As surpreendentes sementes de uma revolução de megadados na saúde.
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0:01 - 0:03Existe uma piada, sobre um polícia
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0:03 - 0:05que está a fazer a sua patrulha
a meio da noite, -
0:05 - 0:07e encontra um sujeito
sob a luz do candeeiro, -
0:07 - 0:10a olhar para o chão e a andar
de um lado para o outro. -
0:10 - 0:11O polícia pergunta-lhe
o que está a fazer. -
0:11 - 0:14O sujeito diz que está
à procura das chaves. -
0:14 - 0:16Então, o polícia decide ajudar
e começa a procurar -
0:16 - 0:19e faz uma espécie de matriz,
procurando durante dois ou três minutos. -
0:19 - 0:21Não encontram as chaves.
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0:21 - 0:23O polícia diz: "Amigo, tem a certeza?
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0:23 - 0:25"Tem a certeza que perdeu as chaves aqui?"
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0:25 - 0:28E o sujeito diz:
"Não, eu perdi-as ali em baixo, -
0:28 - 0:29"na outra ponta da estrada,
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0:29 - 0:30"mas a luz aqui é melhor."
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0:30 - 0:33(Risos)
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0:34 - 0:38Existe um conceito em voga
chamado "metadados". -
0:38 - 0:40Significa toda a informação
que estamos a gerar -
0:40 - 0:43através da nossa interacção
com e através da Internet, -
0:43 - 0:46tudo desde o Facebook e o Twitter,
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0:46 - 0:49até "downloads" de músicas,
filmes, "streaming", tudo isso, -
0:49 - 0:52como o "stream" em tempo real do TED.
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0:52 - 0:54As pessoas que trabalham com metadados
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0:54 - 0:55dizem que o maior problema
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0:55 - 0:58é que temos demasiada informação.
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0:58 - 1:01O maior problema é,
como organizar toda essa informação? -
1:01 - 1:04Quando trabalhamos
em programas de saúde mundial, -
1:04 - 1:06esse não é o nosso maior problema.
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1:06 - 1:07Porque para nós,
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1:07 - 1:11apesar de a luz ser melhor na Internet,
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1:11 - 1:13os dados que nos ajudam
a resolver os problemas, -
1:13 - 1:17que queremos resolver,
não se encontram na Internet. -
1:17 - 1:18Assim sendo, não sabemos,
por exemplo, -
1:18 - 1:21quantas pessoas neste momento
são afectadas por desastres -
1:21 - 1:24ou por situações conflituosas.
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1:24 - 1:27Não sabemos quais as clínicas
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1:27 - 1:30nos países em desenvolvimento,
que têm medicamentos, -
1:30 - 1:31e quais não os têm.
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1:31 - 1:34Não temos ideia de como é
a cadeia de abastecimento dessas clínicas. -
1:34 - 1:37Não sabemos — e isto surpreende-me —
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1:37 - 1:40não sabemos quantas crianças nasceram,
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1:40 - 1:42nem quantas crianças existem
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1:42 - 1:46na Bolívia, no Botsuana ou no Butão.
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1:46 - 1:48Não sabemos quantas crianças
morreram a semana passada -
1:48 - 1:49em qualquer um desses países.
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1:49 - 1:53Não sabemos quais as necessidades
dos idosos, dos deficientes mentais. -
1:53 - 1:56Para todos esses problemas diferentes
de importância crítica -
1:56 - 1:59ou áreas de importância crítica
em que queremos resolver problemas, -
1:59 - 2:02basicamente não sabemos nada.
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2:04 - 2:07Parte da razão por que não sabemos nada
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2:07 - 2:09é que os sistemas de
tecnologia de informação -
2:09 - 2:12que usamos nos programas de saúde global,
para encontrar os dados -
2:12 - 2:15para resolver estes problemas,
são o que vêem aqui. -
2:15 - 2:17Isto é um tecnologia
com cerca de 5000 anos. -
2:17 - 2:19Talvez vocês já a tenham usado.
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2:19 - 2:21O seu reino está a acabar,
mas nós continuamos a usá-la, -
2:21 - 2:24para 99 % das nossas coisas.
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2:24 - 2:26Isto é um formulário em papel.
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2:26 - 2:28O que vocês estão a ver
é um formulário em papel, -
2:28 - 2:31na mão de uma enfermeira
do Ministério da Saúde, -
2:31 - 2:35na Indonésia, que percorre
o interior da Indónesia, -
2:35 - 2:37num dia muito quente e húmido.
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2:37 - 2:40Ela vai bater a milhares de portas
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2:40 - 2:42durante um período de semanas ou meses,
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2:42 - 2:44bater às portas e dizer:
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2:44 - 2:46"Peço desculpa, gostaria de fazer
algumas perguntas. -
2:47 - 2:50"Tem filhos?
Os seus filhos foram vacinados?" -
2:50 - 2:52Porque a única forma de nós descobrirmos
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2:52 - 2:55quantas crianças na Indonésia
foram vacinadas, -
2:55 - 2:57qual a percentagem de crianças vacinadas,
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2:57 - 3:00na realidade não é na Internet,
mas sim indo bater às portas, -
3:01 - 3:03às vezes dezenas de milhares de portas.
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3:03 - 3:06Às vezes demora meses, ou até mesmo anos,
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3:06 - 3:07para fazer algo deste género.
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3:07 - 3:09Sabem, um censo na Indonésia
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3:09 - 3:12provavelmente demoraria
dois anos a ser completado. -
3:12 - 3:14Claro que o problema com tudo isto
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3:14 - 3:15é com todos estes formulários em papel
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3:15 - 3:18— e digo-vos, nós temos
formulários em papel para tudo. -
3:18 - 3:21Temos formulários em papel
para estudos de vacinação. -
3:21 - 3:24Temos formulários em papel para
saber quais as pessoas que vão às clínicas. -
3:24 - 3:27Temos formulários em papel para
acompanhar o fornecimento de medicamentos, -
3:27 - 3:30o fornecimento de sangue,
todos esses diferentes formulários -
3:30 - 3:31para vários tópicos,
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3:31 - 3:34todos têm em comum o mesmo fim,
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3:34 - 3:36e o fim parece-se com isto.
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3:36 - 3:41O que vemos aqui é uma imensidão de dados.
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3:42 - 3:45Isto são os dados de um único questionário
sobre a cobertura da vacinação -
3:45 - 3:47num único distrito da Zâmbia,
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3:47 - 3:50em que eu participei há uns anos atrás.
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3:50 - 3:52A única coisa que alguém
estava a tentar descobrir -
3:52 - 3:55era qual a percentagem de crianças
da Zâmbia que são vacinadas. -
3:55 - 3:59Estes sãos os dados, recolhidos
em papel durante semanas -
3:59 - 4:00num único distrito,
-
4:00 - 4:03que é quase como um condado
nos Estados Unidos. -
4:03 - 4:05Podem imaginar que, para a Zâmbia completa,
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4:05 - 4:09responder a essa única questão
-
4:09 - 4:11parece-se algo como isto.
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4:11 - 4:13Carrinha após carrinha após carrinha,
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4:13 - 4:16cheia de pilhas atrás de pilhas
atrás de pilhas de dados. -
4:16 - 4:18O que torna isto ainda pior
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4:18 - 4:20é que isso é apenas o começo
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4:20 - 4:22porque, assim que se colecionam
todos os dados, -
4:22 - 4:23é óbvio que alguém terá de
-
4:23 - 4:25— alguma pessoa pouco sortuda —
-
4:25 - 4:27terá de digitar aquilo num computador.
-
4:27 - 4:28Quando eu era um recém-licenciado
-
4:28 - 4:30fui essa pessoa pouco sortuda
algumas vezes. -
4:30 - 4:33Posso-vos dizer que às vezes
não estava a prestar muita atenção. -
4:33 - 4:35Provavelmente, quando o fiz,
cometi muitos erros -
4:35 - 4:38que nunca ninguém descobriu,
pelo que a qualidade dos dados é menor. -
4:38 - 4:41Mas, por fim, aqueles dados
são digitados num computador -
4:41 - 4:43e alguém pode começar a analisá-los.
-
4:43 - 4:46Assim que têm uma análise e um relatório,
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4:46 - 4:49esperemos que possamos tirar
resultados dessa colecção de dados -
4:49 - 4:51e usá-los para vacinar melhor as crianças.
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4:51 - 4:54Porque, se existe alguma coisa pior
-
4:54 - 4:57no ramo da saúde pública global,
-
4:57 - 4:59eu não sei o que é pior do que
permitir que crianças neste planeta -
4:59 - 5:03morram de doenças
para as quais existem vacinas, -
5:03 - 5:06doenças para as quais
as vacinas custam um dolár. -
5:06 - 5:09Milhões de crianças morrem
devido a estas doenças, todos os anos. -
5:09 - 5:12E milhões são uma estimativa por alto
-
5:12 - 5:14porque não sabemos exactamente
-
5:14 - 5:16quantas crianças morrem por ano,
com estas doenças. -
5:16 - 5:18O que torna a situação
ainda mais frustrante -
5:18 - 5:21é que a parte da inserção de dados,
a parte que eu fazia, -
5:21 - 5:23às vezes pode demorar seis meses.
-
5:23 - 5:24Às vezes pode demorar dois anos
-
5:24 - 5:27a digitar aquela informação num computador,
-
5:27 - 5:31e muitas vezes nunca chega a acabar.
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5:31 - 5:33Agora tentem compreender isto.
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5:33 - 5:35Têm equipas de centenas de pessoas.
-
5:35 - 5:38Elas vão para o terreno para
responder uma certa pergunta. -
5:38 - 5:40Provavelmente gastaram-se
centenas de milhares de dólares -
5:40 - 5:44em combustível e fotocópias por dia.
-
5:44 - 5:46Depois, por alguma razão,
a dinâmica perde-se -
5:46 - 5:47ou deixa de haver dinheiro,
-
5:47 - 5:50e tudo isso acaba
-
5:50 - 5:53porque ninguém introduz
os dados no computador. -
5:53 - 5:56O processo simplesmente para.
Acontece muitas vezes. -
5:56 - 5:59É nisto que baseamos as nossas
decisões acerca de saúde global: -
5:59 - 6:03poucos dados, dados antigos, nenhuns dados.
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6:04 - 6:06Em 1995, comecei a pensar numa forma
-
6:06 - 6:08de melhorar este processo.
-
6:08 - 6:11Obviamente que 1995 já foi há muito tempo.
-
6:11 - 6:15Até me assusto de pensar
há quanto tempo foi. -
6:15 - 6:16O melhor filme do ano foi
-
6:16 - 6:17"Die Hard — a Vingança."
-
6:17 - 6:20Como vêem, o Bruce Willis
tinha mais cabelo nessa altura. -
6:20 - 6:23Eu estava a trabalhar nos
Centros para Controlo de Doenças, -
6:23 - 6:25e também tinha mais cabelo nessa altura.
-
6:25 - 6:29Mas para mim, a coisa
mais importante que vi em 1995 -
6:29 - 6:30foi isto.
-
6:30 - 6:33É difícil imaginar, mas em 1995,
-
6:33 - 6:36isto era o melhor e mais moderno
dispositivo móvel. -
6:36 - 6:39Certo? Não era um IPhone.
Não era um Galaxy. -
6:39 - 6:40Era um Palm Pilot.
-
6:40 - 6:44Quando vi o Palm Pilot
pela primeira vez, pensei: -
6:44 - 6:47Pporque é que não colocamos
os formulários nestes Palm Pilots -
6:47 - 6:49e vamos para o terreno,
levando apenas um Palm Pilot -
6:49 - 6:53que pode guardar dezenas de milhares
de formulários em papel? -
6:53 - 6:55
Porque é que não experimentamos isto? -
6:55 - 6:56Porque, se pudermos fazer isso,
-
6:56 - 7:00se pudermos recolher os dados
de modo electrónico, digital, -
7:00 - 7:01desde o início,
-
7:01 - 7:05fazemos um atalho nesse processo
-
7:05 - 7:08da digitação,
-
7:08 - 7:10ter alguém a escrever as coisas
no computador. -
7:10 - 7:12Podemos saltar logo para a análise
-
7:12 - 7:15e depois para a utilização dos dados
para realmente salvar vidas. -
7:15 - 7:18Isso foi o que eu comecei a fazer.
-
7:18 - 7:20Ao trabalhar no CCD,
comecei a viajar pelo mundo fora -
7:20 - 7:22para programas diferentes
-
7:22 - 7:25e a treinar as pessoas
para usarem Palm Pilots -
7:25 - 7:27para recolher os dados,
em vez de usarem papel. -
7:27 - 7:29Na verdade, correu bem.
-
7:29 - 7:32Correu exactamente como previsto.
-
7:32 - 7:33Surpresa!
-
7:33 - 7:35A recolha de dados digital
-
7:35 - 7:37é mais eficiente do que a recolha em papel.
-
7:37 - 7:39Enquanto estava a fazê-lo,
a minha parceira, a Rose, -
7:39 - 7:42— que está aqui na audiência
com o seu marido, Matthew — -
7:42 - 7:45a Rose estava a fazer uma coisa parecida
para a Cruz Vermelha americana. -
7:45 - 7:47O problema foi que,
após alguns anos a fazer isto, -
7:47 - 7:49percebi que tinha feito
-
7:49 - 7:52— tinha ido a talvez
a seis ou sete programas — -
7:52 - 7:55e pensei: se continuar a este ritmo,
-
7:55 - 7:56ao longo de toda a minha carreira,
-
7:56 - 7:59se calhar conseguirei ir
talvez a 20 ou 30 programas. -
7:59 - 8:02O problema é que, 20 ou 30 programas,
-
8:02 - 8:05treinar 20 ou 30 programas
a usar esta tecnologia, -
8:05 - 8:07tem um impacto muito pequeno.
-
8:07 - 8:10Nos países em desenvolvimento,
é enorme a procura disto, -
8:10 - 8:12a necessidade de melhores programas
para processar dados -
8:12 - 8:16apenas na saúde, sem falar noutras áreas.
-
8:16 - 8:20Existem milhões e milhões de programas,
-
8:20 - 8:22milhões de clínicas que precisam
de acompanhar os medicamentos, -
8:22 - 8:24milhões de programas de vacinação.
-
8:24 - 8:26Há escolas que precisam
de controlar a assiduidade. -
8:26 - 8:28Existem todas estas coisas
-
8:28 - 8:30que precisam de dados.
-
8:30 - 8:35Apercebi-me que, se continuasse
do mesmo modo, -
8:35 - 8:38dificilmente causaria algum impacto
-
8:38 - 8:40quando chegasse ao final da minha carreira.
-
8:40 - 8:42Então comecei a puxar pelo meu cérebro
-
8:42 - 8:45a tentar pensar sobre o processo
que estava a fazer, -
8:45 - 8:48como estava a treinar o pessoal,
e quais os pontos a afectar o desempenho, -
8:48 - 8:50quais os obstáculos que
impediam de fazer mais depressa -
8:50 - 8:52e de modo mais eficiente?
-
8:52 - 8:55Infelizmente, após pensar
sobre isto durante algum tempo, -
8:55 - 8:56apercebi-me...
-
8:56 - 8:59Identifiquei o principal obstáculo.
-
8:59 - 9:00O principal obstáculo era afinal,
-
9:00 - 9:02— e é uma triste constatação —
-
9:02 - 9:04o maior obstáculo era eu.
-
9:04 - 9:07O que quero dizer com isto?
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9:07 - 9:08Eu desenvolvi um processo
-
9:08 - 9:13no qual eu era o centro do universo
desta tecnologia. -
9:14 - 9:17Se quisessem usar esta tecnologia,
tinham de me contactar. -
9:17 - 9:19Precisavam de saber que eu existia.
-
9:19 - 9:21Tinham de ter dinheiro para me pagar
-
9:21 - 9:22para voar até ao vosso país
-
9:22 - 9:24e dinheiro para pagar o hotel
-
9:24 - 9:26e a minha taxa por período e por dia.
-
9:26 - 9:29Estamos a falar de cerca
de 10 ou 20 ou 30 mil dólares, -
9:29 - 9:32se eu tivesse tempo,
se encaixasse na minha agenda -
9:32 - 9:34e se eu não estivesse de férias.
-
9:34 - 9:37Em suma, qualquer sistema que depende
-
9:37 - 9:40duma única pessoa, ou de
duas ou três ou cinco pessoas, -
9:40 - 9:41simplesmente não se desenvolve.
-
9:41 - 9:44Isso é um problema, pois
precisamos de desenvolver esta tecnologia -
9:44 - 9:46e temos de o fazer agora.
-
9:46 - 9:49Portanto comecei a pensar
em maneiras de basicamente -
9:49 - 9:51me retirar do processo.
-
9:51 - 9:56Estive a pensar
-
9:56 - 9:57como retirar-me do processo
-
9:57 - 10:00durante bastante tempo.
-
10:00 - 10:01Sabem, eu fui treinado em que
-
10:01 - 10:04a forma como se distribui a tecnologia
no desenvolvimento internacional -
10:04 - 10:06é sempre baseada em consultores.
-
10:06 - 10:09É sempre com pessoas parecidas comigo
-
10:09 - 10:12que voam de países como este
-
10:12 - 10:15para outros países com pele mais escura.
-
10:15 - 10:17Chegamos lá, gastamos dinheiro
em passagens áreas, -
10:17 - 10:21gastamos tempo e diárias,
-
10:21 - 10:23e gastamos num hotel
e em todas essas coisas. -
10:23 - 10:25Tanto quanto sabia, essa era a única forma
-
10:25 - 10:28de distribuir tecnologia,
e não conseguia descobrir outra maneira. -
10:28 - 10:31Mas o milagre acabou por acontecer.
-
10:31 - 10:33Vou-lhe chamar Hotmail, para facilitar.
-
10:33 - 10:36Podem não pensar no Hotmail
como algo milagroso, -
10:36 - 10:38mas para mim foi, porque reparei,
-
10:38 - 10:41enquanto lutava com este problema,
-
10:41 - 10:44— estava a trabalhar na África subsaariana
na maior parte do tempo — -
10:44 - 10:47notei que os trabalhadores da saúde
na África subsaariana, -
10:47 - 10:50com quem trabalhava,
tinham uma conta de Hotmail. -
10:51 - 10:53Eu pensei, veio-me à cabeça,
-
10:53 - 10:56espera aí, eu sei
que as pessoas do Hotmail -
10:56 - 10:59de certeza não voam para o
Ministério da Saúde do Quénia -
10:59 - 11:01para treinar as pessoas
a usarem o Hotmail. -
11:01 - 11:04Então, estas pessoas
estão a distribuir tecnologia. -
11:04 - 11:06Estão a colocar capacidade
de "software" por aí -
11:06 - 11:08mas não estão a voar pelo mundo.
-
11:08 - 11:09Tenho de pensar um pouco mais sobre isto.
-
11:09 - 11:12Enquanto pensava,
as pessoas começaram a usar -
11:12 - 11:15ainda mais coisas como estas,
tal como nós usávamos. -
11:15 - 11:16Começaram a usar o LinkedIn e o Flickr,
-
11:16 - 11:19o Gmail e o Google Maps,
todas essas coisas. -
11:19 - 11:21Claro, todas estas coisas são
baseadas na nuvem -
11:21 - 11:24e não requerem qualquer treino.
-
11:24 - 11:25Não requerem programadores.
-
11:25 - 11:27Não requerem consultores,
-
11:27 - 11:29porque o modelo de negócio,
de todos esses negócios -
11:29 - 11:31requer que seja tão simples
-
11:31 - 11:34que possa ser usado
com pouco ou nenhum treino. -
11:34 - 11:36Só tem de vos chegar aos ouvidos
e irem ao "website". -
11:36 - 11:40Então pensei, o que aconteceria
se construíssemos um "software" -
11:40 - 11:42que substituísse os meus
serviços de consultoria? -
11:42 - 11:44Em vez de treinar as pessoas
-
11:44 - 11:47a colocar formulários
em dispositivos móveis, -
11:47 - 11:49vamos criar um "software"
que lhes permita fazer isso , -
11:49 - 11:51sem treino e sem eu estar envolvido.
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11:51 - 11:53Foi exactamente isso que fizemos.
-
11:53 - 11:56Criámos um "software" chamado Magpi,
-
11:56 - 11:58que tem um criador de formulários "online".
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11:58 - 12:00Ninguém tem que falar comigo.
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12:00 - 12:02Só têm de ouvir falar sobre ele
e ir a um "website". -
12:02 - 12:05Podem criar formulários
e, logo que os criarem, -
12:05 - 12:07carregam-nos para uma série de
dispositivos móveis comuns. -
12:07 - 12:10Obviamente que hoje em dia,
mudámos dos Palm Pilots -
12:10 - 12:11para os telemóveis.
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12:11 - 12:12Não tem de ser um "smartphone".
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12:12 - 12:15Pode ser um telemóvel básico,
como aquele à direita, -
12:15 - 12:17a versão básica de um telemóvel Symbian
-
12:17 - 12:19que é muito comum
nos países em desenvolvimento. -
12:19 - 12:23A melhor parte disto
é que é tal e qual o Hotmail. -
12:23 - 12:25É baseado na nuvem,
e não requer qualquer treino, -
12:25 - 12:27programação, consultores.
-
12:27 - 12:29Mas existem outros benefícios adicionais.
-
12:29 - 12:31Sabíamos, quando construímos este sistema,
-
12:31 - 12:33que a questão central,
como com os Palm Pilots, -
12:33 - 12:37era que vocês seriam
capazes de recolher dados -
12:37 - 12:39e transferi-los imediatamente.
-
12:39 - 12:42O que descobrimos, dado que já
se encontram num computador, -
12:42 - 12:45é que podemos entregar mapas instantaneous,
e análises e gráficos. -
12:45 - 12:47Podemos pegar num processo que
demorou dois anos -
12:47 - 12:50e comprimi-lo em cinco minutos.
-
12:50 - 12:53Melhorias de eficiência inacreditáveis.
-
12:53 - 12:57Baseado na nuvem, sem treino,
sem consultores, sem mim. -
12:57 - 13:00Eu disse-vos que nos primeiros anos
-
13:00 - 13:02a tentar isto à maneira antiga,
-
13:02 - 13:03indo a cada país,
-
13:03 - 13:06conseguimos, não sei bem,
-
13:06 - 13:08provavelmente treinámos
umas 1000 pessoas. -
13:08 - 13:10O que aconteceu após fazermos isto?
-
13:10 - 13:12Nos segundos três anos,
tivemos 14 000 pessoas -
13:12 - 13:15a visitar o "site", a registarem-se,
a usarem-no para recolher dados, -
13:15 - 13:18dados para resposta a desastres,
-
13:18 - 13:22suinicultores canadianos a acompanhar
doenças de porcos e de varas, -
13:22 - 13:24pessoas a acompanharem
fornecimentos de medicamentos. -
13:24 - 13:26Um dos meus exemplos preferidos, o CIS,
-
13:26 - 13:28— Comité Internacional de Salvamento —
-
13:28 - 13:31tem um programa onde
parteiras semi-analfabetas -
13:31 - 13:33que usam telemóveis de 10 doláres
-
13:33 - 13:36enviam uma mensagem de texto
usando o nosso "software", -
13:36 - 13:38uma vez por semana,
com o número de nascimentos -
13:38 - 13:40e o números de mortes,
o que dá ao CIS -
13:40 - 13:43algo que ninguém jamais teve, em programas
de saúde global : -
13:43 - 13:46um sistema quase em tempo real
de contagem de bebés, -
13:46 - 13:48que sabe quantas crianças nascem,
-
13:48 - 13:50que sabe quantas crianças
existem na Serra Leoa, -
13:50 - 13:52que é o país onde isto está a acontecer,
-
13:52 - 13:55e que sabe quantas crianças morrem.
-
13:55 - 13:58Médicos pelos Direitos dos Humanos
-
13:58 - 14:00— aqui estamos a sair um pouco
do campo da saúde — -
14:00 - 14:02estão a juntar-se, e a treinar pessoas
-
14:02 - 14:06para fazer exames de violação no Congo,
onde isto é uma epidemia, -
14:06 - 14:08uma epidemia horrível.
-
14:08 - 14:09Estão a usar o nosso "software"
-
14:09 - 14:13para documentar as provas
que encontram, incluindo fotografias, -
14:13 - 14:16de modo a levar os criminosas
perante a justiça. -
14:17 - 14:21A Camfed, outra instituição de caridade
com sede fora da Grã-Bretanha, -
14:21 - 14:24paga às famílias de meninas
para que estas continuem na escola. -
14:24 - 14:27Eles sabem que é a intervenção
mais significativa que podem fazer. -
14:27 - 14:30Costumavam registar no papel as faltas,
-
14:30 - 14:32as presenças, as notas.
-
14:32 - 14:33O tempo médio entre o professor
-
14:33 - 14:35registar as notas ou as presenças
-
14:35 - 14:37e pôr isso num relatório,
era de cerca de dois ou três anos. -
14:37 - 14:39Agora é em tempo real,
-
14:39 - 14:42e como isto é um sistema
muito barato, baseado na nuvem, -
14:42 - 14:47custa, para o total dos cinco países
em que a Camfed opera, -
14:47 - 14:48com dezenas de milhares de meninas,
-
14:48 - 14:51o custo total combinado é
de 10 000 dólares por ano. -
14:51 - 14:54Isso é menos do que eu costumava receber
-
14:54 - 14:56a viajar por duas semanas
e oferecer o serviço de consultoria. -
14:58 - 15:00Anteriormente disse-vos que,
-
15:00 - 15:02quando fazíamos isto à maneira antiga,
-
15:02 - 15:05apercebi-me que todo o nosso trabalho
tinha um impacto pequeno -
15:05 - 15:07— 10, 20, 30 programas diferentes.
-
15:08 - 15:09Fizemos um grande progresso,
-
15:09 - 15:12mas reconheço que, actualmente,
mesmo o trabalho que fizemos -
15:12 - 15:14com 14 000 pessoas a usarem isto,
-
15:14 - 15:16continua a não ter um grande impacto.
-
15:16 - 15:17Mas algo mudou.
-
15:17 - 15:19E parece-me óbvio.
-
15:19 - 15:21O que mudou é:
-
15:21 - 15:24em vez de termos um programa
em que crescemos devagar, -
15:24 - 15:27em que não podemos atingir
todas as pessoas que precisam de nós, -
15:27 - 15:31tornámos desnecessário
ir ter com as pessoas. -
15:31 - 15:34Criámos uma ferramenta
que permite programas -
15:34 - 15:36que mantém as crianças na escola,
-
15:36 - 15:38que acompamhar o número
de bebés que nascem -
15:38 - 15:40e o número de bebés que morrem,
-
15:40 - 15:44que apanham criminosos e os processam,
-
15:44 - 15:46que fazem todas estas coisas.
-
15:46 - 15:49Aprendemos mais sobre
o que está a acontecer, -
15:49 - 15:52compreendemos mais, vemos mais,
-
15:52 - 15:55e salvamos e melhoramos vidas humanas.
-
15:56 - 15:58Obrigado.
-
15:58 - 16:01(Aplausos)
- Title:
- As surpreendentes sementes de uma revolução de megadados na saúde.
- Speaker:
- Joel Selanikio
- Description:
-
Recolher dados sobre a saúde global era uma ciência imperfeita: Trabalhadores percorriam povoações, batiam às portas e faziam perguntas, escreviam as respostas em formulários de papel, e depois digitavam os dados — a partir desta informação com falhas, alguns países tomavam decisões de grande importância. O "geek" de dados, Joel Selanikio, fala das mudanças na recolha de dados de saúde na década passada — começando com o Palm Pilot e o Hotmail, e terminando na nuvem.
(Filmado no TEDxAustin.) - Video Language:
- English
- Team:
- closed TED
- Project:
- TEDTalks
- Duration:
- 16:18
Margarida Ferreira approved Portuguese subtitles for The surprising seeds of a big-data revolution in healthcare | ||
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