ou 30 programas,
  • 8:02 - 8:05
    treinar 20 ou 30 programas
    a usar esta tecnologia,
  • 8:05 - 8:07
    tem um impacto muito pequeno.
  • 8:07 - 8:10
    Nos países em desenvolvimento,
    é enorme a procura disto,
  • 8:10 - 8:12
    a necessidade de melhores programas
    para processar dados
  • 8:12 - 8:16
    apenas na saúde, sem falar noutras áreas.
  • 8:16 - 8:20
    Existem milhões e milhões de programas,
  • 8:20 - 8:22
    milhões de clínicas que precisam
    de acompanhar os medicamentos,
  • 8:22 - 8:24
    milhões de programas de vacinação.
  • 8:24 - 8:26
    Há escolas que precisam
    de controlar a assiduidade.
  • 8:26 - 8:28
    Existem todas estas coisas
  • 8:28 - 8:30
    que precisam de dados.
  • 8:30 - 8:35
    Apercebi-me que, se continuasse
    do mesmo modo,
  • 8:35 - 8:38
    dificilmente causaria algum impacto
  • 8:38 - 8:40
    quando chegasse ao final da minha carreira.
  • 8:40 - 8:42
    Então comecei a puxar pelo meu cérebro
  • 8:42 - 8:45
    a tentar pensar sobre o processo
    que estava a fazer,
  • 8:45 - 8:48
    como estava a treinar o pessoal,
    e quais os pontos a afectar o desempenho,
  • 8:48 - 8:50
    quais os obstáculos que
    impediam de fazer mais depressa
  • 8:50 - 8:52
    e de modo mais eficiente?
  • 8:52 - 8:55
    Infelizmente, após pensar
    sobre isto durante algum tempo,
  • 8:55 - 8:56
    apercebi-me...
  • 8:56 - 8:59
    Identifiquei o principal obstáculo.
  • 8:59 - 9:00
    O principal obstáculo era afinal,
  • 9:00 - 9:02
    — e é uma triste constatação —
  • 9:02 - 9:04
    o maior obstáculo era eu.
  • 9:04 - 9:07
    O que quero dizer com isto?
  • 9:07 - 9:08
    Eu desenvolvi um processo
  • 9:08 - 9:13
    no qual eu era o centro do universo
    desta tecnologia.
  • 9:14 - 9:17
    Se quisessem usar esta tecnologia,
    tinham de me contactar.
  • 9:17 - 9:19
    Precisavam de saber que eu existia.
  • 9:19 - 9:21
    Tinham de ter dinheiro para me pagar
  • 9:21 - 9:22
    para voar até ao vosso país
  • 9:22 - 9:24
    e dinheiro para pagar o hotel
  • 9:24 - 9:26
    e a minha taxa por período e por dia.
  • 9:26 - 9:29
    Estamos a falar de cerca
    de 10 ou 20 ou 30 mil dólares,
  • 9:29 - 9:32
    se eu tivesse tempo,
    se encaixasse na minha agenda
  • 9:32 - 9:34
    e se eu não estivesse de férias.
  • 9:34 - 9:37
    Em suma, qualquer sistema que depende
  • 9:37 - 9:40
    duma única pessoa, ou de
    duas ou três ou cinco pessoas,
  • 9:40 - 9:41
    simplesmente não se desenvolve.
  • 9:41 - 9:44
    Isso é um problema, pois
    precisamos de desenvolver esta tecnologia
  • 9:44 - 9:46
    e temos de o fazer agora.
  • 9:46 - 9:49
    Portanto comecei a pensar
    em maneiras de basicamente
  • 9:49 - 9:51
    me retirar do processo.
  • 9:51 - 9:56
    Estive a pensar
  • 9:56 - 9:57
    como retirar-me do processo
  • 9:57 - 10:00
    durante bastante tempo.
  • 10:00 - 10:01
    Sabem, eu fui treinado em que
  • 10:01 - 10:04
    a forma como se distribui a tecnologia
    no desenvolvimento internacional
  • 10:04 - 10:06
    é sempre baseada em consultores.
  • 10:06 - 10:09
    É sempre com pessoas parecidas comigo
  • 10:09 - 10:12
    que voam de países como este
  • 10:12 - 10:15
    para outros países com pele mais escura.
  • 10:15 - 10:17
    Chegamos lá, gastamos dinheiro
    em passagens áreas,
  • 10:17 - 10:21
    gastamos tempo e diárias,
  • 10:21 - 10:23
    e gastamos num hotel
    e em todas essas coisas.
  • 10:23 - 10:25
    Tanto quanto sabia, essa era a única forma
  • 10:25 - 10:28
    de distribuir tecnologia,
    e não conseguia descobrir outra maneira.
  • 10:28 - 10:31
    Mas o milagre acabou por acontecer.
  • 10:31 - 10:33
    Vou-lhe chamar Hotmail, para facilitar.
  • 10:33 - 10:36
    Podem não pensar no Hotmail
    como algo milagroso,
  • 10:36 - 10:38
    mas para mim foi, porque reparei,
  • 10:38 - 10:41
    enquanto lutava com este problema,
  • 10:41 - 10:44
    — estava a trabalhar na África subsaariana
    na maior parte do tempo —
  • 10:44 - 10:47
    notei que os trabalhadores da saúde
    na África subsaariana,
  • 10:47 - 10:50
    com quem trabalhava,
    tinham uma conta de Hotmail.
  • 10:51 - 10:53
    Eu pensei, veio-me à cabeça,
  • 10:53 - 10:56
    espera aí, eu sei
    que as pessoas do Hotmail
  • 10:56 - 10:59
    de certeza não voam para o
    Ministério da Saúde do Quénia
  • 10:59 - 11:01
    para treinar as pessoas
    a usarem o Hotmail.
  • 11:01 - 11:04
    Então, estas pessoas
    estão a distribuir tecnologia.
  • 11:04 - 11:06
    Estão a colocar capacidade
    de "software" por aí
  • 11:06 - 11:08
    mas não estão a voar pelo mundo.
  • 11:08 - 11:09
    Tenho de pensar um pouco mais sobre isto.
  • 11:09 - 11:12
    Enquanto pensava,
    as pessoas começaram a usar
  • 11:12 - 11:15
    ainda mais coisas como estas,
    tal como nós usávamos.
  • 11:15 - 11:16
    Começaram a usar o LinkedIn e o Flickr,
  • 11:16 - 11:19
    o Gmail e o Google Maps,
    todas essas coisas.
  • 11:19 - 11:21
    Claro, todas estas coisas são
    baseadas na nuvem
  • 11:21 - 11:24
    e não requerem qualquer treino.
  • 11:24 - 11:25
    Não requerem programadores.
  • 11:25 - 11:27
    Não requerem consultores,
  • 11:27 - 11:29
    porque o modelo de negócio,
    de todos esses negócios
  • 11:29 - 11:31
    requer que seja tão simples
  • 11:31 - 11:34
    que possa ser usado
    com pouco ou nenhum treino.
  • 11:34 - 11:36
    Só tem de vos chegar aos ouvidos
    e irem ao "website".
  • 11:36 - 11:40
    Então pensei, o que aconteceria
    se construíssemos um "software"
  • 11:40 - 11:42
    que substituísse os meus
    serviços de consultoria?
  • 11:42 - 11:44
    Em vez de treinar as pessoas
  • 11:44 - 11:47
    a colocar formulários
    em dispositivos móveis,
  • 11:47 - 11:49
    vamos criar um "software"
    que lhes permita fazer isso ,
  • 11:49 - 11:51
    sem treino e sem eu estar envolvido.
  • 11:51 - 11:53
    Foi exactamente isso que fizemos.
  • 11:53 - 11:56
    Criámos um "software" chamado Magpi,
  • 11:56 - 11:58
    que tem um criador de formulários "online".
  • 11:58 - 12:00
    Ninguém tem que falar comigo.
  • 12:00 - 12:02
    Só têm de ouvir falar sobre ele
    e ir a um "website".
  • 12:02 - 12:05
    Podem criar formulários
    e, logo que os criarem,
  • 12:05 - 12:07
    carregam-nos para uma série de
    dispositivos móveis comuns.
  • 12:07 - 12:10
    Obviamente que hoje em dia,
    mudámos dos Palm Pilots
  • 12:10 - 12:11
    para os telemóveis.
  • 12:11 - 12:12
    Não tem de ser um "smartphone".
  • 12:12 - 12:15
    Pode ser um telemóvel básico,
    como aquele à direita,
  • 12:15 - 12:17
    a versão básica de um telemóvel Symbian
  • 12:17 - 12:19
    que é muito comum
    nos países em desenvolvimento.
  • 12:19 - 12:23
    A melhor parte disto
    é que é tal e qual o Hotmail.
  • 12:23 - 12:25
    É baseado na nuvem,
    e não requer qualquer treino,
  • 12:25 - 12:27
    programação, consultores.
  • 12:27 - 12:29
    Mas existem outros benefícios adicionais.
  • 12:29 - 12:31
    Sabíamos, quando construímos este sistema,
  • 12:31 - 12:33
    que a questão central,
    como com os Palm Pilots,
  • 12:33 - 12:37
    era que vocês seriam
    capazes de recolher dados
  • 12:37 - 12:39
    e transferi-los imediatamente.
  • 12:39 - 12:42
    O que descobrimos, dado que já
    se encontram num computador,
  • 12:42 - 12:45
    é que podemos entregar mapas instantaneous,
    e análises e gráficos.
  • 12:45 - 12:47
    Podemos pegar num processo que
    demorou dois anos
  • 12:47 - 12:50
    e comprimi-lo em cinco minutos.
  • 12:50 - 12:53
    Melhorias de eficiência inacreditáveis.
  • 12:53 - 12:57
    Baseado na nuvem, sem treino,
    sem consultores, sem mim.
  • 12:57 - 13:00
    Eu disse-vos que nos primeiros anos
  • 13:00 - 13:02
    a tentar isto à maneira antiga,
  • 13:02 - 13:03
    indo a cada país,
  • 13:03 - 13:06
    conseguimos, não sei bem,
  • 13:06 - 13:08
    provavelmente treinámos
    umas 1000 pessoas.
  • 13:08 - 13:10
    O que aconteceu após fazermos isto?
  • 13:10 - 13:12
    Nos segundos três anos,
    tivemos 14 000 pessoas
  • 13:12 - 13:15
    a visitar o "site", a registarem-se,
    a usarem-no para recolher dados,
  • 13:15 - 13:18
    dados para resposta a desastres,
  • 13:18 - 13:22
    suinicultores canadianos a acompanhar
    doenças de porcos e de varas,
  • 13:22 - 13:24
    pessoas a acompanharem
    fornecimentos de medicamentos.
  • 13:24 - 13:26
    Um dos meus exemplos preferidos, o CIS,
  • 13:26 - 13:28
    — Comité Internacional de Salvamento —
  • 13:28 - 13:31
    tem um programa onde
    parteiras semi-analfabetas
  • 13:31 - 13:33
    que usam telemóveis de 10 doláres
  • 13:33 - 13:36
    enviam uma mensagem de texto
    usando o nosso "software",
  • 13:36 - 13:38
    uma vez por semana,
    com o número de nascimentos
  • 13:38 - 13:40
    e o números de mortes,
    o que dá ao CIS
  • 13:40 - 13:43
    algo que ninguém jamais teve, em programas
    de saúde global :
  • 13:43 - 13:46
    um sistema quase em tempo real
    de contagem de bebés,
  • 13:46 - 13:48
    que sabe quantas crianças nascem,
  • 13:48 - 13:50
    que sabe quantas crianças
    existem na Serra Leoa,
  • 13:50 - 13:52
    que é o país onde isto está a acontecer,
  • 13:52 - 13:55
    e que sabe quantas crianças morrem.
  • 13:55 - 13:58
    Médicos pelos Direitos dos Humanos
  • 13:58 - 14:00
    — aqui estamos a sair um pouco
    do campo da saúde —
  • 14:00 - 14:02
    estão a juntar-se, e a treinar pessoas
  • 14:02 - 14:06
    para fazer exames de violação no Congo,
    onde isto é uma epidemia,
  • 14:06 - 14:08
    uma epidemia horrível.
  • 14:08 - 14:09
    Estão a usar o nosso "software"
  • 14:09 - 14:13
    para documentar as provas
    que encontram, incluindo fotografias,
  • 14:13 - 14:16
    de modo a levar os criminosas
    perante a justiça.
  • 14:17 - 14:21
    A Camfed, outra instituição de caridade
    com sede fora da Grã-Bretanha,
  • 14:21 - 14:24
    paga às famílias de meninas
    para que estas continuem na escola.
  • 14:24 - 14:27
    Eles sabem que é a intervenção
    mais significativa que podem fazer.
  • 14:27 - 14:30
    Costumavam registar no papel as faltas,
  • 14:30 - 14:32
    as presenças, as notas.
  • 14:32 - 14:33
    O tempo médio entre o professor
  • 14:33 - 14:35
    registar as notas ou as presenças
  • 14:35 - 14:37
    e pôr isso num relatório,
    era de cerca de dois ou três anos.
  • 14:37 - 14:39
    Agora é em tempo real,
  • 14:39 - 14:42
    e como isto é um sistema
    muito barato, baseado na nuvem,
  • 14:42 - 14:47
    custa, para o total dos cinco países
    em que a Camfed opera,
  • 14:47 - 14:48
    com dezenas de milhares de meninas,
  • 14:48 - 14:51
    o custo total combinado é
    de 10 000 dólares por ano.
  • 14:51 - 14:54
    Isso é menos do que eu costumava receber
  • 14:54 - 14:56
    a viajar por duas semanas
    e oferecer o serviço de consultoria.
  • 14:58 - 15:00
    Anteriormente disse-vos que,
  • 15:00 - 15:02
    quando fazíamos isto à maneira antiga,
  • 15:02 - 15:05
    apercebi-me que todo o nosso trabalho
    tinha um impacto pequeno
  • 15:05 - 15:07
    — 10, 20, 30 programas diferentes.
  • 15:08 - 15:09
    Fizemos um grande progresso,
  • 15:09 - 15:12
    mas reconheço que, actualmente,
    mesmo o trabalho que fizemos
  • 15:12 - 15:14
    com 14 000 pessoas a usarem isto,
  • 15:14 - 15:16
    continua a não ter um grande impacto.
  • 15:16 - 15:17
    Mas algo mudou.
  • 15:17 - 15:19
    E parece-me óbvio.
  • 15:19 - 15:21
    O que mudou é:
  • 15:21 - 15:24
    em vez de termos um programa
    em que crescemos devagar,
  • 15:24 - 15:27
    em que não podemos atingir
    todas as pessoas que precisam de nós,
  • 15:27 - 15:31
    tornámos desnecessário
    ir ter com as pessoas.
  • 15:31 - 15:34
    Criámos uma ferramenta
    que permite programas
  • 15:34 - 15:36
    que mantém as crianças na escola,
  • 15:36 - 15:38
    que acompamhar o número
    de bebés que nascem
  • 15:38 - 15:40
    e o número de bebés que morrem,
  • 15:40 - 15:44
    que apanham criminosos e os processam,
  • 15:44 - 15:46
    que fazem todas estas coisas.
  • 15:46 - 15:49
    Aprendemos mais sobre
    o que está a acontecer,
  • 15:49 - 15:52
    compreendemos mais, vemos mais,
  • 15:52 - 15:55
    e salvamos e melhoramos vidas humanas.
  • 15:56 - 15:58
    Obrigado.
  • 15:58 - 16:01
    (Aplausos)
Title:
As surpreendentes sementes de uma revolução de megadados na saúde.
Speaker:
Joel Selanikio
Description:

Recolher dados sobre a saúde global era uma ciência imperfeita: Trabalhadores percorriam povoações, batiam às portas e faziam perguntas, escreviam as respostas em formulários de papel, e depois digitavam os dados — a partir desta informação com falhas, alguns países tomavam decisões de grande importância. O "geek" de dados, Joel Selanikio, fala das mudanças na recolha de dados de saúde na década passada — começando com o Palm Pilot e o Hotmail, e terminando na nuvem.
(Filmado no TEDxAustin.)

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Video Language:
English
Team:
closed TED
Project:
TEDTalks
Duration:
16:18

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